Além do seu Olhar escrita por Miimi Hye da Lua, Incrível


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Yeah, we are back!
Bom pelo menos, eu voltei kkkk
Meu Senhor, que falta eu senti de vocês.
Han.. eu acho que vocês merecem uma explicação.
Preguiça... Tá explicado. Bom, dia 13 do mês passado, eu fiz uma prova (um vestibular) pra Etec, uma escola técnica, daí eu estava estudando antes disso e não consegui escrever... No dia 14 eu fui viajar, também não escrevi e depois as festas começaram, etc.
Me perdoem por minha falta de responsabilidade hihi^^
Então, notei que tinha duas recomendações quando entrei (carinha maliciosa e feliz).
Muito obrigada por cada palavras, meus amores. Eu confesso que não sei como expressar por aqui o que senti, vocês, Mari e Julietta, são duas perfeitas com um lugar garantido no céu. De verdade e de coração aberto, OBRIGADA (muitos corações pra vocês). Ah, e eu adoraria tomar um banho daquela gosma verde kkkk estranho também, né. Enfim, sei que é pouco, porém eu dedico esse capítulo a vocês. Deus ilumine as vossas almas.



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Com leves batidas no volante, que acabaram formando uma melodia bem simples, eu comecei a cantar Teenage Dream para Vilu. Minha atenção estava na estrada, mas eu sentia que ela me olhava acompanhada de um lindo sorriso.

— Eu amo essa música — falei. — Ela é tão... Sincera.

— É apaixonante. Cante outra pra mim.

— Fofa ou não fofa?

— Fofa, por favor.

— Vou ver... Han — a primeira que me surgiu a cabeça foi Smile, do Uncle Kracker. — You make me smile like the sun. Fall out of bed, sing like bird. Dizzy in my head, spin like a record. Crazy on a Sunday night. You make me dance like a fool. Forget how to breathe. Shine like gold, buzz like a bee. Just the thought of you can drive me wild. Ohh, you make me smile.

— Essa música é muito fofa. Quem canta?

— Nunca tinha ouvido antes? — Vilu negou com a cabeça. — Nossa! — expressei surpreso. — É uma banda chamada Uncle Kracker.

— Legal! — ela disse, acabando com o assunto.

Palavras como 'legal' 'hum' 'ahh' e mais algumas tem o pequeno poder de MATAR um assunto. Isso me frustra, apesar de usá-las bastante no meu dia-a-dia.

Minha coxa latejava muito na área onde levei a lancinante facada, mas o pior é que a dor se espalhava por toda perna, chegando até as pontas dos meus dedos. Dirigir tornou-se uma tortura. Vilu até se ofereceu para dirigir em meu lugar, mas eu não podia deixar, ela está sem carteira de motorista e qualquer policial que nos parasse prenderia o carro, e o que menos precisamos é que prendam o nosso carro.

Segurar o volante vigorosamente aliviava a dor e cantar dava a impressão de que estava tudo bem, então as únicas coisa que eu fazia era isso: cantar e apertar.

Em determinado momento, eu fiquei tão concentrado em não sentir dor, que Violetta precisou me dar um leve soco para 'acordar'.

— Oi? O que foi, meu bem? — perguntei.

— O que foi que eu estou te chamando há uns doze segundos e você não me responde — ela disse, enquanto eu tentava identificar se ela estava nervosa, meio nervosa ou muito nervosa.

— Desculpa, eu me distraí um pouquinho — recebi como resposta um aceno positivo. — O que aconteceu?

— Passamos por uma loja de souvenir, e você nem viu.

— Sério?

Estávamos a procura de uma loja de souvenir para simplesmente comprar um caderno de desenho. Ela aceitou o desafio de me ensinar a desenhar.

— Droga! — xinguei baixinho.

Peguei o primeiro retorno da via I-65 S. Chegamos na lojinha em menos de cinco minutos. Estacionei o carro e quando estava prestes a descer, Vilu me parou:

— Não precisa ir, acho melhor você ficar no carro — olhei confuso para ela, tentando entender por que ela havia me dito essas palavras. — Sua perna, León — leu meus pensamentos.

— Ah, sim — concluí. — Desculpa, ainda estou em estado de choque.

— Então, fique aqui que eu já volto, okay? Só preciso que me dê dinheiro, acho que eles não vendem fiado — sorriu de modo engraçado. Lhe dei U$15.

— Hey, veja se tem bala de menta, por favor? As minhas já acabaram — fiz biquinho.

— Ain, que dó — ela riu, se afastando do carro.

Liguei o rádio em uma estação que tocava Lovers On The Sun. Deitei minha cabeça no banco e respirei fundo, um pouco cansado.

Quando estava quase a perder minha consciência, senti o celular vibrando em meu bolso. Eu estava muito cansado.

Que saco!, reclamei.

O número era desconhecido e depois de examinar bem cada algarismo descrito na tela, eu resolvi atender.

— Pois não? — falei em inglês.

— León? É você? — disse a pessoa, em espanhol.

— Sr. Germán? — perguntei na dúvida, reconhecendo minimamente a voz.

— Sim, sou eu — concordou.

— Como o senhor está? Nós te liguamos durante a semana inteira e não tivemos nenhuma resposta.

— Eu estou bem, obrigado — respondeu. — Bom, eu tive um problema com o outro celular.

— Que tipo de problema?

— Eu o perdi.

— O que? Você perdeu o outro celular? Meu número estava salvo nele?

— Calma, garoto — ele pediu. — Sim, seu número estava salvo, mas eu liguei pra operadora local e eles bloquearam o aparelho.

Uffa! Melhor assim.

— E Violetta, como ela está?

— Está bem. O inglês dela está muito bom, ela também está aprendendo a dirigir e está um pouco menos assustada.

— Isso é bom. Mas então, León — ele começou de um modo ameaçador que me deu medo (mesmo estando a 93 milhares de milhões km de distância). — Minha filha me contou que vocês estão namorando.

— Ah, bem, sobre isso, eu tentei te ligar no dia para pedir sua permissão para namorar com ela, mas o senhor não atendeu...

— E decidiu pedi-la em namoro assim mesmo?

— É... — concordei receoso.

— Olha, eu só não te mato porque estou do outro lado do mundo, mas se estivesse aí, você estaria ferrado, menino! — meu agradável sogrinho não disse isso em um tom normal. Muito pelo contrário, ele parecia que ia (realmente) me matar.

— Desculpa, Sr. Germán — pedi, assustado.

E de repente, algo muito estranho aconteceu, ele começou a rir. Sua risada era como uma mistura de um cachorro com asma e crise de tosse com um dinossauro faminto.

— Relaxa, garoto! — completou rindo. — Mas olha, vou te dizer uma coisa: se você fizer algum mal à Violetta, magoá-la, não cuidar direito, pensar em se aproveitar da inocência dela, ou ousar engravidá-la... Vargas, meu caro Vargas — riu cruelmente — considere-se um cara morto.

— Engravidá-la? O que? Essa fuga já está complicada com duas pessoas, imagina três, o terceiro sendo um bebê! Também eu não acho essa coisa certa antes do casamento. E, Sr. Germán, se há algo que você não deve duvidar, essa coisa é o meu amor pela Vilu.

— Acho bom, León. Ah, e você também precisa dormir menos, sabia?

— Han... okay. Mas por que?

— Ontem eu liguei pra vocês, e adivinha, você estava dormindo.

— O senhor ligou?

— Sim.

— Estranho, Vilu não me disse nada.

— Bem, ela teve seus motivos para não te contar. — Ain meu coração. — Tenho que desligar, outra hora eu ligo para saber mais sobre ela. E talvez de você.

— Okay! — ri fracamente. — Até mais, Sr. Germán.

— Tchau, León!

Que conversa rápida. O coroa só queria me assustar, só pode.

Engravidar a Vilu, pensei rindo. Até parece que eu seria capaz disso. Me senti um completo cafajeste quando Germán falou aquilo.

Violetta não demorou muito para voltar ao carro, o que me deixou feliz e menos preocupado, pois algo de ruim poderia acontecer com ela dentro daquela loja e não aconteceu, ainda bem.

— Tudo bem? — ela perguntou, me despertando. Eu estava a olhando profundamente, mas só havia me perdido em sua beleza (de novo).

— Han... Sim — falei voltando ao mundo real.

— Está com uma cara estranha.

— Eu? Claro que não — neguei. Liguei o carro e voltamos à estrada.

— Aham — ela concordou, irônica, colocando o cinto. — Ah, eu achei esse boné bem fofo, então comprei pra você.

— Awn, que lindo — brinquei, olhando rapidamente o boné. — Obrigado, meu bem.

— Foi com seu dinheiro, não tem que me agradecer.

— Verdade. Retiro o meu 'obrigado'. E minha bala de menta?

— Baby, ou era o boné ou a bala.

— O que? — gritei, desviando minha atenção da pista.

— Brincadeira, brincadeira! Está aqui.

— Uffa! Acho bom — falei mais calmo. — Seu pai me ligou.

— Meu pai?

— Não, Vilu, o meu — eu disse irônico.

— Escuta aqui, quem é você na fila do pão pra usar ironia comigo? — Vilu pergunto brincando.

— Seu fiel companheiro, seu namorado, seu cavaleiro charmoso, seu guarda costas, seu melhor amigo, seu príncipe encantado, seu...

— Tudo bem, já entendi, León — cortou-me. — E quem disse que você é o meu melhor amigo?

— Ué?! E quem mais seria? O espantalho magricela do Tomás?

— Talvez — ela disse duvidosa. Em troca, ela recebeu um olhar furioso — Enfim, o que falou com ele?

— Bom, ele perdeu o celular antigo, por isso não conseguimos ligar. Também disse que ligou ontem e que vocês conversaram, e eu tenho que perguntar: você disse algo pra ele? Digo, do ataque.

— Bom, não. Eu disse que você estava dormindo, ele ligou quando estávamos no hospital.

— Ahh. Sabia que ele já sabe do nosso namoro? Engraçado, as notícias voam.

— Bobão, até parece que eu não ia contar pra ele, né?

— Eu sei — concluí, rindo de leve. — Ele também disse que se eu fizesse algum mal a você, ou te engravidasse, ele me mataria. Não entendi isso, como se eu fosse te levar pra cama antes do nosso casamento.

— León! — Vilu me advertiu.

Olhei pra ela que estava muito sem graça, vermelha e... Com vergonha?

— O que foi? Por quê está assim?

— Não finja que não sabe.

— O que eu fiz?

— O que você disse — ela me corrigiu.

— E o que eu disse?

— Sério que não sabe? — assenti positivamente com a cabeça. Ela suspirou. — Você disse 'como se eu fosse te levar pra cama antes do nosso casamento'.

— Eu falei isso?

— Sim.

— Ahh — murmurei. — É... Eu...

— Pois é — ela afirmou. E eu? Bom eu fiquei pior que ela.

+++

Nos hospedamos em um hotel simples de Nashville, mas ele possuía uma vista bonitinha. Eu estava na sacada, sozinho, há uns dez minutos, só olhando a vista. E Vilu estava na sala. Senti ela se aproximando da porta da sacada e abrindo-a devagar, fazendo irrelevantes ruídos.

— No que o senhor tanto pensa? — perguntou curiosa, rodeando-me pela cintura, me abraçando por trás.

— Em você — respondi.

— Ah, não é possível que você só pensa em mim — falou incrédula. Porém, por dentro, eu sei que ela havia gostado do que eu havia dito.

— Tudo bem, eu não estava pensando diretamente em você, mas estava relacionado.

— Hum... E será que eu tenho o direito saber?

— Talvez sim, talvez não — brinquei duvidoso. Peguei sua mão e a guiei levemente, até ficarmos um de frente para o outro. Deixei-a de costas para a paisagem e colei nossos corpos.

— O que eu preciso fazer para saber seus pensamentos? — ela perguntou, acariciando meu rosto.

— Aprender a ler mentes — respondi rindo.

— Uau! Você sabe como quebrar um clima fofo. Parabéns.

— Eu não queria quebrar o clima, mas precisava fazer essa piada.

— As vezes, eu paro, penso e me pergunto por que eu me apaixonei por você.

— E então, quando eu te beijo, a resposta aparece, não é? — falei, logo em seguida, a beijando.

Minhas mãos escorregaram até sua cintura, fazendo-a suspirar entre o beijo. Ela aprofundou o beijo, invadindo minha boca com sua língua (geralmente, ela que sempre fazia isso). Nós dois sorrimos bobamente quando nossos lábios se afastaram um pouco.

— Sim — concordou. Eu ainda de olhos fechados e sentindo sua respiração desregular no meu rosto.

— Han? — murmurei confuso.

— Respondi sua pergunta... Quando você me beija, eu tenho a resposta — me deu um selinho, fazendo-me sorrir.

— Está esfriando. Vou pegar um cobertor e então, nós conversamos.

— Não demora — brincou.

Fui até o quarto dela e peguei a maravilhosa manta que Germán colocou em sua mala. Essa manta é incrível, além de ser grande, esquenta que uma beleza. Também peguei um travesseiro.

Quando voltei, o sol havia começado a se pôr.

— Voltei — ela virou pra mim e sorriu.

Fechei a porta da sacada, sentei no chão e coloquei o travesseiro atrás das minhas costas. Ela sentou entre minhas pernas, ficando de frente para o panorama laranja e azul do céu. Depois deitou a cabeça em meu ombro e eu passei o cobertor por nós dois, a abraçando pela cintura.

— Então, no que meu cavaleiro charmoso estava pensando?

— Em nós dois — comecei. — Fiquei pensando: e se meu pai nunca tivesse gostado da sua mãe? E se nossos pais nunca tivessem brigado e ainda fossem grandes amigos? Acho que nós seríamos amigos desde pequenos. E também não estaríamos aqui, fugindo do mundo, com medo. Estaríamos em Buenos Aires, eu poderia estar te pedindo em namoro hoje mesmo, sabia? Seríamos felizes e meu pai estaria orgulhoso de mim por encontrar a garota da minha vida. Eu poderia te dar uma vida melhor e te fazer feliz.

— León, eu sou feliz aqui e agora, com você.

— Mas você não está segura, Vilu.

— Como não? Eu estou viva, não é? Se você está comigo, eu tenho certeza de que estou segura.

— É, mas e ontem? Quase que você... Quase que nós fomos pegos. — falei, começando a me preocupar.

Assim que chegamos em Nashville, minha mente começou a me torturar com imagens e memórias de ontem, do ataque. O olhar desesperado de Vilu cravou em meu cérebro e meu coração se contraia cada vez que eu me lembrava daquele momento.

E se...

— León, você me transmite tranquilidade, paz e segurança, sabia disso? Em seus braços, é o lugar mais seguro que eu posso estar. Você me protegeu ontem, assim como da outra vez. Está tudo bem.

— Não está tudo bem, Vilu. Você corre perigo. Isso não é 'tudo bem' para mim. Imagina se eu não consigo pará-los, eles chegariam até você e...

— Calma, León. Eles não conseguiram, e nem vão conseguir.

— Olha, eu não consigo ficar calmo sabendo que em cada cidade tudo pode ser pior. Não consigo, tá legal? Não importa se eu já te salvei uma ou duas vezes... E se na terceira vez não tivermos essa sorte?

— Você pensa muito, León.

— Eu tenho que pensar, Violetta. Eu sou forçado a pensar no melhor, mas também no pior — afirmei. Ficamos em silêncio, apenas abraçados sob a manta. — Eu não quero perder você, Vilu — falei com a voz fraca.

— Eu também não quero te perder, León. Mas, eu sou feliz com você, não duvide disso. Não importa o quão difícil seja nossa caminhada, desde estejamos lado a lado, eu serei feliz.

— Como pode ter certeza disso?

— Eu preciso ter, meu bem. Quando duas pessoas nascem para ficar juntas, elas ficarão juntas. É Deus e o destino.

— Você é maravilhosa, meu amor — falei, distribuindo beijinhos por seu pescoço.

Não sei como, ou por que, mas eu estava feliz. Ou então, eu havia me dado conta que de que sou feliz. E que minha felicidade só dependia daquela garota morena, que possuía um olhar e um sorriso encantador.

— Eu amo você, León — disse ela, virando para olhar em meus olhos.

— Eu também amo você, meu amor.

Uma de minhas mãos subiu até sua bochecha, fazendo uma leve carícia. Ela me olhava de um jeito diferente, mais amoroso, fofo. E eu a olhava como um cara apaixonado. Vilu abaixou a cabeça, envergonhada. Eu a levantei suavemente pelo queixo, e nossos olhos se encontraram novamente. Aproximei mais do seu rosto e meus lábios tocaram fracamente sua bochecha, onde fiz uma trilha de beijos até chegarem aos seus.

Nos beijamos calmamente, aproveitando aquele momento de paz.

+++

— Quero partir hoje mesmo daqui — anunciei, assim que saí do banho (e consequentemente do banheiro).

— Mas não ficamos nem seis horas em Nashville — ela contestou.

Era por volta de 17h10 da tarde.

— Eu sei, mas precisamos ir. É melhor — sorri em direção à sala, Vilu estava lá, no sofá, me olhando.

— Tudo bem, não vou me opor. Para onde vamos?

— Não sei, ainda não escolhi o destino. Quer escolher?

— Por que? — indagou.

— Não sei — dei de ombros, entrando no meu quarto. — Mas se quiser. Eu vou fazer sua carteira de motorista, daí você poderá dirigir pra qualquer canto do mundo — completei, falando um pouco mais alto.

— Sério? Até que fim! — Eu realmente deveria ter previsto o próximo passo dela, assim não acabaríamos os dois jogados no chão. Ela invadiu meu quarto, enquanto eu colocava minha camiseta e, bom, me pegou de surpresa. — Desculpa, meu bem. Eu acho que me empolguei um pouco.

— Você acha? — gemi, rindo. Ela caiu em cima da minha costela. — Aiii — reclamei. — Eu tenho certeza.

— Nossa, isso me lembrou aquele sábado, que você invadiu minha casa às 9h30 da manhã, lembra? — disse ela.

— Claro. Foi o melhor sábado da minha vida. Lembra também que você estava limpando meu machucado e então nossos olhos se encontraram? Daí você se aproximou de mim e eu virei meu rosto.

— Fiquei com um ódio de você, Vargas.

— Mas já passou, né, meu amor? — perguntei tentando me levantar. Mas tinha um ser enorme em cima de mim. — Você poderia sair de cima de mim, anjinho.

Ela riu, me deu um beijinho na bochecha e se levantou.

— Desculpa, Lê.

— Pelo que?

— Ué?! Por cair em cima de você e de te fazer de amortecedor.

— Tranquilo, baby — pisquei. Terminei de colocar minha camiseta (por fim). — Ei, Vilu, gosta de homens com barbas?

— Han... Gosto, só que não muito grande, até porque fica nojenta.

— Barba rala? Assim como a minha.

— É... Fica bonitinho. Por que está me perguntando isso?

— Estou pensando em deixar minha barba crescer e se desenvolver.

— Vai virar o velho Noé?

— Talvez. Acho que Moisés é mais o meu estilo.

— Muito engraçado. Barba rala, León Vargas. Nada mais que isso — entramos no seu quarto.

— Nossa, que mandona — falei brincando.

— Você não viu nada, lindinho. — falou ameaçadora. — Vou tomar banho. Devo pintar meu cabelo?

— Se você quiser. — disse eu, sugestivo. — Viu? Eu não sou mandão como você!

— Que pena, pois eu sou — riu maléfica. — Vou pintar de louro, que tal?

— Acho que não vai ficar tão mau.

— Uau! Depois dessa estou vazando.

— Ué?! O que eu fiz?

— Nada, deixa quieto.

— Ah, qual é? — perguntei, a abraçando por trás, enquanto ela ainda separava uma roupa.

— Você é muito bobo.

— Eu? Eu sou bobo? — brinquei rindo.

— Sim — ela riu.

Caminhos abraçados até a porta do banheiro, onde eu tive de me separar dela. Estava indo pra sala, quando lembrei de algo e dei meia volta.

— Vilu, vamos precisar de novos nomes — gritei em frente a porta fechada do banheiro.

— O que? — ela gritou de volta.

— Vamos precisar de novos nomes.

— Han?

— O menina surda, viu? Caramba.

— Eu não sou surda, tá? — ela disse.

— Aff — murmurei rindo. — Vamos precisar de novos nomes — repeti pela terceira vez.

— Ah, sim — ela concluiu. — Coloca Taylor pra mim. Gosto do nome Taylor.

— Eu também. Me lembra a diva, lacradora e rainha Taylor Swift.

— Sua crush? — perguntou enciumada.

— Claro que não — discordei. — Ela não é minha crush, ela é o amor da minha vida.

— Muito engraçado, Mark.

— Mark?

— É, seu novo nome. Agora será que eu posso tomar meu banho? Estou com frio.

— Claro que sim, Tay — brinquei.

Fui para sala, liguei meu super hiper ultra notebook e comecei a fazer novos documentos falsos. Peguei uma foto minha e pintei o cabelo de preto, já que eu havia escurecido meu cabelo.

Estava terminando os documentos da Vilu quando a mesma saiu do banheiro apressada e de toalha, correndo até seu quarto.

— León! — chamou-me com a voz meia chorosa.

Corri até seu quarto, preocupado.

— Que foi, meu amor?

— Lê — ela começou. Droga, ela estava me deixando assustado. — Você... Sabe? Não teria aquilo que... — disse se enrolando com o que dizia.

— Aquilo o que, Vilu?

— Aquilo que as garotas usam quando estão... Ai, como eu posso dizer?

— Quando estão namorando?

— Não.

— Quando estão saindo do banho?

— Não, León. Quando elas estão naqueles terríveis dias de uma garota — disse ficando nervosa.

— Você está me deixando confuso, Vilu. Quais são os terríveis dias de uma garota?

— Meu Deus, León! Homem é fogo, viu? — reclamou. — Eu menstruei, caramba. Será que você não tem absorvente em qualquer lugar?

— Ah, esses são os terríveis dias de uma garota?

— É, Vargas — ela revirou os olhos. — Droga! Tem ou não?

— Não, Vilu, eu não tenho. Nunca precisei comprar — respondi rindo fracamente.

— Hahaha, que engraçado — falou sem humor algum.

— Ei, Desculpa. Eu nunca convivi com uma mulher, não entendo desses paranauê feminino, okay? A única vez que ouvi falar sobre isso, foi na escola. No oitavo ano, pra ser sincero.

— Tudo bem! — ela disse mais calma. — Então vamos ter que comprar, porque eu mais do que necessito.

— Se troca logo, e no caminho a gente para em uma farmácia ou um mercado.

Saí do seu quarto e voltei pra sala. Durante nosso pequeno diálogo, eu nem sequer reparei em seu cabelo (agora louro) ou até mesmo que Vilu estava apenas de toalha. Acho que nem ela reparou.

Quinze minutos depois, ela apareceu na sala toda arrumada e cheirosa. Uau! Como ela estava cheirosa. Seu perfume tomou conta do apartamento inteiro.

Por sorte, eu já havia terminado os documentos. Estava apenas esperando minha mini impressora imprimir as fotos (até porque são papéis diferentes).

— Sobrenomes iguais? — ela perguntou, pegando seu ID Card American.

— É, eu estava sem criatividade para inventar sobrenomes — justifiquei, com um sorriso descontraído.

— E o que somos dessa vez?

— Han... Primos?

— Primos? — repetiu. — E o que vai acontecer quando eu quiser te beijar em público?

— Tá, então somos casados?

— Mas e as alianças?

— Ai, droga — falei.

— Ah, estou nem aí — deu de ombros, acompanhada de uma leve risada. — Então somos o casal casado Mark e Taylor Hallen?

— Exatamente — concordei sorrindo e lhe dando um selinho. — Suas coisas já estão arrumadas?

— Mais ou menos.

— Okay, termine de arrumar que eu vou guardar meu super equipamento tecnológico de nano tecnologia.

— Uiii! — riu se levantando. — Okay, meu cavaleiro charmoso — mandou um beijinho no ar.

Colei as fotos em seus devidos documentos. Vilu estava loira e com lentes azuis. Eu estava moreno, usando lentes castanhas e barba rala.

Bem louco.

+++

— Tem um Wal-Mart virando à esquerda, meu bem — disse eu, olhando para o celular.

Adivinha quem estava pilotando o carro? Violetta Castillo, ou se você preferir, Taylor Hallen.

— Certo.

— Não se esqueça de dar seta.

— Eu sei, Mark — ela reclamou, me fazendo rir. — Estou dirigindo bem?

— É... Mais ou menos — falei. Vilu me olhou, esperando que eu apontasse seu erro. — Brincadeira, você está excelente, meu amor

— Sério? — assenti.

Dentro do mercado, passamos pela seção de comida e besteiras e coisas gostosas, e é claro que pegamos várias coisas. Depois passamos pela parte de cozinha e sei lá o que, e por fim, higiene e coisas do gênero (era a parte dos absorventes).

Vilu pegou uns doze pacotes de uma marca chamada Always, e isso me deixou assustado, muito assustado.

— Que foi? — perguntou ela, rindo. — Nunca comprou absorvente antes? — olhei de um jeito: é sério isso?

— Não, meu amor, eu nunca comprei absorvente antes.

— Errado! Você é meu esposo, você já comprou.

— Talvez o Mark Hallen já, mas León Vargas, não. Afinal, qual a diferença entre os dois? Noturno e diário... Sei lá.

— Está realmente interessado?

— Vamos fingir que sim — brinquei.

— Enfim, o noturno é para ser colocado no período da noite. O negócio começa no umbigo e vem parar no meio da suas costas.

— Me diz que isso é exagero.

— Sim, é exagero, mas é enorme. — concluiu. — O outro, esse aqui — disse apontando pra um pacote rosa —, ele é menor, pra usar durante o dia.

— Ah, que legal.

— Muito bacana, né? — disse na zoeira.

No caixa, começamos a tirar as compras do carrinho para colocar na esteira. A moça do caixa, com uma leve observação, tinha uns 18 anos, no mínimo. E ela não parava de me olhar.

Camila versão americana, pensei rindo por dentro.

Porém a garota não só me olhava, mas também dava em cima de mim. E minha doce namorada parecia um dragão naquele dia.

Vilu estava perdendo a paciência com a menina, então, eu resolvi facilitar o lado dela (da Vilu, e não da Camila americana). Abracei ela por trás e comecei a beijar seu pescoço, na frente da menina mesmo.

— São namorados? — ela perguntou de um modo sexy, me olhando.

— Casados, na verdade.

— Casados? — ela indagou surpresa, como se não acreditasse. — E onde estão as alianças?

— Tá legal, você nos pegou — brinquei. — Somos namorados, mas moramos juntos.

— Hum... — disse ela, erguendo as sobrancelhas. — Sou Kate, e você?

— Meu namorado, agora diga logo quanto deu, por favor? — pediu meu amor, tentando manter a calma. Sem sucesso, é óbvio.

A menina, que descobri ser Kate, riu falsamente nos olhando.

— U$ 26.

Dei minha carteira pra Vilu, que pegou o dinheiro e pagou.

— Obrigada — Violetta falou seca. A moça acenou pra mim, assim que Vilu virou de costas e continuou a empurrar o carrinho. — Vou no banheiro, Lê.

— Okay.

— Se você olhar para aquela vaca, eu arranco seus olhos, entendido?

— Sim, meu anjo — concordei.

Para não correr o risco de perder a visão, eu fiquei passeando com o carrinho pelos corredores próximos ao banheiro feminino. Estava tudo tranquilo, até que Kate, a garota do caixa, apareceu na minha frente.

Dei meia volta rapidamente e saí correndo em meio ao mercado.

— Espera! Ei, você aí! — Kate gritava.

— Ai, meu Senhor — clamei.

Invadi o banheiro feminino, com o carrinho mesmo. Vilu lavava as mãos e quando me viu, se assustou.

— Ela está vindo — avisei, correndo para trás dela.

Violetta olhou furiosa pra porta, esperando Kate. Quando a mesma entrou, Vilu acertou um soco no meio da cara dela que a pegou de surpresa e a fez cair pra trás.

— Violetta! — repreendi-a. — Quero dizer, Taylor!

— Ai, caramba — ela falou, assustada.

— Vamos embora! Entra no carrinho — ordenei.

Vilu deu um pulo ninja pra dentro do carrinho e eu saí a toda velocidade.

Chegamos no estacionamento, ela entrou no carro e ligou o mesmo enquanto eu guardava as compras na cabine de trás. Assim que entrei no banco do passageiro, Vilu acelerou o carro e nós partimos do estacionamento.

— Meu Deus, Uau! — ela gritou.

— O que foi aquilo, meu amor? — perguntei, também gritando, mas rindo euforicamente.

— Ciúmes, misturado com TPM e falta de vergonha na cara daquela lacraia abusada.

— Se acalma. Você está chegando a 80 km/h.

— Eu quero correr, Vargas.

Aiii, eu não deveria deixar, mas corre, vai.

Uhuuul — expressou animada, acelerando ainda mais o veículo.

Abri minha janela e coloquei a cabeça pra fora. Isso era incrivelmente incrível.

Aaaaaaaaaaaaaaaa! — Eu gritava freneticamente feliz.

Então, para estragar meu momento, uma folha entrou na minha boca, me fazendo engasgar, e consequentemente, tossir muito. E que também fez Violetta rir demais.

— Droga, estava tentando divar, e essa folha recalcada aparece.

— Bem feito — esfregou na minha cara.

— Nossa! — exclamei, me lembrando de algo que havia me esquecido. — Eu falei que ligaria para Diego na quinta.

— E hoje é sábado. Parabéns, Mark.

— Ele vai me matar.

— Com certeza. Mas qualquer coisa eu te protejo, meu bem — disse ela, sendo fofa.

— Tudo bem. Vou ligar pra ele, vamos lá.

Respirei fundo e peguei meu celular. Disquei seu número e depois de seis toques, ouvi sua doce e arrogante voz.

— Ah, lembrou de mim, princesa? — ele atendeu, de início, muito irônico pro meu gosto.

— Espero que esteja falando de mim e não da Vilu. Ela é apenas minha princesa — reclamei.

— É de você mesmo, León, Aspen, John, sei lá!

— Mark, meu amigo. Agora sou Mark Hallen — expliquei.

— Que legal. E a Vilu?

— Taylor Hallen — a própria Violetta respondeu.

— Sobrenomes iguais? — repassou malicioso. — São o que?

— Casados — respondemos juntos, e sorrimos.

Awwwwn, e nem me chamaram pro casamento, Hallen's. Que grandes amigos você são — falou irritado, mas brincando.

— Foi de última hora — brincou Vilu.

— Seu pai sabe disso, Violetta? — advertiu Diego.

— Claro que não! Nós somos como Romeu e Julieta.

— E o seu, León? — perguntou rindo.

— Claro que ele sabe, ele estava até lá, não é, amor? — entrei na Zueira.

— Sim, ele até jogou balas de AK-47 no final, em vez de arroz. Seu pai é um fofo, Lê.

— Muito!

— León, sabia que não pode dirigir e falar no celular ao mesmo tempo?

— Claro que sabia, oras. Vilu quem está dirigindo.

— Oi? — indagou surpreso. — Violetta? Dirigindo?

— É, tem algum problema com isso, seu machista?

— Ei! Eu não sou machista, tá bom, Taylor. Só estou surpreso — meu amigo se defendeu. — Mas então, como está o namoro?

— Como sabe do nosso namoro? — ela perguntou.

— Ué?! Quem você acha que escolheu as músicas que vocês dançaram abraçadinhos?

— Foi você?

— Na verdade, a Fran e eu.

— Eu escolhi duas, okay?

— Uma, León, não exagera.

— Pensei que isso seria um segredo nosso, Diego — falei, fazendo bico (eu sei que ele não podia ver).

Hahaha, pensou erra... Droga! — ele xingou. — Falando no seu pai, León... — completou Diego, em um tom de voz muito diferente do que estávamos.

— O que foi, Diego? — perguntei, já me preocupando.

— Seu pai está no meu prédio — respondeu. — De novo.

— O que? Meu pai esteve aí? — interroguei-o. — Diego? Diego, me responde.

— Tenho que desligar, amigo — ele falou.

— Diego, não... — pedi, mas eu já não ouvia mais nada do outro lado. — Para o carro, Violetta — mandei.

Vilu acatou imediatamente o que pedi. Ela parou o carro no acostamento, onde eu saltei pra fora do veículo.

— Senhor Vargas! — ouvi a voz de Diego. Como? Pensei que ele havia encerrado a chamada. — O que o senhor faz aqui a essa hora da noite?

Mutei meu celular.

— Desculpe pelo incomodo, Diego. Só vim lhe fazer uma visita. Sabe, me sinto solitário sem León em casa, e você é alguém que me faz lembrar meu filho.

— Ah, sim. Gostaria de entrar?

Droga, o que está fazendo, Diego?, perguntei mentalmente.

Vilu me olhava aflita, também com os ouvidos atentos a conversa.

— Não, não! Eu...

— Vamos, sente-se — ouvi a voz de Diego mais nitidamente, assim como a do meu inimigo (papai).

— Tudo bem — concordou meu pai. — Onde está sua mãe?

— Minha mãe saiu com algumas amigas. Quer tomar alguma coisa?

— Uma água, por favor.

— Certo — a voz do meu amigo tornou-se distante.

— E sua namorada, Diego? — questionou descontraído.

Não ouvi uma resposta de Diego.

— Terminaram? Por quê?

Meu coração estava mais do que acelerado, só não era possível o ouvir por causa dos carros que passavam na rodovia.

Ouvi um pequeno ruído de uma arma sendo carregada. Meus olhos arregalaram, assim como os da Vilu.

— Aqui está, senhor... — Diego dizia se fundo.

— Onde o León está, Diego? — perguntou ele, com a voz carregada de ódio.

— Calma, senhor Vargas, abaixa essa arma, por favor.

— Onde ele está? — vociferou. Diego ficou quieto. — Eu não vou perguntar de novo. Onde o León está?

— Nos EUA, é a única coisa que eu sei, Sr. Vargas. Eu juro.

Ouvi um tiro sendo disparada.

— Não!!!!! — gritei. — Não! Não! — repetia.

Vilu tomou o celular da minha mão e desligou, por fim, a chamada.

Minhas pernas me traíram por um momento e eu cai se joelhos no asfalto.

— Não! Não, ele não pôde ter feito isso — disse eu, como se quisesse acreditar que aquele tiro nunca tivesse sido disparado. — Diego?

— Calma, León — pediu Violetta, se aproximando de mim.

— Calma? Você me pede calma quando eu não sei se meu melhor amigo está vivo ou morto? Você me pede calma? — gritei nervoso. — É isso o que acontece com todos aqueles que se aproximam de mim: eles são mortos, eles morrem por serem meus amigos.

— León, levanta e entra no carro — ela falou autoritária. Eu nunca vi Violetta tão séria em toda minha vida.

Me coloquei de pé, mas assim que fiz isso comecei a chorar. Chorar de desespero, de tristeza, chorar de tudo.

Ela me envolveu fortemente em seus braços, mexendo em meus cabelos.

— Calma, meu amor, por favor — sussurrou em meu ouvido.

— Vilu, Diego está morto, ele morreu por ser meu amigo. Ele tinha uma vida pela frente, e graças a mim, ele se foi.

— Precisamos ir.

Seguimos o caminho para Huntington (destino que ela escolheu). Vilu mantinha sua atenção na estrada, enquanto eu só conseguia chorar, chorar e chorar, com a cabeça encostada na janela. Era engraçado, mas a ficha não caia de jeito nenhum, aceitar que meu amigo não estava mais entre nós, que agora talvez ele era uma estrela no céu, ou talvez um anjo esbanjando luz e glória, ao lado do Criador. Ou talvez um... Sei lá.

Perder um colega era algo normal, sofrido no começo, mas perder seu melhor amigo de toda vida, quase seu irmão de sangue, isso eu não ia superar nem em um bilhão de anos.

O GPS que havíamos comprado mandou virar à esquerda em uma rua menos movimentada. Depois de alguns minutos, viramos à direita e depois, à esquerda novamente.

Um barulho incomodo começou a soar dentro do carro, porém eu não me importei, não me importei com nada. De repente, nem a fuga fazia mais sentido pra mim.

— Diego! — Violetta exclamou. Sua voz estava embargada, ela também chorava, mas não como eu.

Automaticamente me virei para ela. Seu rosto estava iluminado, diferente de cinco segundos atrás.

— León, é o Diego — ela afirmou. Não sei como, mas o celular estava em minha mão, caminhando para meu ouvido.

— León? — ouvi a voz de Diego.

— Cara — comecei —, nunca fiquei tão feliz em ouvir sua voz — completei chorando de felicidade.

— Eu também, amigo — ele riu.

— O que droga aconteceu aí, Diego?

— Eu não sei, foi tudo tão rápido, eu voltei pra sala e ele estava lá, com aquela arma e um olhar cruel, eu tentei criar coragem e lutar, mas só fiquei parado, então ele atirou em um vaso que estava ao meu lado e... E me ameaçou.

— Merda! — xinguei baixinho. — Mas você está bem? Nenhum arranhão ou tiro alojado?

— Não, cara — ele riu.

— Ei, você e Francesca terminaram? — perguntou Vilu.

— Não, Vilu, nós estamos juntos. Só disse aquilo pro Carlos, para o caso dele usar ela como uma moeda de troca, entende?

— Ah, sim. Inteligente da sua parte.
— Por que deixou a chamada ligada, Diego?

— Foi sem querer, eu vi seu pai subindo as escadas, então apenas joguei o celular embaixo das almofadas do sofá.

— Como sabia que ele estava subindo? — Vilu perguntou.

— Eu invadi as câmeras de segurança do meu prédio. Sorte que deixei tudo no meu quarto, se estivesse na sala, estaria ferrado.

— Cara, eu amo você! — falei. — Acho que eu nunca disse isso, mas, bom... Falei agora.

— Que fofo, eu também te amo, Lê — falou com uma voz de mulher. — Essa foi uma tentativa de imitar a voz da Vilu.

— Igualzinha, Di, quase não notou diferença — ela brincou.

— Bom, meus queridos amigos, me desculpem pelo susto, não foi intencional. Agora preciso catar cacos de um vaso quebrado que por pouco não foi eu.

— Tudo bem, se cuida, meu amigo.

— Pode deixar, papai. Um beijo, Vilu.

— Um beijão, Di — falou Vilu. — Tchau!

Eu me importaria com essa intimidade toda entre meu melhor amigo e minha namorada, mas deixei quieto. Seria pior se nunca tivéssemos tido esse diálogo.

Entramos novamente em uma daquelas estradas desertas que apenas 2 pessoas passam por ano. O fato estranho foi Vilu desacelerar o carro, sendo que podíamos ir à qualquer velocidade, sem nenhum risco de multa.

— Han... Meu amor? — falei.

— Pois não?

— Por que estamos indo a 50 km/h?

— Eu também não sei, meu bem. Estou acelerando, porém o carro não responde, olha.

E realmente Vilu apertava fundo o acelerador, mas o carro acelerava um pouco e depois voltava a 50 km/h, logo caiu para 45 km/h, 40 km/h; 10 km/h até que paramos completamente.

— León? — ela começou. — Era pra isso acontecer?

— É... Não, Baixinha.

— Droga! — reclamamos juntos.

Olhei o painel geral do carro e contatei que ESTÁVMOS SEM GASOLINA.

— Ah, não, eu não acredito.

— O que foi, Lê?

— Olha — apontei pro painel.

— Sem gasolina? — indagou duvidosa. Assenti, saindo do carro.
Vilu seguiu meus passos e também saiu. Paramos em frente aos faróis fortes do carro.

— O que vamos fazer? — perguntei.
— Eu não sei, meu bem.

— Droga! Deveríamos ter abastecido assim que saímos de Nashville.

— Pois é, mas você estava doidão pra sair de lá — falou me acusando indiretamente.

— Está dizendo que a culpa é minha?

— Eu não estou dizendo nada, oras. Mas a culpa é tecnicamente sua.

— Ah, desculpa então, só não queria que fossemos atacados e nem que eu levasse uma facada na perna de novo.

— Ótimo. Pelo menos sabe onde estamos? Você que me mandou entrar aqui.

— Eu não faço ideia de onde estamos.

— O que? Como não?

— Não sei e não sei. Não sou um GPS.

— Aff, León — suspirou cansadamente, ajeitando os cabelos.

Comecei a me afastar do carro, de segundo em segundo olhando para trás, apenas esperando sua reação. Ela me olhava curiosamente, esperando meu próximo passo.

Quando estava a uma distância de 5 metros, ouvi sua voz (com medo) me chamando.

— León! León, volta aqui. Não me deixa sozinha — pediu. E eu realmente senti medo em sua voz.

Parei, respirei fundo e virei.

— Vamos andar um pouco — convidei. — Reconhecer o local, talvez procurar um posto, não sei.

— Tá legal — gritou de volta.

— Ativa o alarme do carro.

Ela chegou ao meu lado e a primeira coisa que fez foi me abraçar.

— Desculpa, Lê. Sei que a culpa não foi sua — redimiu-se.

— É, eu sei que não é minha — brinquei, fazendo-a rir. — Vamos? — ofereci meu braço, que ela aceitou de bom grado.

— Claro!

O céu estava azul escuro. O sol já havia terminado seu trabalho, e a lua já reinava no firmamento.

Suspirei e sorri.

— Eu amo andar à noite. Principalmente quando o ar está assim, geladinho.

— Legal, e eu estou ficando com frio — disse ela, quebrando o clima. Óbvio que eu ri.

— Vem cá, eu não sou cobertor, mas posso te esquentar — abracei-a.

— Por que não me conta uma história sobre seus diversos relacionamentos anteriores?

— Nossa, como se eu tivesse tido vários, né?

— Eu não sei, Ué. Quantos você teve?

— Um.

— Sério?

— Sim, e nem foi sério.

— Com quem foi esse relacionamento, meu amor? — perguntei, ficando um pouco ciumento.

— Promete que não vai surtar, endoidar, ficar maluco?

— Prometo!

— Okay — começou. — Foi com o Tomás.

Ela me olhou, esperando eu esboçar qualquer reação suspeita. Porém eu, um ótimo ator, não demonstrei nenhuma.

— Já pode demonstrar que você está com ciúmes.

— Não estou... Conte-me mais sobre esse relacionamento.

— Então — começou.

— Com ele? Sério que foi com o Tomás? Aff, Violetta, que horror. Tantos garotos e logo aquele pedaço de pau apodrecido — explodi.

— Eu era bobona, tá? — justificou. — Será que posso continuar? — assenti positivamente. — Ótimo. Eu entrei no Studio e ele era amigo das meninas. Nós começamos a nos conhecer, conversar, e eu me apaixonei por ele, e ele por mim.

— Tudo bem, já pode parar.

— Não, eu vou contar tudo.

— Mas eu não quero sabe o final da história.

— Relaxa, no final tudo melhora.

— Certeza?

— Certeza. Bem, nós começamos a ficar, tomávamos sorvete toda quarta, mas então descobri que ele era muito ciumento, muito mesmo.

— Isso eu percebi — ri.

— Enfim, e ele com ciúmes age como um animal selvagem e sem controle. Então eu pulei pra fora do barco e disse que não queria nada mais que amizade com ele.

— E o que aconteceu depois?

— Deixa-me ver... — ela falou pensando. — Teve a virada de ano, eu esbarrei em um garoto lindo e maravilhoso, as vagas do Studio abriram, o garoto lindo e maravilhoso passou a estudar lá, eu me apaixonei pelo garoto lindo e maravilhoso.

— Hum... E quem é esse garoto lindo e maravilhoso?

— Óbvio que o Diego, né, León!

— Aham.

— Sabe que é você, Bobão.

— Claro que sei — mostrei a língua. — E você ficou com o garoto lindo e maravilhoso?

— Claro — riu.

Caminhos por meio quilômetro, mais ou menos. Não tivemos sorte, então decidimos voltar. Amanhã, de dia, voltaríamos a procurar.

Ficamos sentados no carro, sem nada fazer. Apenas ouvíamos música, e eu fazia carinho em seus cabelos loiros. Então a música All About Us começou a tocar e eu tive a brilhante ideia de dançar, amava fazer isso, ainda mais com ela.

— Vamos, saia do carro.

— Eu deveria contratar, mas... Okay.

Aumentei o volume do som e tomei suas mãos, guiado-as até meus ombros. Deixei nossos rostos um tanto próximos, colando nossas testas. Fechei meus olhos, então comecei a nos mover no ritmo da música. Dançamos na companhia de beijos apaixonados e abraços maravilhosos.

Não só dançamos, como também brincamos de cobra-cega. Isso não deu muito certo, mas rimos bastante, principalmente quando Vilu bateu a cabeça em uma árvore.

Fiz algumas camisetas minhas de travesseiro, estávamos deitados na carroceria da nossa S10, ela estava sobre meu peito. Observávamos o céu acima de nós, apenas ouvindo música.

— Isso é tão bom — falei, com um sorriso.

— Demais! Precisamos fazer isso mais vezes.

— Pode ter certeza de que faremos, meu amor — prometi, dando um beijinho em sua testa.

Ela me abraçou mais fortemente, e a última coisa que eu me lembro foi de ouvir um 'Eu te amo' seu.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem pelos erros de português (e também pela demora) XD.
Bom, está muito tarde para lhes desejar um Feliz 2016? Eu espero que não... Isso me lembra que é o primeiro capítulo do ano VIVA (palmas).
Então, um feliz ano novo, muita paz, saúde, séries e livros, muito amor também :) Que esse ano seja melhor que 2015 (AMÉM).
#Miimi e um grande abraço.