Além do seu Olhar escrita por Miimi Hye da Lua, Incrível


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oee, povo lindo desse Planeta Terra. Como vocês estão? Feliz dia do amigo pra vocês. Bem, obrigadaaaaa a todos os cometários maravilhosos e perfeitos que vocês deixaram. ~ que rufem os tambores ~ ganhamos uma recomendação ♥‿♥.



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Olhei o relógio ao lado da minha cama, cujo qual marcava exatamente 18h22. Estava prestes a quebrar meu recorde e me arrumar em apenas cinco minutos.

Desprendi a toalha de minha cintura e peguei a primeira cueca, blusa e calça que vi pela frente. É realmente muito tenso e complicado quando a pessoa está atrasada. No fim, acabei com uma camisa social na cor preta, que ia até o cotovelo; uma calça jeans caqui e um All Star branco. Não estava feio ou desarrumado. Sem querer me gabar estava até atraente, todavia parecia mais que eu ia pra uma balada do que pra faculdade.

Olhei novamente o relógio que marcava 18h29. Eu penteei meu cabelo com os dedos, peguei meu celular e desci correndo para procurar a chave do meu carro.

— Droga! — Praguejei com raiva. — Onde está você, chavinha? — perguntei para mim mesmo.

Fui a vários cômodos da casa no menor tempo possível e, no fim, acabei a encontrando no lugar onde eu achei que nunca estaria lá: na cozinha, embaixo da mesa.

— Você está aí — conclui, falando com a chave e sorrindo igual um besta.

Corri até a garagem, certifiquei de que minha mochila estava no carro e adentrei no mesmo. Girei a chave na ignição e liguei o motor, deixando um tempo para ele se aquecer. Disquei o número de Diego, que atendeu no primeiro toque. Avisei que passaria na sua casa e que era para ele me esperar no lado de fora do seu condomínio.

Saí da garagem e pisei fundo no acelerador. Sério, minha coleção de multas deve ter ultrapassado minha coleção antiga de cards do Dragon Ball Z e do Pokémon juntos.

— Nossa, León! — Exclamou Diego, surpreso. — A quantos por hora você veio?

— Não sei, acho que uns 110 km/h — respondi. — Por quê?

— Nos falamos há quatro minutos, praticamente, e você já está aqui. Quer virar piloto de Fórmula 1? — brincou, entrando no carro.

— Não, só gosto de acumular multas mesmo — falei, entrando na brincadeira.

— Mas então, León, onde é a festa? — indagou.

— Que festa? — perguntei confuso.

— A que você está indo, oras. Que outra festa seria? — falou como se fosse óbvio.

— A festa é daquele popular do nosso ex-colégio, o que te odiava — falei só esperando uma careta aparecer na cara de Diego. — Qual o nome dele mesmo? — brinquei, tentando ser o mais irritante possível. — Douglas! — gritei.

— Ah, vai se ferrar, León! — vociferou zangado. — Eu nunca consigo te irritar. Sou sempre eu que acabo com uma cara emburrada, olhando pela janela pra disfarçar.

— Eu sei, amigo. Isso é chato, né? — provoquei.

— Sim, muito! — falou me fuzilando por completo.

Um pequeno silêncio se seguiu até entrarmos no estacionamento da faculdade. Estacionei meu carro em uma vaga livre — óbvio —, apanhei minha mochila e ativei o alarme.

— Então, está animado para voltar à faculdade? — perguntei.

— Bem, pra falar a verdade... Estou — disse um pouco empolgado ao rever o enorme campus, agora iluminado pela Lua — Mas vamos ter que nos acostumarmos com este horário. Acho que de noite o pessoal é mais agitado do que o da manhã, não sei.

Suspirei. Todos os meus professores, cujos quais eu havia acostumado, mudaram. Agora seriam outros professores, outros estudantes, outro horário de aulas. É como se eu tivesse entrando em um novo ano.

— Acho que seremos novatos de novo — falei não muito animado. Eu tenho trauma de ser o novato.

— Pode apostar, calouro, que na verdade é veterano — corrigiu.

Entramos no prédio de aulas, passamos pela recepção onde pegamos nossos novos horários e seguimos para a aula, que começaria em dois minutos e vinte e sete segundos.

— Puxa, sou incrível! — falei pra Diego, mas não como forma de elogio e sim de ironia.

— Por quê? — questionou curioso.

— Eu me atraso para quase todos os meus compromissos, mas sempre dou um jeito de chegar na hora. Entende?

— Sim — confirmou. — Na verdade, nós dois somos assim porque eu não sou muito diferente de você, Vargas.

Diego estava errado a respeito dos alunos da noite serem mais agitados do que os da manhã. Foi muito estranho porque a maioria dos alunos eram um pouco mais velhos do que nós, alguns provavelmente são pais de família, outros trabalhadores. Mas eu confesso que gostei da minha nova turma. Os professores também são mais dedicados, e eu descobri que o senhor Harrison continua sendo meu professor de Ciências Tecnológicas.

A última aula foi dele e no final da mesma, ele pediu para que eu e Diego esperássemos para conversar com ele. Fizemos o que meu professor pediu. No começo eu estava meio tenso, não é muito comum um professor da faculdade pedir para você e seu amigo esperarem para conversar com ele, mas a medida que a conversa fluía, mais calmo eu ficava.

Senhor Harrison só queria nos falar sobre a matéria que perdemos durante a semana passada, pois faltamos na faculdade todos os dias. Ele passou os horários das prova, de todas as matérias, o que foi algo muito generoso da sua parte, e disse os assuntos que cairão.

— Muito obrigado, senhor Harrison — agradeceu Diego.

— Não foi nada — respondeu. — Sei que vocês são alunos exemplares e que faltaram semana passada por um bom motivo — elogiou —, mas estranhei o fato de vocês mudarem o horário.

— Imaginei — falei. — Bem, aconteceram algumas coisas ultimamente, nós íamos trancar o semestre, mas decidimos apenas mudar o horário.

— Entendi — concluiu. — Desculpe-me, rapazes, mas tenho que ir. Tenho uma esposa me esperando — falou em tom divertido.

— Obrigado, professor — agradecemos mais uma vez.

Ele assentiu e lançou um pequeno sorriso, sumindo pelo corredor.

Entramos no carro e logo estávamos vagando sobre as ruas de Buenos Aires.

— Acho que nunca conversamos sobre os meninos do Studio — pensei alto. — O que achou deles?

— Não fazem o meu tipo — zoou Diego, rindo.

— É, o meu também não — afirmei também rindo. — Diego, o que um cara precisa ter para fazer o seu tipo?

— Duas coisas — falou. — Primeiro: ter o aparelho reprodutor feminino completo. Segundo, ter olhos verdes e lindos.

— Iguais os de Francesca? — perguntei, o desafiando.

— Isso — respondeu imediatamente, meio bobão apaixonado. — O quê? Não! — tentou corrigir, mas sem sucesso.

Aham, sei — gritei, rindo maldosamente.

— Eu te odeio León Vargas.

— Mentira, você me ama. Mas falando sério, o que achou deles?

— Ah, sei lá, eles parecem ser legais. Se bem que ficam em panelinha e grupinho fechado.

— Verdade — concordei. — Nós entramos há uma semana no Studio e só o Maxi que se aproximou de verdade de nós. Não que eu queira atenção, mas é estranho não ser bem recebido.

— Aquele Broduey, sabe? — Assenti. — Acho que ele não foi muito com sua cara. Só te lança olhares frios. Parece que tem raiva de você — concluiu Diego.

— Sim, eu percebi. Não entendi aquele cara, eu não fiz nada pra ele — falei inocente.

— Poderíamos espioná-los. Eu sei que não é muito legal, mas eu quero descobrir o que passa pela cabeça daqueles caras.

— Isso não é legal e nem certo — concordei. — Mas eu não estou nem aí. Quando começamos? — perguntei eufórico.

Diego é o dono de muitas ideias estranhas, porém bacanas e que me agradam.

— Quando quiser, querido — brincou.

Meu amigo ligou o rádio e na estação, estava começando a música See You Again.

Esta é, de fato, uma música muito linda e inspiradora e, por ser uma música inspiradora, me surgiu uma ideia interessante.

— Cara, eu sei que entramos no Studio por outro motivo, mas já que estamos lá devemos ajudá-los, né? — perguntei pra Diego, que cantarolava a música.

— Aonde quer chegar, León?

— Sabe aquele negócio do You Mix? — ele concordou com a cabeça em sinal positivo. — Pois bem, eu quero ajudá-los. O Studio parece ser um lugar legal e acho que devemos isso, para compensar algumas pequenas mentiras da nossa parte.

— Quais mentiras?

— A primeira é que somos argentinos legais, sendo que eu sou mexicano e você espanhol. A segunda é que temos 17 anos sendo que temos 19 anos, e que éramos pra estar em outra turma de estudantes. A terceira...

— Tudo bem, já entendi — interrompeu-me. — Mas então, o que quer fazer para ajudar o Studio?

— Poderíamos fazer covers para eles postarem online no blog, além de ajudar a divulgar o portal por Buenos Aires.

— Sabe o que eu acho? — indagou.

Neguei.

— Que você está usando desculpas para cantar — respondeu divertido.

— Por que acha isso?

— Não sei, é uma suposição, mas como eu te conheço bem, sei que é exatamente isso que está fazendo.

— Tá legal, eu confesso — falei. — Eu descobri que amo cantar. Quando canto sinto que posso ser diferente, ser livre como jamais fui ou serei, por causa do meu pai. Sabe, uma parte vazia dentro de mim se completa cada vez que toco teclado ou violão e canto. É como se todos os muros que construí em volta da minha vida por todos os anos caíssem e eu por fim pudesse ver o mundo como todos veem, sem qualquer coisa me prendendo.

Um momento silencioso se instalou dentro do carro, comecei a ficar envergonhado de me abrir tanto, mesmo que fosse para Diego, o cara que me conhece melhor do que ninguém. Porém, ele se prontificou:

— Isso foi muito... Como posso dizer? Estonteante — desviei a atenção da estrada e olhei pra Diego procurando algum vestígio de brincadeira em seu rosto, contudo ele possuía uma expressão séria. — Faremos isso. Também me sinto assim, amigo.

+++

O dia amanheceu frio em Buenos Aires, estranhei, pois nem inverno é, todavia eu amo o frio.

Entrei no Studio e tudo se seguiu normalmente: olhares de garotas, e olhares de garotos invejosos e ciumentos. Minha sorte é que Diego estava ao meu lado, então não fiquei com muita vergonha, como quando estou sozinho.

— Então, vamos começar hoje a espioná-los? — perguntou Diego.

— Quanto mais cedo melhor, então... Sim — respondi.

— Como vamos fazer para nos comunicarmos, achá-los e trocarmos informações?

— Vamos ter que nos separar, isso é fato — pensei. — Tem crédito no celular?

— Os meus acabaram ontem, e você? Tem?

— Não, também acabaram — falei. — Acho que vamos ter que confiar na sorte que não temos — completei.

Fomos até a sala de armário, que fica ao lado da sala de dança. Peguei meu caderno e uma caneta azul.

— Ora, ora, se não é a dupla Batman e Robin — disse alguém atrás da porta do meu armário. Fechei o mesmo e encontrei a garota de olhos castanhos.

— Violetta, olá — saudou Diego. — Como vai?

— Oi, Diego. Vou bem.

— Oi, Vilu — falei, interrompendo o diálogo clichê entre o meu melhor amigo e Violetta. — Não entendi o lance de Batman e Robin.

— Como posso explicar? — perguntou para si mesma. — Titularam vocês de Batman e Robin.

— Quem? — perguntou Diego.

— Não sei, foi Camila que me contou.

— Bem, eu quero ser o Batman — falou meu amigo. Ele olhou para alguma coisa, ou alguém, atrás de mim e da Violetta e completou — Tenho que ir. Depois nos vemos, León Robin e Violetta.

Ele saiu tecnicamente voando, deixando Vilu e eu sozinhos.

— Nossa, o que foi isso? — perguntei.

— Acho que um nome que possuí nove letras é a explicação.

— Francesca — falamos uníssono e logo rindo.

— Gosta de frio? — perguntei para não ficarmos em um silêncio constrangedor.

— Sim, amo, e você?

— Também — respondi sorrindo.

E o que eu temia acabou acontecendo. Ficamos em um silêncio constrangedor e estranho, apenas nos olhando, mas isso foi até bom, pois reparei em sua roupa, e a propósito, ela estava linda.

— Ei, sabe aquela música que você disse que compôs quando era menor? — Assenti, ela falava da música que compus para provar para meu pai que eu tinha sim potencial na música. — Eu quero ouvi-la, senhor León Vargas — brincou de um modo que falava sério.

Engasguei na hora, ela percebeu o quão assustado eu fiquei e começou a rir.

— O... — tentei dizer algo, mas nada saia. Tossi, tentando limpar minha garganta e falei novamente. — O quê? — minha voz me traiu, parecia que ela pertencia a algum garoto de 10 anos de idade muito assustado.

— Ah, qual é, deixa, por favor.

— Mas, ela é muito ruim e eu nem lembro direito a letra dela.

— Isso são desculpas esfarrapadas. Por favor — pediu fazendo uma cara fofa.

Olhei bem fundo naqueles olhos castanhos.

— Claro — falei arrancando um lindo sorriso de seus lábios — que não — completei fazendo uma careta e rindo da cara que ela fez.

— Você é muito chato — empurrou-me brincando.

— Tudo bem, eu canto — desisti —, mas você vai ter que cantar uma também, pra mim.

— Claro, faço o que quiser.

— Qualquer coisa?

— Sim — afirmou.

— Bom saber — falei com um malicioso.

— Eu não deveria ter falado isso, né?

— Não — concordei, fazendo-a rir. — Mas agora já foi, Vilu — completei, abrindo um sorriso maldoso.

Droga! — falou brincando.

Aproveitei a situação descontraída e perguntei:

— Você viu Broduey ou Maxi?

— Sim, Maxi está na sala de música, mas Broduey não sei, acho que ainda não chegou — falou. — Por quê?

— Eu preciso falar um negócio para eles. Se encontrar Diego, diz que eu estou lá, okay? — pedi. — Tenho que ir, nos vemos na aula, certo?

— Certo, e não pense que vai escapar de mim porque eu vou cobrar.

— Claro — disse eu, rindo forçadamente.

Passei ao lado da sala de música disfarçadamente e pela janela transparente, vi Maxi e Andrés conversando. É perfeito, parece que o destino resolveu ser legal comigo pelo menos uma vez na minha vida.

Olhei em volta e os poucos alunos que ocupavam o corredor do Studio estavam distraídos com alguma coisa, ou conversando. Entrei no estúdio de gravação que faz divisa a sala de música. Liguei o equipamento de som e peguei um headset.

Maravilhei-me ao perceber que eu podia ouvir a conversa deles, nem preocupei em me esconder porque além de eles estarem distraídos, a luz do estúdio estava apagada e a pequena sala não possuí nenhuma janela que permite a entrada de luz.

Ouvi um barulho de porta, fiquei tenso, porém relaxei ao notar que a porta que abrira era a da sala de música e não a do estúdio, vulgo meu esconderijo.

— Eu odeio o León Vargas! — disse Broduey irritado comigo, motivos que desconheço.

— Por que, Broduey? — perguntou Andrés.

— Porque o cara chegou há uma semana e já está de rolo com a Camila

— Como assim? Os dois estão ficando? — indagou Maxi.

— É, é exatamente isso, Maxi — confirmou Broduey. — Camila disse que eles passaram o final de semana juntos e que León a pediu em namoro.

— O que? — gritei involuntariamente, mas, por incrível que pareça, meu grito foi tão alto que os meninos, do outro lado da sala ouviram.

Eles desviaram a atenção de Broduey e todos olhavam para mim. Eu poderia correr ou fugir, mas para quê? A verdade sempre vem à tona, e ficar adiando os fatos que um dia acontecerão de um jeito ou de outro é covardia.

Broduey avançou na porta do estúdio. Eu mantive a calma, desliguei o equipamento de som e guardei o headset no lugar em que peguei, fiquei olhando para o nada esperando ele entrar.

— Seu babaca, o que estava fazendo nos espionando e ouvindo nossa conversa? — perguntou zangado, partindo para cima de mim.

— Opa, caminha aí — falei segurando ele e o empurrando de leve para trás.

— Responde! — gritou.

— Isso é uma brincadeira? — perguntei sarcástico. — Porque você acabou de responder a sua pergunta.

— Por que estava ouvindo nossa conversa? — indagou, percebendo seu erro.

Pensei bem em uma resposta e decidi falar a verdade mesmo. Do que adiantaria mentir? Eu falhei, fui pego em flagrante.

— Eu apenas queria entender por que você não vai com a minha cara, e por que você me “odeia” — respondi sendo o mais sincero possível.

— O que você ouviu?

— O suficiente para encontrar minha resposta.

— Seu mané — xingou, partindo para cima de mim.

Mais uma vez impedi e o empurrei pra trás.

— Será que dá para parar de agir feito um garoto de 11 anos inseguro? — explodi de raiva. — Você tem 17 anos, acho que é possível ter uma conversa civilizada, você tem idade pra isso, só acho que não a mente.

Confesso que estou me sentindo honrado, fiz ele se acalmar e ficar em uma saia mais que justa, olhei de relance para Maxi e Andrés, que fitavam assustados minha pessoa.

— Você tem raiva de mim só porque a garota que você gosta, no caso a Camila, disse que está namorando comigo, não é?

Ele assentiu.

— Que maduro da sua parte, Broduey — falei irônico.

— Não é só isso, eu vi você a abraçando no dia em que entrou para o Studio, e vocês dois não param de conversar na aula do Beto.

— Pelo jeito não é só eu que ando espionando aqui no Studio — relatei, olhando para ele, que engoliu em seco.

— Eu...

— Relaxa, Broduey, eu não vou te julgar, sei que tem seus motivos — respirei fundo. — Olha, não estou pedindo para que confie em mim, mas Camila e eu não estamos namorando e não temos nada. Não sei por que ela disse isso pra você, mas acredite, eu não sou um canalha que mal chega nos lugares e já sai "pegando" as garotas. Além disso, estou aqui para cantar e dançar, e não para encontrar uma namorada.

Pra falar a verdade, deu dó da cara que Broduey fez, o arrependimento estava mais do que estampado em sua face.

É estranho como as pessoas agem por um "amor ou paixão". Elas ficam loucas, fora de si, não pensam direito nas coisas em que fazem, e tudo isso para se arrepender depois.

Não faz sentido.

— É verdade? — perguntou ainda inseguro.

— Sim. Não tenho motivos para mentir pra você — concluí.

Depois de um tempo, lhe estendi a mão e perguntei:

— Amigos?

Ele me olhou como se não acreditasse no que via.

— Amigos — retribuiu. — Me desculpa, León.

— Claro, só que tenho duas condições.

— Qual é?

— Parar de me odiar — proferi divertido. Ele riu. — E formar uma banda comigo — falei sorrindo. — Maxi, Andrés, você, Diego e eu.

— Isso é sério? — perguntou Andrés empolgado.

— Claro que é — respondi. — Eu sei que ainda não tivemos a oportunidade de nos conhecer direito, mas essa pode ser uma forma de tentar. Além disso, quero ajudar o Studio, mas eu gosto de trabalhar com uma galera.

— Eu topo — disse Maxi.

— Eu também — Andrés falou.

— E você, Broduey? O que me diz?

Ele pareceu pensar um pouco, mas logo disse:

— Conta comigo — concordou. — Mas e quanto ao Marco e Tomás? Você vai chamar eles também?

Olha — comecei — eu não tinha pensado nisso, mas já que tocou no assunto... Bem, a banda já tem cinco integrantes e mais dois, acho que ficaria muito cheia. Não vou chamá-los — concluí —, porém, se eles quiserem entrar, nós resolvemos isso em grupo. — Eles assentiram.

Trocamos nossos números de celular e combinamos de fazer uma breve reunião depois das aulas. Fui para o Zoom, pois a aula era de Pablo.

A sorte parecia estar do meu lado hoje, porque demorou menos de um dia para eu concluir a missão que foi ideia de Diego.

Falando em Diego, não vejo a hora de contar pra ele. Acho que ele não vai nem acreditar em mim quando eu falar que conclui a missão.

+++

Fui guardar minhas coisas no armário, era a hora do almoço e eu estava morrendo de fome, não tomei café da manhã hoje, só comi uma maçã e vim pra cá.

— León — chamou-me alguém.

Fechei a porta do meu armário e tranquei-a com o cadeado. Direcionei meu olhar para quem me chamava e encontrei a italiana de olhos verdes.

— Francesca, pois não? — brinquei. — Está procurando Diego? — perguntei, fazendo-a corar instantaneamente.

— O que? Não... Eu... — engasgou nervosa.

— Calma, estava brincando — falei rindo de sua cara. — O que foi?

— Você e Diego gostariam de almoçar com a gente?

— A gente quer dizer...

— Maxi, Tomás, Violetta, Camila, Broduey, Andrés e eu.

— Hoje é terça feira, certo?

— Sim.

— Bem, hoje não posso, tenho que resolver alguns assuntos, mas tenho certeza de que Diego vai aceitar.

— Sério? — perguntou animada. Animada é pouco. Ela tossiu, tentando disfarçar. — Sério? — perguntou novamente sem aquela animação toda.

— Sim, mas eu quero que o tratem bem e puxem assunto com ele para o meu amigo não se sentir excluído.

— Entendido.

— Obrigado pelo convite, Francesca — agradeci.

— Pode me chamar de Fran, se quiser.

— Tudo bem, Fran — falei sorrindo, ela retribuiu meu sorriso e logo sumiu por onde veio.

Ao término das aulas, os garotos e eu nos reunimos na praça em que Violetta e eu nos "conhecemos". Além dessa praça ficar perto do Studio, é uma praça enorme e linda, com vários bancos, jardins floridos, até uma mini pista de skate tem.

Diego está radiante com a notícia da banda, porém Maxi é quem está mais empolgado.

Eu já informei Diego do ocorrido, fiz isso durante a aula de Angie. Estou certo de que ela quase pirou, toda hora chamava nossa atenção, mas ela mais brincava do que falava sério. Tomás me encarava com desprezo, nada descomunal, e Violetta — que sentou bem longe do magrelo de cabelos espetados — também conversava bastante com Francesca, o que ajudava o mau-humor de Angie aumentar. Faltando uns quinze minutos para a aula de canto acabar, Angie nos deixou livres, o que foi algo ótimo.

Depois de quase uma hora e meia de conversa sobre planos e mais planos para a banda, cada um foi para sua casa.

Expliquei a eles minha ideia de cantarmos a música See You Again e de nos apresentarmos para o You Mix. Por sorte, eles já conheciam a música e curtiram a ideia. Maxi, Diego, Broduey e Andrés farão a parte em que começa o Rap e eu farei a parte normal.

Quando decretamos finalizada a primeira reunião da boyband, segui para minha casa. Eram 16h30. Estudei um pouco, ensaiei a música que cantaria com minha mais nova banda e tomei um banho.

Fui para faculdade com Diego, estudamos mais ainda, depois fomos a uma pizzaria, conversamos e ele me contou detalhes sobre Violetta, que acabou descobrindo por meio de Francesca.

E assim foi minha terça-feira.


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Notas finais do capítulo

O capítulo ficou um tanto grande, mas espero que tenham gostado. Eu ia postar antes, mas esqueci, podem me matar hehe. Então, sei que não está tendo muito Leonetta, mas acalmem os vossos corações: os próximos capítulos prometem (carinha maliciosa).



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