Drawing My Destiny escrita por Tsuki Yoru


Capítulo 6
Alone


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, vou tentar ser mais rápida com meus textos, prometo :3 A letra da música citada no final do capítulo se chama: What Are Words do Chris Medina, se quiserem ouvir ao longo da história, é uma boa, só não me culpem por chorar, quando ouvirem! ^^ Boa leitura!!



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Já havia se passado tanto tempo que não o via, que tinha perdido as contas de quantas vezes algum vizinho ou policial bateu a porta, por conta dos meus gritos. Eu não podia fazer nada quanto aos meus pesadelos, da falta que ele fazia, um dos policiais ameaçou me internar, então decidi que precisava omitir meus gritos. Quem dera eu pudesse omitir meus pesadelos também! Eu estava tentando não sucumbir, isso era um fato, mas ficar olhando pro nada o dia inteiro esperando ele voltar não estava ajudando muito. Por algumas vezes eu pensei se aquilo realmente era verdade, será que tudo que aconteceu naqueles últimos dias foi verdade? Será que Kou realmente existia, ou era minha mente tentando me pregar alguma peça? Touma veio até a porta de casa algumas vezes nos últimos dias, mas eu simplesmente não abria a porta, ele me trouxe uma cesta de comida e era isso que eu havia comido, por algum motivo somente ele me lembrava que tudo o que havia acontecido era verdade! Afinal cestas de comidas não podiam se transportar sozinhas!

Aquela solidão havia se tornado útil apenas para minha história que ganhava força pela minha tristeza, de um romance, para um sobrenatural dramático! Havia me machucado algumas vezes, aquela dor, me acalmava de certa maneira, quando fazia aquilo não lembrava dele, concentrava-me somente na dor; e isso me ajudou a não querer sumir de vez, apesar que em alguns dias certamente bem ruins, isso era bem tentador.

Fazia muito tempo que não saia de casa, mas hoje eu precisava, Touma não havia voltado fazia uns dois dias e o bolo, torradas, leite, macarrão instantâneo, queijo e geleia já estavam por acabar. Passei numa loja de conveniência para me reabastecer, era umas oito horas da noite. Estava chovendo muito nos últimos dias, do jeito que eu amava, o que afastava as pessoas das ruas e me deixava um pouco mais a vontade pra caminhar por ai. Comprei algumas coisas e já estava voltando quando vi o semblante dele dentro de um ônibus e eu pude jurar que ele havia sorrido.

Sai correndo tentando não derrubar o que eu havia acabado de comprar, entrei no ônibus e não havia ninguém, os trovões do lado de fora anunciaram a chuva que estava por desabar. Resolvi sentar num banco qualquer e ver aonde ele passaria, não havia ninguém me esperando em casa e eu tinha bastante tempo de sobra na minha vidinha monótona!

Peguei um salgadinho e fui apreciando a linda vista das gotas na janela e dos prédios e casas do lado de fora. Até que o ônibus parou próximo ao hospital em que Kou estava.

– Vou parar aqui! – gritei fazendo o motorista freia.

Saltei quase caindo em uma poça de agua, eu não sabia o que estava fazendo afinal, mas sentia um aperto forte no peito, como se necessitasse estar ali. Caminhei até a recepção, que estava ligeiramente vazia, a não ser por um senhor bem idoso acompanhado por uma garota mais nova, aparentava ser sua neta, parecia preocupada.

– Em que posso ajudar? – perguntou a recepcionista.

– Gostaria de ver Kou.

– Kou? Que Kou? – eu não me lembrava de seu sobrenome, havia feito com muito esforço de tudo para esquece-lo.

– Aquele garoto que foi atingido por um raio há um tempo.

– Sim claro, você é o que dele?

– Uma velha amiga.

– Ok, quarto 10-23. Tome. – ela me deu crachá rosa escrita VISITA em letras violeta, péssima combinação de cor.

Caminhei até aquele corredor que havia ido quando estava junto a ele, parei alguns segundos na frente da porta, não sabia se tinha coragem de adentrar aquele lugar novamente. Então eu o vi pelo vidro, nitidamente, COLORIDO! Ele parecia estar chorando, quis adentrar correndo e gritar, mas havia muitas pessoas no corredor e isso não seria sensato, entrei. Fechei a porta atrás de mim e me sentei junto a ele num banco próximo a porta.

– Oi. – disse. É claro que eu queria dizer muitas coisas, mas o que eu poderia dizer, qualquer coisa que viesse ia sair como um som fraco devido ao meu choro.

– Oi. – ele respondeu, nem tentando disfarçar a voz embargada pelo choro.

– Você... – sumiu seu idiota! Era isso o que eu queria dizer, mas ele estava realmente arrasado. – O que aconteceu?

– Fiquei esses últimos dias aqui, vendo meus pais. Eles não estão lidando muito bem com tudo isso.

– Era de se esperar não? – tentei não soar tão agressiva quanto minha mente queria, mas foi difícil, ainda estava chateada.

– E você? Você está horrível. – eu o encarei com raiva, estava daquele jeito por culpa dele. – Eles acham que não vou conseguir voltar... Sabe, do coma.

– O que? – esqueci minha raiva na hora, esqueci a mágoa e a dor... Aquilo, aquilo que ele disse... esmagou qualquer coisa.

– Eles deram a notícia agora a pouco pros meus pais, e eles não lidaram muito bem... Minha mãe desmaiou e pelo jeito do meu pai ele deve ter tido um princípio de infarto. Mas eu fui vê-los e estão bem.

– Por que os médicos acham isso? – estava com raiva agora, se algum médico entrasse não saberia se podia me conter para não soca-lo.

– Não estou reagindo aos medicamentos. Algo do tipo.

– Você já tentou...

– Sim, todos os dias desde que vim aqui... Não funcionou, aparentemente não posso voltar ao meu corpo. Tentei até mesmo achar a luz, mas não encontrei nada. – ele segurou minha mão e aquilo me fez palpitar feito louca, aparentemente eu era a única coisa que ele podia tocar e eu me sentia até que bem por isso... especial. Eu deixei que ele a segurasse, entrelacei os dedos junto a ele. Kou me parecia menos gelado, talvez morno. – Estão querendo desligar os aparelhos, sabe meu avô e minha tia, não aguentam mais ver eles daquele jeito.

– Eles não podem fazer isso! Há muitas pessoas que voltam do coma depois de anos, por que com você seria diferente!??? – estava com raiva, mas não soltei de sua mão, pelo contrário, apertei ainda mais forte.

– Comas irreversíveis, não funcionam desse jeito. E sabe... isso já está acabando comigo, não estou aguentando o fato de não conseguir mais tocar nas coisas, de não poder falar com ninguém – lhe dei um leve puxão e ele riu – tirando você. Sinto falta de comer e de tomar chuva, e de beijar alguém... – ele olhou para mim e deu um sorriso um tanto quanto malicioso, minhas bochechas arderam tanto, que provavelmente estava vermelha como pimentão - E se não tiver mais jeito, não quero continuar com essa angústia.

– Você não pode desistir Kou, por mim, pelos seus pais! Eu vou dar um jeito de você voltar. Eu prometo, por favor, eu te imploro! Não desiste, ainda não pelo menos!

Ele me olhou com certa esperança, eu sabia que ele confiava em mim, Kou se aproximou, seu rosto perto do meu, não havia respiração, mas eu sentia uma espécie de calor emitir dele. E então ele me beijou, mas ele atravessou meu rosto, aquilo, nunca tinha acontecido, ele apertou forte minha mão e tudo estava ok, então por que?

Eu olhei para seu corpo inerte na cama, cheio de fio, e fui até lá, seu corpo estava quente, não tanto quanto deveria mais estava. Não sabia exatamente o que fazer, me inclinei sobre seu corpo, e o beijei. Eu não esperava que ele acordasse, mas tinha esperança, como num conto de fadas!

Me voltei ao fantasma de Kou, quando o vi tremendo e com um sorriso.

– Eu senti! Eu senti seu beijo! EU SENTI!

Ele correu para me abraçar, estava feliz também, mas Kou parecia vibrar e eu não entendi muito bem por que.

– Se eu ainda sinto meu corpo, quer dizer que eu não morri!

– Jura?

– Claro. – ele me abraçou ainda mais forte. – Você vai me salvar eu tenho certeza!

– Sim! – eu também o abracei agora chorando. Quando alguém adentrou era um médico um tanto jovem, e aquela mulher com o senhor que havia visto na recepção.

– Quem é você? – perguntou a garota.

– Sou uma velha amiga de Kou, da escola primária que ele estudou.

– Prazer sou Naomi, a tia dele, e esse é Akira, o avô dele.

– Prazer, desculpe, já estou de saída só vim visita-lo.

– Não tudo bem, Kou, não era de ter muitos amigos, então pode ficar. Infelizmente Kou, não ficará conosco por muito tempo.

– Como assim, do que você tá falando?

– O seu coma é irreversível, não há nada que os médicos possam fazer.

– Não, mas vocês não podem fazer isso! Ele pode voltar.

– A chance é quase nula. – disse o médico com pesar na voz, parecia com dó de mim, ao me ver daquele jeito. Mas eu precisava fazer algo para impedir aquilo.

– Olha, sei que vai parecer loucura, mas Kou ainda pode sentir seu corpo eu sei disso, por que vejo ele. – seu semblante se fechou de raiva.

– Como ousa brincar com isso garota?

– Olha não é brincadeira eu juro, você tem que acreditar em mim, por favor!!! – olhei pra Kou desesperada, ele veio ao meu ouvido e começar a cochichar algo, mas a mulher agora gritava de raiva. – Você tem uma cicatriz no ombro, que o Kou fez quando era bebê, ele te mordeu, e você passou a chamar ele de zumbizinho, era seu apelido com ele.

Sua raiva se esvaiu dando lugar a dor, suas lágrimas se juntando ceticamente.

– Como você...?

– Eu não sei, ele acabou de me dizer! Deem mais uma chance a ele por favor! – todos me encaravam, me achando talvez louca, mas aquilo era caso de vida ou morte. Kou cochichou mais um pouco. – Seu barco de pesca não poderá se concertar sozinho, peixão. – eu não entendia aquilo, mas o avô de Kou, pareceu entender na hora.

O senhor até então calado veio até mim, dei um passo pra trás de medo, mas ele agarrou meus ombros e sorriu.

– Você pode vê-lo. – eu fiz que sim com a cabeça, ele olhou em volta tentando vê-lo também. – Traga meu neto de volta por favor, tem uma semana pra isso, não vou aguentar muito mais que isso! Se apresse!

– Confie em mim! Obrigada.

Sai correndo com Kou em meus encalços, nem sabia pra onde, mas eu precisava fazer algo, qualquer coisa, pra que eu pudesse salva-lo.

Entrei no ônibus, e respirei fundo. Kou se sentou ao meu lado sorrindo.

– Vai ficar feliz em saber que aquela garota não é minha namorada, ela só é meio louca por mim. – olhei pra ele com ciúmes, não queria me lembrar daquela garota. – Sei disso por que meus pais pediram pra ela parar de fazer escândalo no quarto, sendo que nem era minha namorada nem nada. Supostamente ela ficava chorando e querendo quebrar coisas, por que eu não acordava.

Não contive o riso, estava aliviada de certa maneira. Kou apertou minha mão e me encarou. Ele tentou me beijar novamente, mas ele atravessou, então somente encostou a cabeça junto a minha e sorriu, aquilo foi perfeito pra mim.

Anywhere you are, I am near

Onde você estiver, estou perto

Anywhere you go, I'll be there

Aonde quer que você vá, eu estarei lá

Anytime you whisper my name, you'll see

Sempre que você sussurrar meu nome, você verá

How every single promise I keep

Como toda promessa, eu mantenho

'Cause what kind of guy would I be

Porque que tipo de cara que eu iria ser

If I was to leave when you need me most.

Se eu te deixasse quando você mais precisa de mim

***

And I know an angel was sent

E eu sei que um anjo foi enviado

Just for me

Apenas para mim

And I know I'm meant

E eu sei que eu devia

To be where I am

Estar onde estou

And I'm gonna be

E eu vou estar

Standing right beside her tonight

Bem ao seu lado esta noite

And I'm gonna be by your side

E eu vou estar ao seu lado

I would never leave when she needs me most

E eu nunca a deixaria quando ela mais precisa de mim


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Notas finais do capítulo

E aqui o que acharam?? Até mais o/
Só uma coisinha o número do quarto onde Kou está, tem um significado: Ao Haru Ride = 10 letras / A primavera de nossas vidas = 23 letras =3



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