Amores de Ensino Médio escrita por Pedro Campos


Capítulo 15
Seguindo Em Frente


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao final de mais uma história, esse capitulo trará algumas despedidas e iniciara novas histórias.



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Sem pensamentos filosóficos dessa vez, eu estava muito irritado, com a Hope, comigo, com a vida e tudo mais que resolvesse me irritar.

Em primeiro lugar a notícia da Hope não terminou com nosso rompimento, ela ainda teve que jogar o resto das cartas.

– Não sei como será daqui para frente. - ­ Continuou ela. - ­ Talvez eu volte, mas quando eu voltar não quero continuar nosso namoro, esse rompimento é definitivo.

­- Você não está terminando comigo por causa da viagem né? ­ - Conclui. - ­ Tem algo mais ai.

­- Pedro, nós fomos necessários um para o outro, nos ajudamos com nossos problemas, e foi maravilhoso enquanto estivemos juntos, mas eu não sinto o mesmo que você sente por mim.

­- Você não me ama, é isso.

­- Não é isso Pedro, eu amo você, mas não da mesma forma que você me ama, não o suficiente para namorar você, e não acho justo iludir você dessa forma.

– Não acha justo me iludir mais do que me iludiu até agora. - ­ Eu não estava fazendo por querer, no fundo eu entendia o que ela queria dizer, mas outra parte de mim não queria aceitar e minha voz estava ficando amargurada, Hope percebeu isso.

­- Pedro, não fica assim, eu estou fazendo isso porque não acho justo estar com você e não te amar da mesma forma que você me ama.

­- Por favor, vai embora. - ­ Falei com a voz áspera.

­- Pedro...

­- Vai embora Hope. ­ - Evitei olhar em seus olhos e dessa vez ela se virou e foi embora, de relance pude a ver virando para mim antes de ir, mas seja lá o que ela queria dizer desistiu e se foi.

...

Recusei-me a falar com qualquer pessoa pelos três dias seguintes, nem do meu quarto eu saia se não fosse para fazer minhas necessidades ou comer, durante o restante do tempo eu ficava deitado olhando para o meu teto recém pintado.

Aquele não tinha sido o primeiro fora que eu havia tomado, mas por alguma razão foi o que mais doeu, talvez por eu ter criado tanto apego por ela, foi como ela disse, fomos necessários um para o outro, mas diferente dela eu havia criado um laço mais forte por causa disso.

No quarto dia Giovana ignorou meus avisos de que não queria ser incomodado e entrou no meu quarto, sentou na ponta da minha cama e ficou olhando para o teto estrelado, agora não só eu ficava olhando para ele, mas todos que entravam.

­- Ela falou comigo. ­ - Começou minha irmã.

­- Que não me ama o suficiente? E por isso não quer mais ficar comigo? ­ - Interrompi.

­- Sim. E eu a entendo.

­- Entende? ­ - Falei me sentando na cama.

­- Eu estou indo para Minas pelo mesmo motivo.

­ - Por não me amar?

­ - Por não te amar o suficiente. Você tem um coração muito grande e ama demais os outros, e as pessoas que não tem essa capacidade acabam se sentido mal por isso. Entenda não é um defeito, mas uma qualidade que poucos têm.

­ - Então eu amo demais os outros.

­ - Você é um dos poucos que leva a sério o mandamento de amar ao próximo, mas esquece do resto que é “como a ti mesmo”, primeiro você tem que se amar para depois amar aos outros. Você amou Nathália de tal forma que saiu da casa dela quase de madrugada e levou aquele tiro, você amou Yasmym de tal forma que quando acordou não conseguia nem mais ficar na sala dela de tanta dor que sentia por não estar com ela, você amou Hope de tal forma que não percebeu que não estava em um bom relacionamento. E quem sempre sofre com isso é quem te ama, por não conseguir te amar o suficiente para não deixar você sofrer.

­ - Eu não tinha pensado dessa forma.

­ - Porque você não pensa em você Pedro. - ­ Ela sentou mais perto de mim e mexeu em meu cabelo. - ­ Desde que você conheceu a Hope, qual foi a última vez que você comeu lasanha?

­- Faz bastante tempo.

­- Porque você estava tão concentrado em manter a Hope feliz que se esqueceu de se fazer feliz. É um ciclo Pedro, um ciclo que se repete todas as vezes que você se apaixona, e é um ciclo que você tem que quebrar.

...

Um ciclo que eu tinha que quebrar, mas como eu faria isso?

Então eu me lembrei dos milhares de filmes que assisti quando pequeno. Quebrei meu cofre e peguei as maiores notas que encontrei, fui até o final da minha rua e peguei um táxi.

­- Para o aeroporto, por favor. ­ - Falei ao Taxista.

Ele pisou no acelerador e parti, eu esperava não cometer um erro, ou que ela não tivesse viajado ainda. Durante há quase uma hora que passei no táxi fiquei escrevendo mentalmente o que diria para ela, mesmo sabendo que na hora eu me enrolaria e não diria nada do que havia pensado. Quando finalmente cheguei, paguei o taxista e pulei do carro, correndo para tentar encontrar o portão onde ela embarcaria.

Em um momento de descuido acabei esbarrando em alguém que cairia se eu não a segurasse na hora, quando ela recuperou o equilíbrio me vi de frente para uma garota, talvez da minha idade, tinha pele morena, meio amarela talvez, cabelos de um castanho nem tão escuro, mas também nem tão claro e seus olhos eram castanhos também, da cor de avelãs, tinham um brilho travesso, ela riu e se desprendeu de mim.

–­ Cuidado por onde anda cara. ­ - Falou ela em um tom sério, mas tentando esconder uma risada.

­- Desculpa, a culpa foi minha, mas se me da licença.

­- Eu sei que foi sua, sou Natalie. - ­ Não sei o motivo de ela ter se apresentado, talvez fosse nova no estado.

­- Sou Pedro, mas tenho que ir. ­ - Desviei dela e ignorei o que ela falou depois, mesmo com meu senso de educação entrando em pânico.

Continuei procurando até encontrar o portão, tinha muitas pessoas ali, mas seria impossível eu não reconhecer Hope, ela havia me visto antes de eu avista-la e veio andando até mim, eu a abracei e ela retribuiu. Pensei em beijar ela, mas não achei muito adequado.

­- Eu quis ir me despedir, mas achei que você não iria querer me ver. ­ - Falou ela.

– Na verdade eu não queria mesmo, mas eu não podia deixar você ir sem antes dizer algo.

­- O que?

­- Eu entendo você, eu não vou me desculpar por ter te amado, mas eu entendo o que você sente e agradeço por ter feito com que eu abrisse os olhos para o que eu estava fazendo comigo mesmo. - ­ Ela pareceu entender todas as palavras e quando terminei me abraçou.

­- Eu sabia que você entenderia. ­ - Depois de dizer isso ela me beijou. Meu primeiro extinto foi dar um soco na cara dela, afinal ela terminou comigo, esmagou minhas esperanças e depois veio me dar beijinho? Sorte dela que nunca bateria em uma garota e que eu gostei o suficiente do beijo, sorte dela.

­- O que foi isso? - ­ Perguntei quando ela se afastou.

­- Meu beijo de despedida.

­- Foi horrível. - ­ Menti.

­- Eu sei que não foi. - ­ Ela sorriu convencida. - Então, até a próxima?

­- Até a próxima. - ­ Sorri e a abracei de novo. Depois que nos soltamos ela sorriu e foi se juntar a avó dela que me mandou um dedo feio, sério ela me mandou um dedo feio, eu sabia que aquela velha tinha algo contra mim, eu sorri e acenei para ela que sorriu e acenou também, velha maluca.

Enquanto as duas entravam no portão não percebi a presença ao meu lado.

­- Sua namorada? ­ - Perguntou a nova voz.

­- Quem... Natalie? Ah não, minha ex-namorada.

­- Por que ela estava com você?

­- Como assim?

­- Você é todo estranho e fica derrubando os outros no aeroporto e os ignorando e ela parece ser super educada.

­- Você acabou de me conhecer e já tirou essas conclusões sobre mim?

­- Você não é difícil de desvendar.

­- Está me chamado de fácil?

­- Sim.

­- Meu Deus.

­- Não coloque a culpa nele.

­- Não estou colocando.

­- Pare de reclamar e me ajude a encontrar a entrada, preciso chegar até minha família, ele vieram me buscar.

­- Mas eu não estou... Tudo bem. – Cedi.

Natalie era uma figura bem estranha, mas a ajudei a encontrar com sua família e por mais incrível que parece eles moravam no mesmo bairro que eu, até me ofereceram uma carona, que neguei já que não confiava muito em Natalie no mesmo carro que eu, ela parecia o tipo de garota que viraria o volante para ver se eu voava pela janela, então peguei um táxi e voltei para casa sozinho.

...

Uma semana depois minha família estava pronta para viajar, depois de muitas negociações consegui não ter que passar as férias em Minas, algo me dizia que não era hora de ir para lá ainda, eu teria um ano para me preparar para esse momento, mas não queria apressar as coisas.

Enquanto Giovana conversava com Lucas sobre algo que eu não fazia nem ideia do que era, meus pais ditavam as dez mil regras que tinham para mim, só peguei duas delas que logo depois foram esquecidas também.

­- Por favor, filho será só um ano, tenta se comportar. ­ - Falou minha mãe.

­- Eu tenho dezesseis anos, sei me comportar bem. ­ - Respondi.

­- Você tem dezesseis anos com muitos exemplos de que você não sabe. ­ - Falou meu pai.

­- Eu aprendi minha lição, vou me comportar, prometo. ­ - Tentei de novo.

­- Estamos confiando em você Pedro. ­ - Falou minha mãe

Os dois me beijaram e me abraçaram, seguidos de Maria Clara que tentou implorar para que eu fosse junto, eu quase fui quando ela começou a chorar, mas resisti bravamente já que eu sabia que era só mais uma jogada dos meus pais. A última foi Giovana que me deu um soco de leve no ombro e depois me abraçou.

­- Vejo você nas próximas férias. - ­ Falou ela. ­ - Tenta não se meter em encrencas.

­- Vou tentar. - ­ Menti. - ­ Vai esquentando o sofá de lá por mim.

­- Pode deixar. ­ - Ela sorriu e se juntou aos meus pais no carro.

Eu e Lucas fomos para a cobertura do prédio onde duas cadeiras e algumas latas de refrigerante nos esperavam, daria para ver o carro se afastando dali. Nos sentamos e abrimos nossas latas enquanto o carro sumia entre as ruas.

­- Parece que nós dois tomamos tocos esse ano. - ­ Falou Lucas.

­- Podemos dizer que foi um ano improdutivo.

­- Sua irmã me explicou o porquê dela ter dito não.

­- E você aceitou de boa?

­- Eu não tinha outra escolha. E você aceitou a Hope ter ido embora de boa?

­- Eu não tinha outra escolha. - ­ Bebi um gole do refrigerante. ­ - Mas ano que vem vai ser melhor.

­- Espero que sim, porque não tivemos muita sorte nesse.

­- Fazer o que? ­ - Estendi meu copo para fazer um brinde. - ­ São os amores de ensino médio.

–­ É, os amores de ensino médio. - ­ Lucas riu e fez o brinde.

­- Quer saber, vamos fazer com que o ano que vem seja o melhor ano de nossas vidas. - ­ Continuei

–­ O que pretende? ­ - Perguntou Lucas.

–­ Ainda não sei, mas temos que montar uma equipe, não tão grande, mas suficiente para altas loucuras.

­- Então quer chutar o balde, tipo sessão da tarde?

­- Cara esse ano foi horrível, eu estive a beira da morte, tenho que viver.

­- Afinal a vida é linda.

­- Exatamente! ­ - Exclamei levantando da cadeira. ­ - A vida é linda e precisa ser vivida.

­- Isso não vai dar certo. - ­ Falou Lucas rindo. - ­ Já vejo as encrencas.

­- E eu já vejo nossas Loucuras.

FIM

Será?


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Notas finais do capítulo

Terminamos mais uma jornada, agradeço imensamente a quem me acompanhou até aqui e espero que continuem comigo na próxima série. Em breve irei começar a continuação e seu nome será "Loucuras de Ensino Médio" fiquem ligados para novidades :D



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