Bloodlines Cancelada escrita por rmbnkwsk


Capítulo 3
Capítulo II. Herança Sanguínea


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos leitores. Sei que demorei duas semanas para postar um capítulo novo, e deixo aqui minhas sinceras desculpas por este motivo, mas só consegui terminá-lo ontem. Não garanto capítulo para semana que vem, talvez no sábado, mas até agora sem confirmação.
Bom, a música desse capítulo é "Soul to Squeeze - Red Hot Chili Peppers". Boa Leitura!



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-             Ethan? – Um sussurro me chamava. Ele era quase baixo demais. Quase inaudível. Quase. Mas era tudo breu, apenas escuridão. – Ethan!

 

 Acordei assustado, Denny me segurava pelos ombros sacudindo-me levemente.

 

 Estava claro ali, talvez claro demais.

 

 Fiz uma breve ronda com os olhos naquela cena para entender o que estava acontecendo; bem, eu havia adormecido, melhor, desmaiado no sofá da sala tentando ler. Meu exemplar de Dom Quixote encontrava-se no chão, aberto, e eu estava atirado de mau jeito ali.

 

 Já é tarde, eu acho. Denny está em casa, sinal de que voltou do plantão.

 

-             Hey. – falei com a voz rouca, me sentando no sofá. Passei a mão nos olhos e bocejei.

-             Você está com uma aparência ótima – ele sorriu, sarcástico.

-             Muito obrigado, mas você me supera. – sorri brevemente em resposta – Horas?

-             Dez e meia. Você parecia estar morto aqui pela aparência. Acabei de chegar do plantão.

 

    Imaginei.

 

    Fizemos silêncio por alguns instantes. Enquanto eu juntava meu ali tombado livro, Denny procurava por algo em sua pasta. Larguei-o na mesa de centro e me voltei para ele outra vez, que agora tinha um pacote vermelho em mãos.

 

-             Não... Até você?

-             Apenas pegue. – ele tocou o pacote para mim – Eu prometi à sua mãe que você receberia isso ao completar dezessete anos. É como uma tradição de família então, não se preocupe porque nem tive que gastar dinheiro.

-             Ah. Obrigado por deixar minha consciência mais leve. – disse abrindo o pacote prateado, embrulhado com cuidado. Ele era pesado apesar do pequeno tamanho. Virei-o em minha mão, deixando ali cair um medalhão pendurado em uma corrente, os dois de cor igualmente prateada. Ele reluzia como novo, apesar de ser passado de gerações antigas como dissera meu pai. No meio de fundos contornos havia um belo rubi carmim.

 

-             Uau! É muito bonito.

 

   O único problema foi que eu não consegui abri-lo.

 

-             Desista, sua mãe já dizia que essa porcaria nunca abriria. – gargalhou ele, subindo as escadas.

 

   Para ser sincero, eu nunca tinha notado minha mãe usando tal objeto enquanto viva, mas eu tinha somente sete anos quando esta faleceu. Pouco me lembro dela, alias. Falar sobre Alicia nessa casa com Denny dentro era praticamente impossível.

 

   Jenny era muito pequena quando ela se foi, e não lembra nada. Tudo o que sabe vem de mim e minhas poucas informações. Minhas poucas lembranças.

 

   Tomei impulso e me levantei rapidamente do sofá.

 

   Tão rapidamente quanto a dor que senti em minhas costas, vinda em um único solavanco.

 

-             Argh! Dói! – Gemi, me atirando no sofá novamente.

-             A idade esta chegando, meu irmão. – Ouvi a voz de Jenny, mas não consegui me mover para ver de onde vinha.

-             Ria enquanto pode – cautelosamente agora, sentei no sofá. Jenny, uma garota esguia dona de fios e olhos igualmente castanhos, sentou-se ao meu lado.

-             Tudo bem aniversariante? – sorriu ela.

-             É, estava até você aparecer e fazer com que eu me sentisse um idoso. – sorri em resposta, passando a mão nas costas.

 

    Ela analisou o pacote vazio e logo encontrou o medalhão. Seu sorriso se desmanchou como algo que desmorona do nada, os olhos intrigados com o que via.

 

-             Eu conheço isso aqui... – ela se levantou de solavanco, voando até o armário onde era guardado o baú com as poucas fotos que tinhamos. Ela o tirou de lá e começou a procurar por algo, que quando encontrou foi jogado para mim. Observei a foto, esperando ver algo diferente.

 

Lá estavam Denny e Alicia; abraçados em meio à neve e cercados por crianças amontoadas à sua volta.

 

Meu Deus! O que diabos aquela criança estava fazendo pra parar nessa posição...

 

-             Olhe para o pescoço dela – Jenny apontou por cima de meu ombro para a foto em minhas mãos. Resolvi ignorar o contorcionista pigmeu e botar atenção no que ela dizia.

 

 E lá estava ele, o medalhão. A foto era desbotada, e não fazia jus a sua beleza, porém, o rubi brilhava, sobressaindo-se na foto mesmo estando quase escondido pelo grosso cachecol listrado que esta usava.

 

-             Nunca prestei atenção nisso. – confessei, surpreso.

-             É, e por isso não é justo você ganhar. – Ela arrancou a foto de minhas mãos, indo guarda-la no baú novamente.

-             Desculpe. – Disse dando um grande bocejo e em seguida levantando do sofá – Vantagens de nascer primeiro.

 

Sorri, mas ela não pareceu tão recíproca em sua infeliz careta.

 

 

 

 

  Será que não se consegue achar uma vaga que preste no maldito jornal? Pelo menos é a impressão que você começa a ter após ficar quinze minutos olhando para os classificados e não consegue nada.

 

  Até agora apenas dois pequenos anúncios haviam sido circulados com caneta chamativa de cor alaranjada; uma oficina precisando de ajudante e atendente de fast-food. Nem sei porque diabos circulei a oficina, não tenho o dom para trabalhos manuais.

 

  Olhei pela janela da cozinha, tomando mais um gole daquele café quente, que fez meu corpo aquecer quase imediatamente. Estava frio e logo eu teria que sair para ir comemorar meu aniversário naquela lanchonete. Será que eu preciso mesmo ir? Afinal, qual seria o problema de o aniversariante faltar à sua própria festa?

 

  É, não deu.

 

  Quando resolvi desistir do jornal e me levantar dali, um carro passou a quase 100km por hora, um borrão negro. Eu preciso de um carro, ficar dependendo de Denny para sair a qualquer lugar era uma situação sempre incômoda. Hoje não tinha como evitar esta situação; eu, saindo com seu carro. A Lanchonete que Elynna marcara era um pouco longe, e ir a pé com uma provável chuva que desabaria em pouco tempo, a julgar a aparência revolta do céu, não seria exatamente bom.

 

  Olhei para o relógio, impaciente. Faltavam ainda vinte minutos para o horário que havíamos marcado. Terminei o café em um gole e fui em direção ao hall, vesti minha jaqueta de com âmbar e peguei as chaves penduradas ao lado da porta, saindo.

 

  Foram quinze minutos até chegar no local marcado. Não aparentava ser exatamente uma lanchonete, e sim um bar, mas que pude perceber pelo letreiro ser também cafeteria. As paredes de tijolos envelhecidos davam aparência nobre ao lugar, mas o mato crescia de maneira descriminada entre as fendas no chão, próximas à parede. Ao lado deste, um pequeno estacionamento com poucos carros; eles ainda não estavam lá.

 

  Dentro do Toyta Accord, Bon Scott cantava Thunderstruck, gritando feito um doido. Desliguei o rádio ao estacionar o carro em uma vaga decente, gotículas minúsculas de água começaram a se chocar contra o vidro do carro, chuva. Desci e ativei o alarme, dando passos largos para entrar no recinto antes que a água realmente começasse a desabar; não estava ventando, mas o ar já não estava mais pesado, abafado.

 

  Assim que abri a porta à atmosfera do bar, tornava-se claro para qualquer um que ali chegasse, era acolhedora. Apesar de haver um número considerável de pessoas ali, o som de suas vozes era abafado pela música que vinha de um Junkebox no canto, próximo à parede. Estas eram de uma cor avermelhada, porém, personalizada; havia listras brancas saindo do chão como raízes, alcançando o teto em sua extensão. Poltronas conjugadas em volta de uma mesa se espalhavam por locais aleatórios. Bancos em frente ao balcão para os mais solitários.

 

  Era pequeno sim, mas com uma aparência tranqüilizante.

 

  Andei até o balcão, me sentando na ponta. Quase imediatamente um homem alto, secando um copo veio me atender.

 

-             Esperando alguém?

-             Sim, alguns amigos. Combinamos de nos encontrar aqui. – disse surpreso, levantando os olhos do mármore no balcão para encarar o homem.

-             Um garoto passou aqui e disse “Avise que vamos nos atrasar um pouco”, e me deu isto para lhe entregar. – ele puxou um envelope pequeno de dentro do bolso dos seus jeans desbotados e me entregou.

-             Ah sim.

-             Vai pedir alguma coisa já? – disse indiferente, largando outro copo seco na parte de baixo da bancada.

-             Por enquanto não, obrigado.

-             Ok. – disse ele saindo em direção a uma garota que havia recém chegado.

 

Abri-o sem saber o que esperar e, por que diabos Seff havia se dado ao trabalho de passar aqui mais cedo somente para deixar um envelope, afinal. Dentro havia algo como um cartão plastificado; uma carteira de motorista falsificada com minha foto. Mas meu nome era “Lincoln J.” e eu era maior de idade.

 

Bebida liberada. Sorri ao pensar nisso; Seff era um gênio do mal. Mas isso não mudava o fato de que eu estava ali no vácuo, sozinho na minha “festa” de aniversário.

 

Havia uma televisão ligada onde passava algum jogo aleatório de basquete, esta estava no mudo ou simplesmente era abafada pelo som do Junkebox mesmo. Voltei minha atenção para este, ao qual uma garota baixa de cabelos castanhos procurava atentamente por alguma musica.

 

Logo reconheci quando o som começou, era Soul to Squeeze do Red Hot Chili Peppers. A musica era tranqüilizante e fazia com que o ambiente parecesse mais leve. A garota se sentou em um dos bancos próximos ao aparelho e fechou os olhos, movimentando a cabeça suavemente ao som da musica.

 

Levantei-me e fui em sua direção, sentando no banco à sua frente.

 

-          Fã? – perguntei.

-          Garanto que mais do que você. – sorriu, provocante. Seus olhos se abriram finalmente, me encarando de forma descontraída. Por alguns segundos apenas fiquei encarando aqueles lindos olhos de coloração caramelada, tão própria e rara. Seu rosto curto e o maxilar forte, a pele clara, os cabelos escuros lhe batendo pelos ombros.

 

 Eu sabia quem ela era. Quer dizer, não exatamente. A imagem de três pessoas atravessando o estacionamento da escola ainda era extremamente nítida em minha mente. Ela era mais bonita do que a memória tosca que restava de suas aparências.

 

-          Esperando por alguém?

-          Marquei com meus irmãos aqui. E você? – a seriedade tomou conta de sua face, como se aquele fosse um assunto delicado demais para ser citado.

-          Apenas alguns amigos. Aniversário. – levantei uma das sobrancelhas involuntariamente como sinal de reprovação.

-          Hm sim, meu parabéns então...

-          Ethan. – estendi minha mão sobre a mesa.

-          Parabéns, Ethan. Sou Amber. – Ela sorriu gentilmente, tocando minha mão com a sua gélida.


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