Além do seu Olhar escrita por Miimi Hye da Lua, Incrível


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Hihihi, quem é vivo sempre aparece, né? Pois não, a Incrível está viva e não aparece. Brincadeeeeeira, miga.
Então, povo maravilhoso da Terra, trago notícias do futuro: talvez a Incrível não postará amanhã também, mas adivinha quem vai postar? Exatamente, euuuuuu Hahahahaha. E não, a Incrível não abandonou a fic, apenas está sem tempo. Mas logo ela volta sambando igual Gobeleza. E também, acho que só no carnaval de 2016. Hahaha
Ah, e gente, vocês quase me matam do coração. 18 favoritos? É sério isso, produção? Bem, eu queria agradecer a minha mãe, a minha irmã e também, é claro, vocês. Xentiii, obrigada por todo apoio e carinho; aaaa, eu amo vocês, vocês são os melhores terráqueos da Terra kkk entenderam o trocadilho? O LEÓN VAI FICAR SEM CAMISA UHUUUL



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Observei meu reflexo no vidro traseiro de um carro estacionado na rua de Violetta. Ajeitei minha franjinha e sorri.

É, não estou tão mal, pensei rindo sozinho.

Dei uma boa olhada na rua, em todas as direções para ser sincero, e além das casas chiques, arbustos muito bem podados e calçadas, não havia mais nada.

Entrei na grande residência dos Castillo’s, toquei a campainha e esperei. Passei a mão por minha camisa xadrez vermelha, desamassei-a e coloquei as mãos nos bolsos da minha calça jeans preta. Ouvi um grito feminino vindo da casa e passos longos e pesados se aproximando da porta.

Engoli em seco.

— Olá, León — educadamente, Sr. Germán abriu a porta e me cumprimentou. — Como vai?

— Oi, Sr. Germán — respondi, apertando sua mão. — Estou bem, e o senhor?

— Nada mal — sorriu sendo gentil. — Violetta ainda está se arrumando, e provavelmente vai demorar bastante, sabe como mulher é — rimos — Então se quiser entrar e esperar... — convidou.

— Ah, claro. Obrigado — agradeci e entrei em seu belo lar.

Ele me falou para sentar no sofá, e foi o que fiz. Sr. Germán sentou no outro sofá, ficando de frente pra mim. Estava sentindo um certo desconforto com ele me encarando, além do terrível silêncio entre nós. Curiosamente, lembrei-me de quando nós fomos apresentados, que não foi de um jeito muito cordial ou sofisticado.

Depois da noite muito legal na pizzaria, com Diego, Fran e Vilu, por ser tarde, acompanhei ela até sua casa. Na frente do portão, ficamos conversando mais um pouco, e então eu fui dar um beijo de despedida em sua bochecha, mas pelo ângulo que Sr. Germán estava nos vendo, parecia que eu estava beijando-a. Ele saiu eufórico de dentro da casa e avançou na minha direção. Se não fosse por Vilu, eu estaria sem meus membros superiores, conhecidos por braços, e meu rosto. Explicamos toda a situação e fomos finalmente apresentados, mas acho que não dei uma boa primeira impressão. Porém, corrigi isso na tarde do dia seguinte. Ele, Sr. Germán, me convidou para almoçar e eu aceitei, então expliquei com mais detalhes a cena, e por fim, ele acreditou, e viramos: melhor amigo da filha dele e pai da minha melhor amiga. Um lindo relacionamento.

— Então, León — começou, chamando minha atenção. — Como está a banda? Soube que estão ficando famosos por Buenos Aires.

— Bom, sim, estamos bem — respondi um pouco nervoso. Aquele olhar de Germán estava me intimidando. — Estamos fazendo praticamente 2 shows por semana.

— Que ótimo! — concluiu, e voltamos a ficar em silêncio. — Eu vou ver a Violetta.

— Claro — concordei, mas ele já estava longe para ouvir.

Uns trinta segundos depois ele voltou, disse que Violetta já vinha e foi para seu escritório. Fiz um movimento positivo com a cabeça e continuei olhando para o nada. Dois minutos mais tarde, ouvi um barulho no alto da escada e desviei minha atenção para lá. Os pelos da minha perna e braço se arrepiaram sob o tecido que os cobria, meu coração acelerou e minha garganta ficou seca.

Não conseguia diferenciar perfeição e Violetta naquele momento, acho que os dois significavam a mesma coisa.

Levantei meio sem jeito do sofá e fui até ela. Não conseguia raciocinar de forma clara, e meus atos estavam totalmente sem controle de um cérebro.

Abracei-a de forma rápida, por instinto.

Han... Oi, León — falou, surpresa pela minha ação.

— Oi, Vilu — respondi. — Você está incrivelmente linda.

— Obrigada — não estava vendo seu rosto, mas tinha certeza de que estava sorrindo, assim como todas as vezes que a elogio.

Então eu caí na realidade, e sem querer me separei abruptamente dela.

Aiii, droga, me desculpa, eu... Aii, caramba, estou confuso... — ela colocou o indicador nos meus lábios, obrigando-me a calar a boca.

— Calma, amigo — falou se aproximando e apoiando as mãos em meus ombros. — Você parece nervoso. Até parece que vai me pedir em casamento — brincou.

— Como adivinhou meus planos?

Ela engasgou com minha pergunta. Pra falar a verdade, ela ficou mais pálida que Edward Cullen.

— Calma, é brincadeira — falei. Ela suspirou aliviada. — Nossa! Casar comigo seria tão ruim assim? — perguntei.

— Acho que seria pior do que ruim, Vargas.

Uau! Essa acabou com meu rim direito. Obrigado, Castillo, eu poderia dormir sem essa.

— Sabe que é brincadeira, não é? — perguntou receosa. Assenti. — Talvez casar com você seja melhor do que alguém possa imaginar — sorriu desconfiada.

Anw, como você é fofa — falei sarcástico. — Vamos?

— Apesar de estar cedo para irmos ao Studio, vamos sim. Falando nisso, por que chegou antes do horário que combinamos? Eu estava saindo do banho quando chegou.

— Ah, por isso demorou tanto — concluí. — Eu cheguei cedo porque comprei alguns pacotes de Fini e não queria comê-los sozinho.

Violetta adora Fini com todas as forças existentes em seu pequeno corpo.

— É sério? — perguntou animada. Concordei, abrindo um sorriso. — O que estamos esperando? Vamos logo, vou dar tchau pro meu pai. Me espere na porta. Aliás, sabe onde meu pai está? — disse ela, afogando-se no mar de palavras.

— Calma, amiga — pedi rindo. — Seu pai está no escritório.

Ela voltou em menos de dez segundos e logo estávamos fora de seu lindo jardim de entrada.

— Cadê o Fini? — gritou Violetta desesperada, quando estávamos na rua. — Responde, León.

— Calma — joguei as mãos para o alto. — Está na mochila, está na mochila. Leve tudo o que quiser, mas me deixa viver — zoei. Parecia que estava sendo assaltado por uma garota viciada em Fini. Opa, era exatamente isso que acontecia.

— Tudo o que eu quiser? — perguntou maliciosa.

— Tudo o que quiser — respondi no mesmo tom, brincando.

— Sabe, León — começou —, gostei dessa sua camisa xadrez, acho que ficaria legal em mim.

— Não combina com seu vestido, vai ficar ridículo.

— Não vai. Vou ficar estilosa, diva, tenho certeza.

— Está realmente falando sério? — indaguei, parando de brincar.

— Estou. Me dá sua camisa xadrez agora. E a mochila também — olhei incrédulo para ela. — Estou falando sério, León Vargas.

— Você é maluca — falei.

Tirei minha mochila dos ombros e a abri, tirando uma sacola com vários pacotes de bala vermelha, também conhecida por Fini. Desabotoei minha camisa e a entreguei, ficando com nada.

Que excelente dia para não vestir uma regata, pensei.

Han... você está sem... — Violetta praticamente me secava com os olhos, o que estava me deixando sem graça. — É... León, você... Han... Puxa vida! É um belo tanquinho — elogiou, ainda me secando.

— Obrigado, eu acho — falei, estalando meus dedos para tirá-la do transe em que havia entrado.

— Por que não está com uma regata por baixo?

— Porque eu não sabia que você ia me mandar tirar a camisa no meio da rua, oras — respondi rindo fracamente pelo nariz.

— Desculpe, eu jurava que estava de regata. Pode colocar sua blusa de novo, mas se quiser ficar assim pode também — pensou alto.

— Violetta, acho que você não está raciocinando direito. Meu tanquinho perfeito te deixou assim? — provoquei, deixando-a desconsertada.

— O que? Não! — respondeu. — Olha, já chega. Veste sua blusa e vamos mudar de assunto. E, sim, ele me deixou assim. — Ri da sua afirmação, e também da vermelhidão exposta em seu rosto.

Caminhamos em silêncio por vários metros, até que chegamos em um lugar legal para comer Fini.

— León, eu fiquei pensando muito sobre ontem.

— Tipo? — perguntei com medo.

Ontem foi um dia tão perturbado, na parte da noite. O jeito que meu pai a olhou e quando Violetta se aproximou daquele assassino cruel de olhos azuis, um sentimento de culpa me atingiu, mas também, de proteger Violetta. Automaticamente, olhei para todos os lados em volta, lembrando-me do que meu pai me falou. Eu tenho medo do que ele possa fazer com ela. Eu não posso permitir que ele encoste em um fio de cabelo da Violetta.

— León! — chamou Vilu, despertando-me dos ilustres pensamentos que me preocupavam.

— Oi?

— Você ouviu o que eu te falei?

— Pra falar a verdade, não.

— Eu sabia — disse convicta. — Mas deixa pra lá.

— Fala — pedi.

— Não, é bobagem.

— Se você diz.

— Tá, eu falo — alegou. — Você me disse que tem 19 anos, então você repetiu dois anos no colégio, ou você...

— Eu faço faculdade — completei. — Faculdade de Tecnologia, e Diego também.

Uau! Fran sabe disso? — indagou.

— Eu não sei, mas ele deve ter contado para ela — Vilu concordou.

No caminho do Studio, Vilu me perguntou da música nova, lhe disse que ainda não estava pronta, e que talvez amanhã, mostraria para ela. Também atendi uma ligação de Ludmila.

— Você vai ao Studio hoje, Lion? — perguntou com sua voz que algumas vezes tem a capacidade de me irritar.

— Vou sim, Ludmi — pelo canto do olho, vi que Violetta me observava de cara fechada.

— Tudo bem, nos vemos lá. Beijo — e desligou rapidamente. Aproveitei que ela já havia desligado e falei:

— Beijo, gata — ouvi um protesto por parte de Violetta, e me esforcei muito para não rir.

Na frente do Studio, me despedi dela com um abraço rápido e entrei, procurando meus amigos. Encontrei-os no vestiário, batemos um papo rápido, me troquei e fomos para a aula de dança.

Ludmila não parava de me olhar e Camila me olhava algumas vezes.

Eu não entendo o que passa na cabeça dessas garotas. Tenho certeza de que é algo complicado.

Expliquei para Angie que a música ainda não estava pronta, faltavam alguns ajustes. Ela concordou e me deu mais um dia. No meio da aula de canto, um aluno disse que Pablo estava chamando os meninos da banda para ir à sala dele. Angie nos deu permissão e Diego, Maxi e eu saímos. Broduey e Andrés já estavam lá, esperando.

Pablo chegou dois minutos depois e nos mandou sentar. Estávamos nos entreolhando com medo do que viria.

— Bem, meninos, chamei vocês aqui porque tenho algo interessante para contar — começou. — Ontem, à tarde, a dona de um estúdio de fotografia famoso de Buenos Aires, ligou aqui no Studio e disse que gostaria de realizar uma sessão de fotos com vocês. Eu não respondi nada, até porque isso é vocês quem decide e ela deixou o número para retorno.

Ficamos todos atônitos e entusiasmados com a maravilhosa notícia.

Cla... Claro. — respondi. — Obrigado, Pablo — ele sorriu retribuindo e me deu um papel com o número.

Já no lado de fora da diretoria, os meninos começaram a pular.

— Nós vamos, né? Nós temos que ir — falou Maxi.

— Maxi falou tudo, nós temos que ir, León — alegou Broduey.

— É nossa grande chance, cara — falou Diego.

— Calma, gente, nós vamos sim, com certeza — anunciei.

— Certo, eu tenho que voltar para aula do Gregório, se não, estou lascado — disse Andrés.

— Eu também. Até mais, gente — nisso, Broduey e Andrés se foram.

Entramos na sala de canto, sentei no meu lugar de antes: ao lado de Vilu. Ela me olhou confusa, e eu sussurrei pra ela "depois te conto".

Almoçamos todos juntos, e os meninos e eu contamos a novidade. As garotas nos parabenizaram e falaram que tínhamos, sim, que aceitar a proposta, então, eu liguei pra mulher e aceitei. Ela falou para irmos amanhã, 8h30. Concordamos.

+++

— Pessoal — falou Marotti, assim que entramos no Zoom. — Tenho uma novidade. O show foi um grande sucesso tanto para o You Mix quanto para o Studio, então eu pensei em fazermos uma competição de dança, e será em casais.

Uhuuuuuul! — gritamos, aplaudindo.

— E pra ser justo, vamos fazer sorteio — falou Pablo.

Diego e eu estávamos no fundo da sala. Violetta virou o rosto rapidamente para mim e sorriu. Ludmila me olhava com um sorriso e me lançou uma piscadinha. Camila alternava seu olhar entre Broduey e eu.

Me ajuda, Deus, fechei meus olhos e respirei fundo.

— Cara, o que eu faço se a Fran for com outro homem? — perguntou Diego, muito preocupado.

— Você quer dizer o Marco, certo?

— Também.

— Olha, eu não sei, amigo.

Ele ficou encarando o teto, cruzou os braços, respirou fundo, encarou o chão e passou a mão no cabelo. Atitudes de alguém nervoso e preocupado.

— Vamos começar — anunciou Marotti. Ele limpou a garganta e pegou um papel dentro da caixa rosa. — Naty e... — pegou outro, só que na caixa azul, dos meninos, óbvio. — Marco.

Diego soltou a respiração e sorriu. Acho que ele queria pular ou gritar, mas se conteve.

— Maxi e... Ludmila.

Naty ficou um pouco triste com seu parceiro, afinal, ela e Maxi estão começando a namorar (mérito totalmente dos meninos, que ficamos enchendo o saco do Maxi para se declarar à Naty).

— O que? — gritou a loura em fúria. — Eu não quero ir com esse projeto de gente. Eu quero trocar minha dupla — reclamou.

— Infelizmente isso não será possível, Ludmila — avisou Pablo. — Não podemos trocar as duplas.

— Droga! — gritou e saiu do Zoom, batendo o pé. Revirei meus olhos. Naty saiu correndo, mas Maxi foi um pouco mais rápido e a impediu de ir atrás de Ludmila.

— Eu não gosto dela — revelou Marotti, nos fazendo rir. — Tira um papel aí, Pablo.

— Certo. Tomás e...

— Pablo, Tomás faltou hoje — falou Marco.

— Sério? — nós concordamos. — Bem então ele estará fora da competição.

Essa foi minha vez de comemorar, mas fiz isso de uma maneira discreta, comemorei por dentro.

Pablo pegou outro papal e leu:

— León — estremeci quando ele falou meu nome. Estava em uma grande expectativa e torcida por dentro. Só havia uma pessoa naquela sala com quem eu queria dançar e ela era — Violetta — leu o papel que pegou da caixa rosa.

Quase caí pra trás de tanta felicidade. Tentei não sorrir, mas era praticamente impossível e então ela me olhou, nossos olhos se encontraram e eu sorri mais ainda.

— Sortudo você, hein, León — sussurrou Diego.

— É — concordei. — Muito.

— Agora falta a Fran e eu sermos uma dupla, aí meu dia tá feito.

— E a profecia se cumpre — falei para meu melhor amigo quando o sortearam junto com Francesca.

+++

Sentei em um banco da praça que dá acesso ao Studio, vi Violetta ir embora, mas ela não me viu. Fiquei observando ela tomar o caminho de sua casa, até que um cara se aproximou dela e a abraçou forçadamente.

Levantei na hora.

Violetta empurrou o garoto, que descobri ser Tomás, e andou em passos largos e rápidos. Ele continuou indo atrás dela, agarrando seu braço e ela pedindo para Tomás soltar. Me aproximei e pude ouvir a conversa.

— Tomás, sai daqui, por favor.

— Espera, eu preciso te dizer uma coisa — falou. Ele parou na sua frente e colocou as mãos em seus ombros. — Eu amo você, Violetta. Eu amo você como ninguém nunca amou. Estou apaixonado por você desde que nos conhecemos e eu sei que você sentiu algo parecido por mim no ano passado, você já se apaixonou por mim, eu sinto isso.

— Tomás, você está bêbado, agora me larga.

— Eu não estou bêbado, Violetta. Eu te amo, é verdade, acredita em mim.

— Me solta, Tomás — pediu quando ele apertou mais ela e se aproximou, selando seus lábios novamente.

— Solta ela agora, Tomás — falei calmamente, porém nervoso.

— Vargas, que previsível você aparecer aqui — debochou.

Caminhei em sua direção com os punhos cerrados, ele deu dois passos para trás, soltando Violetta.

— Você está bem? — perguntei, olhando em seus olhos castanhos. Vilu concordou.

— Sempre você, não é, Vargas? Virou o herói do Studio e quer fazer justiça, que galanteador.

Antes eu achava que ele não estava bêbado, mas à medida que eu ia me aproximando dele, senti seu hálito horrível de bebida.

— Cara, você tem 17 anos e está bêbado? — indaguei.

— Por quê? Qual o problema eu beber? Virou meu pai, agora?

— Não sei, você vê ele quando me olha?

Violetta deixou escapar uma risada fraca.

— A Violetta não precisa que ninguém proteja ela, seu otário — falou. — Principalmente de alguém que só sabe levar socos na cara — minha paciência estava acabando com ele, queria desconfigurar aquele rostinho bonitinho.

— Ela não precisa é de um idiota, como você, na vida dela — respondi.

— Tá certo — ele se virou para ir embora —, mas antes — nisso partiu pra cima de mim, provavelmente querendo me dar outro soco, mas eu estava preparado.

Agarrei seu braço no ar. Centímetros antes de acertar meu rosto, virei Tomás, fazendo um barulho estranho com seu braço.

Aiiiii, solta, Vargas, solta — pediu.

— Quem precisa de ajuda, agora? — sussurrei em seu ouvido. — É o seguinte: eu vou te soltar, mas você nunca mais vai fazer isso com a Violetta, tá bom? — ele assentiu com a cabeça desesperado. — Ótimo.

Quando o soltei, Tomás saiu correndo, logo estava fora de nosso alcance.

Vilu correu até onde eu estava e me abraçou.

— Obrigada, eu realmente...

— Não fiz nada, Vilu — apertei-a contra mim e afaguei seus cabelos castanhos.

— Não sei o que faria sem você — sussurrou.

— Saberia sim — sussurrei de volta. — Acho que vou te acompanhar até sua casa.

— Eu não reclamaria se o fizesse, aproveitamos e decidimos sobre a dança que vamos ter que fazer.

— Verdade — proferi. — Bem, poderíamos dançar Junto Somos Más, só que sem voz.

Playback?

— É, isso aí — rimos.

— Pode ser — sorriu. — Então já temos a música.

— Já temos a música — repeti.

Acompanhei-a até sua casa, como sempre, me despedi com um beijo em sua testa e um abraço.

+++

Inspiração, inspiração e inspiração.

Era exatamente isso o que eu buscava andando de um lado para o outro, em uma bela praça a que vim parar. Dei várias voltas lentas pelo local, parei em um banco, olhei o lindo céu azul acima de mim e respirei fundo.

Qualquer coisa me fazia lembrar Violetta, seu lindo sorriso, sua risada, seus olhos castanhos encantadores. Meu coração acelerava só em pensar de estar ao seu lado, ouvindo sua voz.

Talvez seja isso, talvez ela seja a inspiração que eu preciso.

O fato de ela estar ao lado daquele espantalho magricelo me irrita. Sei que Violetta não é uma posse ou propriedade. Mas vê-la com Tomás, ou ele tentando beijá-la me tira do normal.

Agora tenho duas coisas com que me preocupar:

1) Meu pai fazer algum mal a ela;
2) Tomás querendo beijar ela a todo momento.

De repente, quando olhei para aquelas violetas, mais duas estrofes surgiram em minha cabeça. Além de uma melodia incrível.

+++

Pulei o muro da frente da casa de Violetta. Por sorte, caí silenciosamente no gramado. Corri até a árvore que dá acesso ao seu quarto, subi, tomando muito cuidado para não fazer nenhum barulho.

Vilu estava escrevendo em um caderno rosa com alguns detalhes roxos, e parecia muito distraída. Bati de leve na janela, fazendo-a se assustar.

— León — falou surpresa, abrindo a janela pra mim. — O que faz aqui?

— Vim mostrar minha música pra você, ela finalmente está pronta. Posso entrar? — perguntei.

— Claro — me deu espaço.

— Seu pai está aqui, não é?

— Sim, mas está com a namorada dele. Vem cá.

Segui-a em silêncio até o corredor. Ela apontou para baixo, onde uma mulher de cabelo curto não parava de falar com Germán. A voz dela era um tanto irritante e exagerada que me dava medo de ouvi-la por mais de cinco minutos, então Vilu me arrastou de volta para seu quarto.

— Acho que meu pai não será problema — sorriu. — O teclado é todo seu, meu bem.

— Obrigado, mas antes eu quero avisar que fiz essa música no eu lírico — menti.

— Aham, sei — disse ela, maliciosa.

— Eu juro, Vilu — afirmei. — Usando o eu lírico, eu posso fazer qualquer história por trás de uma letra.

— Nossa! Muito inspirador.

Fui para trás do teclado, respirei fundo e lembrei-me da melodia junto com a música. Então, Voy Por Ti e Violetta finalmente se conheceram.

— Então, o que achou?

— Muito boa, muito boa mesmo. Incrível, amei.

— Obrigado, Srta. Castillo — sorri feliz. — Gostaria de cantar amanhã comigo? — convidei.

— Será uma honra, Sr. Vargas.

— Então vem cá — chamei-a.

Vilu ficou ao meu lado, toquei o teclado e começamos a cantar. Ela pegou a música até que rápido.

Essa menina é demais.

Quando estávamos entrando no refrão, eu parei e olhei assustado para a porta. Ela olhou para mim confusa.

— Seu pai está subindo as escadas — falei baixinho.

— O que? Como sabe?

— Estou ouvindo, Vilu. Onde eu me escondo?

— Debaixo da cama, rápido.

Corri até a cama e me joguei embaixo dela. Cinco segundos depois, Germán apareceu na porta do quarto.

— Oi — falou ele. — Como está minha princesa?

Be... Bem — respondeu Vilu, meio nervosa.

Força, Vilu, pensei.

— Estava tocando teclado?

— Sim.

— Ah, bem que ouvi uma melodia — comentou. — Ouvi uma voz de homem também.

— Ouviu? — indagou, fingindo não saber de nada. — O senhor está se sentindo bem, papai?

— Não sei, acho que não. Até parece que tem um garoto escondido em seu quarto — disse em tom divertido. Violetta riu forçadamente. — Olha, uma moeda.

Gelei quando o rosto de Germán apareceu praticamente na minha frente. Imagino a cara de Violetta e seu estado de choque.

— Puxa! Que moeda bonita, agora é minha — falou se levantando. A saliva desceu rasgando minha garganta todinha, mas o bom é que estava aliviado. — Boa noite, filha.

— Boa noite, pai — respondeu.

— Meu Deus — clamei quando saí de baixo da cama. — Eu não acredito nisso.

— Nem eu — falou nervosa. Vilu tremia bastante. Acho que o choque foi bem intenso.

— Quando ele abaixou, pensei que fosse o nosso fim.

— Seria o meu fim. Meu pai só quebraria suas pernas, eu ficaria de castigo até morrer.

— Então, acho melhor ir embora, já causei confusão demais por hoje.

— Não, fica mais um pouco — pediu.

— Não posso, Vilu. Desculpa — falei. — Até amanhã.

— Tá legal — desistiu. — Até amanhã. Cuidado ao descer. Não estou a fim de cuidar de um garoto de 19 anos, com hemorragia externa.

— Tudo bem, mãe. Tchau! — brinquei. — Ah, e Vilu, eu nunca te chamei na minha casa porque não gosto do meu pai e não quero que ele se aproxime de você, tudo bem? Mas eu queria muito que você fosse lá — sorri de canto.

Passei por sua janela e dinamicamente desci a escada, pulei o muro e logo estava na rua. Entrei no meu carro e fui, por fim, para meu lar doce lar.

+++

Cantei Voy por Ti com Violetta na aula Angie. Além dos meus colegas de turma, Ludmila, Andrés, Broduey, Marco e Camila também estavam lá para ver minha 'bela apresentação'.

Os meninos e eu só tivemos a aula de canto mesmo, pois teríamos que ir ao estúdio de fotografia, no outro lado de Buenos Aires.

— Caramba — reclamou Maxi. — Nós vamos andando tudo isso? Daqui até o outro lado do centro?

— Não — neguei. — Tenho algo a dizer — eles me olharam confusos. — Diego e eu temos 19 anos e eu tenho um carro.

Eles me olharam incrédulos.

— É sério, gente — afirmei. — Sigam-me os bons — chamei.

Paramos em frente ao meu carro, desativei o alarme e entrei. Diego entrou no banco do passageiro e os outros ficaram nos olhando.

— Não é querendo colocar pressão, mas nós temos 10 minutos para chegar lá — falou Diego, checando seu relógio.

Eles entraram meio sem jeito no carro.

— Coloquem o cinto, crianças — falei.

— Pera — disse Broduey. — Você, León Vargas, tem 19 anos e um Veloster?

— Exatamente.

— Cara, você é incrível — concluiu Andrés.

— Obrigado pelo elogio, Andrés, mas eu não sou. Então, estão preparados para sentir a fúria Vargas?

Estamos, capitão — responderam juntos.

Eu não ouvi direito — brinquei.

Estamos, capitão — repetiram.

Ohh. Vive num abacaxi e mora no mar... Brincadeira, vamos. Diego ligue o rádio em uma estação boa, por favor.

E foi o que ele fez. Passamos o caminho inteiro cantando bem alto, virou uma zona, mas foi divertido.

Chegamos ao estúdio e era um lugar fino e sofisticado. Tudo era praticamente dourado e de vidro, o chão bege foi uma excelente escolha de quem projetou este lugar.

— Posso ajudá-los? — indagou a recepcionista, atrás de um balcão.

— Claro — respondeu Diego. — Estamos aqui para uma sessão de fotos.

— Vocês são os da 8h30?

— Isso.

A moça pegou o telefone e falou alguma coisa, nos olhou de novo e disse:

— Certo, pode entrar. Audrey está esperando por vocês.

— Sejam bem vindos, rapazes — disse uma mulher alta, com cabelos ruivos e olhos claros. — É um prazer recebê-los aqui.

— O prazer é todo nosso, senhora...

— Me chame apenas de Audrey, León — disse ela. Uau! Ela sabia o meu nome.

— Tudo bem — concordei, um pouco tímido.

— Ótimo. Primeiro, eu preciso que vocês assinem um contrato, não queremos ter nenhum problema, não é? — Sorrimos. Não tínhamos nada a dizer.

Ela me entregou uma folha com um texto médio. Diego e eu lemos duas vezes o papel e concluímos que não havia nenhuma "pegadinha", por assim dizer.

Alguns profissionais passaram um pouco de maquiagem em nós. Uma figurinista nos deu várias peças de roupas.

— Faremos 4 sessões, okay? — falou Audrey, quando voltamos até onde ela estava. Ela possuía um sotaque meio inglês britânico, observando bem. — Puxa! Como vocês estão lindos. — elogiou, nos olhando.

Fomos para um cenário de fundo branco, mas com um banco e alguns instrumentos.

— Este é Jacob, nosso fotógrafo — demos um "oi" para ele e Audrey continuou — León e Maxi, peguem as guitarras, todos façam uma posição bacana, agora sorriem.

E a manhã inteira foi recebendo ordens e mais ordens de Audrey.

Voltamos para o Studio depois do almoço. Tivemos mais duas aulas, Beto e Gregório, depois estávamos livres.

Encontrei com Vilu para combinarmos os ensaios. Ela disse que podemos ensaiar em sua casa e também na sala de dança do Studio mesmo, é só reservamos com Gregório.

Reservamos o horário das 15h30 na sala de dança, terça, quinta e sexta.

No primeiro ensaio, apenas conversamos sobre os passos e ouvimos muitas vezes a música. Falei algumas ideias e ela falou as delas.

No ensaio do dia seguinte, colocamos em prática todas as anotações e ideias que tivemos. Ficou demais. Fizemos algumas alterações na coreografia, e já tínhamos a primeira parte pronta.

Ludmila me convidou para almoçar. Mesmo não querendo, eu aceitei. Ela me levou em um restaurante bem chique e me explicou que é da tia dela. Uma mulher, também loura, com um uniforme fino nos atendeu e Ludmi disse que é a sua tia, no caso, a dona do restaurante.

— Que rapaz bonito você trouxe, Ludmi — falou sua tia, me olhando.

— Lindo, não é? — disse Ludmila.

— Sou León — me apresentei, um pouco envergonhado.

— Prazer, León. Sou Cecília, tia de Ludmila e dona desse humilde lugar.

Humilde lugar? Esse lugar deve valer meio milhão, no mínimo, e ela diz HUMILDE?

Sorri de um jeito falso e concordei.

Fizemos nosso pedido, almoçamos na companhia de uma conversa interessante, só que não, e voltamos para o Studio. E ela enganchada no meu braço.

Quando cheguei à entrada do Studio, estava esperando um milagre acontecer. E graças a Deus, meu melhor amigo apareceu e me tirou das garras de Ludmila Ferro.

— León, que bom te achei, preciso que você venha comigo agora. Desculpa, Ludmila, mas é muito importante.

— Tá, claro. Tchau, León — falou estranhando a atitude de Diego.

Ele me arrastou até a sala de música e fechou a porta.

— Fala, o que foi? — indaguei preocupado.

— Nada. Eu vi sua cara de desespero e decidi te ajudar.

— Obrigado, Diego. Você é incrível. Por isso é meu melhor amigo — Abracei-o.

— Vargas, por que foi almoçar com ela se não a suporta?

— Bem... Ela me chamou pra comer no restaurante chique da tia dela, e eu comi de graça.

— Oportunista — concluiu.

— Não, isso se chama aproveitador.

— É a mesma coisa, só que com um nome mais bonitinho.

— Tá, vamos encerrar este assunto. — Pedi. — E já que estamos aqui, vamos tocar uma música que nós gostamos muito? — abri um sorriso malicioso que nós dois entendemos.

Sugar, Honey Honey — cantamos juntos e rimos. — Vai no teclado que eu vou na bateria — completou Diego.

Fui para o teclado, selecionei o estilo de música, e começamos a tocar e cantar.

— Cara, você toca bateria muito ruim — disse eu para Diego, depois de cantarmos pela segunda vez.

— Para de mentir, León Vargas — falou Fran, entrando na sala.

— Fran! — disse Diego, correndo até ela.

Ele a abraçou e girou no ar.

Ahh, que clichê — reclamou minha amiga.

— Pelo jeito não vou ter meu amigo tão cedo, então, gostaria de dar uma volta, Baixinha? — convidei.

Hum — murmurou Fran, maliciosa. — Baixinha, que intimidade, Vargas.

— Vamos logo, León — Vilu me puxou para fora da sala.

— Vamos ensaiar hoje? — perguntei, já fora da sala.

— Não sei. Pena que eles não marcaram a data da competição — lamentou.

— Pois é. Vamos tomar um sorvete? — convidei. — E eu pago.

— Tenho escolha?

— Claro que tem: A) eu pago pra nós dois, B) eu pago os sorvetes e C) a mesma coisa que A e B. Então, qual escolhe?

— Você é um bobo — falou, me dando um empurrãozinho de lado.

— E você é doida, esqueceu de ontem? Quando me deixou pelado no meio da rua? — brinquei. Um certo rubor apareceu em suas bochechas, deixando-as rosadas.

— Eu não sabia que você estava sem regata. E você também não me disse nada.

— Você não deu tempo, oras — me defendi.

— Okay, chega desse assunto, pateta.

— Ah, então é assim?

Agarrei suas pernas e joguei Violetta no meu ombro direito.

— Me solta, Vargas — ordenou.

— Sabe que seus esforços serão todos inúteis, não sabe?

— Eu não gosto de você.

— Tem razão, você não gosta de mim — repeti. — Você me ama.

Blerg! — murmurou. Decidi soltar ela, porque sou um cara bonzinho.

Comprei os sorvetes, peguei de limão e ela de morango, como da outra vez. Ela misturou os sabores, mas eu não pude fazer o mesmo, a não ser que quisesse parar no hospital.

— Cara, é muito bom limão com morango.

— Ah, obrigado. Você me ajuda muito assim, me deixando com vontade — reclamei.

Awn, tadinho. Está com vontade?

— Agora estou.

— Desculpa — falou rindo da minha desgraça.

— Fazer o que? — dei de ombros. — Então, vamos cabular hoje também?

— Não, não posso. Você acredita que minha tia brigou comigo?

— Acredito, e ela está certa em brigar com você.

— Claro, foi eu que te levei pro hospital forçado — disse irônica.

— Isso era importante, tá? — protestei.

— Eu sei. Vamos logo, não quero levar outra bronca da minha tia.

— Então vamos — peguei sua mão e a saí puxando.

Chegamos ao Studio, atraindo alguns olhares, devido nossa risada. Estávamos rindo do inusitado tombo que Violetta tomou ao tropeçar no... nada.

— Isso é segredo nosso, León.

— Tudo bem, não contarei a ninguém.

— Nem Diego, okay?

— Nem Diego — repeti, sorrindo.

— Ótimo — sorriu. — Se você contar para alguém, eu te dou um tiro e peço pra Tomás te dar um soco.

Uii, estou morrendo de medo daquele espantalho — rimos.


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Notas finais do capítulo

Bob Esponja, calça quadrada (Adoroooo). Ah, e sabem essa música: Sugar, Honey, Honey? (Adoroo também). Enfim, capítulo grande de novo, me desculpem. Não rolou beijo, me desculpem também. Mas gostaram do León sem camisa?
'Puxa vida! É um belo tanquinho' - Violetta. Que essa frase fique pra sempre em vossas cabeças, okay? Então... Só estou postando agora porque estava batendo perna kk
#Miimi, e um beijão no coração.



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