~~Wendy Darling~~

Storybrooke é uma cidade pequena e com poucos habitantes. A lanchonete da vovó é um dos únicos restaurantes e a panqueca que eu estou comendo é uma delicia.

– Então? Gostou? - Perguntou a vovó sorrindo com as mãos nos quadril e o guardanapo entre o braço e a cintura. Sorri enquanto mastigava.

– É muito bom, obrigada. - Agradeci depois que saboreei a massa e o mel que derretia em minha boca.

– Com licença senhora - disse meu pai chamando-a. - Sabe onde posso encontrar o xerife David?

– Claro! Bem ali. - A mulher apontou para uma mesa perto da porta onde se encontravam um casal com um bebê no colo, uma garota loira e uma menino de mais ou menos onze anos.

Meu pai se levantou e minha mãe ficou comigo na mesa esperando o momento de voltar para casa e se trancar dentro dela. Ela nunca deixava uma janela ou uma porta aberta nas noites, mesmo no verão. Não vejo motivo nisso.

~~Peter Pan~~

Eu não podia acreditar. Era ela. Wendy veio para Storybrooke. Droga! Por que ela tinha que aparecer e estragar tudo o que eu tive que fazer? Droga!

Arremesso o copo de vidro contra a porta dos fundos e ele se estilhaça espalhando vidro para todos os lados. Olho para os cacos no chão e logo o copo está inteiro em minha mão. Adoro magia! E eu fiz o que fiz para mante-lá.

– Ei! O que houve?! - Perguntou Bella aflita entrando na cozinha. Eu ainda não entendo o que ela viu em meu filho.

– Nada! - Respondi de cara amarrada. - Onde está Rumple?

– Na loja. Por que? O que aconteceu? Algum problema? - Ela perguntou insistindo que eu dissesse algo.

– Obrigada Bella. - Falei e atravessei a cozinha e a sala em segundos. Peguei minha jaqueta no gancho atrás da porta e as chaves.

– Oi? - Bella questionou cruzando os braços e se encostando no batente da porta da cozinha.

– Não vou repetir! - Avisei e sai.

Andei o mais rápido possível pelas ruas. Eu poderia muito bem aparecer na loja por magica mas, com Wendy na cidade e não se lembrando de nada, era arriscado.

Atravessei a porta e o sino tocou anunciando minha entrada. A loja de meu filho era um antiquário sufocante e apertado cheio de tralhas. Rumple apareceu no balcão me olhando surpreso e confuso.

– Preciso de uma coisa. - Falei fechando ambas as mãos em punhos em cima do balcão. Ele forçou um sorriso falso. - Sabe que eu não pediria sua ajuda se não fosse importante.

– O que houve? Só por que Wendy voltou agora sua magia está em perigo novamente? - Falou ele com deboche. - Esqueça Pan.

Revirei os olhos e bufei. Sabia que não seria fácil conseguir a ajuda de meu filho depois de tudo o que fiz a ele e a sua família.

– Tá bom, é o seguinte. Sim, eu te abandonei quando era pequeno, por magia. Troquei você, pela magia. Seqüestrei e quase matei Herny, por magia. Deixei Wendy ir, por magia. Eu não me arrependo de nada disso - Falei com os olhos brilhando de fúria. - Eu não vou sacrificar mais nada pela magia.

– Então, por que quer minha ajuda, papai? - Pergunto Rample com deboche na palavra "papai".

– Quero sua ajuda, para ela nunca se lembrar. É apenas um reforço no feitiço que eu fiz.

– No feitiço que a poção das fada fez! - Corrigiu ele começando a se irritar.

– Tanto faz! - Retruquei. - Só, faça a mente dela não se lembrar de nada! Nada! - Ele fez menção de falar mas eu já sabia o que ele ia dizer. - Eu já sei! Toda magia tem um preço. O que você quer?

– Sua promessa. - Respondeu. Olhei pra ele confuso. - Prometa-me que nunca mais irá machucar minha família. Prometa-me que não irá machucar Wendy em nenhum dos sentidos!

– Por que se importa com ela? - Perguntei encarando seus olhos frios. Ele sorriu um sorriso amargo.

– Não me importo. Mas, você se importa. - Ele respondeu. Sorri do mesmo jeito que ele e apertei sua mão.

– Fechado!

Minutos depois, meu filho voltou dos fundos da loja com frasco azul. Peguei o vidro e observei o pó.

– Sério? Se eu soubesse que era só isso...

– Não sabia. - Ele me cortou e tirou o frasco de meus dedos. - Não é só uma poção. É a mesma que você usou. coloque isso na bebida dela e pronto.

Rample estendeu o frasco para mim e eu o tirei de sua mão com a mesma intensidade que ele fizera segundos antes. Sorri amargamente e sai daquele lugar, sabendo que seria um desafio colocar aquilo na bebida de Wendy.

~~Wendy Darling~~

A delegacia da cidade é pequena e há apenas duas celas em frente a mesa do xerife. Segundo a conversa que eu escutara, meu pai iria substituir o xerife atual pois, sua esposa acabara de ganhar um bebê.

Logo depois, um mulher morena de olhos azuis chegou e se apresentou como Bella, ela estava acompanhada por uma loira de olhos azuis. Emma.

– Wendy? Wendy Darling? Espera aí, você é... - Emma começou mas Bella a cortou com um discreto cutucão de cotovelo.

– Sim, ela é... A nova moradora da cidade. - Bella disse para aliviar a tensão. Ela sorriu para mim após trocar olhares com Emma. - Gosta de livros, Wendy?

– Ah... Gosto. Por que? - perguntei curiosa. Bella virou-se para meus pais. - Posso leva-lá para conhecer a biblioteca municipal?

– É claro. - Disse minha mãe meio insegura. - Mas, volte antes das seis. Sabe que eu não gosto quando volta tarde.

– Ela está em boas mãos Sra. Darling. - Bella reforçou sorrindo.

Sai da delegacia com Bella e Emma. Ambas muito gentis e sempre sorridentes. Essa cidade não tem problemas? Paramos em frente a uma torre de relógio. Os ponteiros não funcionavam. Eram oito e quinze, segundo o relógio no centro de Storybrooke.

– O que é isso? - perguntei ainda olhado para cima. Bella ri suavemente e abaixa delicadamente minha cabeça.

– Isso - ela diz abrindo a porta dupla de um comércio embaixo da torre do relógio. - É uma biblioteca.

Entro e me surpreendo. É gigante. Livros e livros em todos os cantos. Uma mesa no meio com um caixa. Não sei como mas, as janelas se abriram do nada. Emma estava parada encarando uma das vidraças e depois, quando percebeu que eu olhei, se virou. Estranho. Totalmente estranho.

– Bem vinda á Storybrooke, Wendy. Pode pegar qualquer livro que quiser e deixar um bilhete. - Disse Bella sorrindo e ajeitando alguns livros nas estantes. O telefone de Emma tocou.

– Bella, se importa se eu for? Emergência. Regina precisa da mag... - ela parou de falar e hesitou antes de recomeçar. - Regina precisa de mim.

– Tudo bem Emma. Vai. - Respondeu Bella deixando cair um livro atrás de uma das estantes. Ela não notara o barulho. - Ah... Wendy, volto já.

Bella desapareceu nos fundos da biblioteca me deixando sozinha naquele lugar enorme.

Hesitei um pouco até ter certeza de que Bella demoraria. Olhei atrás da estante e peguei o volume retangular, pesado e grosso.

Sentei-me em uma das mesas e observo a capa marrom desbotada. "Once Upon A Time". Era uma vez? Que droga era aquela? Contos de fadas? Abri e folheei. Branca de neve, João e Maria, Cinderela, Ariel, Sininho... Peter Pan. Peter Pan? Onde eu ouvira esse nome?

"Era uma vez, um menino que nunca cresceu. Peter Pan, um garoto que vive na Terra do Nunca..."

O que? Como assim, "Terra do Nunca"?! Que coisa era aquela? Aquilo estava começando a me assustar. Ouvi os passos de Bella e guardei o livro rapidamente na estante. Sorri para disfarçar quando ela adentrou a sala.

– Tudo bem? Parece assustada. - Comentou ela e me entregou um livro de capa preta.

– O magico de Oz? - Perguntei olhando a capa.

– Sim. Um de meus preferidos. Espero que não se encontre com a bruxa má. Ela é perversa. - encaro Bella por um instante e logo ela começa a rir. Rio junto para quebrar a tensão.

– Obrigada. Tenho que ir. Minha mãe tem algo contra a noite. Ela diz que, as sombras vagam por ai. - Falei. Ri comigo mesma. - Eu acho bobagem.

– Prazer em te conhecer, Wendy.

– Tchau, Bella.