Transmudados escrita por Dafira M


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Uhm sinto muitoooo mesmo por não ter postado antes mais eu fiquei travada. Eu poderia colocar outras desculpas mas toda vez que eu lia uma fanfic e as notas eram "meio" extensas, eu desistia de ler a nota e etc. e tal... Vocês entenderam... Boa leitura!



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_Cara? Tudo bem contigo?

_Por que a pergunta? Eu tô ótimo...- sem enxergar nada, tento focar a visão e aguardo a adaptação de meus olhos. Esperava que tivesse convencido, quem quer que fosse, de estar bem, odeio que prestem atenção demais em mim, por isso eu sempre andava com pessoas como Leon, que sempre tentava de tudo para chamar atenção, tirando todo o foco que poderia existir sobre mim. Estava suando frio, trêmulo e levemente ofegante, meu pescoço estava doendo, devia ter dormido de mal jeito. Apesar de ter acabado de acordar, me sentia esgotado. Obviamente era meio complicado mentir sobre meu estado, principalmente porque não era um bom mentiroso, e assim que finalmente enxergei a pessoa com quem havia falado notei que isso era a mais pura verdade.

_ Você não me parece nada bem.

_ As aparências enganam.

_Não precisava ser grosso branquelo...

_Eu poderia tentar, se você não me chamasse de "branquelo". E eu não fui grosso.

_Todos te chamam disso, porque comigo seria diferente?

_Talvez porque você não seja "todos", e eu queira te tratar de maneira diferente! - disse já agitado. Quantas horas deveriam ser?

_ Desculpe doutor sentimental...

_ Desculpado, que horas são?

_ Hora de calarem a boca para que alguém possa ter um minuto de sossego.- Kevin havia colocado a cabeça na beirada da cama, o que fez com que o outro garoto gritasse e com que virasse o pescoço velozmente, o que me deixou mole e me arrancou um gemido de dor.

_ Ótimo trabalho. Quem precisa de um despertador se nós temos vocês, não é mesmo?- apesar do som ter sido ríspido e sério, ele tinha o olhar divertido, e a boca espremida, como quem quer segurar uma risada. O outro menino abaixou os olhos para o chão envergonhado, não era para menos, apenas eu olhava para Kevin, por isso havia entendido que era uma brincadeira, se não fosse por isso também estaria pelo menos constrangido.- chega de enrolação.- disse de forma baixa seguida de uma piscadela- Escutem!- agora ele berrava para todo o dormitório- Acho que todos já acordaram depois dessa pequena ópera cantada pelo incrível e espetacular Josh, mas todos podem voltar a dormir, MENOS aqueles que tem a função primária, estes comecem a se arrumar, depressa. Obrigado e obedeçam!

Não cometi o mesmo erro que o de ontem a noite, havia comprado a alguns dias a passagem para o setor certo com alguns dias de antecedência. E como em toda a viagem que faço admirava a paisagem o máximo possível, e apesar de saber exatamente o que encontraria na viagem, não me cansava de bisbilhotar pela janela do trem, sorrindo involuntáriamente toda vez que algo inesperado acontecia, como pássaros voando baixo, peixes pulando sobre a água, ou o brilho da luz refletido no mar, criar um formato engraçado no metal que revestia o veículo. Quando Leon viajava comigo acompanhado sempre pelo Math, eu comentava essas coisas com ele, que ficava tão impressionado quanto eu, já Math, encarava nós dois com descrença e vez ou outra exclamava um insulto ou uma prece para que deixassemos de agir como crianças, oque arrancava risos de nós três. Viajar de trem era uma coisa quase rotineira, mas com os dois se tornava uma lembrança especial, insubstituível e fantástica. Perdido em pensamentos notei que a viajem havia cessado mais rapidamente e mesmo assim estava no destino certo.

Olhei ao redor procurando o estábulo. Na minha função, quase nunca praticávamos uma coisa só, as vezes tratavamos dos animais, outras recolhiamos os frutos, plantavamos as sementes recebidas, limpavamos os estabelecimentos dos animais ou até mesmo consertavamos algo com uma solução menos complexa, para evitar chamar alguém da indústria. Hoje tivemos que vir bem mais cedo, porque temos que recolher leite, os garotos e garotas dos outros grupos fariam outras coisas, os grupos existiam justamente para o revezamento, em todas as funções eles eram utilizados. Se terminassemos rapidamente e de forma bem feita o nosso afazer, eramos premiados no dia ou turno por grupo mais eficiente. O premio consistitia em um acumulo de hora extra, em que apesar de os participantes não trabalharem tempo a mais eles poderiam sair ou chegar com uma hora de diferença do resto. Eu já tinha garantido nesse mês quatro horas de folga, o que não era muito, mas fazia a diferença.

Meu grupo ganhou o prêmio de novo, todos disseram que o usariam para alguns testes do casulo, obviamente fiquei aborrecido pelo uso idiota do premio... Então antes que o assunto se prolongasse fui ajudar outros grupos com as suas determinadas funçoes. Além de termos retirado o leite das vacas, alimentamos todos os outros animais e ajudamos os outros grupos com o que quer que estivessem fazendo, foi cansativo, nada divertido nem interessante, não posso dizer que valeu a pena já que fizemos um esforço dobrado em relação aos outros, mas vencemos e isso que importava. E sim, apesar de não parecer sou competitivo e detesto pessoas que sejam competitivas, o que sem dúvidas é muito contraditório. Estávamos todos voltando para o trem, já havia acabado nosso turno, precisávamos almoçar tomar banho etc. Quando chegamos nos trilhos simplesmente não tinha nada lá, a não ser obviamente os próprios trilhos. Rapidamente começou a se espalhar um murmúrio inquietante, e todos começaram a se agitar. Olhei ao redor procurando por qualquer coisa que pudesse ajudar, já estava pensando em voltar para casa pelos trilhos quando um som alto o suficiente para se escutar do outro lado da ilha, dava para perceber que a maioria (inclusive eu) estavam proximos a terem um desmaio. Felizmente do mesmo modo que o som apareceu, sumiu. E apesar de não mudar o fato que agora estávamos todos ofegando e em panico, já era o suficiente para que eu me alcamasse ligeiramente.

—Se acalmem pequeninos, não há nada pelo que temer, apenas esquecemos de ajustar o volume do amplificador. - O som vinha de uma pequena caixa, do tamanho do meu pé, perto dos trilhos, parecia um rádio. E pelo que aparentava ninguém tinha reparado nela.- agora escutem com atenção, é de suma importancia que façam um pequeno favor para nós...

—E quem são vocês? - berrou um garoto que estava ao meu lado.

—Como eu ia dizendo - a voz rouca limpa a garganta e continua - eu e o diretor do setor primário concordamos que vocês deveriam cumprir hora extra para tirarem folga no dia dos testes do casulo, obrigatoriamente. E como o senhor teve a perspicácia de perguntar senhor Ethan, eu sou o diretor do setor indústrial...

— Isso é uma completa injustiça - gritou um segundo menino, e junto a ele outros levantaram a voz em concordância.

— Na verdade não é. Todos os setores concordaram. E todos os setores vão cumprir horário extra, vocês não estão recebendo tratamento diferenciado senhores, portanto...

—Não comemos nada, nem tomamos banho! Como esperam que façamos hora-extra em uma situação como essa? - agora era uma menina. - até porque os outros setores podem ter a seco a isso facilmente!

— Bem senhorita, essa na verdade uma questão muito fácil de se resolver, vocês podem se alimentar e satisfazer suas necessidades higiênicas no "túnel". Agora vamos direto ao ponto, gostaria que eu não fosse mais interrompido. Vocês terao como atividade em seu turno extra o corte de árvores, já que a madeira sera enviada para a construção de bardos de pesca, mas depois de trem alcançado a meta, terão que replantar mudas das arvores que cortaram.

—Como podemos fazer algo que nunca fizemos antes? Isso é loucura, quase ninguém aqui sabe cortar árvores!

— Bom nesse caso, se aplica a frase: "sempre tem uma primeira vez". Voltem aqui daqui a 40 minutos. Sejam rápidos os que se atrasarem serão punidos.

Então imediatamente a caixa que mas parece um rádio explodiu levando consigo a suposta voz do diretor. Esperava que todos ficassem revoltados, tentassem fugir ou fizessem algo do gênero, mas não, tudo que houve foi que eles se viraram e começaram a seguir um garoto que disse conhecer a localização do túnel nessa ilha.

Cerrei os olhos, e parte de mim a maior parte, queria sair dali, ou tentar revoltar quem quer que fosse. Essa era a parte que estava cansado da rotina da paz, de ficar esperando algo novo e nunca encontrar, e apesar de ser a maior parte de mim, era sempre esse lado que perdia, porque eu sabia que esse meu aspecto não estaria lá para enfrentar as consequências, ele era guiado por emoções, que sempre acabam rapidamente, nunca teria impulso suficiente para planejar uma revolta, ou qualquer coisa do tipo. Não fazia sentido, ou talvez fizesse, porém isso não importava, soltei a respiração, agachei e curvei o corpo para frente, eu estava tremendo, a sensaçao era de que eu nunca conseguiria me controlar.

Levantei puxando o ar com força, e sai correndo atrás dos outros, estavam muito distantes tanto que nem dava para ve-los, mas eu sabia o caminho que levava ate o túnel, já que uma vez perdi a hora(situação muito constante) eu tinha passado a noite toda procurando pela construção subterrânea e só encontrei ela quando estava amanhecendo. Quando cheguei estavam todos com caras amarradas, silenciosos, as conversas que existiam ali, eram murmurantes. Respirei fundo de novo. Fechei os olhos e segui em frente, procurei uma cama vazia e assim que a encontrei comecei a comer, e logo percebi algo: Estava faminto, mas mesmo depois de comer eu continuava tremendo. Deitei na cama, não conseguiria dormir e nem queria, apenas estava tentando controlar os espasmos que aconteciam.

Não era a primeira vez que eu estava sofrendo aqueles sintomas: dificuldade em controlar a respiração, tremedeiras em um nivel maior que o normal, espasmos, nervos a flor da pele, mas ultimamente vem ocorrendo com frequência bem maior. Uma vez quando falei contei isso para Leon e ele ficou duas semanas me chamando de máquina de matar, porque segundo ele eu estava em uma TPM prolongada. Deitado ali relembrando das piadas idiotas comecei a rir, depois a gargalhar ate que chegou em um ponto que eu tinha caido na cama bem na hora que uma garota passava o que fez com que ela caísse com o corpo metade no chão e outra metade em cima de mim. Parei de rir imediatamente, murmurei um pedido de desculpas. Então eu senti que estava sem a touca. Fiquei procurando por ela no embaralhamento do meu corpo com a da outra menina que gritava palavras não muito gentis para mim, ela estava furiosa e eu assustado pensando na possibilidade de que poderia estar chamando atenção demais. E não, não sou idiota, prova disso é que pela revolta de todos ninguém nem olhava para nós dois 1 ou 2 no máximo tentavam vir ajudar ou acalmar a menina que estava histérica. Então avistei a touca estava debaixo da mão dela, fui tentar pegar no mesmo momento que ela colocou a mao debaixo da barriga para se erguer levando minha touca junto. Ela chutou meu rosto e eu meio zonso pensando apenas em dar o fora dali peguei um tecido qualquer e puxei, torcendo para que fosse a touca. Ouvi um berro. Consegui olhar na direção dela para notar que eu tinha rasgado a manga da sua blusa, agora ela me chingava compulsivamente. Enfiei minha mão debaixo da barriga dela, e logo descobri que ela tinha cócegas porque começou a se contorcer no chão (me machucando) e a me chingar entre risadas. De repente exibi um sorriso e comecei a fingir que ela era um cachorro de guarda da função e comecei a coçar, cutucar e dedilhar sua barriga ate que ela gargalhava, consegui então me erguer, a virei de barriga pra cima e continuei não podendo deixar de evitar rir, peguei minha touca e ela me encarou por um segundo e finalmente parou de me chingar:

—Vou me vingar disso garoto, pode aguardar. - jurou ofegante entre gargalhadas, e eu ri, como se fosse a coisa mais idiota que eu já tivesse ouvido. Levantei ela puxou minha perna e eu cai, mas devia estar meio mole, porque eu consegui me levantar novamente e sai correndo colocando a touca no cabelo e jurando que se ela continuasse a me dar tanto trabalho eu iria cola-la na minha cabeça.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer pelo comentário falando sobre uma falha que eu não tinha percebido, vou tentar reparar o estrago imediatamente. Mais uma vez obrigada! E o de sempre...(comentem o q acham que pode melhorar, o que gostariam que fosse preservado e etc.)



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