Noites de Terça no Chalé da Vovó escrita por Douglensio
Digamos que eu me lembre bem dos meus 12 para 13 anos de idade,e só estou aqui com o objetivo educacional de contar sobre minhas histórias de sonhos e brincadeiras quando criança...
Bem,por uma parte isso é verdade,mas não vou ocultar o fato de que minha mãe nunca foi muito simpática,ao menos desde que me entendo por gente.Provavelmente isso se deu por conta do divórcio dela com o papai,que,por sua vez,se deu graças ao meu nascimento.Estou tentando explicar que a vida não é feita somente de alegrias e essas coisas,não estou tentando fantasiar a mente de ninguém aqui,apenas queria deixar claro.
Porém,a história que irei contar aqui entra em discordância com a ideia de "não querer fantasiar".Eu só queria que vocês observassem as coisas que condizem com a realidade,mostradas a seguir de uma forma NADA realista,como ensinamentos para a vida vindos de alguém mais experiente.
A palavra "experiente" me lembra bastante a minha avó Rebeca,mãe do meu pai,diferente dele,sempre foi muito sensível e caridosa,com seu jeito alegre que sempre cativava a todos.Ela foi muito importante na minha infância,e por isso será de extrema necessidade aqui.
Lembro-me daquele dia 19 numa sexta-feira,era o último dia de aula antes das férias escolares,estávamos todos muito ansiosos para deixar a escola e finalmente descansarmos de tanta pressão,confesso que até hoje fico contando as semanas para as férias da faculdade.Ao meu lado estava sentado o Lucas,um dos meus melhores amigos,muito apreensivo para o fim da aula de matemática.Parecia que ao toque do sinal ele voaria para fora da sala e daí para sua casa,ele olhava para o relógio enquanto batia a caneta várias vezes seguidas na sua carteira.
Na minha frente,sentava a Lia,que parecia muito calma e concentrada na aula,e de vez em quando olhava para o Lucas como se quisesse fazer ele parar de bater a caneta.Quando faltavam exatos 30 segundos para o término da aula,a professora Márcia,como sempre muito "simpática" chamou atenção do Lucas:
—Sr.Lucas Garcia!Gostaria de me ajudar a resolver essa equação? ─ dizia ela enquanto apontava para uma questão de 1º grau no quadro.
—E-eu? ─ gaguejou Lucas enquanto olhava assustado para o quadro.
—Há algum outro Lucas nesta sala? ─ perguntou sarcasticamente a professora cruzando seus braços.
Lucas andou em direção a professora enquanto suava e olhava ainda assustado para aquela equação.A professora o entregou um piloto e enquanto ele se aproximava do quadro,o sinal tocou - "TRIMMMMMMMMM"- ele olhou rapidamente para a saída,então a professora Márcia falou:
—Com exceção deste jovem ─ indicando o Lucas ─ estão todos liberados!
—Caso queiram,claro ─ Completou.
Logo em seguida todos saíram da sala rapidamente,ficando apenas a Lia e eu,sem contar com a professora e Lucas.Nós três havíamos marcado de ir à lanchonete "Milk-Snack",como sempre fazíamos nas sextas.Sabíamos que o Lucas iria demorar muito para responder a questão e ser liberado,então aproveitamos a primeira oportunidade,a caneta da professora caiu no chão,ela foi calmamente apanhá-la,e nesse tempo eu consegui chamar a atenção dele e a Lia passou a resposta pra ele.Ao se levantar a professora se assustou ao ver o Lucas responder a equação corretamente,e enfim,nos livramos:
—Muito bem,o senhor está liberado ─ falou a professora enquanto soltava um olhar desconfiado para nós três e depois voltava a avaliar a resposta da questão ainda aflita.
Corremos para a lanchonete para aproveitar a promoção das sextas-feiras,e pedimos hambúrguer,batata-frita e Milk-shake,como toda criança que ama comidas saudáveis.
De repente a Lia perguntou a mim:
—Então,Daniel!Você vai viajar nessas férias?
—Vou,sim... ─ respondi.
—E você Lucas? ─ ela falou antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa.
—E-eu o quê? ─ falou o Lucas enquanto tentava mastigar o hambúrguer.
—Você vai viajar nas férias? ─ perguntou ela um pouco mais contraída.
—Acho que não! ─ ele respondeu num falsete horrivelmente desafinado.
Por um momento a Lia pareceu mais contente.Naqueles anos eu já havia percebido a quedinha que ela tinha pelo Lucas mesmo sem ela contar a ninguém,mas nunca entendi como ela pode aguentar os desastres vergonhosos que ele fazia.Mas confesso que desde então tentei fazer eles se juntarem,eu jogava o Lucas pra ela mas ele parecia não entender que eles deviam se peg...tentar alguma coisa...
Então eu perguntei:
—E você,Lia!Vai viajar?!
—Eu estava planejando que fossemos para aquela casa de praia da minha tia Délia! ─ disse ela.
—Ah!Eu não vou poder ir,eu vou passar uns dias na casa da minha avó! ─ eu falei sem ânimo.
—Ah,então eu também não vou! ─ Lucas nos surpreendeu.
Lia olhou para baixo e voltou-se para mim:
—A Nory vai estar lá... ─ ela falou um pouco esperançosa.
Nory é uma prima,digamos que atrevida,da Lia,que ficou se oferecendo pra mim no verão passado quando fomos para essa mesma casa de praia da tia Délia da Lia,que no caso é a mãe da Nory.A Lia falou isso com esperança de eu querer ir fazendo com que o Lucas também fosse,como se eu gostasse da Nory.
—Desculpe,Lia!Mas eu não posso,mesmo! ─ falei um pouco triste por ela.
Ela olhou para baixo entristecida.
—Mas,ei,Lucas!E a comida que a tia Délia faz?Você não adorou aquela lasanha?! ─ eu falei tentando animá-lo a ir.
Lia levantou a cabeça.
—É verdade!Não posso perder aquela comida por nada! ─ ele gritou muito animado enquanto ligava para os pais perguntando se podia ir com ela.
Lia deu um sorriso me agradecendo e nós dois rimos juntos em voz baixa.
Depois das 7 eu estava chegando em casa,e nos separamos,indo cada um para suas casas enquanto nos despedíamos.
Entrando em casa eu exclamei:
—Cheguei,mãe!
—Daniel,vá arrumar suas coisas,já é amanhã! ─ minha mãe disse friamente enquanto se aproximava da sala.
—Certo,mãe! ─ respondi naturalmente.
—Antes que eu esqueça: a Sofie e a sua prima Helennie vão ir para lá também,sua avó disse que seria uma ótima oportunidade de vocês se conhecerem melhor. ─ ela falou enquanto sentava no sofá tomando seu café(tão frio quanto ela).
—O QUÊ?! ─ eu falei assustado e surpreso.
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Continua...