Com a ajuda de Marcy levo Bernardo para meu quarto. Bernardo estava muito mal, não dizia coisa com coisa. Marcy tentando me ajudar, levou o Bernardo até o banheiro e o colocou em baixo do chuveiro. Em seguida ele saiu do meu quarto e logo depois voltou trazendo uma muda de roupas limpas e secas para o Be. Ele volta para o banheiro e pouco tempo depois traz o Bernardo trocado para meu quarto, e o deita na cama.

— Vou indo Anna Júlia! – Diz o Marcy.

— Tá bom! Obrigada! – Digo.

Marcy saiu do meu quarto, e eu olhei em volta parando meus olhos no Bernardo jogado em cima da minha cama. Pelo visto aquela noite seria bem longa. Me aproximei de minha cama e me deitei na pequena parte que tinha sobrado na cama.

Só naquela noite me levantei várias vezes para acompanhar o Bernardo até o banheiro, onde ele vomitava um monte. Coitado! Minha foi uma das piores, mal dormida e ainda por cima cansativa, pois fiquei cuidado do Be a noite toda.

***

POV Bernardo

Acordei muito assustado alguém batia com muita insistência na porta do quarto. Olhei em volta e não reconheci o quarto de imediato, só depois quando olhei para quem estava ao meu lado na cama foi que eu percebi que estava no quarto da Anna Júlia. O que eu estava fazendo ali?

Minha cabeça doía e as batidas na porta pareciam aumentar cada vez mais. Me levantei em um pulo e fui abri a porta. Talvez se eu tivesse continuado na cama e fingisse estar dormindo seria melhor! Quem estava na porta do quarto era Marta a diretora acompanhada pela minha irmã e de Marcy que dizia alguma coisa que eu não conseguia entender.

Dei passagem e Marta entrou no quarto, ela falava várias coisas e aquilo estava me deixando meio desorientado. Ela se aproximo de Anna Júlia me olhou bem fundo nos olhos e disse:

— O combinado era meninos em uma ala, e meninas na outras ala. E vocês dois desobedeceram... – Bem nessa hora Anna Júlia acordou, e Marta continuou dizendo. – Por isso vocês terão que organizar toda a biblioteca quando as aulas voltarem. No caso amanhã. Quero vocês lá em baixo em quinze minutos, estamos atrasados por causa de vocês!

Marta diz tudo isso e mais um pouco e sai do quarto de Anna Júlia. E eu pela primeira vez na minha vida estava muito sem graça. Olhei nos olhos de Anna Júlia e acenei com a cabeça, e logo em seguida sai do quarto dela. Marcy estava na porta me esperando.

— Cara eu dei uma organizada nas suas coisas. E eu e a Bia tentamos acordar vocês dois de qualquer jeito, mais não conseguimos e ...

— O que aconteceu essa noite? – Corto Marcy.

— Você bebeu o dia todo por causa da Jú. Ai ela estava descendo e eu subindo com você! Aí ela pediu para eu levar você para o quarto dela que ela ia cuidar de você! Agora se rolou alguma coisa ou não, eu não faço a mínima ideia! – Diz Marcy

Olhei para ele e comecei a pensar na atitude da Anna Júlia ao querer passar a noite por conta de um cara bêbado, um cara que até pouco tempo atrás ela não queria ver nem pintado de ouro. Eu sinceramente não conseguia entender.

Entrei no quarto com o Marcy e terminei de arrumar minhas coisas. Com tudo pronto, me troquei e sai do quarto, fui andando com minha mochila até a cozinha do hotel precisava tomar um café forte. Chegando a cozinha dei de cara com Anna Júlia e sua coleção de malas.

— Deixa eu te ajudar! – Digo.

Ela levanta os olhos e olha profundamente nos meus, abre um sorriso de lado e acena com a cabeça. Eu nunca tinha percebido o quanto ela era linda, até mesmo com a cara amassada e sem graça. Ajudo ela com as malas dela, e me esqueço por completo do meu café forte. Na verdade nem teria mais como eu ir buscar, porque quando chegamos onde o ônibus estava, Marta estava nos esperando com os braços cruzados e de cara feia. Agora essa mulher ia começar a encher meu saco, era só o que me faltava. Eu entrei no ônibus e me sentei em um lugar que tinha duas poltronas vazias.

— A poltrona da janele é minha! – Diz Anna Júlia sacudindo um papelzinho.

Sorrio para ela e me levantando a dando passagem para se sentar na poltrona da janela que era á que eu estava ocupando. Ela se senta e fica olhando pela janela, e o ônibus começa a andar.

— Obrigada por cuidar de mim! – Digo.

— Por nada! Amigos são para essas coisas! – Diz ela com um sorriso pequeno.

— Amigos? – Pergunto sério.

— Sim! – Diz ela.

Amigos? Eu já não sabia mais o que fazer pra ver se conseguia ter algo mais sério com Anna Júlia, mais estava muito difícil. Ela estava complicando demais as coisas.