Amores de Ensino Médio escrita por Pedro Campos


Capítulo 2
Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos leitores o/
Consegui entregar o capítulo um dia antes do previsto!!!
Espero que gostem do recomeço.



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Era muito desconfortável.

Depois que os médicos me deixaram em paz minha mãe entrou, pude sentir de cara o desespero dela, ela me encheu de beijos, promessas e proibições, era melhor eu anotar aquilo tudo. Logo depois minhas duas irmãs, Giovana e Maria Clara, uma de quatorze e outra de seis anos, elas ficaram bastante tempo conversando comigo, até meu pai chegar.

– Fala aí garotão. – Falou ele mexendo no meu cabelo. – Você deu um baita susto na gente.

– Juro que não tive culpa por entrar em coma. – Falei e dei um sorriso fraco, até sorrir era difícil ainda.

– Você tem que se recuperar um pouco mais e logo depois levaremos você para casa.

– É ir para casa seria bom. – Suspiro.

– Tem mais alguém querendo te ver.

– Quem?

– Sua namorada.

– Yas?

– Que eu saiba você namora a Nathalia. – Meu pai sorri se divertindo com minha confusão.

– Espera então eu não terminei com a Naty?

– Não que eu saiba, você levou o tiro na noite em que ela viajou. Pelo que soubemos foi uma tentativa de assalto bem na frente da nossa casa.

Ok, isso virou completamente o mundo de cabeça para baixo, afinal com essa informação todos os últimos seis meses haviam sido excluídos da realidade, nada havia acontecido, foi tudo um sonho, ótimo.

– Posso chama-la? – Perguntou meu pai.

– Ah. Sim, claro. – Digo finalmente.

Ele a chamou e ela entrou rápido, sem nem esperar ele terminar a frase.

– Pedro! – A alegria em sua voz era animadora. – Meu amor.

– Naty. – Falei me ajeitando na cama.

– Meu Deus como fiquei preocupada com você. – Ela sentou na cama e me encheu de beijos. – Você me assustou.

– Desculpa, da próxima vez tento desviar da bala. – Rio fraco.

– Nossa até depois de dois meses de coma você consegue ser um bobão. – Falou ela acariciando meu cabelo. – Senti tanto sua falta... Algumas vezes quase perdi as esperanças, mas sabia que você era mais forte do que isso. Mas diga como é estar em coma amor?

– Foi muito estranho, parecia que eu ainda estava acordado, vivendo minha vida, e se passaram seis meses, e do nada... – Paro de falar e me lembro da parte em que levei um tiro, ainda era assustador, de fato eu não me lembrava do tiro real, só lembro de estar saindo da casa de Nathalia e do nada ficou tudo escuro, mas o tiro no sonho eu me lembrava de cada detalhe, o tiro, a dor, a morte. Naty percebeu minha expressão.

– Ei, se não quiser contar não precisa, deve ter sido bem ruim. – Ela simplesmente me beijou e continuou acariciando meu cabelo. – Eu te amo ok?

– Eu também te amo. Desculpa por ter te dado esse susto.

– Não importa mais, agora você está aqui comigo de novo.

– Vou aproveitar essa nova chance. – Sorrio e a beijo de novo.

Depois que todos foram embora, eu finalmente pude meditar um pouco, eu não estava com sono, cansado talvez, mas com sono não, afinal dois meses apagado deviam acabar com todo meu estoque de sono.

Mesmo assim antes de notar eu já estava dormindo, eu não sabia como explicar, mas diferente do coma agora eu sabia que estava sonhando, talvez aquilo fosse dormir de verdade. Sonhei que estava na rua da minha casa, era de noite e eu estava sozinho, até que um homem pelo que parecia ser, com um casaco preto com o capuz cobrindo a cabeça apareceu na minha frente, antes que eu pudesse reagir ele atirou em mim, foi desesperador estar a beira da morte de novo, eu sabia que era só um sonho, mas também sabia que por duas vezes eu havia passado por aquilo, mesmo só uma sendo real.

Acordei com um sobressalto, já era de manhã, a mesma enfermeira que eu havia visto quando acordei do coma estava ao meu lado com uma bandeja contendo algo que parecia purê de todas as coisas ruins que existiam no mundo.

– Bom dia. – Falou ela com um sorriso estampado no rosto. – Dormiu bem?

– Mais ou menos. – Disse me ajeitando na cama. – Tive alguns pesadelos.

– Isso é normal, levando em conta o trauma que você teve, mas logo você vai superar isso. – Ela parecia ser gentil. – Trouxe ser café, na verdade isso não é bem um café, é mais algo para te manter alimentado e dar as vitaminas que você precisa, mas como está de manhã preferimos chamar de café.

– Você por algum acaso colocaram tudo que tinha na cozinha no liquidificador para fazer isso?

– É uma pergunta válida. – Ela deu mais um sorriso e colocou a bandeja em meu colo.

– Ok, vamos lá. Talvez não seja tão ruim. – Falei rindo tentando esconder o nervosismo e arrisquei uma colherada. Na real aquilo não era ruim, parece que quando você mistura tudo que tem na cozinha você cria um sabor exótico. – Ei, não é ruim.

–Sério? – Perguntou a enfermeira com uma expressão que parecia me chamar de louco.

– Sim. Não sei se é mais um efeito colateral do coma, mas eu gostei.

– Talvez seja um efeito colateral, pois acho que ninguém nunca gostou dessa gororoba.

...

Eu tive que ficar mais algumas semanas no hospital, eu precisava fortalecer todo o meu sistema antes de ir para o mundo, pelo menos era isso que os médicos diziam, mas eu não via a hora de sair, não que o hospital fosse ruim, mas eu havia nascido com uma curiosidade incrível, e não saber o que estava acontecendo fora do hospital era de matar. Recebi muitas visitas durante esse tempo, familiares, amigos e até pessoas que eu nem conhecia. Mas a visita que mais me alegrou foi a de duas pessoas que ainda não apresentei para vocês nessa história, Esther, não éramos amigos há tanto tempo, mas nossa amizade não era baseada em tempo e sim no laço que criamos, ela era como uma irmã mais nova pra mim era a pessoa que eu contava a maioria dos meus segredos, e também o Lucas, éramos amigos há bastante tempo, ele era um gênio, mais do que eu gostava de admitir e já havia me tirado de bastantes enrascadas. Os dois me visitaram na última semana que passei no hospital. Contaram-me as novidades, todas que eu precisava saber, aquilo me deixou um pouco menos afobado de sair do hospital, mas isso não queria dizer que eu queria ficar mais.

E então, finalmente eu estava livre, eu tinha que andar de muletas ainda, mais por garantia, pois eu achava que já conseguia andar sozinho. Assim que saímos pedi aos meus pais para que fossemos no melhor rodízio de massas da cidade, em minha posição eu tinha direito a desejos, e vou contar a vocês, eu nunca havia comido tanta lasanha como naquela noite, foi mágica. Quando chegamos em casa me senti um tanto aliviado, finalmente um ambiente familiar, admito que queria fazer um monte de coisas, mas a primeira que fiz foi deitar-me em minha cama. E ele estava lá, do jeito que eu o havia deixado, meu teto, às vezes eu me pergunto por que gosto tanto dele, ao meditar um pouco sobre isso penso que como o teto está apontando para o céu é como se fosse uma linha direta para Deus, mas no caso do meu teto era como se fosse a minha linha direta particular para Deus, e isso era maneiro.

– Finalmente. – Digo e suspiro. – Achei que nunca mais veria você. Que bela bagunça que eu fiz não é?

Fui interrompido por uma batida na porta, e então Giovana colocou a cabeça ali.

– Posso entrar? – Perguntou ela.

– Claro.

– E então, como se sente? – Ela se sentou na minha cama.

– Como se tivesse viajado, e passado bastante tempo longe, e agora voltei para casa.

– Imagino. – Ela queria fazer uma pergunta, eu podia notar em sua expressão.

– Pergunte. – Falei logo.

– Tudo bem. – Ela sorriu. – Você disse que foi como se estivesse acordado, mas era tudo um sonho, como foi esse sonho?

– Bem. – Fiquei um pouco desconfortável por ter que lembrar tudo. Mas contei todos os detalhes. – E foi isso. – Falei ao final.

–Nossa. – Foi a melhor reação que ela poderia ter tido. – Mas como você se sente agora, tipo, você e a Yas estavam namorando, então deve ter sido como se ela tivesse sido tirada de você a força.

– De certa forma sim, mas eu não entendo o que sinto. Mas eu não a amo mais, não como no sonho, eu havia desistido de ama-la quando comecei a namorar Nathalia, e isso não mudou, mesmo com o sonho e tudo mais. Porém por outro lado...

– O que? – Ela era curiosa assim como eu.

– Eu também não amo mais a Nathalia como eu a amava há três meses. É como se essa parte do sonho, a que eu me desapego a ela tivesse realmente acontecido.

– Então agora você não ama nenhuma das duas?

– Acho que sim. – Falei me sentindo um pouco mal por isso.

– Então vai terminar com a Nathalia?

– Não quero ter algo com ela se eu não a amo. – Às vezes me surpreendo com a falta de sorte que tenho.

– Então é isso? Você quer terminar? – Falou Nathalia da porta do meu quarto, eu e minha irmã olhamos assustados para ela. – Tudo bem então Pedro, terminamos. – Ela falou isso se virou e foi embora, e eu fiquei sem reação.

– Nathalia espera. – Tentei falar, mas já ouvi a porta da cozinha batendo. – Droga.

– Nossa. – De novo essa foi a melhor reação dela. – Pelo menos você não vai ter que terminar com ela, ela já fez isso por você.

– Nossa Giovana, você é ótima em ver o lado bom das coisas. – Falei sendo sarcástico.

Maravilha, esse foi um ótimo recomeço.


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Notas finais do capítulo

E então. Gostaram do capítulo? Se gostaram não esqueçam de comentar, e se não gostaram não esqueçam de comentar também, o comentário de vocês me ajuda muito.

Até a próxima o/



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