Amores de Ensino Médio escrita por Pedro Campos


Capítulo 14
Um Novo Teto


Notas iniciais do capítulo

O fim está cada vez mais próximo para Pedro? Ou será que é só um novo começo que se anuncia?



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Tem um momento na sua vida que você percebe que não é mais o mesmo, tenho certeza que isso não aconteceu só comigo, talvez seja mais um dos atributos da puberdade. Quando amadurecemos deixamos de lado uma parte de nós que nos mantinha infantilizados, depois de um ano como o que vivi minha parte infantil já estava em um canto esquecida, mas naquela noite ela voltou à tona. Eu quis com todas as forças que Hope ficasse, mesmo me sentindo uma criança que está perdendo algo que gosta, eu sabia que ela não tinha escolha, e isso fazia doer mais ainda.

...

Tudo mudou quando Hope voltou no dia seguinte, assim que me viu abraçou-me com força, seu cheiro doce me atingiu em cheio, podia ser egoísmo, mas eu desejava que aquele abraço nunca terminasse, pois ter ela em meus braços já tranquilizava ainda mais o meu mundo, ela olhou em meus olhos e me beijou, eu ainda não estava entendendo o que estava acontecendo, mas não me importava com as situações ao meu redor quando tinha a ali comigo, ela era tudo o que eu precisava.

– Eu conversei bastante com a minha avó. – Falou ela após nos separarmos do beijo.

– Conversou sobre o que? – Indaguei.

– Sobre ficar aqui. – Quando ela percebeu meu entusiasmo vindo à tona logo me interrompeu. – Ela ainda está pensando na possibilidade, não tenho certeza de nada ainda amor.

– Hope! – Exclamei me entusiasmando mesmo assim. – Já é um grande passo.

– Sim, mas como eu disse, ainda não tenho certeza de nada, tudo dependa da minha avó.

– Já me sinto um pouco mais aliviado. – A puxei para perto de mim novamente e voltei a beija-la, meu mundo ao menos continuaria no lugar de sempre.

...

Bati na porta do quarto da Giovana já um pouco tarde, mas ela nunca dormia antes de mim, então sabia que ela estaria acordada. Mais cedo enquanto eu estava com Hope, Giovana pediu para que eu a procurasse depois, isso me deixou bastante intrigado, mas como eu queria aproveitar meu tempo com Hope deixei o assunto de lado. Ela abriu a porta e fez um gesto com a cabeça me mandando entrar.

– O que quer comigo? Aviso logo que não tenho dinheiro. – Comecei.

– Não quero dinheiro bobão. – Ela me deu um soco no peito de leve, mas ela com toda certeza era mais forte que eu então doeu mais do que demonstrei. – Senta aí, preciso te contar uma coisa.

– Lá vem. – Me sentei na cama dela e esperei. Ela andou em circulo algumas vezes até que finalmente parou na minha frente.

– Por favor, não me fique bravo comigo.

– O que você fez Giovana? – Perguntei já entrando em alerta.

– Eu sei que você vai pensar que eu te trai, mas é que eu pensei bastante nisso e tomei minha decisão.

– Você me entregou? Contou que fui eu que quebrei a janela do vizinho ano retrasado? Como pode Giovana?

– Não é isso Pedro. – Isso me tranquilizou bastante, ninguém nunca descobriu que fui eu que chutei aquela bola na janela do vizinho. – Eu vou para Minas com nossos pais.

– Você o que?

– Eu pensei bastante e não tenho nada me segurando aqui, você tem a Hope e seus planos, mas eu vejo um futuro melhor lá, ao lado dos nossos pais.

– Bem... É triste saber que não vou contar com minha maninha do meu lado no próximo ano, mas acho que você deve ter ótimos motivos para tomar essa decisão e irei respeitar isso.

– Você aceitou melhor do que eu esperava.

– Gi, você é minha irmã e vou te amar independente das escolhas que você faça, a não ser é claro que você tente me matar, ai vou te amar menos, mas nunca irei deixar de te amar. – A abracei forte e ela me socou. – Ei.

– Desculpa força do habito. – Falou ela rindo.

– Agora entendi porque você rejeitou o Lucas.

– Não quero falar sobre isso.

– Tudo bem.

– E a Hope?

– Ainda não sabe se vai ficar ou não. – Falei claramente afetado. – Não sei o que farei se ela for, não estou pronto para perdê-la.

– Você nunca irá perdê-la Pedro, aquela garota te ama mais do que você imagina, e mesmo longe eu duvido que esse amor vá se esfriar.

...

Enquanto olhava para o meu teto fiquei pensando no que Giovana havia dito, eu nunca deixaria de amar a Hope mesmo se ela fosse embora? E ela? Continuaria me amando mesmo longe? Nós nos ajudamos, resolvemos nossos problemas juntos, mas isso era o suficiente para selar nosso amor? Conhecíamo-nos há somente seis meses, era tempo o suficiente para o amor ficar forte até para a distancia?

Essas perguntas ficaram assolando minha cabeça durante longos minutos, nesse tempo fiquei olhando para o teto até que não aguentei mais olhar para aquele espaço branco. Levantei-me, coloquei meu costumeiro casaco azul e sai. Fui em várias lojas até encontrar o que eu precisava, quando voltei para casa peguei a escada e fui para o meu quarto. Eu havia comprado três latas de tinta, alguns pincéis e peguei vários cobertores velhos para cobrir meus pertences, então coloquei a mão na massa, ou na tinta se preferir, e pintei meu teto de ponta a ponta, no final eu tinha um teto pintado com uma mistura de preto com azul e pontos brancos espalhados, Maria Clara entrou em meu quarto e deu a resposta que eu precisava para saber se deu certo.

– Parece o céu de noite. – Falou ela. – Está lindo irmão.

– Obrigado Clarinha. – Respondi e a peguei no colo. – Agora sempre que eu olhar para cima estarei olhando para o céu.

– Mamãe vai brigar com você.

– Com certeza maninha. – Sorri enquanto admirava minha obra. – Com certeza.

...

E realmente minha mãe brigou comigo durante meia hora para no final dizer que havia ficado bonito, vai entender. Eu ainda não havia entendido o motivo do meu surto de criatividade, mas isso tinha me deixado mais calmo, fazer uma loucura daqueles fez com que eu me sentisse mais vivo, não era nada comparado as encrencas que eu me metia quando menor, eu fazia o que fazia sem motivo, só para tirar onda com a cara dos outros, mas pintar meu quarto realmente valeu a pena, foi algo útil no final, eu ainda não sabia, mas aquela foi a primeira de muitas loucuras que eu faria.

...

Hope veio ver minha obra de arte no dia seguinte, ela ficou parada por um tempo olhando para cada estrela como se cada uma tivesse um significado, depois olhou para mim com um grande sorriso.

– Está lindo. – Falou ainda sorrindo e depois me beijou. – Mas por que fez isso?

– Não sei, eu estava pensando demais e minha cabeça estava ficando uma bagunça, então resolvi pintar e tudo ficou mais claro.

– E chegou a uma conclusão?

– Sobre o que?

– Sobre o que você estava pensando.

– Ah sim.

– E qual foi?

– Eu entendi que não importa onde você estiver ou com quem estiver, eu sempre amarei você. – Ela não disse nada só me beijou, era como se estivéssemos de volta aquele parque quando nos beijamos pela primeira vez, mas havia algo diferente, ela começou a chorar. – Meu beijo não pode ter sido tão ruim assim.

– Não é isso Pedro. – Ela riu enquanto limpava as lágrimas.

– O que foi então? – Perguntei acariciando seu rosto.

– Você foi a melhor coisa que me aconteceu.

– Posso dizer o mesmo de você, mas por que está chorando então?

– Porque é o fim Pedro.

– O fim? – Quando percebi onde isso iria acabar já era tarde demais.

– Eu quero terminar, eu vou embora Pedro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse penúltimo capítulo.



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