Amores de Ensino Médio escrita por Pedro Campos


Capítulo 9
Não Tenha Medo de Amar


Notas iniciais do capítulo

Fala ai galerinha, depois de um breve hiato para recuperar as forças criativas, trouxe a história de volta, espero que curtam :D



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– Você realmente não vai me contar qual é a sua âncora? – Perguntou Hope. Ela estava sentada ao meu lado na aula de inglês, mas nenhum de nós dois estávamos dando bola para a aula.

– Eu já disse que eu não sei. – Menti.

– Pedro, eu posso te conhecer a pouco tempo, mas eu sei quando você está mentindo.

Ok, ela me pegou. Mas eu não queria contar que eram aqueles olhos dela, e caramba, aqueles olhos eram incríveis.

– O livro de capa vermelha, que estava na minha frente na biblioteca, no momento em que eu olhei para ele eu consegui me acalmar. – Cara aquela foi a pior mentira que eu já havia contado em toda a minha vida, mas mesmo assim esperava que ela acreditasse.

– Um livro de capa vermelha? – Ela começou a rir como se aquilo fosse a coisa mais engraçada do mundo. – Quem sou eu para julgar a âncora dos outros né?

– É sério, aquele livro é bem chamativo, acho que acabou prendendo a minha atenção e me trouxe de volta. – Até que agora estava fazendo mais sentido.

– Faz um pouco de sentido. – Ufa. – Mas então, quer voltar na biblioteca hoje?

– Claro, eu me diverti muito ontem, tirando a parte em que eu tive um pequeno surto, foi bem divertido. – Então parei e pensei um pouco. – Na verdade, eu tive uma ideia um pouco melhor.

– Pedro e suas mirabolantes ideias, e o que você propõe?

– Bem, o parque voltou ontem para a cidade, e eu pensei, seria ótimo uma ida ao parque.

– Até que não é uma má ideia. Você me busca as cinco.

– Ok. – Falei rápido. – Mas espera, eu ainda não sei onde você mora.

– Ah é verdade. Então eu te busco.

– Você sabe onde eu moro?

– Claro.

– Mas como... Giovana. – Deduzi.

– Isso ai. – Ela sorriu.

...

Dr. Miguel havia me passado alguns exercícios para me manter focado, um deles era ouvir música calma e ler, o que não era ruim já que eu gostava das duas coisas. Era engraçado quando as pessoas descobriam que um garoto como eu curtia ler bons livros e ouvir musica clássica, na real até eu estranhava esse comportamento.

Enquanto eu ouvia a parte do Inverno das quatro estações de Vivaldi e lia um livro de ficção, não percebi Hope entrar em meu quarto até que os olhos dela pararam em cima do meu livro, dei um pequeno pulo com o susto e tirei os fones de ouvido.

– Hey, Hope. – Falei logo me recuperando do susto.

– Você está atrasado. – Falou ela me mostrando seu relógio e já eram cinco e vinte.

– É mesmo. – Falei sem graça.

– Não se atrase comigo mocinho, sou uma dama americana que se agrada com a pontualidade. – Disse com um olhar sério, mas não conseguiu segurar a risada. – Vamos se arrume, temos um encontro ainda.

– Ah, então isso é um encontro?

– Claro, achou que fosse o que? Uma ida despreocupada ao parque?

– Isso nunca passaria pela minha cabeça.

– Você é tão cínico às vezes mocinho. – Ela se levantou rindo e saiu do meu quarto.

Poucos minutos depois eu já estava pronto para sair, e quando pude realmente ver Hope de frente pude ver como será o céu.

Ela estava linda, e não linda como uma modelo, mas linda com sua simplicidade, seu cabelo solto, seu rosto com pouca maquiagem, seu ar de liberdade e tudo nela me faz dar um suspiro.

– Finalmente, você parece uma noiva para se arrumar. – Disse ela me puxando para fora.

– Mas eu demorei menos de cinco minutos.

– É demais para um homem.

O parque não era muito distante da minha casa, por isso fomos andando, quando chegamos pude perceber os olhos de Hope brilhando com o parque.

– Você não foi a muitos parques né?

– A última vez que fui, foi há muitos anos atrás com meus pais. – Sua expressão de alegria se desfez um pouco, mas logo voltou ao normal. – Mas vamos logo, quero ir em todos os brinquedos.

– Até nos infantis?

– Isso a gente resolve na hora. – Disse rindo.

Ela realmente foi a todos os brinquedos, quando paramos no último, a roda gigante, eu já estava exausto, mas ela ainda parecia com toda energia. Já sentados em uma das cabines da roda gigante ela ficou em silêncio durante toda a primeira volta, o que era estranho.

– Algum problema? – Perguntei.

– Nada, é só que...

– O que?

– Obrigada.

– Pelo que?

– Você me deu uma noite perfeita, uma noite que eu pretendia passar infeliz você foi lá e mudou isso.

– Como assim Hope?

– Hoje é aniversário da morte dos meus pais, a noite do acidente, em que perdi os dois de uma vez.

– Eu não sabia, mas me sinto confortável em saber que te dei uma boa noite.

– Você é incrível sabia? Fica se escondendo ai com essa mascara de que não quer nada, mas ai no fundo se importa com as pessoas, só não sabe como mostrar isso a elas.

Fiquei olhando para Hope com um olhar de surpresa, em um mês ela havia me desvendado tão bem que não faria diferença se ela já me conhecesse há anos.

Ela repousou a cabeça em meu ombro e eu comecei a acariciar seu cabelo.

– Eu sei que você está apaixonado por mim, da para ver nos seus olhos, e sei que você está se bloqueando, mas Pedro está tudo bem, não tenha medo de amar. – Ela olhou pra mim e caramba aqueles olhos de novo, ela se aproximou e me beijou.

Não foi um beijo demorado, e sei que disse que meu primeiro beijo com Nathalia havia sido o melhor de todos, mas acho que na vida temos vários momentos melhores de todos como aqueles, e o esse beijo foi indescritível, um misto de vários sentimentos compartilhados por duas pessoas sendo expresso em um pequeno gesto. Ela afastou o rosto um pouco e voltou a olhar em meus olhos.

– Não tenha medo de amar quem também ama você. – E deu aquele pequeno sorriso que me derreteu por dentro.

...

Fomos para casa com o céu já escuro, Hope estava com o braço entrelaçado no meu, eu não conseguia parar de pensar em como aquele momento ficaria gravado em minha mente. Era como se aquele coma tivesse valido a pena, pois depois dele eu conheci a Hope, como se aquele tiro fosse algo necessário.

Mas não era.

Eu não percebi que estava pensando no coma, até minha visão ficar turva, eu estava na droga da rua onde eu havia levado o tiro, meu coração começou a disparar, eu comecei a ter visões do que aconteceu na noite, pela primeira vez me lembrei do que aconteceu.

Eu estava voltando da casa de Nathalia, meus pensamentos estavam na viagem dela, por isso não percebi o encapuzado chegando, até que ele parou na minha frente apontando a arma, eu fiquei tão nervoso que não entendi muito que ele disse, mas pude perceber que ele estava no efeito de drogas, então ele atirou, a dor foi intensa enquanto eu caia, uma viatura de polícia passou no momento.

Alguém correu.

Eu estava dentro de um carro.

Hospital.

Escuridão.

Tudo isso me atingiu como se eu tivesse levado outro tiro. Hope percebeu e logo pegou algo em sua bolsa, mas eu já estava caindo, ela conseguiu desacelerar minha queda, começou a me mostrar o livro vermelho, mas não era aquilo que me trazia de volta, estava escuro e minha visão embaçada demais para ver seus olhos, ela começou a chorar e ligou para emergência.

Escuridão.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, semana que vem tem mais ;)



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