Bloodlines Cancelada escrita por rmbnkwsk


Capítulo 2
Capítulo I. Delinquentes Escolares


Notas iniciais do capítulo

Olá meu queridos e amados leitores. -q
 
Sim, demorei um pouco, mas para mim até que foi rápido. Prometo postar o outro em menos tempo. Espero que gostem apesar de ser só o primeiro e estar meio longo.
 
Então, em cada capítulo terá uma música tema. Nem sempre a letra ou nome terá algo a ver, mas tudo bem. Neste capítulo a música é: Sun 41 - Pieces
 
Tenham uma boa leitura e reviews são aqui muito bem recebidos.



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   Eu odeio os verões de Green River.

 

 O clima faz com que as estações sejam bem definidas, e assim, os verões escaldantes e cecos. Até mesmo para dormir é ruim. Uma enorme sensação de desconforto sem fim. Então, você vai dormir cansado para acordar duplamente cansado.

 

  Realmente ótimo.

 

  Sem contar o maldito sol, que está sempre a pino e faz você parecer um copo de água gelada, transpirando. Pensando nisso, eu preciso de um copo de água gelada.

 

  É uma sorte o verão já estar no seu fim, porque, o ano letivo começara e todos sabem que é praticamente ridículo tentar pensar em um calor de 35º. O outono se anunciaria logo, com temperaturas mais frias e agradáveis. Bom, eu espero isso, pelo menos.

 

   Abri a janela do quarto, deixando o sol da manhã entrar. Talvez de inicio não tenha sido uma idéia muito boa, mas fiquei mais tranqüilo quando a cegueira rotineira passou. Fui até o banheiro tomar uma ducha e desci logo já com a mochila pendurada no ombro para comer algo. Denny estava lá, olhando pela janela com uma xícara – provavelmente de café – na mão direita. Na outra segurava o jornal que havia acabado de ser jogado no curto quintal de nossa casa, considerando o horário. Seu casaco estava pendurado no braço; daqui a alguns minutos ele iria sair.

 

   Meu pai era médico, e se orgulhava disso, porém, não se orgulhava de ser tão ausente para seus dois filhos. Nunca me incomodei de ter de cuidar de Jenny – apenas dois anos mais nova do que eu - completamente sozinho, mas seria bom ter um pouco de ajuda. Eu não o culpo. Sustentar dois filhos sozinho não deve ser fácil, e ele vivia de plantão por isso. Mas tínhamos que viver assim, desde que tinha sete anos, quando minha mãe Alicia, morreu.

 

    Seu cabelo curto já era praticamente dominado pelos fios grisalhos, deixando poucos vestígios do castanho que um dia esteve ali. Embaixo de seus olhos verdes havia grandes olheiras. Para um médico, sua aparência não era nada saudável.

 

-             Pronto para o trabalho? – perguntei, indo direto para a cozinha.

-             É... – ele respondeu, dando um longo suspiro.

 

     Fui para o armário procurar cereal. Bem, eu achei; a caixa, pelo menos.

 

-             Vou começar a exigir que a Jenny reponha as coisas aqui – apertei a tampa do lixo com o pé e toquei a caixa vazia ali.

-             Bom, preciso ir. – disse Denny vindo em direção à cozinha, um sorriso amarelo em seus lábios. Ele largou a xícara quase cheia na pia e vestiu seu casaco, indo em direção a porta. – Irei ficar de plantão hoje, não me esperem. Tchau filho.

-             Tudo bem. Tchau. – sorri brevemente antes de me virar para pegar uma xícara de café. O som da porta anunciou que ele já havia saído.

 

     Tomei meu café rapidamente e saí pouco tempo depois, indo para o purgatório.

 

     A escola não era exatamente o meu local preferido ou o auge do meu dia, mas era lá que eu encontrava meus amigos, e isso me dava um pouco de humor e esperanças de que um acidente trágico aconteceria com algum dos professores.

 

-             Ah! Vocês ainda não derreteram! – falei, me aproximando da garota próxima ao carro vermelho de pintura gasta.

 

-             Pois é, bom ver você também Ethan. – disse Paige sorrindo. Sua testa rosada brilhava com pequenas gotas de suor; os cabelos ruivos presos atrás da cabeça.

 

-             Seff e Elynna? – perguntei.

-             Dentro do carro. – Ela riu.

 

     Ficamos por alguns segundos apenas nos encarando, até que o velho mustang vermelho atrás de Paige começou a sacudir. 

 

-             Uau. Já estão assim? – soltei um riso abafado.

 

-             Espera aí, eu acho que... Achei! – Seff surgiu do nada, pulando para o banco da frente como em um mergulho. Sua cabeça se levantou, olhando para fora da janela. Acenei brevemente, rindo.

 

-             Ah, hey Ethan!

-             Achou? – ouvi a voz de Elynna.

-             Claro que sim. – Seff sorriu, mostrando na mão alguma coisa pequena e brilhosa.

-             Ah, você é meu herói! – Elynna apareceu agora, se inclinando para beija-lo.

-             É, eu sei. – ele sorriu.

-             Argh, isso é... Fofo. – Eu ri.

-             Dois votos. Vamos entrar e deixar os dois aí. – começamos a caminhar em direção a entrada, Paige se virou e gritou – Se protejam, crianças!

-             Você não presta – ri.

-             É, eu sei.

 

 

 #

 

 

       Elynna e eu teríamos os dois primeiros tempos de história juntos naquele dia, e logo que entramos na sala demos de cara com a Sra. Maryann, já escrevendo nervosamente na lousa. Não sei dizer se sua cara era de irritação ou se deus não foi muito bom ao cria-la, mas ela não parecia nada bem. Como sempre.

 

       Professora Maryann era uma senhora louca, doente, e anã; diga-se de passagem. A lousa era ocupada sempre da metade para baixo, o que causava o riso de muitos. Seus cabelos brancos estavam sempre presos em um coque sobre a cabeça, rigorosamente arrumados.

 

-             Agora que todos chegaram podemos começar. – disse ela, fazendo uma careta.

-             Ok, agora é oficial. Essa mulher me assusta. – falei baixo enquanto íamos para nossos acentos.

-             Vamos começar a aula, e não conversar! – ela berrou.

 

  Naquele inicio de manhã ela nos fez copiar um texto e vinte e cinco questões sobre o mesmo. Copiei; de má vontade, mas copiei. O calor não favorecia nada o meu estado de humor e a aquela altura eu já estava louco pra sentar a mão na cara daquela velha atarracada.

 

  A escola era algo que me fazia perder a paciência, mas pelo menos era alguma ocupação. Ultimamente ficar em casa significava ser escravo da internet ou simplesmente ficar olhando para o teto. Coisas que faziam com que eu me sentisse um completo inútil. Talvez arrumar um trabalho seria uma boa idéia. Não precisar mais pedir dinheiro para o Denny toda vez que eu quisesse fazer alguma coisa não parecia uma idéia tão ruim. E além do mais, se eu conseguisse algo bom poderia juntar para comprar um carro.

 

  Mas afinal, onde eu trabalharia? Não tinha nenhuma experiência... Poderia passar em algum bar ou mercado para ver se conseguia alguma vaga. Droga! Eu tenho que ir no mercado depois da...

 

-             Ethan? – voltei a mim ao ouvir a voz rouca e desregular da professora. Sem perceber, eu estava viajando, apenas olhando pela janela sem prestar a mínima atenção ao que acontecia. Ela me olhava já com a cara fechada, uma das sobrancelhas erguidas.

-             Hm... Desculpe, não estava prestando atenção.

-             Viram? É exatamente deste tipo de atitude que eu estou falando aqui! – ela começou a falar, praticamente gritando de indignação. A turma toda começou a protestar, mas foram interrompidos por outro berro. – E VOCÊS TRATEM DE ME ESCUTAR!

           Todos fizeram silêncio; na realidade, até eu me ajeitei melhor no assento.

-             Com esse tipo de atitude... Tanta imprudência quanto aos estudos! Alunos do terceiro ano... – Ela continuou seu discurso que agora duraria até o final da aula, provavelmente; mas depois de algum tempo tudo o que eu consegui ouvir foi parecido com “Blá blá blá”.

 

          Pelo estacionamento vazio – exceto pelos carros – pude ver três pessoas caminhando despreocupadamente, mochilas nas costas. O homem alto e esguio era seguido de duas mulheres; a primeira era atarracada, os cabelos castanhos lhe batiam na altura do queixo, se espalhando com uma brisa que anunciava os primeiros dias de outono. A outra era consideravelmente mais alta, só não mais que o homem; esta tinha os cabelos de uma forte coloração avermelhada que lhe caiam um pouco abaixo dos ombros.

 

           E isto era tudo que eu conseguia ver.

 

           Eles estavam de costas, caminhando em direção á um lindo Chevy Colbat SS preto; assim também eram os vidros, negros como o breu. Pude ter um breve vislumbre de seus pálidos rostos ao entrarem no veículo, mas estavam longe demais para prestar atenção. Eles apenas pareciam ser o tipo de pessoa da qual você costumar ter inveja; bonitos, endinheirados e estilosos. O carro deu partida cantando pneu, chamando a atenção de mais alguns alunos que ainda eram torturados pelo discurso inacabável da professora.

 

 

#

 

 

           Enquanto estávamos na cantina uma breve chuva começou, mas não foi nada demais. Nem mesmo o sol sumiu quando os poucos pingos de água começaram a desabar do céu.

 

           No meu horário ainda havia para aquele dia um tempo de química e dois de inglês. Em química eu estava sozinho, o que tornava as aulas pouco suportáveis por não me dar bem com quase ninguém daquela classe; meu consolo era estar com Seff e Paige em inglês.

 

           O dia passou rapidamente, e quando percebi já estávamos caminhando em direção ao desbotado mustang 1970 de Seff.

 

-             Ethan, você viu aqueles tipos que passaram pelo estacionamento enquanto estávamos levando um sermão no período de história? – perguntou Elynna, quebrando o silêncio estabelecido desde que saímos dos corredores apinhados de alunos ansiosos para chegar ás suas casas.

-             É, eu vi sim. – respondi surpreso por ela tê-los visto também.

-             Estavam matando aula? – perguntou Seff.

-             Acho que sim, mas não é isso. Eu nunca tinha os visto aqui antes. – respondi.

-             É, eu saberia se tivesse visto aquele gatinho em algum lugar. – Elynna riu. Paige pareceu surpresa, mas também riu.

-             Elynna, você é cara de pau. – ela falou entre gargalhadas.

           Seff fez uma careta e soltou sua mão, acelerando o passo.

-             Você conseguiu ver o rosto deles? – perguntei, contendo o riso.

-             Só de relance... Seff me espere! – ela acelerou o passo também, dando uma corridinha para alcança-lo.

-             Relacionamentos... – disse Paige.

-             Pois é.

 

          Andamos em silêncio o resto do caminho até o carro – onde Seff já estava a muito; Elynna tirou sua mochila das costas e começou a procurar por alguma coisa.

 

-             Algum plano para amanhã? – perguntou Seff.

 

 Droga!

 

 O amanhã do qual Seff se referia era o meu aniversário de dezessete anos, do qual eu não tinha a mínima idéia de que eles iriam lembrar. Para falar a verdade, eu até preferia mesmo que não lembrassem.

 

-             Hm, acho que não... É só mais um final de semana. – me fiz de desentendido,  franzindo o cenho.

 

  Elynna riu. Eu não fui nem um pouco convincente pelo jeito. Não era engraçado, e sim trágico.

 

-             Sim, nós sabemos. – ela mordiscou o canto do próprio lábio – Mas nós vamos nos encontrar nessa lanchonete ai, se quiser aparecer por lá... – ela sorriu me entregando um pequeno cartão colorido com a localização do lugar.

-             É opcional? – falei guardando o cartão no bolso.

-             Claro que não. Tchau gente. – Paige disse, já se despedindo.

-             Então está bem, vejo vocês amanhã as... Cinco e meia?

-             Ótimo! – Elynna falou feliz, indo para o lado de Seff que estava sentado no capô do carro. Me despedi e segui o caminho de casa que não era muito longe dali.

 

 Elynna morava quase do outro lado da cidade – como se esta fosse muito grande -, por esse motivo Seff sempre a levava para casa. Paige morava perto dali, assim como eu.

 

                  Eu caminhava em passos largos já quase chegando em casa quando lembrei de que deveria passar no mercado para repor algumas coisas que estavam faltando. E com uma paciência que eu não tinha, voltei.

 

                  O mercado mais próximo era do tipo pequeno, abafado e cheio. Parecia que toda a população daquela cidade resolvera fazer compras no mesmo dia. Esperei quinze longos e torturantes minutos na fila do caixa e quando finalmente dali sair, a chuva começou.

 

                  Minha sorte não existe. Simplesmente assim.

 

                  Eu estava podre de cansaço quando cheguei em casa e pingando, larguei as sacolas em cima da bancada. Subi me arrastando feito um zumbi; Jenny já deveria estar em casa nesse horário; não me preocupei checar. Atirei a mochila pela porta de meu quarto e fui direto para o banheiro; me despi e entrei debaixo da água quente.

 

                  Primeiramente o choque térmico da água quente atingindo meu corpo gélido foi extremamente desagradável, pude sentir cada músculo do meu corpo se contrair, mas depois de acostumado com a temperatura estes relaxaram, e esta sensação fez com que eu me sentisse quase dormente.

 

                  Eu precisaria comer alguma coisa, lembrou meu estômago fazendo barulhos estrondosos. Vesti-me rapidamente com algo confortável e me arrastei pelas escadas novamente.


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