Amores de Ensino Médio escrita por Pedro Campos


Capítulo 6
Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Hey galera venho trazer mais um capítulo.
De volta ao colégio Pedro tem que enfrentar grandes desafios e algumas mudanças, mas no final de seu primeiro dia ele tem uma pequena surpresa o esperando.



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– Você não é daqui né? Seu sotaque é diferente. – Digo enquanto eu e Hope comemos sorvete em uma sorveteria próxima ao consultório, achei que seria uma boa maneira de conhecê-la.

– Eu sou de Chicago, vim para o Brasil aos oito anos. – Falou ela antes de voltar ao seu sorvete. – Por isso o meu nome estranho.

– Não é estranho. – Pensei um pouco. – Só não é muito normal aqui.

– Ou seja, estranho.

– Por que acha isso?

– As pessoas não costumam responder muito bem ao que não estão acostumadas.

– Entendo seu ponto de vista.

– Por algum acaso você pensou em usar esse sorvete como uma forma de me conhecer melhor antes de passar três meses comigo? – Falou ela com um olhar um tanto desafiador.

– Ah, admito que sim.

– Bem, vou logo avisando que não vai funcionar. – Falou ela enquanto se levantava. - Você vai precisar muito mais do que um sorvete para me desvendar Pedro. Sou mais misteriosa do que você imagina.

– Então é um desafio?

– Veja como quiser.

– Eu aceito. – Falei sorrindo.

– Então boa sorte. – Ela sorriu. – Agora tenho que ir, foi legal conhecer você.

– Digo o mesmo sobre você.

– Até mais Pedro. – Ela se virou e começou a sair.

– Até mais Hope.

...

E finalmente meu “primeiro” dia de aula.

Eu não podia mentir, estava muito nervoso, na real eu nem consegui dormir. Eu não me lembrava de já ter passado por isso em qualquer outro primeiro dia de aula, até mesmo em colégios novos, mas por algum motivo esse podia ser meu pior primeiro dia de aula. E o que eu mais temia era dar de frente com Yas, acho que eu ainda não estava pronto para vê-la de novo como só uma amiga, mesmo sabendo que nada do que houve no coma aconteceu de verdade.

Quando Giovana que estava dormindo na cama de baixo foi me acordar percebeu que eu já estava acordado com o olhar fixo no teto.

– Ei. – A escutei falando e olhei para ela. – Tudo bem?

– Acho que sim.

– Acha que está pronto para isso?

– Só vou saber se tentar.

– Então vamos lá.

Eu nem lembrava ao certo qual era minha rotina matinal, levantar, tomar banho, colocar o uniforme, tomar café, me despedir de todos e sair, eu sentia saudade disso. A diferença agora era que Giovana me acompanhava, mas logo tive a surpresa da companhia de Nathalia e Davi.

– E aí como está se sentindo? – Perguntou Davi com aquele ar preocupado de sempre dele.

– Bem melhor eu acho.

– Acha que já está pronto para encarar o colégio? – Perguntou Nathy.

– Acredito que não.

– Isso é ruim. – Continuou ela.

– Ei, menos não pressione tanto ele. – Advertiu Giovana.

– Tudo bem Gi, eu estou bem. – Falei com um suspiro.

Depois disso fomos andando em silêncio até o colégio, o que não foi muito tempo. Quando cheguei à entrada eu estava quase para vomitar, mas aguentei firme, ninguém me abordou com perguntas indesejadas, bem pelo menos não ainda, e isso era bem estranho. O pátio externo estava mais vazio do que o normal, quando entrei ali me lembrei logo do primeiro beijo que dei em Nathy, foi um dos melhores momentos que passei ali. Subir as escadas foi até um pouco nostálgico, parecia que eu havia passado anos longe daquele lugar e ao mesmo tempo graças ao coma parecia que eu só estava a alguns dias longe, era estranho, minha cabeça estava começando a girar de novo, mas fui impedido de entrar em crise quando várias pessoas gritaram juntas me dando um certo susto:

– Surpresa! – Gritaram todos da minha turma e de outras juntos, estavam todos apertados na minha antiga sala, na parede havia uma faixa dizendo “Bem-vindo de volta Pedro!!” , bem era essa parte que eu gostaria muito de evitar, e isso me assustava, antes do coma eu adoraria isso, essa atenção, mas agora eu só queria não ser visto.

– É... – Foi a única reação que consegui ter.

Todos, ou quase todos vieram falar comigo, vários que eu nem conhecia me deram abraços, algo que não gostei muito, mas foi legal rever meus amigos de verdade, Thiago, Will, Julia e a que eu estava menos ansioso para rever, Yas.

– Oi. – Falou ela com um sorrio carinhoso.

– Oi. – Respondi retribuindo o sorriso, mesmo com grande parte de mim querendo escapar daquela situação correndo.

– É bom ter você de volta. - Puder sentir sinceridade no que ela falava, mas isso ainda não mudava o fato de que eu não queria vê-la agora.

– Obrigado. - Falei e fui cumprimentar outras pessoas para fugir daquilo, nem olhei para trás para ver a expressão dela.

Quando finalmente a festa de boas vindas acabou, após consumir dois tempos de aula, o professor de matemática entrou e depois de me dar calorosas boas vindas iniciou a aula para o meu alívio.

Isso não durou muito.

A aula andou normalmente até a hora da chamada. Quando o professor terminou percebi que meu nome não foi chamado.

– Professor? – O chamei.

– Sim?

– O senhor não chamou meu nome.

– Não? – Ele verificou na listagem. – Ah, ele não está aqui.

– Não?

– De uma passada na secretária para ver isso, por favor.

– Tudo bem. – Me levantei e fui até a secretária. – Com licença.

– Sim? – Respondeu a Lucila, a secretária do colégio, sou obrigado a dizer que segundo lendas ela já trabalhava nesse colégio desde sua fundação, o que foi a bastante tempo atrás, mas muitos dizem que essa mulher é imortal.

– É que meu nome não está na listagem da minha turma. - Falei tentando manter a calma.

– Qual seu nome e sua turma?

– Pedro, 1003.

– Deixe-me ver. – Ela abriu várias pastas e começou a olhar papéis. – Ah, entendo.

– O que houve?

– O sistema trocou você de turma.

– É o que? Como assim?

– Está surdo? O sistema mudou você de turma.

– Mas por quê? Em qual turma estou agora?

– O sistema faz isso às vezes. Agora sua turma é 1002.

– Nossa, que maravilha. – Essa era outra coisa que eu havia adquirido com o coma, eu estava me irritando com muita facilidade, por isso nem percebi que havia aumentado meu tom de voz.

– Que tal maneirar seu tom de voz em? – Ela falou de tal maneira que gelei e recuperei a razão.

– Desculpe.

– Agora vá para 1002, você está perdendo aula.

– Tudo bem. – Mesmo com raiva mantive a calma e fui. Voltei para 1003 e juntei meu material sobe o olhar de todos, mas me mantive calado e saí indo para 1002, quando entrei fui direto a mesa do professor que era o de Química no momento, expliquei minha situação e ele me mandou arrumar uma cadeira, foi o que fiz, me sentei na última cadeira de novo sobe o olhar de todos, até o professor dar continuidade a sua aula, então todos voltaram a me ignorar, menos Davi e Nathalia que ficavam olhando para trás a todo o momento tentando se comunicar comigo, mas os ignorei.

Ao final da aula eles tentaram vir falar comigo, mas assim como no intervalo me esquivei deles e sai da sala indo direto para a saída, o certo era esperar Giovana, mas eu não estava pensando direito então continuei andando sem me importar com isso, por não conseguir pensar direito não percebi a pessoa que andava ao meu lado até que ela falou comigo.

– Aonde vai com tanta pressa senhor sorvete?

– Ahn? – Falei surpreso e olhei sem reconhecer a voz. – Hope?

– Como vai Pedro? Não muito bem pelo visto, parece nervoso, aconteceu alguma coisa?

– Estava me seguindo?

– Não, eu estava te acompanhando.

– Desde quando?

– Desde que você saiu da escola lá atrás.

– Você estava me esperando?

– Sim, resolvi fazer uma visitinha, lembra estamos presos um ao outro até o fim do tratamento, então pedi ao Miguel todas as suas informações, sabe para poder andar mais com você, acho que isso iria acelerar o tratamento e você poderia se livrar de mim mais cedo do que imagina, então enquanto coletava informações sobre você descobri que voltaria para escola hoje, aí vim para saber como foi.

– Horrível.

– Ah que pena. – Pude sentir certo tom de sarcasmo na voz dela, mas tentei ignorar. – Mas por que esse veredito tão ruim?

– Eu não queria uma festa de boas vindas, só queria voltar e ter tudo como era antes do...

– Coma?

– Sim. E para completar ainda me mudaram de turma, e isso com certeza não faz as coisas serem como eram antes. – Resolvi não contar sobre Yas, a presença dela havia detonado algo dentro de mim, agora pensando com mais clareza pude perceber isso, e assim descobrir o foco de toda aquela raiva, é eu seria um ótimo psicólogo para mim mesmo.

– Coitadinho dele. – Agora ela estava sendo muito sarcástica. – O mundo dele está desmoronando.

– Afinal de contas, por que está me seguindo?

– Já disse que não estou te seguindo, estou te acompanhando.

– Por quê?

– Porque eu quero.

– Isso não faz muito sentido.

– Entenda Pedro. – Ela me fez para, ficou na minha frente e colocou o dedo indicador no meu peito. – Eu nunca irei fazer sentido para você.

– Mais um desafio Hope?

– Quem sabe? – Ela voltou a andar me deixando para trás, então apressei o passo para acompanha-la.

– Olha só, quem está seguindo quem agora. – Ela falou com um sorriso travesso no rosto.

– Não estou te seguindo, estou te acompanhando.

– Aprendeu né? O que posso fazer? Sou uma boa professora.

– Um pouco convencida também.

– Ei! – Falou ela e depois riu. – Manteremos esse detalhe de fora.

– Tudo bem. – Não pude deixar de rir também.

– Está melhor?

– Sim, obrigado.

– Pelo que? Não lembrou de ter feito nada.

– Por ter me animado. Eu precisava disso.

– Ah não foi nada.

– Posso te fazer uma pergunta?

– Depende se for sobre a cor da minha calcinha eu não responderei.

– Não. – Falei sentindo meu rosto esquentar.

– Estou brincando. – Ela riu. – Você ficou todo vermelho.

– Isso não tem graça. – Mesmo assim tive que segurar o riso, então continuei. – Na primeira vez que a vi, você estava saindo do consultório do doutor Miguel e estava bastante nervosa, qual o motivo daquilo?

– Ah, aquilo acontece às vezes, esse é um dos motivos para eu visita-lo, de vez em quando tenho certa variação no meu humor e quase sempre essa variação me faz ter ataques como aquele.

– Entendo. Mas existem outros motivos para você ter que visita-lo?

– Isso virou uma entrevista? – Pude notar um pouco de raiva na voz dela, percebi que ultrapassei algum limite. – Preciso ir, prometi para minha avó que não demoraria na rua, nos vemos depois certo?

– Tudo bem, me desculpe se falei demais. – Falei meio sem jeito.

– Eu sabia que você faria isso em algum momento, mas eu o perdoo, às vezes sou assim também. – Ela riu e se virou indo embora.

Fiquei parado a olhando ir. Ela era misteriosa, mas eu estava a fim de desvendar os mistérios dessa garota.

Novamente mergulhado em pensamentos não percebi o soco da Giovana vindo, até que ele me acertou.

– Aí! – Exclamei.

– Você está louco? Por que foi embora sozinho? Eu estava morta de preocupação, você merece muito mais do que um soco Pedro.

– Desculpa, eu estava meio desligado, não percebi que sai sem você.

– Cara se a mamãe descobre isso ela me mata e depois mata você também.

Ela reclamou até chegarmos em casa, assim que cheguei fui direto para o meu quarto e me joguei na cama, era o momento que eu mais esperava desde a hora que saímos de casa de manhã, só deitar ali, no meu território.

Fiquei olhando para o teto, era engraçado pensar que minha relação mais duradoura era com meu teto, não importa o que acontecesse (tirando terremotos, furacões, tsunamis e outros eventos naturais, e também coisas provocadas pelo homem) ele sempre estaria lá, bem se ele não estivesse ou eu estaria morto e enterrado embaixo dele, ou eu não teria mais quarto. Enquanto olhava para o teto comecei a pensar em Hope, era cedo demais para dizer que eu estava apaixonado por ela, mas eu começava a sentir uma ligação forte s e formando entre nós dois, e eu não sabia se gostava ou não disso, o coma havia me mudado e eu ainda não sabia se para melhor ou para pior e isso me assustava muito, mas independente disso eu estava certo de uma coisa:

Eu iria desvendar os mistérios da Hope.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do novo capítulo, até sexta que vem :D



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