Sob um olhar mais Severo escrita por Céu Costa


Capítulo 22
Escritório do Diretor Snape


Notas iniciais do capítulo

Sim, gente, eu ainda estou viva, hehehe.



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Pov Sophie

As escadas de pedra rodavam e subiam, o barulho de rochas arrastando umas nas outras. Meu coração estava disparado, e eu sentia meu corpo gelado. Estávamos terrivelmente encrencadas desta vez. Belle segurou minha mão, ela também estava gelada. Mas apesar de tudo, eu estava mais curiosa com o que o diretor Snape poderia fazer, do que assustada com o que ele provavelmente iria fazer.

Abrimos com cuidado a porta envernizada de mogno escuro, eu entrei na frente e Belle ao meu encalço. Snape estava sentado junto à uma grande escrivaninha entalhada, escrevendo algo em um pergaminho.

— Os Carrow tem que controlar seu ímpeto de me trazer alunos durante as primeiras horas da madrugada... - ele resmungou, escondendo uma pequena frustração no seu tom de voz invariável. - Estou ficando cansado demais de ser incomodado.

Ele ergueu o rosto, lançando um olhar rápido para nós duas, e depois voltou a escrever naquele pergaminho.

— Srta Scolfh, sempre se metendo onde não é chamada... - ele suspirou - Fabricando remédios clandestinamente... Ajudando um grupo de desordeiros a sujar as paredes da escola... Atacando um professor... E agora, pega em flagrante depois de tentar resgatar um aluno de um castigo...

— Em minha defesa...! - Belle tentou falar.

— Eu ainda não acabei. - Snape olhou para ela.

Eu não precisava olhar para a Belle para saber que suas faces estavam coradas de raiva, mas ela ainda tremia de medo. Snape inclinou-se para frente, encarando-a, segurando a escrivaninha com a mão direita.

— Acredito que vocês duas não compreenderam bem, mas eu sou o diretor agora. - ele sibilou baixo, como um gato prestes a atacar - Os Carrow estão aqui por ordem minha, e eu lhes dei liberdade para agir como precisarem. Desafiar a eles é desafiar a mim. E desafiar a mim é desafiar ao Ministério.

Eu sabia que o final dessa frase era "desafiar ao Ministério é desafiar ao Lorde das Trevas", mas não queria piorar a situação.

— Agora, - ele se reclinou sobre a cadeira, as mãos cruzadas sobre a escrivaninha - posso deduzir que vocês também estão envolvidas com as ações da Armada de Dumbledore. Sei também que os outros envolvidos receberão punições bem mais severas do que aquele garoto que está agora nas masmorras e...

— Não pode fazer isso a eles! Não pode fazer isso ao Neville! Tudo o que ele fez foi ajudar! - Belle se desesperou - Ele só está revoltado, todos estão, mas ele não pode...

— O Sr. Longbottom é o líder? - Snape brilhou seus olhos. 

Belle olhou pra mim, se tocando do que fez.

— Os Carrow vão adorar saber. - ele fechou os olhos, satisfeito. 

A porta​ se abriu, e Amico entrou, pegando a Belle pelos pulsos.

— Espere, o que vai fazer com ela? - eu gritei, assustada.

— Vou dar uma chance para ela refletir o que fez. - Snape pegou sua pena e acenou para o comensal. - Leve para as masmorras.

— Não! Por favor! - eu berrei, enquanto via ela espernear e ser arrastada pelo Carrow - Belle!

— Sophie! Não! - ela gritou devolta, e continuou gritando, até descer as escadas de pedra.

Eu me contive muito para não chorar. Sabia que Amico ia adorar poder torturar ela. E isso me doía muito. Olhei outra vez para o bruxo sentado junto à escrivaninha, voltando a rabiscar algo no pergaminho.

— E quanto a mim? - eu tentei não parecer assustada, mas soou rude.

— Você tem pendências comigo. - ele simplesmente disse. - Perdeu tempo demais com desordeiros, e esqueceu que tem um compromisso.

Eu abaixei a cabeça. Desde as férias, eu não fiz mais nenhuma aula de Oclumência. Nem me lembrava mais disso. Eu deveria ao menos ter praticado, mas quem costuma entrar na minha mente é a Belle, e ela também estava ocupada demais para pensar nisso. E quando eu tive as visões com o Lorde das Trevas... Eu achei mais importante ver do que evitar.

— Tem razão. - eu nem acredito que disse isso.

— Excelente. - ele se levantou, me indicando um espaço aberto e a mesma cadeira escura onde eu treinei nas férias.

 

***

 

Pov Belle

— Me solta, seu desgraçado! - eu berrava, enquanto Amico me carregava pelos corredores das masmorras. - Você vai se arrepender! Eu juro! Um dia eu mesma vou matar você!

Ele me colocou no chão, tomou minha varinha e abriu a porta atrás de mim. 

— Vai é? - ele riu. - Pois eu aposto​ meio galeão, que é pelo que você se vende lá em Vegas, que eu é que vou matar você.

E dito isso, me empurrou para trás, me fazendo cair, e trancou e conjurou a porta.

— Maldito! - eu me levantei e comecei a esmurrar a porta. - Verme imundo! Desgraçado! Você vai pagar por tudo isso! Eu juro!

— Belle....

Eu parei. A luz da lua que entrava pela pequena janela não iluminava nada. Juntei um pouquinho de palha úmida em um canto longe das outras, estalei os dedos e acendi uma fagulha. Como uma boa mágica, eu aprendi a fazer feitiços sem depender de varinha. Arrumei o pequeno montinho de palha em chamas em um canto e esperei o calor me aquecer, sentando junto ao fogo. Meus olhos marejaram. Estou presa outra vez neste maldito lugar, e desta vez sozinha. Eu odeio ficar sozi...

— Belle...

Dei um pulo, assustada. Fiquei de pé, e olhei para o fundo da minha cela, com os pulsos cerrados.

— Tem alguém aqui? - eu falei, ameaçadora - Não se aproxime, ou eu juro que....

— Belle, sou eu...

Eu caminhei um pouquinho para o lado, deixando minha pequena fogueira iluminar o local. No fundo da masmorra havia uma silhueta deitada sobre um pouco mais de palha úmida. Um corpo que eu já conheço bem.

— Eric!

Eu corri, me ajoelhando ao lado dele. Na pouca luz eu podia enxergar os machucados pela cabeça e corpo dele, o sangue manchando a blusa branca aberta e suja. 

— O que te aconteceu? - eu não sabia onde podia tocar sem que ele gritasse de dor.

— Aconteceu minha recompensa, e tenho certeza de que mereci ela. - ele sorriu, a boca suja de sangue. - Belle, me perdoa... Eu não devia ter...

— Calma, pare... - eu coloquei sua cabeça em meu colo, acariciando seus cabelos - Está tudo bem, não pense nisso.

Ele segurou minha mão. Eu deveria estar com raiva dele por ter nos dedurado, e eu estava mesmo, mas... A verdade é que eu estava feliz por não estar sozinha ali. 

— O que vai acontecer agora, Belle? - Eric sussurrou, olhando para o meu rosto.

Eu ouvi na minha cabeça os gritos de dor da minha melhor amiga. Eu sentia a conexão entre nós duas ligando e desligando, e entre isso tudo ela berrando de dor e cansaço.

— Eu não sei, Eric... - eu respondi - Mas juro que eles todos vão pagar muito caro por isso.


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