Hell on us escrita por Sami


Capítulo 6
Momentos bons... ou não


Notas iniciais do capítulo

Hey galerinha linda! Sorry pela demora, desculpa mesmo mas o meu computador acabou dando um pequeno problema e eu tive que esperar uns dias para que ele voltasse.

Quero dar as boas vindas para o novo leitor Fabio Winchester Scofield e torno a dizer que o comentário dele foi o que me fez postar o capítulo de hoje.



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[...]

O dia seguinte amanheceu melhor do que eu esperava, mesmo que estivessemos vivendo em um cenário pós apocalíptico aquele dia estava realmente lindo. Depois da noite turbulenta que tivemos, acho que merecíamos pelo menos uma manhã bonita como aquela.

Rick e os outros estavam limpando o bloco D e tirando os corpos de lá e como Carol era quem ficava com as crianças e ela acabou se oferecendo para ajudar naquela limpeza e digamos que eu tive que ser a babá delas. Aquilo não me incomodou nem um pouco, apesar de ser um pouco mais velha que aquelas crianças nas quais eu estava de olho, me senti um pouco melhor por estar sendo útil para aquele grupo que havia me aceitado. Isso era bom.

—Como aprendeu a fazer uma? — Mika me olhou curiosa enquanto eu terminava a coroa de flores que estava fazendo para ela, como havia poucos materiais na prisão precisei dar uma leve improvisada e usar um arame para colocar as flores que ela e sua irmã haviam pegado. Algumas das outras crianças que estavam ali me olhavam atentas como se também quisessem aprender a fazer uma.

— Minha mãe me ensinou, ela sempre me fazia uma quando a gente saía para acampar nas férias. — Respondi sem olhá-las, estava concentrada em terminar a única que faltava e mesmo me lembrando por alguns segundos da minha mãe eu tentei ignorar aquele sentimento de nostalgia que senti ao responder aquela pergunta.

Eu não levava muito jeito com crianças, com meninas até conseguia interagir um pouco; mas quando vi que os únicos meninos daquele pequeno grupo de crianças voltaram para o bloco de celas percebi que eu era uma péssima babá. Fiquei um pouco mais tranquila ao saber que o filho mais velho de Rick estava lá e bom, como ele também era menino então ele iria encontrar alguma coisa para fazer com os outros que entraram.

—Por que sua família não veio morar na prisão também Ayla? —Mika perguntou com a mesma curiosidade de antes.

—Eles...eles morreram quando ainda estavamos em Atlanta. —Senti minha voz falhar ao me lembrar disso; eram memórias dolorosas demais.

Mika se entristeceu.

—Nossos pais também morreram, o papai morreu faz algumas semamas só, mas Carol cuida da gente agora! — Lizzie e Mika sorriram ao mesmo tempo, pelo que pude perceber Carol era um tipo de mãe para aquele grupo.

 

— Você vai ler pra gente hoje Ayla? —Mika fez outra pergunta; dessa vez um pouco mais animada que antes. Notei que ela era a que mais puxava assunto comigo, Lizzie parecia não querer conversar, parecia distraída com sua coroa de flores e resolvi não incomodá-la.

—Não vou poder, vou ajudar na plantação do Hershel hoje. —Respondi com um meio sorriso e na mesma hora vi que algumas das crianças pareceram ficar um pouco decepcionadas com isso. — Quem sabe outro dia não é mesmo?

As crianças me lançaram um meio sorriso ainda um pouco decepcionadas -foi novidade que alguém quisesse minha companhia, porque eu me considerava uma péssima companhia em certos momentos. Assim que terminei a última coroa de flores a entreguei para Mika que pareceu ficar ainda mais animada que antes, ela e uma garota com cachos se levaram ao mesmo tempo chamando o restante das crianças para a hora da leitura.

—Vamos então Lizzie? — Mika chamou a irmã — Não quero me atrasar!

Lizzie apenas assentiu se levantando junto com a irmã, todas se despediram de mim e sem perder tempo me levantei e comecei a caminhar em busca de Hershel -já que eu iria ajudá-lo na plantação precisava encontrá-lo-, encontrei Beth junto com a filha mais nova de Rick, ela estava brincando com ela enquanto cantava uma música que eu não conhecia; Judith parecia se acalmar só quando Beth cantava.

—Beth, você viu o seu pai? Ele disse que eu iria ajuda-lo na plantação e queria saber se ele já está lá.

—Ah, ele está cuidando de umas pessoas que estão doentes e disse que você poderia tirar o dia de folga. —Ela sorriu voltando sua atenção para Judith que havia resmungado por causa da pausa na cantoria.

Oba!

Eu gostava do Hershel, ele era o tipo de pessoa da qual você nunca conseguiria ficar sem assunto, no pouco tempo que eu passava com ele enquanto o ajudava na plantação conversávamos sobre quase tudo; era bom ter alguém para conversar depois de passar tanto tempo sozinha por aí.

 

— Então tudo bem,. — Sorri. —vou procurar fazer alguma outra coisa para fazer hoje. Até mais Beth!

Beth sorriu  acenando e voltou dar atenção para a pequena Judith em seu colo, voltei a caminhar pelo pátio agora tentando pensar em outra coisa para fazer; se tinha uma coisa que eu não gostava era de ficar parada.

 

...

 

Esse mercado não foi totalmente saqueado, podemos ir até lá o que acham?

Vi Glenn com um mapa aberto sobre o capô do carro, em volta dele estava Michonne, Daryl, Maggie, Tyreese e um garoto loiro que eu não sabia o nome. Ambos estavam olhando para um mapa estendido no carro e aquilo fez com que eu me aproximasse um pouco.

—Não acha melhor irmos para esse aqui? A estrada parece um pouco mais segura.

Eu me aproximei do pequeno grupo que estava reunido para ouvir sobre o que eles estavam falando e assim que cheguei mais perto Daryl foi o primeiro a me olhar.

—O que faz aqui guria? Não tinha que ajudar Hershel na plantação não? —Ele perguntou com aquele mesmo tom rabugento de sempre.

—Mudança de plano caipira! —Dei de ombros me aproximando para ver o mapa. —O que estão planejando?

Eu não tentei esconder minha curiosidade naquele momento e bem, isso pareceu ficar claro para todos ali reunidos.

—Busca por suprimentos. — Daryl resmungou. — Mas do jeito que estamos enrolando aqui é bem capaz disso aê nem acontecer hoje.

Vi Glenn apontar para um ponto vermelho no mapa, indicando que era um mercado e depois apontou para outro. Os pontos eram bem distantes um do outro e claro que eles tinham que decidir em qual deles valeria a pena ir.

—Esse é mais perto, mas pode não ter nada, o outro é quase uns setecentas quilômetros de diferença só que podemos acabar nos ferrando indo até lá. — Glenn voltou a apontar para o mesmo ponto vermelho de antes. —Acho melhor irmos nesse aqui, não sabemos o que pode acontecer e caso aconteça alguma coisa vamos ter uma vantagem já que conhecemos mais essa área.

—Se formos até esse teremos uma chance maior de conseguir suprimentos, esse mercado é bem maior que o outro! —Disse olhando para o ponto marcado em que Glenn continuava apontando.

Todos me olharam um pouco surpresos, acho que foi o modo como eu acabei me incluindo em tudo aquilo sem ao menos perguntar se eu poderia ir junto.

— Conhece esse mercado? — Michonne me olhou um pouco curiosa

— Sim, uns meses atrás passei por ele e não estava infestado de mortos. —Respondi. —O estacionamento é grande e aberto.

—Acho que já temos um vencedor! —Maggie sorriu. —Se formos agora vamos chegar antes que anoiteça.

—Por mim tudo ok, contando que a gente vá logo! —Daryl tornou a resmungar; o que não pareceu ser novidade pra ninguém ali.

Sim, ele e David seriam grandes amigos.

Glenn dobrou o mapa o guardando dentro de uma mochila que estava no chão, o resto logo começou a se preparar para sair.

—Posso ir também? —Finalmente perguntei o olhando, Glenn me olhou bastante surpreso com a pergunta. — Quero ajudar também!

— Ayla... — Ele torceu a boca. — É perigo lá e você é um pouco nova para sair numa busca...

—Ah não, não me venha com essa de que eu sou nova pra sair! Desde que cheguei aqui eu não fiz nada além de ajudar na cozinha e na plantação do Hershel. —O interrompi antes que ele continuasse com aquela desculpa de que eu era nova demais; já havia ouvido isso muitas vezes e não estava nem um pouco a fim de ouvir isso de novo. —Eu passei muito tempo lá fora e já fiz isso várias vezes, me deixa ajudar também. Prometo ser útil lá fora!

O garoto com os seus olhos puxados –estranho chamá-lo assim– ainda me observava de forma pensativa enquanto eu continuava esperando por minha resposta. Eu entendia que com aquele mundo de merda em que estávamos vivendo tudo poderia se tornar um risco para nós mesmo e sim, eu tinha consciência de que eu era nova para sair assim numa busca, mas eu queria mesmo começar a ajudar em alguma outra coisa que não fosse na cozinha ou na plantação. E eu queria passar um tempo fora da prisão, mesmo parecendo loucura pensar desse jeito eu meio que sentia um pouco de falta de estar no meio do perigo. Realmente isso era loucura.

—Temos um esquema bem simples e tudo o que você precisa fazer é segui-lo. Assim ninguém se machuca, entendeu? —Glenn suspirou se dando por vencido. —Só use a arma em último caso e fique por perto. Tudo bem?

Balancei a cabeça em afirmativa.

—Esquema, não usar a arma e ficar perto. Eu saquei. —Respondi animada. —Fácil, fácil!

...

Fomos até o mercado usando dois carros, Tyreese estava no banco do passageiro lendo o mapa e guiando Glenn que dirigia, Maggie estava no banco de trás junto comigo e hora ou outra comentava alguma coisa sobre o caminho que seguíamos -que diga-se de passagem era longo. À medida que nos aproximávamos do mercado, eu pude ver o grande estacionamento que ele possuía; tirando alguns carros e um tanto de corpos até que estava um pouco melhor do que eu me lembrava.

—Chegamos!

Glenn entrou no estacionamento parando um pouco longe da entrada -uma estratégia boa caso ficássemos cercados-, o segundo carro parou ao lado mantendo uma boa distância do nosso.

—Peguem tudo o que conseguirem e vamos tentar ao máximo evitar qualquer incidente dessa vez certo Zach? —Glenn olhou para o garoto loiro que assentiu na mesma hora. —Vamos!

Caminhei ao lado de Glenn e Tyreese, reparei que o grandão tinha um martelo pendurado de um lado e um facão do outro. Se ele sendo daquele tamanho todo já era de conseguir dar uma boa intimidada em qualquer um, com aquelas duas armas penduradas ele meteria medo num instante sem precisar fazer muito esforço para conseguir isso.

Daryl e Michonne pararam na porta dupla da entrada e se preparam suas armas enquanto Maggie abria apenas um dos lados da porta, Tyreese se juntou aos dois e esperou pelos errantes que poderiam aparecer. Os três deram conta de exatos sete mortos que haviam saído e assim finalmente conseguiríamos entrar.

—Fiquem espertos, um mercado grande assim não tinha apenas sete desses desgraçados. —Daryl nos alertou enquanto acendia sua lanterna seguindo caminho com Michonne, Maggie acompanhou Tyreese e Zach e eu acabei fazendo dupla com Glenn.

Peguei um carrinho de compras e Glenn logo colocou sua mochila dentro, o mercado parecia um pouco maior do que eu me recordava, algumas das estantes e prateleiras haviam ido para o chão, mas mesmo assim o ambiente ainda tinha um ar arrumado. As janelas de vidro estavam lacradas por caixas de papelão, o que fazia com que ali dentro entrasse pouca luz.

Na verdade, não entrava quase nada de luz e por isso tínhamos que usar as lanternas.

—Então Glenn, você já conhecia a Maggie antes dessa loucura? —Perguntei claramente curiosa enquanto ele tirava alguns enlatados da primeira prateleira.

— Não, uns meses antes de irmos para a prisão morávamos na fazenda do Hershel. — Ele pareceu se entristecer com aquela lembrança. —Carl havia sido baleado e bem, Hershel cuidou dele por um tempo. Foi lá que acabei conhecendo ela.

Ele sorriu um pouco tímido e aquilo me fez sorrir também; não podia negar que Glenn e Maggie eram um casal fofo.

—Nem tudo está tão perdido assim, pelo menos você encontrou um amor no meio de toda a merda. —Falei com um leve sorriso. —Poucos tem essa sorte hoje em dia.

—É... — Ele sorriu sem graça. — E você? Tinha algum namoradinho antes disso?

Eu o olhei por alguns segundos sem que ele percebesse e comecei a rir, antes de toda essa merda começar eu era nova demais para pensar em namoradinhos. Se bem que, eu tive um, não era bem um namorado mas íamos para a escola de mãos dadas então...

—Não, o máximo que cheguei de um namoradinho foi um moleque chato que morava na casa ao lado da minha. — Respondi rindo baixo com a lembrança. —Mas eu era burrinha demais e pensava que segurar na mão já era um namoro então isso não conta.

—Você sabe o que aconteceu com ele? — Perguntou.

—Não, no dia que começaram a evacuar a cidade ele e a família já tinham deixado a casa, — Continuei empurrando o carrinho para frente. — nunca mais o vi depois disso.

—Bom, ele deve estar com outro grupo por aí. —Glenn deu de ombros. —É um mundo grande e bem, nem todo mundo está morto.

—É. —Balancei a cabeça. —Se bem que eu não acho que alguém aguentaria ficar perto dele, pensa num menino chato e mimado.

Glenn riu baixo e continuou enchendo o carrinho, chegamos em um corredor fechado, seguimos até que nossa lanterna apagou. O corredor ficou escuro. Depois ficamos em silêncio ao ouvirmos passos e depois vimos Daryl segurando sua lanterna iluminando nossos rostos.

—O que foi? —Resmungou. —Por que pararam?

—A lanterna... —Glenn balançou a lanterna apagada dele. —não temos uma, se lembra?

—Toma aí! — Daryl jogou outra lanterna para Glenn que rapidamente a acendeu iluminando algumas prateleiras ao nosso lado.

—Melhor tomarmos cuidado com os fundos pessoal! —A voz de Maggie fez um leve eco pelos corredores. —Acho que deve ter uma horda presa em algum lugar por aqui, ouvi umas batidas e isso não deve ser nada bom.

Zach e Maggie apareceram atrás de Daryl com suas lanternas ligadas também, Michonne e Tyreese estavam no corredor ao lado.

—Vamos trocar, Ayla fique com o Zach e procure por fórmulas para a bravinha. Glenn e Maggie, nós continuamos procurando mais suprimentos e Tyreese e Michonne com tudo o que achar importante e útil!

Fazemos a troca de parceiros e comecei a caminhar ao lado de Zach tomando cuidado por onde pisava, mesmo que o lugar estivesse um pouco limpo ainda sim não queria encontrar nenhuma surpresa no corredor. Segui Zach por vários corredores até chegarmos em um dos corredores de bebidas alcoólicas, bebidas alcoólicas não me traziam lembranças tão boas assim. Meu pai era um alcoólatra de carteirinha e bom, as coisas não eram tão legais quando ele chegava chapado em casa.

—Gosta? —Ele me olhou sorrindo.

—Não. Sempre detestei! —Respondi sem o olhar.

—Por quê? São ótimas!

Zach parecia ter ficado um pouco alegre por estarmos no meio de tantas bebidas, começou a sorrir como um bobo enquanto passávamos pelo corredor. Isso me incomodou.

—Esse tipo de coisa deixa as pessoas idiotas e quando se tem um pai que enche a cara como o meu, você passa a simplesmente odiar isso mais que tudo!

Ele apenas sacudiu a cabeça olhando para a quantidade numerosa de garrafas de vidro que haviam ali, Zach parou de repente olhando para uma grande garrafa de vodka e na hora eu soube que ele estava querendo pegar aquela garrafa.

—Zach. —Chamei. —Devemos pegar o que realmente importante!

—Ah deixa disso Ayla, é só uma garrafa. —Falou me olhando. —Precisamos de um pouco de diversão na prisão não é mesmo? E além do mais, o que pode dar errado? É só uma garrafa.

—Zach! —Eu o puxei pelo braço tentando afastá-lo da estante, mas quando percebi ele havia se segurado nela e puxando o braço de volta ele acabou me derrubando no chão logo em seguida.

Filho da puta aproveitou que eu era uma anã perto dele.

Tudo aconteceu rápido demais, quando percebi a grande estante havia caído sobre mim e Zach fazendo um barulho alto das garrafas se quebrando, realmente aquilo foi uma grande burrice da parte dele. Várias garrafas caíam no chão molhando nós dois e o próprio chão com o líquido que havia dentro dela -não demorou muito para que a gente logo estivesse cheirando a bebida alcoólica também.

Mas que droga Zach!

—Ayla tá tudo bem? —Ele puxou meu braço com força. —Ayla?

—Eu estaria bem melhor se não você não fosse burro! —Respondi nervosa. —Qual a droga que você fez pra essa porra cair?

Ele pareceu ofendido.

—Calma não é pra tanto! —Rebateu. —Não foi nada demais!

—Ayla e Zach. Tudo bem aí? —Daryl gritou.

Zach tentou se mover e logo gritou como se estivesse sentindo dor.

—Não! Acho que quebrei a perna!

Revirei meus olhos ao notar na droga de encrenca que Zach havia feito, se ele não fosse tão estúpido ao ponto de quase ter me matado, não estaríamos naquela situação. Que maldita ideia de me deixar com esse cretino!

 

 


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