Sob um olhar mais Severo escrita por Céu Costa


Capítulo 23
Perseguição


Notas iniciais do capítulo

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Pov Belle

— Outra vez!

Passaram duas semanas desde que eu fiquei presa no calabouço, e não gosto nem de lembrar. Cada vez mais alunos eram perseguidos e torturados pelos Carrow, e eles machucavam os alunos por motivos cada vez mais idiotas. Teve uma vez que Amico lançou um diffindo em um aluno do segundo ano apenas porque este derrubou seus livros no corredor e Amico viu e pensou que foi de propósito. O pobrezinho ficou com a perna bem machucada.

Eu me preocupo com Eric também. Ele está melhor, se recuperou bem dos ferimentos provocados pela sua "recompensa". Eu tentei não falar a respeito do que aconteceu, de ele ter nos dedurado e tal, porque eu simplesmente tenho mais coisas para pensar. De repente, a ideia da Sophie de fazer uma D.R. quando tudo isso acabar parece muito tentadora. Mas o Eric ainda está meio assustado. Ele não nos questiona, e ajuda em tudo o que fazemos, ou melhor, que deixamos ele saber. Sophie não achou, qual foi a palavra que ela usou mesmo... "prudente" contar as coisas a respeito da A.D. para ele, devido ao que ele fez, e concordo com ela.

— Vamos, Belle! Outra vez!

Sophie apoiou-se na parede de pedra, respirando com dificuldade. Estávamos no nosso cantinho escuro em um dos corredores do Pátio de Transfiguração, e poucos alunos caminhavam lá fora. A maior parte das aulas estavam reunidas em uma torre ao norte, um pouco longe daqui.

— Talvez seria melhor você respirar um pouco antes de...

— Não, Belle! - ela bufou, sacudindo os cabelos loiros - Eu preciso praticar! Agora é imperativo que o Snape não consiga entrar na minha mente!

Eu olhei para os dois lados, tentando não deixar ela ainda mais nervosa.

— Sabe que eu não entendo quando você usa essas palavras difíceis... - eu brinquei.

— Ah, entende sim... - ela desdenhou - Ande logo, Belle, sabe que eu preciso dominar isso!

— Tudo bem... - eu respirei fundo. 

Sophie estava me usando para treinar Oclumência. Snape retornara as aulas dela em seu​ escritório de diretor, mas ela não queria que ele entrasse mais em sua mente, e decidiu treinar. E como eu sou a única outra pessoa que consegue entrar na mente dela, ela decidiu me "usar". E ela tem feito muitos progressos, mas ela está tão obcecada que quer dominar logo isso.

— Está pronta? - eu perguntei.

Ela respirou fundo, e desencostou da parede de pedra. 

— Estou.

— Vou começar. - eu suspirei.

Olhei profundamente em seus olhos. Tudo o que eu conseguia ver era turvo, azul, como olhar perto da água. Eu mergulhei naquela água, e nadei profundamente nela. Quanto mais eu nadava, mais eu precisava nadar. Eu olhava ao meu redor, e não via nada, nem sombra, nem vultos, nem nada. De repente, eu vi os olhos da Sophie, seu nariz arrebitado vermelho de raiva.

"Aqui você não entra... Vá embora... VÁ EMBORA!..."

Eu me apoiei na parede, assustada. Sophie piscou os olhos, e caminhou um passo na minha direção.

— O que você viu? - ela perguntou, cautelosa.

— Você... - eu resfoleguei - me mandando sair.

— Quer dizer que eu consegui? - ela sorriu, falando para si mesma. - Eu consegui!

Ela correu em minha direção​ e me deu um apertado abraço. Um abraço de alívio. 

— Eu consegui, Belle! - ela pulava, me abraçando - Eu consegui! Obrigada! Agora eu tenho que aprender a Legilimência! Snape nunca mais vai conseguir entrar na minha mente!

Eu sorri, mas ainda estava um pouquinho tonta. Ela aprendeu a me bloquear? Sério mesmo? Isso é bom ou é ruim? E se ela nunca mais me deixar entrar na mente dela?

— Belle! Sophie! Achei vocês! 

Sophie me soltou, e ambas olhamos para a figura desesperada do Neville. Cabelos bagunçados, varinha em punho, camisa para fora da calça, ele parece estar correndo há meia hora.

— Por favor, me ajudem! - ele implorou.

Sem pensar duas vezes, Sophie pegou sua varinha e nos conduziu até a ponte de pedra, do lado oposto ao Pátio da Transfiguração. Eu fiz menção de seguir até a torre do outro lado, mas ela nos fez parar.

— Temos que fugir! - Neville protestou.

— Não dá tempo! - ela apenas disse. - Você confia em mim?

Ele olhou nos olhos dela, mas não respondeu. Ela olhou para mim e apontou para a entrada de onde viemos, e eu me posicionei para vigiar. Não havia muito movimento, mas eu sabia que os Carrow não demorariam a chegar.

Quando olhei para o lado, tomei um susto. Sophie estava conduzindo o amigo para debaixo da ponte, nas encostas íngremes e rochosas. Ela o ajudou a se segurar debaixo da ponte em uns arbustos rasteiros, mas a visão do precipício lá embaixo me dava arrepios.

Ela subiu outra vez, e correu para o meu lado, inclinando-se sobre o parapeito da ponte para olhar o amigo.

— Saque sua varinha e disfarce! - ela sussurrou, pegando sua própria varinha. 

Eu a obedeci, e comecei a conjurar uns passarinhos azuis idiotas, fazendo eles voarem sobre o precipício. Sophie apontou sua varinha para as plantas rasteiras na encosta, onde Neville estava.

— Herbivicius! - ela conjurava.

As plantas começaram a crescer e ficar viçosas, bonitas e fortes. Eu tinha certeza de que estavam mais firmes e não permitiriam mais que o garoto caísse de lá. E era um disfarce brilhante.

— O que pensam que estão fazendo? - ouvimos uma voz esganiçada berrar.

Aleto vinha da direção do Pátio de Transfiguração, caminhando apressada em nossa direção.

— Não deveriam estar na aula? - ela insistiu.

— Boa tarde, professora. Tivemos uma aula vaga e estamos praticando alguns encantamentos. - Sophie se precipitou. - Gostaria de ver?

— Não, Sullen, estou ocupada demais para perder tempo. - Aleto foi direto ao ponto - Acaso não viram o Longbottom? Tenho... assuntos a tratar com ele. Muito importantes.

Eu olhei para Sophie. Aleto sorria perversa. Tinha certeza que estavam caçando ele.

— Passamos a tarde toda aqui, não o vimos. - eu me adiantei. - Talvez devesse procurar perto das estufas, ouvi dizer que ele gosta de Herbologia.

— Ah, sim. Continuem seja lá o que estavam fazendo. - Aleto apenas acenou com a mão, impaciente. E seguiu por onde viera.

Ficamos mais uma meia hora ali, esperando para ver se Amico ia aparecer atrás da irmã. Tempo suficiente para Sophie fazer quase uma nova floresta naquela encosta​, e eu explodir um monte de passarinhos. Quando achamos que já era seguro, pegamos o Neville e o levamos até o local mais seguro que conhecíamos: a Sala Precisa. Foi muito difícil chegar lá sem ser notado, a escola estava quase vazia porque todos os alunos estavam do outro lado do castelo, mas o medo constante de algum Carrow aparecer no fim do corredor era o que nos gelava a espinha. Mas conseguimos chegar até a área da Lufa-Lufa e entrar na sala.

— Mas, afinal, o que diabos foi isso? - eu perguntei, quando já era seguro falar.

— Me deixa olhar pra você! - Sophie avisou.

Com um movimento rápido, ela abriu e tirou a camisa branca e meio amassada do Neville. Ela tapou os lábios com as mãos, e eu também fiz o mesmo. O peito, o pescoço, os braços, as costas, tudo estava coberto de marcas. Algumas eram fundas, outras mais superficiais. Tinham algumas roxas, e outras cicatrizadas rápido com doses de poção Fecha-Corte. Nem mesmo uma colcha de retalhos de 70 anos pareceria tão acabada e remendada.

Sophie segurou a camisa dele entre as mãos e levou para o rosto, tentando não chorar. Eu fiquei imóvel. Não tinha maneira certa de reagir a isso.

— Eles querem me matar. - Neville quebrou o silêncio, falando como se ele mesmo estivesse tentando assimilar a informação. - Eles querem me matar...

— Mon Merlin... - Sophie soluçou.

Neville a abraçou, e ambos sentaram no chão, chorando um nos cabelos do outro. Eu estava atordoada. Os Carrow estão caçando ele. Querem matá-lo. E, por Merlin, eu não consigo parar de pensar que a maldita​ culpa é minha​.


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Notas finais do capítulo

Até que eu demorei para chegar na parte que eu queria...



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