Diga Adeus à Inocência escrita por Mahfics


Capítulo 40
8.


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer as leitoras novas que estão aparecendo na fic♥ E prometo que vou responder os comentários.



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Guardo o celular e viro de lado na cama, aperto meu travesseiro e suspiro. Será que vai demorar muito para me acostumar de novo com essa vida?

Fecho os olhos e tento dormir. Ficar pensando muito nisso será pior.

***

Continuo conversando com as meninas pelo nosso grupo de conversa no celular, Matthew me manda mensagens algumas vezes e em outras, some. Clarice me enturmou em seu grupo de amigos e está ficando mais fácil conviver na faculdade. Algumas provas já estão sendo dadas e as principais estão chegando, então estou estudando mais e assim não tenho tempo para pensar em distrações, por exemplo, o perfil do Malic.

– Vamos em um bar hoje à noite, quer ir? – Andressa me entrega um guardanapo.

Ela é uma das amigas da Clarice e é a melhor para conversar descentemente. As outras são bonitas, mas não tem um assunto, só sabem falar de festas, bebidas e meninos – o mesmo estilo de Clarice, só um pouco mais lento e desinteressante.

– Vou ver.

– Você é sempre assim? – ela ergue uma sobrancelha.

– Assim como?

– Sei lá, você é a amiga da Clarice, achei que fosse um pouco mais animada. – ela sorri e dá um gole em seu suco.

– Sou. – minto, em parte – Estou apenas me acostumando.

– Faz dois meses que está se acostumando. – ela rebate.

Meu Deus, dois meses? Como o tempo passou tão rápido assim? Achei que tivesse passado apenas algumas semanas desde que cheguei aqui. Dois meses. Encaro o meu copo de refrigerante. Então o casamento do Malic já chegou, não me lembro da data no convite, mas não deve estar muito longe... Que dia é hoje mesmo? Contraio os lábios. Estou perdida no tempo.

– Bianca. – Andressa me chama.

Encaro-a.

– Quer desabafar? – ela inclina cabeça, sorrindo.

– Não. – sorrio – Estou bem.

– Vai querer ir no bar hoje com a gente?

Por que não? Preciso sair.

– Sim.

– Ótimo. – ela levanta e me puxa pela mão – Vou fazer você perder esse jeitinho comportado.

Sorrio.

– Você é capaz disso? – ergo uma sobrancelha.

– Quando você notar, estará indo pra cama com um desconhecido. – ela ri e aperta minha bochecha.

– AIDS mata. – relembro.

– Não se você usar camisinha, bobinha. – ela bate o quadril no meu, como se estivesse rebolando – Relaxa e goza, gata.

Enrubesço ao lembrar que Malic me disse isso quando dormi com ele pela primeira vez.

– Mas eaí, não deixou nenhum gato do interior pra trás?

– Pra falar a verdade, deixei sim.

– Foto. – ela ergue a mão.

Pego meu celular e entro no perfil do Malic, clico na foto do perfil. Entrego-o para Andressa e aguardo ela analisar a foto.

– Gente, ele é muito gato. – ela aproxima mais a foto – E essas tatuagens? Estou sem ar.

Rio.

– Como você deixou isso para trás? – ela passa para a próxima foto.

Você não sabe nem da metade da nossa história.

– Temos que fazer nossos sacrifícios. – dou de ombros.

– Isso não foi sacrifício – ela discorda e passa para a próxima foto –, foi morte súbita.

Rio.

Talvez tenha sido, uma morte lenta e dolorosa.

– Ele fuma? – ela franze o cenho – Que sexy.

Está aí a diferença dessas meninas, não sou capaz de achar que um cara fumante é sexy, mesmo ele sendo lindo. Por isso elas são mais animadas e descontraídas, o bom senso não existe nelas e em mim ele ultrapassou o limite.

– Pede amizade pra ele. – ela comenta.

– Não! – exalto-me e pego o celular de sua mão.

– O que foi?

– É melhor não.

– Estranha. – ela me encara de canto de olho e sorri.

Respiro aliviada e guardo o celular em meu bolso. Quase que a Helen vem para São Paulo me matar.

Depois do almoço, o período de aula foi rápido e houve apresentação de alguns trabalhos no auditório, quase que sucumbo ao meu sono atrasado. Quando o sinal da última aula bateu, saí voando para dentro do meu carro e graças a minha pressa, não peguei muito trânsito. Andressa me passou o endereço do bar que elas irão hoje.

– Bar? – minha mãe me encara. Primeiro dia que ela chega cedo – Você gosta de bar?

– Não.

– Então por que você vai? – ela franze o cenho.

– Porque quero sair.

Ela suspira.

– Não gosto que você frequente esses lugares aqui.

– Por favor.

– Não irá voltar tarde?

– Prometo.

– Pode ir.

Abraço-a.

– Obrigada.

Subo para o meu quarto correndo e começo a me arrumar. Coloco o um vestido azul escuro e um colar, um sapato preto com alguns poucos centímetros de salto e uma maquiagem leve. Olho mais uma vez no espelho e sorrio. Está bom.

Preciso sair antes do meu pai chegar. Pego a chave do carro, me despeço de minha mãe e corro para a garagem. Hoje é o dia que meu pai chega mais cedo do serviço e se eu quiser chegar mais tarde em casa tenho que correr um pouco. Saio da garagem muito rápido e quase bato no portão. Quando dobro a esquina, olho pelo retrovisor e noto que meu pai acaba de chegar. Foi por muito pouco...

O bar fica a meia hora da minha casa e está bastante movimentado. Paro o carro na esquina e volto a pé, recebendo cantadas depravadas dos carros que passam. Entro no bar e procuro por Clarice.

– Cinzenta! – ela grita segurando um copo – Até que enfim você chegou!

Sorrio e me aproximo.

– Tive que fugir do meu pai. – declaro me sentando.

– Nossa missão de hoje – Clarice encara as outras meninas -, é fazer essa santa virar uma devassa.

Rio.

– Por favor, nada de missão. – pego, rindo.

– Não. – Andressa intervém – Já fiz meu juramento de te transformar, lembra?

– Um brinde! – Carol interrompe minha resposta e ergue seu copo vazio.

– Estamos brindando o que? – Melissa a encara.

– Qualquer coisa. – Carol dá de ombros.

Todas erguem seus copos e eu ergo uma garrafa de cerveja pela metade. Que eu consiga sobreviver essa noite, amém.

– Toma. – Andressa me entrega um copo cheio – Vai te animar.

– Não tem droga aqui, né? – pego o copo e hesito.

– Acho que não.

Mordo a lateral do meu lábio inferior. Minha mãe sempre disse para não beber em copos de estranhos e eu sempre mantive minha promessa, mas esse copo não parece estar com algo indesejado.

– Bebe logo! – Clarice resmunga e ergue a mão para o garçom.

Andressa me encara fixa, ansiando pelo meu gole.

– Não sei... – murmuro.

Esse copo estava aqui, acredito que nenhuma menina daqui queira me sequestrar. Dou um pequeno gole na bebida e o líquido queima minha boca. É apenas vodca.

– Aleluia! – Andressa ri – Estamos progredindo.

Sorrio.

– Não prometo tomar todos os copos que você me der. – aviso.

– Relaxa. – ela pisca para mim e enche seu copo de cerveja.

– Olha. – Melissa me cutuca – Eles estão encarando a gente desde que chegamos.

Olho discretamente para o lado e localizo uma mesa cheia de homens. “Homens”. Eles devem estar na faixa dos 20 a 24 anos. De acordo com o meu padrão de beleza masculina, eles não são feios, mas também não são lindos. Agora, sobre eles ficaram encarando a nossa mesa não é surpresa, ela é a mesa mais escandalosa desse bar todo.

– Vamos jogar sinuca? – Carol encara Melissa.

– Da última vez perdemos o nosso dinheiro. – Melissa pondera.

– Ah, por favor, Mel. – Carol insisti.

Levo o olhar para a mesa de sinuca e entendo o motivo de Carol querer jogar: há uma dupla muito atraente lá. Melissa também descobre o motivo e acaba se interessando.

– Nada de apostar. – avisa se levantando.

– Prometo. – Carol levanta e a segue para a mesa.

Elas se enturmaram tão rápido com eles que é espantoso, eu teria vergonha de atrapalhar a partida deles e ainda ter a cara de pau de pedir para jogar.

– Já viu alguém interessante? – Andressa senta ao meu lado e me entrega um segundo copo. Mal acabei o primeiro – Toma.

– Drogas? – encaro-a de canto de olho.

– O garçom acabou de trazer para mim. – ela garante.

Pego o copo. O líquido é transparente como o outro, mas esse está com algumas rodelas de limão e gelo.

– Não vai estar tão forte por causa do gelo. – ela comenta.

Dou um pequeno gole. Esse não queima tanto quando o outro. Balanço-o e passo a língua por meus lábios.

– Achou alguém interessante? – Clarice nos encara – Não consegui encontrar ninguém do meu tipo.

– Quando você ficar mais bêbada, até o mendigo será o seu tipo. – Andressa ri.

– Babaca. – Clarice resmunga e pega o meu antigo copo – O que tem aqui?

Sem nem esperar eu responder, ela já um longo gole e acaba com a bebida.

– Cacete, que forte. – passa a mão no canto de sua boca – Só vodca?

– Exato. – Andressa confirma com uma piscada.

O bar aqui é diferente e Villa Lobos. Lá era muito mais confortável.

– Bianca. – Clarice me chama, alongando o último “a” de meu nome.

Encaro-a.

– Se anime-se. – ela sorri.

Reviro os olhos. Ela está bêbada, muito.

– Estou animada. – forço um sorriso.

– Dá mais bebida pra ela. – ela ordena para Andressa.

– Quer matá-la de coma alcoólico? – Andressa franze o cenho.

– Quero! – Clarice ri – Ai Deus, preciso sair daqui acompanhada. – ela passa o olhar pelo salão novamente.

– Tem os caras da mesa do lado. – Andressa aponta discretamente.

– Vamos lá! – Clarice puxa a mão de Andressa e as duas caminham até a mesa ao lado.

Ótimo, fiquei sozinha. Dou mais um gole no meu copo e passo os dentes por meu lábio inferior. Acho que vou embora, elas nem vão notar, estão tão bêbadas que logo esquecem que eu estive aqui. Como elas conseguem ficar bêbadas tão rápido? Olho para a mesa ao lado novamente e Clarice já está agarrada a um deles. Por Deus.

Antes que eu levante para ir embora, um dos caras que estava na mesa ao lado se aproximo. Encaro-o com o cenho franzido até ele sentar ao meu lado.

– Oi. – ele sorri.

– Oi. – sorrio.

– Sabe, meus amigos me desafiaram a falar com a menina mais bonita desse bar. – ele fala e olha para um dos supostos amigos – Quer tomar uma bebida com o dinheiro deles?

Sorrio.

– Qual seu nome? – inclino a cabeça.

Não o tinha visto naquela mesa. Ele até que é bem bonito. Tem cabelo castanho claro ondulado no corte tigela – e mesmo sendo esse tipo de corte, ele não ficou com uma feição infantil -, tem maxilar quadrado e olhos castanhos.

– Heitor e o seu?

– Bianca. – estico a mão para apertar a sua, mas ao contrário do que eu esperava, ele pega a minha mão e deposita um delicado beijo. Sorrio com as bochechas quentes.

– Vamos tomar as bebidas? – ele ergue uma sobrancelha.

– Claro.

Oito; foi a quantidade de bebidas que o dinheiro da aposta deu. Tentei não tomar muito, porém quando dei por mim, já estava rindo, zoando e o beijando.

Beijá-lo?! Não acredito que eu estou beijando ele! Não posso, o que está passando pela minha cabeça? Tenho que parar!

Minhas costas encosta na parede e suas mãos apertam minha cintura e uma minha coxa na altura da polpa de minha nádega. Arfo e aperto sua cintura, marcando minhas unhas. Tenho que parar... Isso não é certo, nem o conheço. Tenho que... Não tenho nada. Não estou fazendo nada errado, apenas o beijando e isso não é crime, principalmente quando se está soltei. Lembre da Clarice, que cada hora está beijando um.

Subo minha mão que está em seu pescoço para seu cabelo e enrosco meus dedos em seus fios macios. Ele desce os beijos para meu pescoço e um arrepio percorre meu corpo. Arqueio o corpo e mordo o lábio inferior com força. Meu corpo esquenta. Seus lábios voltam a encontrar os meus, meu coração dispara e minhas pernas ficam bambas. Acompanho seu beijo, não com a mesma voracidade.

Há um misto de sentimentos dominando meu corpo. Excitação e repulsa. Não sei para qual dos dois pendo mais e resolvo encarar a repulsa como a hesitação de enfrentar o novo e pendo para o lado da excitação. Meus dedos escorregam para dentro de sua camisa e posso sentir sua pele quente contra as pontas deles. Finco a unha em sua carne e posso senti-lo arfar. Dou um rápido sorriso contra seus lábios.

Sua mão sobe para meus cabelos e seus dedos enroscam no cabelo de minha nuca, me imobilizando. Uma onda de excitação explode por meu corpo e faz meus dedos formigarem. Sua língua encosta em meus lábios e eu entreabro-os mais – talvez não por vontade de aprofundar o beijo, apenas por educação. A mão que ainda está em minha coxa sobe para a minha cintura e me puxa para mais perto – se é que é possível ficar mais perto dele.

Algo quente envolve meu seio esquerdo e então noto que é sua mão. Rompo o beijo – de uma forma gentil -, e o encaro.

– Ei – forço um sorriso -, vamos com calma. Tudo bem?

– Desculpa. – ele sussurra e posso notar um pequeno rubor em suas bochechas.

– Está tudo bem. – envolvo seu pescoço com os braços e lhe dou um demorado selinho.

– Sorriam!

Olho para o lado e vejo Clarice com um celular. Arregalo os olhos e escondo o rosto na curva do pescoço de Heitor, ele ri.

– Sem graça. – ela me encara e mostra a língua.

Sorrio.

Assim que a vejo se afastar, dou um selinho no pescoço do Heitor.

– Não provoque. –ele adverte.

– Poxa – finjo um lamento -, só porque adoro provocar.

Posso sentir seu sorriso perto de meu ombro.

Fui embora logo depois que minha mãe ligou preocupada querendo saber se eu estava bem e foi aí que notei que já estava quase no final da madrugada, ficar com o Heitor matou o tempo rapidamente. Peguei um táxi para casa.

– Como foi? – minha mãe questiona, animada.

– O que está fazendo acordada? – franzo o cenho.

– Trabalhando. – ela dá de ombros.

– Vai dormir, mãe. – aconselho – E sobre a noite: conheci o Heitor.

– Beijou ele? – ela pergunta, curiosa.

– Sim. – sorrio.

– Quero que me conte tudo depois. – ela subo para o quarto. Faço o mesmo.

Tomo uma ducha e vou direto para a cama. Pego meu celular e abro em minha página, há uma marcação minha em uma foto da Clarice, clico na tal marcação e vou parar direto na foto que ela tirou de mim com o Heitor. Ela não fez isso...

Vou direto nos comentários, dentre os comentários do pessoal da faculdade e até dos, acho, amigos do Heitor, se sobressem esses:

Amiony O’hara: BIANCA, O Q SIGNIFICA ISSO?! QUEM É ESSE CARA?

Monique Adams : Miga, loca, arrasou.

Juliana Matunella: gostei do seu cabelo.

Coloco a mão no rosto e posso senti-lo aquecer. Preciso lembrar de matar a Clarice amanhã.

O celular vibra com a notificação de uma mensagem, inconscientemente passo a mão em cima da notificação antes que ela apague e acabo entrando na conversa.

*Ñ perde uma.*

Subo o olhar para ver quem é o dono da conversa; Malic. Cubro o grito com a mão o abafando e hiperventilo. Meu Deus do céu, não.

*Quem é vivo sempre aparece*, respondo, tentando mudar o foco do assunto.

*Ñ mude de assunto*

Ergo uma sobrancelha.

*Oq? Sou uma pessoa livre*

*Ah, agora é assim?*

*Smp foi assim*

*Bom saber...*

O que? Ele vai me julgar agora?

*Ñ vou casar, sou livre pra beijar quem eu quero.*

*Ah! Então vc vai jogar assim?!*

*Só estou mandando a vdd*

*Casar ñ é uma doença*

*No seu caso é sim!*

*Está sugerindo q eu ñ case? Ñ tenho dinheiro para sustentar uma criança*

*Vc é frouxo demais para abrir mão do casamento*

*OQ?! Sua sorte é que não está aqui*

*Pq?! Irá me marcar de novo?! Ah é, vc só ñ é frouxo pra agredir uma mulher*

*Esquece isso*

*Nunca! Assim como ñ vou esquecer essa sua covardia diante do seu pai*

*Oq vc quer que eu faça?!*

*Ué, enfrente ele! Vc pode processá-lo e o caralho a quatro, mas não faz isso pq essa situação é cômoda pra vc*

*Faço oq eu quiser*

*QUE ÓTIMO! Pq eu também beijo as bocas que eu quero*

*Vc devia ter vergonha de falar isso*

*Tenho vergonha de ter gostado de vc*

*Bianca, vai dormir, vc tá bêbada*

*Ñ *

*Estou mandando!*

*Nossa q medo*

*Vc devia ter medo de mim*

*KKKKKKKKK me faça rir mais um pouco*

*Vc ñ sabe do que sou capaz*

*Ah! Eu sei sim, vc é capaz de nada, porque se fosse de alguma coisa, ñ estaria sendo o corninho do papai, babaca*

*Bianca, Bianca*

*Oq?*

*Se comporte*

*Senão... *

*Senão irei aí te ensinar a ter educação*

*Estou pagando pra ver*

Saio da conversa e o bloqueio. Coloco meu celular no criado-mudo e não posso conter o sorriso.


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