Amores de Ensino Médio escrita por Pedro Campos


Capítulo 7
A Biblioteca


Notas iniciais do capítulo

Galerinha,
Peço desculpas pela demora para postar esse capítulo, mas está aí para vocês :D



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Uma coisa bastante curiosa aconteceu enquanto eu estive fora, se me contassem eu não acreditaria, mas quando vi Yas e Nathy conversando com se fossem velhas amigas na entrada eu quase tive um colapso mental. Antes do coma Nathy nem queria ver a cara de Yas pintada e acredito que o contrário também. Aquele era só o começo de um dia surpreendente.

...

– Então eles simplesmente foram lá e te mudaram de turma? – Perguntou Davi enquanto entrávamos no colégio. Eu não havia falado com ele no dia anterior.

– Sim. – Respondi enquanto observava as várias mudanças que eu havia perdido no colégio.

– Olhe pelo lado bom, agora estamos na mesma sala, mas pelo lado ruim agora você está na sala da Nathalia.

– Isso não é ruim, eu não sinto mais nada por ela, e se paramos para pensar eu que terminei com ela, então não tenho mágoa nenhuma e acredito que ela também não.

– É engraçado, pois meses atrás você estava perdidamente apaixonado por ela, quase perdeu minha amizade por causa dela e agora vocês decidiu que quer ser só amigo dela.

– Davi, em primeiro lugar, independente de qualquer situação, eu nunca irei perder você. – Dei um soco fraco no braço dele. – E sobre ela, eu não sei o que aconteceu. Depois que acordei do coma e a vi no hospital eu percebi que não sentia mais nada por ela.

– E a Yas, pelo que você me contou os dois estavam namorando no coma.

– É difícil sabe imaginar ela só como amiga de novo, mas ao mesmo tempo eu percebo que também não sinto mais nada por ela.

– Então é assim? Você está sem paixões?

– Zero paixões.

– Tem certeza Pedro? Tipo é de você que estamos falando, desde que te conheço nunca o vi não apaixonado.

– Eu também estranho isso, mas eu acordei diferente e não tem como mudar isso.

A primeira aula seria de filosofia, eu adorava filosofia antes do coma, mas agora minha cabeça não conseguia mais entrar em foco com a aula e eu me perdia com muita facilidade, então após longos cinco minutos de aula eu simplesmente abaixei a cabeça e comecei a cochilar, assim eu não ouvi quando a porta da sala abriu, mas comecei a ouvir a diretora falando, de inicio eu não levantei a cabeça, mas sabia que ela estava falando sobre uma aluna nova, eu não estava nem um pouco curioso, porém isso mudou.

– Essa é a Hope. – Anunciou a diretora, e eu só conhecia uma Hope, então levantei a cabeça rápido e me deparei com o olhar dela fixo em mim, quando ela viu que eu olhava para ela deu um sorrisinho. – A partir de hoje ela irá fazer parte dessa turma, tratem ela bem e façam ela se sentir em casa.

– Obrigado diretora. – Hope falou desviando o olhar de mim.

–Pedro, acho que você ainda é o representante da sua turma. – Continuou a diretora. – Então cabe a você a tarefa de apresentar o colégio a ela.

– T-tudo bem. – Falei ainda sem ação.

– Qualquer coisa só falar comigo Hope. – Falou a diretora.

– Tudo bem senhora. – Respondeu Hope e procurou uma cadeira para sentar, e meu plano de sentar na última cadeira com a mesa do meu lado vazia acabou se mostrando um plano não tão bom agora, ela foi direto para a cadeira do meu lado. – Olá senhor sorvete.

– Hope o que está fazendo aqui? – Falei baixo.

– Lembra quando eu disse que queria ficar mais próxima de você para acelerar o tratamento?

– Sim, mas eu não achei que fosse assim tão próxima.

– Pedro, eu sou uma garota muito excêntrica. Assim que descobri onde você estudava pedi a minha avó que me colocasse aqui, normalmente ela atende a maioria dos meus pedidos já que sabe que na maioria das vezes existe um plano por trás deles. Então eu só precisei vir aqui trazer os documentos, por isso eu te esperei ontem, na verdade eu já queria contar para você, mas resolvi fazer uma surpresa.

– E que surpresa, mas como conseguiu cair exatamente na minha turma?

– Na realidade eu também não sei. Destino quem sabe?

– Nossa isso é estranho. – Olhei para frente e percebi que recebia vários olhares curiosos, a maioria é claro era para Hope, alunos novos sempre chamam a atenção, principalmente quando eram meninas e mais ainda quando eram bonitas.

– Percebe os olhares fixos em nós dois?

– Claro, não da para não notar.

– Então olha só. – Hope virou para frente rapidamente e encarou todos que olhavam para nós dois, então todos desviaram o olhar, não pude deixar de rir com aquilo. Ela se virou novamente para mim com um sorriso travesso. – Eu chamo isso de olhar felino.

– Olhar felino? – Falei rindo. – Que nome é esse?

– Quando eu era mais nova e as pessoas ficavam me encarando com pena ou algo parecido eu as encarava de volta com um olhar ameaçador e elas paravam, depois de um tempo comecei a chamar isso de olhar felino.

– Mas por que as pessoas olhavam para você com pena? – Perguntei e me arrependi logo depois, Hope ficou com um olhar perdido como se tivesse saído de sintonia. – Hope?

– Ahm? – Falou ela um tempo depois como se tivesse se recuperado de um transe. – O que vai fazer depois da escola?

– Não sei. – Falei enquanto tentava entender o que acabou de acontecer. – Por quê?

– Quero te mostrar um lugar.

– No nosso terceiro encontro você já quer me mostrar lugares? – Falei rindo.

– Você é muito bobo sabia? – Ela tentou segurar o riso, mas não conseguiu. – É um lugar que sei que você vai gostar.

– Tudo bem, eu só tenho que falar com a minha irmã.

– Fale com ela então, pois eu não aceito um não.

– Você quem manda. – Sorri e começamos a prestar atenção na aula.

...

Convencer Giovana foi fácil, difícil foi encarar seu olhar de desconfiança por eu estar saindo do colégio com a garota nova, eu com toda a certeza seria zoado por isso mais tarde. Encontrei Hope na entrada do colégio e antes que eu falasse qualquer coisa ela começou a andar e eu a segui sem entender nada.

– Afinal, para onde vamos? – Perguntei depois de um longo silêncio

– Pedro você já se perguntou para onde vamos quando morremos? – Perguntou ela sem olhar para mim.

– Que tipo de pergunta é essa?

– Responda.

– Quando eu estava em coma, eu meio que sonhei que ainda estava acordado e minha vida continuou, mas no final do coma quando eu estava prestes a acordar, no sonho eu levei um tiro e morri, foi estranho, logo depois que eu morri ficou tudo escuro e um tempo depois eu acordei do coma.

– Então está dizendo que quando morremos acordamos de um coma. – Falou ela rindo.

– Não, me deixa terminar, estou dizendo que eu já tive a sensação de morrer, ou quase isso, e eu acho que depois que morremos vamos para onde merecemos ir. Eu acho que não merecia morrer e por isso voltei.

– É uma teoria complicada, mas é válida.

– E você? Para onde acha que vamos?

– Depende de quem você foi aqui. Chegamos. – Anunciou ela parando em frente a uma construção antiga que parecia abandonada.

– Que lugar é esse? – Perguntei desconfiado.

– Já foi uma biblioteca pública, há alguns anos um dos funcionários morreu lá dentro e todos começaram a dizer que o lugar era assombrado, então a movimentação começou a diminuir até que ficou completamente vazia e sem patrocínio, então foi abandonada, mas não tiveram nem o trabalho de tirar os livros, ainda é uma biblioteca, porém não é muito convidativa.

– E você pretende entrar ai?

– Eu não só pretendo como eu vou, aqui é meu esconderijo secreto, então nada de abrir o bico, agora vamos. – Ela começou a escalar uma janela e então entrou. De inicio eu não estava muito a vontade para entrar ali, mas depois que percebi que ela realmente entrou, tomei coragem e entrei pela janela também.

O lugar parecia menos abandonado por dentro do que por fora, algumas paredes estavam descascando, umas estantes quebradas e alguns livros rasgados, mas fora isso o lugar estava perfeitamente arrumado, todos os livros estavam arrumados, assim como as mesas e cadeiras, se não fosse a falta de iluminação e a fachada da frente daria para acreditar que a biblioteca ainda funcionava.

– Nossa esse lugar é bem arrumado para uma biblioteca abandonada. – Comentei quando me deparei com Hope me encarando enquanto me esperava.

– Eu que fiz isso, quando vim aqui pela primeira vez era um verdadeiro ninho de rato, então quando assumi esse lugar como meu esconderijo secreto comecei a limpar ele de pouco em pouco, e esse foi o resultado.

– Uma biblioteca particular praticamente.

– Exatamente.

– E seus pais sabem que você fica aqui?

– Meus pais não estão em condições de saberem qualquer coisa da minha vida.

– Eles não moram com você? – Perguntei curioso.

– Eles morreram. – Esse foi o jeito dela me fazer engolir minha curiosidade.

– Ah. – Foi o único som que consegui soltar.

– Tudo bem, já foi há bastante tempo, por que acha que eu tenho que visitar um psicólogo toda semana? – Ela falava de forma tão natural que chegava assustar.

– Eu pensava que era pelo seu temperamento. – Falei sem pensar.

– Que temperamento. – Falou ela enquanto se sentava dando um sorrisinho desafiador.

– Bem, eu posso usar a primeira vez que te vi como argumento. – Falei me sentando na mesma mesa que ela.

– Isso é golpe baixo Pedro. – Ela começou a rir, mas parou aos poucos e olhou para mim como se pudesse ler minha mente. – Pode perguntar.

– Como foi que aconteceu?

– Acidente de carro. Eu tinha oito anos quando aconteceu. – Novamente ela falou com naturalidade, como se repetisse aquilo várias vezes. – Eu fiquei traumatizada, e como eu só tinha eles de família em Chicago eu fui mandada para o Brasil para morar com a minha avó. Foram anos de terapia até conseguir para de ter ataques de pânico, mas eu ainda não consigo andar de carro sem pirar.

– Então você só vai aos lugares a pé?

– Não, meu problema só se aplica a carros, eu consigo andar de ônibus, moto, vans e tudo mais, menos carros.

– Nossa.

– É não é fácil. Mas e você, por que tem que ir a um psicólogo?

A verdade era que eu não estava pronto para conversar sobe isso com alguém, mas ela se abriu com tanta facilidade para mim que tive que criar coragem para fazer o mesmo.

Eu esperava simplesmente soltar tudo o que aconteceu, mas eu errei de forma absurda.

Quando comecei a pensar por onde começar, minha visão ficou embaçada, eu já sabia o que estava acontecendo, eu iria desmaiar de novo, mas dessa vez eu tentei lutar contra isso, outro erro. Tudo começou a ficar escuro, as sombras ficaram mais assustadoras, os barulhos mais altos, eu me encolhi e comecei a olhar nervoso para as coisas.

Eu estava tendo um ataque de pânico.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.



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