Bad Romance (Black Iron) escrita por Bruna


Capítulo 21
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Notas iniciais do capítulo

Oie gente, mais um capítulo, o penúltimo da história, já estou com saudades *----*
Desculpe qualquer erro e tomara que gostem!
Beijos s2



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Ninguém disse que era fácil

É uma pena nós nos separarmos

Ninguém disse que era fácil

Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim

Eu estou indo de volta para o começo

(The Scientist - Coldplay)

“Estava completamente em coma, um sono sem sonhos ou pesadelos, mas sinto alguém cutucar meu braço incansavelmente, até que finalmente abro meus olhos e vejo Tony sorrir para mim. Mesmo estando um pouco incomodada por ter sido acordada, não posso deixar de sorrir também. Tony então começa seu discurso de como o passeio seria legal, de como eu deveria levantar logo. Quando ele finalmente me deixa sozinha no quarto, levanto-me da cama já indo em direção ao outro quarto. Tomo um banho, coloco um vestido solto e simples e deixo meu cabelo solto. Volto para baixo e já vou para a garagem, entrámos no carro e começamos a viagem. Não era muito longa, quando chegamos Tony abre a porta e pega minha mão, já me guiando para a praia. Ele estava tão animado que era impossível não ficar feliz também. E foi assim que passámos aquele dia todo, caminhando, nadando, conversando, rindo, nos beijando. Era simples e até comum, todavia, para nós, representava muito mais. Ter paz, calma, amor, depois de tanta coisa, era incrível.”

Fico calada, ninguém fala nada por longos segundos, segundos que se arrastavam mais do que deveriam.

– Namorada? – Steve finalmente quebra o silêncio. – Algo que você queira me contar, Nat?

Novamente apenas fico calada. Não sei o que responder, eu tinha algo para contar? Nós estávamos namorando, realmente?

Tony também se mantém em silêncio, a sala estava tão carregada de tensão que quando finalmente falo, vejo que estava segurando minha respiração.

– Acho que não... – Minha voz vai se perdendo ao passo em que vou falando.

– Então você e o Tony não estão... Namorando?

– Não. – Respondo rápido, mas logo me arrependo.

Tony parece ter levado um soco, ele olha para mim e vejo toda a magoa em seus olhos. Sinto algo dentro de mim se quebrar, era eu a calçadora daquele olhar.

– Licença. – Tony pede já se retirando da sala.

Fecho meus olhos suspirando. Abro meus olhos novamente e, ignorando a pergunta de Steve, abro a porta e vou atrás de Tony.

“Termino de por meus brincos e me avalio no espelho, vestido azul escuro, cabelo solto, batom não muito escuro, olhos marcados de preto e salto alto azul também. Sorrio e desço, o barulho que meus saltos fazem na escada chama a atenção do moreno que assistia televisão. Tony vem em minha direção sorrindo, pega minha mão e aproxima meu corpo do seu. Ele sussurra um: Você é tão linda e depois inicia um beijo calmo. Separamos nossos lábios com alguma resistência e vamos para o carro. Chegamos ao restaurante e Tony já me guia para dentro, sempre andávamos de mãos dadas agora, tão diferente, e, ao mesmo tempo, tão bom. O restaurante era grande, de um lado as mesas e do outro um lugar reservado para dançar, palco e musica ao vivo. Sentámos em uma mesa próxima ao palco, lá tocava uma música lenta e calma, jazz. Passamos o jantar todo falando um pouco sobre cada um e jogando conversa fora. Era uma tarefa quase impossível jantar com Tony Stark, já que o mesmo não para de contar piadas, não consigo me controlar e acabo rindo, também não havia motivo para eu não rir, para eu atuar, eu só precisava ser eu mesma. Depois do jantar Tony levanta e estende sua mão para mim, ele sorri para mim e eu já imagino o que seja. Aceito sua mão e ele me guia para o lugar de dança. Já era tarde, praticamente todas as pessoas estavam em casais dançando, às luzes eram fracas, dando um ar romântico e íntimo. Tony me segura forte em minha cintura, aproximando ao máximo nossos corpos, com sua outra mão ele segura minha mão, a cada nota da música nós nos aproximávamos mais. Meu rosto estava tão próximo do seu que nossos lábios quase se encostavam. Eu não sabia quanto tempo havia passado, minutos, horas, dias... O mundo havia sumido, restava apenas eu e Tony. E depois de várias danças, finalmente colamos nossos lábios. Era um beijo calmo, um beijo feroz e ao mesmo tempo delicado, doce, amargo... Era o nosso beijo, o melhor beijo que eu já havia recebido.”

Saio no corredor, todavia ele está vazio. Corro para a recepção e também não vejo Tony. Pergunto para a recepcionista e ela fala que ele havia saído há alguns instantes atrás. Vou direto para o elevador, clico inúmeras vezes no botão, como se fosse resolver alguma coisa. As portas se abrem e praticamente pulo para dentro do elevador. Clico no botão do primeiro andar e começo a bater meu pé no chão.

O elevador chega ao primeiro andar e eu empurro algumas pessoas para passar, corro para a saída, quando finalmente saio do prédio olho para todos os lados em busca de Stark, avisto ele parado no meio fio da calçada, chego perto dele e espero ele terminar a ligação que está fazendo.

– Tony... – Minha voz sai mais como um sussurro.

O moreno olha para mim com uma cara indiferente.

– O que foi?

– Desculpa.

– Pelo que? Nós não temos nada mesmo, não precisa se desculpar por dizer a verdade. – Stark fala friamente.

Meus olhos marejam, nesse momento estou me sentindo a pessoas mais idiota do mundo. Por que afinal eu estou triste? Eu mesmo disse que não tínhamos nada.

– Escuta...

– Não, escuta você. – Tony grita, me fazendo dar um pulo de susto. – Por que você tem que ser tão difícil? Tão complicada? Eu achei que nós estávamos bem, eu sinceramente achei que nós tínhamos algo, mas parece que só eu mesmo.

Fico calada, não suporto olhar para Stark, desvio meu olhar para o outro lado da rua. Algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto, mordo meu lábio inferior com força, as impedindo de cair.

– Não é a primeira vez que nós brigamos assim, e adivinha, a outra foi por sua causa também. – O moreno ironiza, sorrindo para mim. – Não que eu seja perfeito, mas parece que você não quer que dê certo. Grita comigo por ciúmes, aceita missões suicidas por diversão, por que por dinheiro não é, não segue meus conselhos, simplesmente me ignora. Depois de tudo o que passamos! Nem em uma droga de relacionamento você acha que estamos!

– Nós nunca conversámos sobre isso! Você queria que eu adivinhasse por acaso? – Explodo também.

– Ata, porque passarmos um mês juntos, dormindo juntos, saindo juntos, não é nem uma pista!

– Desculpa, é isso que você quer que eu diga? Desculpa!

–Eu não quero que você diga nada. – Tony desvia seu olhar de mim, virando seu corpo para a rua.

Um táxi estaciona em nossa frente e vejo Stark abrir a porta.

– Então é isso? – Uso o resto de força que me sobrou para perguntar, mas mesmo assim minha voz sai falhada.

– Isso o que? – Tony me encara novamente.

– Terminou?

– Terminou o que se nós não tínhamos nada? – Aquelas palavras me atingem como uma faca, precisamente, fundo e lentamente. – Talvez não tenha passado de um erro, é melhor esquecer.

E novamente eu estava jogando minha chance fora.

Era como se eu não estivesse em meu corpo, como seu eu fosse apenas uma espectadora, vendo de novo e de novo, eu cometer mais um erro, cometer mais uma falha.

Tony Stark era a melhor coisa que havia entrado na minha vida, ele havia me salvado de tudo, não só dos pesadelos. Havia me salvado da minha antiga vida, da solidão, da tristeza...

Eu havia passado os melhor momentos de toda a minha vida com ele. Sempre sorria, vivia sem pensar em nada, sem me preocupar. Todas as memórias dos nossos encontros, das nossas conversas, dos nossos beijos e declarações passaram em minha cabeça.

Tudo ao meu redor em estava em câmera lenta, mas as memórias não. Elas passavam em uma velocidade normal, lentas, rápidas, como as notas de uma música, sempre oscilando.

Eu não queria perder aquilo, eu não me imaginava voltando a minha vida monótona e triste, na verdade, eu não tinha mais motivos para viver além de Tony.

Por um momento, me sinto voltando ao começo, me sinto voltando exatamente no dia em que eu tive certeza que precisava de Tony, no dia em que finalmente eu me declarei para ele.

Podia sentir as gotas de chuva que molharam meu cabelo, pingarem no resto do meu corpo, podia sentir o medo dentro de mim e, principalmente, podia sentir o quanto eu precisava de Tony.

Toda a sensação do abandono, da solidão, da necessidade que eu estava eram doloridas. Porém também havia a confiança, pouca, mas estava lá. Aquele confiança que veio com a clareza e aceitação da verdade.

E depois de todas as palavras saírem, carregando tudo o que eu sentia fazia tempo, desde o primeiro beijo que nós havíamos dado naquela festa, me vi ansiosa pela reação que ele teria. Então eu senti o beijo. E tive certeza.

Tony ainda me encarava indiferente, sua mão segurando a porta aberta do táxi.

Ninguém havia dito que seria fácil, eu não poderia jogar tudo fora agora.

Eu não iria jogar tudo fora.


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