A Verdadeira História da Criação escrita por Lady May


Capítulo 2
A tentação




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/6241/chapter/2

 

Capítulo 2: A tentação.

 

            Antes de ser apresentada a Adão, Deus mostrou a Eva todo o Jardim do Éden e, da mesma maneira que fizera com o homem, avisou-a que poderia desfrutar de tudo o que existisse no Paraíso, menos de uma árvore em especial. Eva não fez perguntas, mas ficou intrigada com aquela proibição. Afinal, o que haveria de tão grave em comer um fruto?

A nova mulher foi entregue a Adão. No princípio, ele a desprezava por não conseguir esquecer o fulgor de sua primeira esposa, mas com o tempo, Eva mostrou ser aquilo que Lilith não era e que incomodava muito ao homem. Submissão.

 

* * *

 

- Então, já pensaste em alguma coisa para nos vingarmos das criaturas? – perguntou Lilith aninhada no peito do anjo caído. Desde que despertara para o mal, a mulher estava astuta e constantemente fazia esta pergunta a Samael.

- Para tua satisfação, minha rainha, sim. – respondeu o exilado afagando os cabelos da parceira.

- Então conte-me. – excitou-se.

- Lembra-te de que ajudei o Criador na construção do Éden. – Começou Samael afastando Lilith para facear seus olhos negros – No centro do Jardim existe uma árvore que contém o fruto proibido, deves saber disso, não?

- Sim, Deus me avisou sobre esta árvore. O que acontece se comermos deste fruto? – indagou Lilith maliciosamente.

- O mesmo que aconteceu contigo. Quem desse fruto comer tornar-se-á como Deus, conhecedor do bem e do mal. – explicou o Senhor do Outro lado. – Quem comer desse fruto também transgredirá uma ordem direta do Criador.

- E a punição para isso é a expulsão do paraíso ou...

- A morte. – completou Samael sorrindo perigosamente.

- E como farás para que Adão e Eva comam do fruto proibido? – inquiriu Lilith.

- Tu farás isso. – informou o arcanjo – Eu não posso entrar no Éden nem transfigurado, agora tu podes. Afinal, não foste expulsa do paraíso, saíste de lá por livre e espontânea vontade.

- E Deus não interfere no livre-arbítrio. – comentou Lilith fazendo Samael sorrir de satisfação.

 

* * *

 

Todos os dias, enquanto Adão dormia, Eva passeava pelo jardim e, intrigada com o aviso do Criador, sempre parava na frente da árvore proibida e ficava a observar seus frutos como se fosse receber respostas. Um dia, recebeu.

- Parece apetitoso, não? – comentou Lilith saindo de trás da árvore.

- Quem és tu? – questionou Eva visivelmente assustada.

- Acalma-te que não vou te fazer mal. Meu nome é Lilith. – respondeu a outra ciente de que seu nome não seria reconhecido pela segunda esposa.

- O que é isto que cobre teu corpo? – Eva apontava para a túnica vermelha que Lilith vestia.

- Chama-se túnica.

- E por que cobres teu corpo.

- Não entenderias, mulher. – Lilith deu as costas para a vítima e apanhou um fruto – Aceitas?

- Não. – recusou Eva – O Pai proibiu-nos até de tocar nos frutos desta árvore.

- Pensei que pudesses usufruir de tudo no Éden. – rebateu a outra

- E podemos, mas não desta árvore.

- Por quê?

- Deus disse que morreríamos. – contou Eva.

- De modo algum morrerás, não vês que continuo viva? – ironizou a primeira mulher de Adão – o Criador apenas disse isso para manter-te longe da árvore, para testar-te. Tenho certeza de que nada acontecerá se provares desse fruto. – Lilith logo conseguiria seu intento, mas para se certificar, repetiu as palavras de Samael – Sabias que quem come desse fruto assemelha-se a Deus? Essa é a árvore do discernimento, por isso terás conhecimento do bem e do mal, entenderás como pensa o Criador, assim serás mais próxima a Ele.

Eva viu que a árvore tentava o apetite, era uma delícia para os olhos e desejável para conseguir discernimento.

- Pegue. – Lilith estendeu o fruto vendo os olhos cobiçosos da outra.

A segunda mulher de Adão o pegou e comeu. Era doce como nenhum outro fruto o era, seu paladar era indescritível.

- Leva-o ao teu marido. Conta o que te contei. – sugeriu Lilith.

E assim fez Eva. Quando esta se virou, Lilith permitiu-se observar o subproduto de Adão: corpo belo amorenado pelo sol e cabelos castanhos como a terra com que Adão fora esculpido. Sua beleza era rara, mas não tão insólita como a de Lilith que, com sorriso de triunfo, retornou ao deserto.

Incapaz de negar o pedido de Eva, Adão também comeu do fruto proibido. Então se abriram os olhos dos dois e eles perceberam que estavam nus. Entrelaçaram-se em folhas de figueiras e fizeram tangas.

Em seguida, ouviram o Criador passeando no jardim à brisa do dia. Envergonhados, ambos se esconderam.

Preocupado, Deus os chamou:

- Onde estais vós?

- Ouvimos vossos passos no jardim e tivemos medo, porque estamos nus. Então nos escondemos.

- E quem disse que estáveis nus? Por acaso comestes da árvore que disse para não comerdes? – continuou o Pai.

- A mulher que me deste por companheira deu-me o fruto e eu comi. – contou Adão.

- O que fizeste? – perguntou Deus contendo sua raiva para a mulher.

- Fui enganada, uma mulher com palavras doces me enganou. – confessou Eva.

- Maldita serpente que retornou ao Éden para espalhar veneno! – amaldiçoou o Criador sabendo perfeitamente quem era a mulher. Virando-se para as criaturas continuou – Vós sereis castigados e vossos descendentes terão o mesmo destino. Estais expulsos do Paraíso e de hoje em diante sois indignos de escutardes minha voz ou de qualquer outro ser divino.

Depois de expulsar o homem e a mulher do Jardim do Éden, Deus colocou querubins e a espada chamejante de Miguel para guardar o caminho. Nenhum mortal teria mais o direito de pisar no Éden.

 

______ * Fim do capítulo 2 * ______


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!