Hell on us escrita por Sami


Capítulo 5
Passado


Notas iniciais do capítulo

Olá lindinhos e lindinhas, sorry pela demora mas acabei viajando e esqueci o not em casa. Não prometo, mas, talvez eu poste outro capítulo ainda hoje.



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[...]

Eu estava caminhando pela estrada já fazia dias, provavelmente semanas, mas como eu já havia perdido completamente a noção de tempo eu não fazia mais ideia de quantos dias eu estava na estrada; o tempo não parecia mais ter tanta importância assim quando se está vivendo em um apocalipse. Seguindo a mesma estrada procurei por qualquer placa que talvez pudesse me indicar aonde eu estava e tudo o que encontrei foi metade de uma placa que estava quase que toda destruída.

Que ótimo!

Eu não era uma perita em direção, antes de o mundo virar essa grande porcaria que estava agora eu estava no ensino médio e não era aquele tipo de aluna excelente em geografia, minhas notas eram boas, mas não excelentes como meus pais gostariam que fosse e sem um mapa para me ajudar com o meu senso terrível de direção eu iria apenas continuar seguindo sem saber ao certo para onde eu estava indo. Resolvi então apenas seguir aquela estrada, não importava muito para onde ela acabaria me levando, se eu continuasse viva já era alguma coisa boa.

Andei pelo menos vinte minutos até encontrar outra placa, essa era maior que a anterior que eu havia encontrado e por sorte não estava destruída como a outra. Aproximei-me dela e logo comecei a tirar os vários galhos de árvores que começaram a cobri-la para tentar ler o que estava escrita nela, torci mentalmente para que fosse alguma coisa que me indicasse o lugar em que eu estava.

—Terminus. Santuário para todos, comunidade para todos. Aqueles que chegam, sobrevivem.

Logo abaixo da placa havia um mapa, contei pelo menos dez caminhos traçados que acabavam sempre levando para o mesmo lugar; terminus. Olhei novamente para placa um pouco surpresa com aquilo, não era muito freqüente encontrar grupos que simplesmente anunciavam sua localização para outras pessoas que poderiam estar por aí fora, na verdade esse era o primeiro grupo que eu encontrava que estava aceitando pessoas. Ou eles eram loucos ou apenas queriam ajudar outras pessoas que também estavam por aí.

Mordi o lábio pensando em seguir o caminho para esse tal terminus, se eles estavam aceitando pessoas provavelmente me aceitariam também e assim eu não teria mais que ficar vagando por aí me matando para encontrar comida e matar errantes. Poderia ser bom para mim ir até esse lugar. Eu estava mesmo cogitando a ideia de ir para terminus –talvez fosse verdade e esse lugar fosse bom-, mas também imaginei que poderia ser algum tipo de truque. Num mundo como aquele em que começamos a viver não se podia confiar em qualquer um que encontrávamos.

Deixei a ideia de ir até lá de lado, eu já havia passado por muitas merdas e queria tentar evitar que outra acontecesse a qualquer custo, eu sei que não tinha como eu saber se aquele grupo eram pessoas boas ou não, mas, vivendo nesse novo mundo de agora eu aprendi a não confiar em qualquer um que aparecia. Aprendi isso da pior maneira e não queria que isso se repetisse de novo. Não tinha como saber ao certo quem eram esse grupo terminus e mesmo sabendo que havia perdido uma oportunidade de talvez ter um lugar seguro para viver, eu não queria ser louca e me arriscar a ir encontrar um grupo que talvez nem existisse ou que poderia ser pessoas perigosas.

Eu não queria morrer tão cedo assim.

Continuei andando seguindo em linha reta pela mesma estrada até achar um carro parado na estrada, eu não sabia dirigir claro, mas talvez encontrasse alguma coisa útil ali dentro não é mesmo? Antes de abrir a porta, eu olhei através do vidro para saber se havia algum errante ali dentro, precisei limpar aquele vidro que estava incrivelmente imundo e olhei para o seu interior querendo certificar que eu não teria surpresas ao abri-lo e querendo ter cem por cento de certeza dei duas batidas no vidro fazendo um barulho baixo e esperei que algo aparecesse.

Por sorte o carro estava vazio.

Abri a porta e um cheiro forte de podridão invadiu o meu nariz, o cheiro era muito semelhante ao dos errantes, era como se houvesse algum errante ali dentro mesmo o carro estando complemente vazio. Aquele cheiro me deu uma ânsia.

Eu precisei prender a respiração para conseguir entrar sem respirar aquele cheiro terrível que impregnou todo o interior do carro. Achei uma bolsa preta com alguns detalhes de flores e a peguei, ela não era tão grande quanto imaginei que seria, mas daria para guardar algumas coisas e não iria me atrapalhar caso precisasse correr de alguma horda que acabasse encontrando por aí.

Assim que a abri tirei tudo o que tinha dentro dela e vi algumas maquiagens, grampos e uma foto de um rapaz junto com uma moça loira. Os dois eram bonitos e jovens –jovens até demais. Guardei a foto no porta luvas e continuei procurando por alguma coisa útil ali, achei um canivete e o guardei; nunca havia conseguido usar um e ele poderia me ajudar em alguma coisa.

Guardei minha arma e o canivete dentro da bolsa que havia encontrado e fiquei surpresa ao ver que coube as duas ali dentro, deixei a faca no cinto porque ela era o que eu mais usava e sai de dentro daquele carro incrivelmente fedorento. Coloquei a bolsa no ombro e me virei olhando a estrada, ainda tinha muito pela frente e eu não estava nem na metade do dia.

Respirei fundo e antes que eu pudesse voltar a caminhar ouvi alguns passos vindo detrás do carro e alguns poucos grunhidos que imediatamente denunciaram que se tratava de errantes se aproximando de onde eu estava, já acostumada com esse tipo de situação pousei minha mão imediatamente sobre o cabo da minha faca que se encontrava presa no meu cinto e então me abaixei para não dar alerta da minha presença ali. Ergui meu corpo o suficiente para conseguir ver quantos errantes estavam se aproximando e me surpreendi quando contei pelo menos uns quinze deles vindo na direção do carro onde eu estava encondida.

Será que eu não posso ter um momento sem esses putos?

Pensei por alguns segundos no que eu iria fazer e até pensei em me esconder dentro do carro, porém aquele fedor continuava me causando ânsia e eu não iria suportar ficar ali dentro por mais nenhum segundo, olhei novamente para a pequena horda que se aproximava e de uma forma surpreendente eles pareciam ter se multiplicado em questão de poucos minutos.

—Que bosta!

Eles eram muitos, acho que a maior horda de errantes que eu já havia visto até aquele momento. Pensei em correr para frente, não iria demorar muito para que eu fosse cercada por eles e então acabaria sendo morta.

Eu não daria conta de tantos, minha arma tinha apenas seis balas e seria uma grande burrice usá-la, o barulho que a arma fazia acabaria atraindo mais deles e eu iria me ferrar ainda mais. Minha única opção era correr pelo caminho contrário, acho que essa era a minha melhor opção.

Sem tirar os olhos daqueles bichos eu andei até chegar perto da mata, as árvores acabariam os atrasando um pouco e teria uma vantagem para escapar. Fui pega de surpresa quando um deles agarrou meu pé e acabou me derrubando no chão, o morto tinha apenas metade do seu corpo inteiro e metade do seu rosto estava já decomposto.

Vi a horda se aproximando ainda mais e comecei a entrar em desespero, aquele maldito não queria me soltar por mais que eu o chutasse. Tirei a faca do cinto e cravei no crânio daquele cretino conseguindo me soltar.

Eu tentei manter a calma, se eu gritasse ou ficasse ainda mais desesperada do que já estava isso iria me atrapalhar bastante na fuga. Consegui me levantar rapidamente e corri, bati em alguns galhos de árvores até resolver parar um pouco.

Já havia me afastado um pouco da estrada e se eu continuasse correndo poderia acabar me afastando ainda mais. Eu não sabia direito para onde estava indo, mas, até onde sabia seguir a estrada parecia ser o mais seguro a se fazer.

Encostei-me em uma árvore e esperei até conseguir ver a horda se aproximar, se eu continuasse em silêncio talvez eles não me vissem e eu não teria que correr mais. Olhei para a horda e quase todos estavam de costas para mim, alguns mudavam de direção indo para o lado, mas eu não precisei me preocupar com eles.

Suspirei um pouco aliviada, consegui escapar deles e agora iria poder voltar a seguir caminho para qualquer lugar. Afastei-me da árvore e quando me virei fui pega de surpresa de novo por dois errantes que se jogaram para cima de mim.

Acabei caindo no chão de novo batendo as costas no monte de galhos e folhas que havia e acho que até ganhei um arranhão de brinde, eu não sabia como iria matar eles; os dois estavam como loucos querendo me morder e eu estava usando as duas mãos para deixá-los longe. Os grunhidos deles iriam atrair os outros e logo viraria comida de errante.

Ótimo! Isso era tudo o que queria.

Eu me debatia debaixo daquele morto, meus braços já estavam doendo por causa da força que eu estava fazendo e não iria agüentar continuar naquela posição por mais tempo. Os grunhidos começaram a ficar mais alto, agora que tudo iria por água abaixo mesmo; mais deles estavam vindo por causa do som que aquele desgraçado estavam fazendo. Comecei a ficar mais desesperada, sentia minhas mãos tremerem e meu coração disparar tão rápido que parecia que iria sair por minha garganta.

Quando achei que iria ser morta do pior jeito que poderia existir, o segundo errante que estava em cima de mim caiu para o lado com um buraco em seu crânio. O outro logo foi erguido para o alto deixando eu livre para poder se levantar, vi um rapaz o matar com rapidez e olhar diretamente para mim.

—Você está bem? Foi mordida?

—N-não... -Me levantei no segundo seguinte o olhando. Acho que ele tinha pelo menos uns vinte cinco anos, o cabelo num tom castanho e os olhos verdes faziam ele ficar muito bonito.

Eu não tive tempo para agradecer, ele já estava me puxando pelo braço fazendo com que eu começasse a correr junto com ele; quase havia me esquecido de que a horda estava se aproximando da gente. Corremos até um carro que estava no meio daquela mata toda, ele não estava com as rodas e todos os vidros estavam quadrados.

Ele me puxou para baixo me obrigando a ficar sentada no chão e pediu que eu fizesse silêncio. Ouvimos os grunhidos agora um pouco mais distantes de nós e continuamos sentados.

—Já foram! —Ele suspirou aliviado.

—Obrigada, acho que teria sido morta se você não tivesse aparecido ali. —Disse o olhando, como resposta ele me lançou um olhar um pouco irritado e sério.

—Sabia que atrapalhou a minha caçada pirralha? Você me deve um veado!

—Pirralha? —Repeti. — Vê lá como fala comigo seu bosta! E nem espere por um veado novo, não me culpe por ser burro e não saber caçar direito!

Ele me olhou ainda mais nervoso, naquela hora eu achei que iria acabar apanhando dele, sua mão levantou até a altura do meu rosto e com um dedo levantado ele pediu que eu fizesse silêncio novamente. Rapidamente ele se levantou e caminhou até se aproximar de outro walker e o matar com mais rapidez.

O desconhecido carregava na mão uma faca grande com um cabo azul claro, em seu sinto havia duas armas de fogo e uma outra faca com o cabo escuro. Me levantei e continuei parada perto do carro destruído o olhando, ele não parecia ser o tipo caçador e nem mesmo se vestia como um; agora estava explicado o porquê dele perder o veado.

—Qual o seu nome pirralha? —Perguntou.

—Ayla! —Respondi irritada. —E pare de me chamar de pirralha, eu não sou tão nova assim!

Ele riu.

—Não é o que sua altura diz, Ayla. —Ele respondeu com deboche. —Me diz, você está com alguém?

Eu ergui uma sobrancelha no mesmo segundo, mas que tipo de pergunta era aquela?

—Sou jovem pra pensar em namoro. —Falei o olhando de cima a baixo o estudando. —Você pode até ser bonito, mas é velho demais para mim.

Ele me olhou calado e riu novamente, eu realmente não havia entendido o motivo daquela risada.

—Eu quis dizer se você tem algum grupo pirralha. Além de pequena você é burra também? —Eu precisei respirar fundo para não tirar minha arma da bolsa e dar um tiro naquele idiota. —Responde logo!

—Não, eu não tenho um grupo! Satisfeito agora? —Perguntei sentindo minha voz sair mais irritada do que eu realmente estava.

—Um pouco. —Ele guardou a faca de cabo azul que carregava no cinto. — Olha, não ofereço isso pra qualquer um que encontro por aí, mas não acho certo deixar uma menina sozinha por aí, ainda mais num mundo perigoso como esse de hoje.

Ele fez uma pausa, seu tom de voz já era completamente diferente de antes.

—Eu não ofereço isso para todo mundo, até porque tenho um grupo pequeno e pretendo mantê-lo assim por um bom tempo. —Disse. —O que acha de ir junto? É melhor do que ficar por aí enfrentando os mortos sozinha.

Eu me afastei um pouco dele.

—Ir com você? Desculpa mas você tem cara de ser um perfeito maníaco! —Falei um pouco preocupada. —Nem conheço você direito e você nem me conhece, aceita desconhecidos no seu grupo?

Ele franziu a testa.

— Garota acredite, se eu fosse um maníaco não estaríamos tendo essa conversa não. —Ele me olhou sério. —Se isso te faz se sentir melhor, somos em cinco e tem outra garota que é quase tão chata e irritadinha como você lá.

—Você é bem calmo né? —Perguntei irônica. —O que foi que te deixou nesse humor todo?

Ele bufou já sem paciência.

—Então, quer ou não? Mas já vou logo avisando que se aceitar vai ter que se acostumar com as minhas regras. —Ele cruzou os braços. —É uma proposta duvidosa eu sei, mas acho que nesse mundo de agora devemos nos ajudar quando podemos.

Eu pensei na oferta, ele não parecia ser um cara legal, mas não tentou me matar em nenhum momento; claro que seu humor e temperamento eram um pouco...na verdade ele era bem mau humorado.

—Ok, eu vou junto. —Falei. —Você até parece ser um cara legal mesmo que tenha um pavio curto.

 

Ele se aproximou um pouco mais e estendeu a mão direita na minha direção com a palma aberta, de início eu não entendi o que ele queria dizer com aquilo, mas logo a ficha caiu e fiz o mesmo.

 

—Eu sou David.


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