Noites de Terça no Chalé da Vovó escrita por Douglensio


Capítulo 2
Noites de Terça no Chalé da Vovó - Um susto e uma descoberta


Notas iniciais do capítulo

Eu só conseguia pensar: E agora?Como serão as minhas férias?!



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Quando me acordei,ainda na cama, fiquei com uma sensação de ter perdido alguma coisa,um vazio dentro de mim,porém não me preocupei porque estava pensando muito na minha prima,eu tentava me lembrar qualquer momento da minha vida em que ela esteve presente,e isso era a minha maior preocupação naquela hora.

De repente me lembrei de um álbum de fotos que minha mãe havia comentado há uns meses.Pulei da cama e fui procurar esse álbum numas coisas velhas da minha mãe.Encontrei algumas fotos antigas dela com o papai e o meu irmão,felizes...sem mim.Acho que não contei ainda sobre meu irmão.Não tenho muitas lembranças dele mas minha mãe sempre conta coisas sobre o Paulo,ele saiu de casa quando eu tinha 5 anos,ele disse ter encontrado “um emprego que dá muito dinheiro”,e foi morar na cidade grande.Depois disso nunca mais voltou para nos visitar,nem deu sinal de vida.

Finalmente eu encontrei uma foto minha,acho que uma das poucas fotos que meu pai havia tirado de mim.Era uma foto do meu aniversário de 7 anos,haviam várias pessoas da minha família :minha mãe atrás de mim com a mão sobre meu ombro enquanto eu assoprava a vela,à minha direita estava meu primo Túlio,e à minha esquerda a irmã dele, – eu não lembro muito dela,eu costumava ficar perto do Túlio,e ela ficava bem longe dele – além de nós,haviam umas tias das quais eu não me lembrava quase nada.

Eu ia continuar a procurar alguma foto que me lembrasse da Helennie,então ouvi minha mãe gritar ao telefone:

–A REBECA???

Eu fui um pouco assustado até a porta do quarto da minha mãe,e fiquei ouvindo,apreensivo.

–No hospital?Mas ela já está melhor?! – perguntou minha mãe com a voz aflita,porém com um tom de alívio – Ok,então...tchau! – ela falou e desligou o telefone.

Depois de ouvir aquilo eu fiquei com muito medo do que podia acontecer com a minha avó,me vieram todas as coisas ruins imagináveis.A vovó sempre me ajudava,me aconselhava,era como se ela fosse a única pessoa que me compreendia nos momentos difíceis,era como se tivéssemos uma conexão que não podia ser compartilhada com mais ninguém.E se ela fosse embora...ninguém mais iria entender meus sentimentos.

Não estou menosprezando a minha amizade com a Lia e o Lucas,eles sempre me confortaram em momentos difíceis,e sempre foram como irmãos para mim,mas...quando eu entrava numa crise em que não me sentia parte da minha família,por conta do modo como minha mãe me trata às vezes,a vovó,com seu jeito doce,me acolhia,mostrando a mim que eu pertenço sim a família.

Perto das seis horas da tarde,mamãe e eu fomos levados por uma enfermeira até o quarto onde estava a minha avó.Ela aparentava estar bem,o que já me acalmou bastante.

Enquanto conversávamos com ela,perguntando se ela estava se sentindo realmente bem,entrou um médico no quarto,estava escrito “Dr.Stuart” no seu crachá,ele parecia ser muito experiente além de não ser velho,então ele falou de forma simpática:

–Então a minha paciente vai me deixar sozinho?

–Espero não precisar te ver por um bom tempo! – falou minha avó com um tom de riso.

–Você é filha da Rebeca? – disse o Dr.Stuart olhando para minha mãe.

–Oh...não! – minha mãe falou rindo – Ela é a minha sogra!

–E esse rapaz?É o seu segurança? – ele falou ainda simpático.

Eu ri levemente pra não parecer rude,porque eu ainda estava preocupado com minha avó,e já estava achando ele muito simpático e “engraçadinho”,não sou muito de confiar em pessoas exageradamente felizes...

Ele bagunçou meu cabelo com o objetivo fracassado de me fazer ficar menos tenso com o que poderia ter acontecido de pior com a minha avó.Mesmo assim eu já tinha ficado bastante aliviado.

O doutor se virou para a minha mãe e começou a falar sobre os cuidados que deveríamos ter com a minha avó.Por incrível que pareça a minha mãe se preocupava com minha avó Rebeca,mesmo tendo feito inimizade com meu pai após a separação deles.Minha mãe olhava a vovó como alguém necessária para ela,e eu percebia que ela ainda tinha uma esperança de tudo voltar a ser feliz como antes.Antes de mim.

Eu segurava a mão da minha avó e conversávamos sobre algumas coisas aleatórias,até que ela apertou minha mão e fez um gesto para eu me aproximar dela,e sussurrou:

–Sua mãe...a Sara...ela gosta muito de você!

Eu olhei para minha avó,em silêncio,e logo mudei de assunto,mas guardei o que ela disse sem comentar nada.

Logo depois,entraram no quarto a minha tia Julie,irmã do meu pai,e atrás dela vieram o Túlio e a sua irmã que ficaram comigo perto da vovó,ficamos os quatro conversando qualquer coisa até que o Dr.Stuart disse:

–Está na hora de voltar para casa,Dona Rebeca!

Entramos todos no carro da minha mãe que nos levou até a casa da vovó.Minha mãe me deixou lá para depois voltar com minhas malas,o Túlio se despediu de mim,ele ia viajar com seu pai para outra cidade,passar férias.Eu esperava que a sua irmã também fosse até o momento que minha mãe falou:

–Divirtam-se,crianças! – enquanto ia embora deixando a irmã do Túlio.

Foi aí que minha ficha caiu : A irmã do Túlio É a Helennie!!!


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Notas finais do capítulo

Como eu iria me divertir?
Aquela pergunta não saía da minha mente...