Arthur

Entramos na casa de Kaezzy, a porta estava aberta como de costume, olhamos por ai mas não avistamos a Stacy, a empregada, procuramos Kaezzy no escritório que é o lugar onde ela sempre está, abrimos a porta e não a encontramos em lugar algum, Raven suspira, seus olhos brilham em um tom um pouco mais claro e olha para o vazio, passasse uns segundos e ela volta ao normal.
–Vamos procurar lá em cima- ela parece entediada.
–Está bem- fomos subindo as escadas, estou nervoso e acabo tropeçando em um degrau, perco o equilíbrio e sinto a gravidade puxando meu corpo para baixo. Acho que vou cair. No último momento Raven me puxa pela gola da camisa me segurando, ainda de costas, e impedindo de cair brutalmente -... Obrigado Raven- ela não diz nada, se quer me olha, só continua a subir.
Fomos até o quarto de Kaezzy e ficamos parados observando a porta, é meio proibido entrar lá dentro, ela é extremamente contra a invasão de privacidade. Raven se prepara para bater na porta do quarto, antes de seu punho chegar ao encontro da porta escutamos o barulho da fechadura se abrindo.
–Podem entrar- escutamos a voz de Kaezzy vinda de dentro do quarto.
–Vamos entrar?- pergunto um pouco sem jeito.
–É o que vimos fazer aqui, bocó- ela revira os olhos para mim, que mal humor.
Entramos no quarto e a vemos sentada de pernas cruzadas em cima da cama dela nos olhando normalmente como se os fatos na Amazônia não tivessem acontecido, ela estava arrumada, confiante e meio... Feliz?
–Pode para com isso! Eu vejo por trás disso!- Raven grita com Kaezzy, e ela olha desafiadora para nós dois, do nada tudo muda: seus cabelos estam bagunçados e mal cuidados, ela vestia a mesma roupa que usava quando chegamos mas um pouco mais bagunçada, seus olhos: um amarelo e outro preto, cada um perdeu um pouco do brilho e ficou mais claro e fraco, também estam irritados acho que ela andou chorando por um tempo, também haviam potes de sorvete jogados ao redor e em cima da cama e não foi só isso que mudou, a condição do quarto mudou também, antes estava todo arrumado em seu devido lugar mas agora tem pedaços de vidro espalhado pelo chão, seus criados-mudos estavam sem as gavetas e as gavetas estam no chão, as roupas espalhadas por tudo que é lado, a metade do lustre que ela tinha foi quebrada e jogado no banheiro, as janelas também estavam quebradas.
–O que aconteceu aqui?
–Ela quis disfarçar a baguncinha dela, você não é disso Kaezzy.
–Não importa, se quiserem ir atrás da Alice podem ir, eu não me importo mais.
–Mas precisamos da sua ajuda, você precisa localizar a Alice para nós- Raven fala.
–Por que você não vê onde ela está? - Raven desvia o olhar -Espera ai... Você não consegue.. Não consegue mais ver o futuro dela.. - Raven aperta sua mão fechada cada vez mais -Muito bem, tem algo de errado com você, nunca lhe vi assim, tudo bem- ela põe a mão na cabeça e fecha os olhos -Ela está na China... próxima a muralha... na parte... Leste.
–Agradeço Kaezzy, meus pêsames por o que aconteceu- falo para ela enquanto saíamos de lá, Kaezzy fica com cara mais triste, saímos da casa de kaezzy.
–Okay vou arrumar as minhas, você arrume a suas também e depois iremos pegar um avião para a China- Raven me fala decidida.
Vou até minha casa e preparo tudo que possa precisar: dinheiro, escova de dente.. Quando vou ao meu guarda-roupa ao abrir a porta vejo a foto minha e da minha mãe que estava rasgada em um dos cantos, retirando um certa pessoa da foto, eu mesmo rasguei isto, suspiro.
–Já vai fazer 6 anos que aconteceu..- escuto alguém bater na porta, é a Raven, já estávamos prontos então fomos para o aeroporto.
Estamos sentados nas cadeiras do avião que nos levará para perto da muralha da China, a Raven dorme tranquilamente em sua poltrona ao meu lado, eu observo as nuvens brancas, elas me lembram a minha infância quando eu e o... Chase brincávamos e pensávamos que elas eram feitas de algodão-doce... No fim elas sempre foram água, ah Chase, por que teve que ser assim? Eu tento te perdoar.. Mas eu não consigo. Sinto a mão pesada de Raven no meu braço, me viro para olhar para ela, tinha uma expressão estranha.
–O que houve? Alguma visão? Achou a Alice?
–Não sei, mais ou menos e não, nesta sequência- desvia o olhar -Preciso que me leve ao Brasil!
–Por que? Tenho que ir junto?
–Não, apenas eu, você precisa ir encontrar a Alice. Agora, me faça um portal.
–Boa sorte- faço um portal no formato da poltrona, como uma cobertura, para que não chame muita atenção -Algum lugar específico?
–So me leve pro centro do país, de lá eu me viro- e ela foi embora, agora estou só em um vôo de quase 7 horas.
–Que ótimo, pelo menos eu posso dormir.

Está chovendo, isso é estranho não costuma chover nessa época do ano, estou em uma caminhonete vermelha mas não sei aonde estou indo nem por que estou aqui.
–Para onde eu estou indo?
–Para casa filho- escuto uma voz feminina e riso familiar que não ouvia à muito tempo, olho para onde vem o som e me surpreendo com o que eu vejo, ou melhor quem eu vejo.
–M-mãe!? O que está fazendo aqui!? - como ela pode estar aqui?
–Eu vim te pegar da escola, bobinho- o que? Olho para a minhas mãos... Elas estam pequenas, decido me ver no retrovisor.. Eu... Estou jovem, muito jovem, cerca de 11 anos.
–Espera... Mãe, que dia é hoje!?
–Hoje é 13- 13? Ai não, espero que não.
–De que mês?
–Janeiro - droga, não acredito.
–Hoje... É o aniversário do Chase!
–Que bom que você lembrou! Eu comprei um skate para ele, espero que ele goste- ela sorri, uma lágrima escorre do meu olho.. Eu não acredito que vou passar por isso de novo.. A Chase! Por que teve que fazer isso? Essa era nossa mãe!