Between The Time escrita por Canário


Capítulo 3
Coisas familiares


Notas iniciais do capítulo

Hiii!! Desculpa a demora e isso não significa que não tenho escrito, por que tenho vivido mais nessa historia do que na minha própria vida então não desista de mim :D
Espero que gostem do capítulo :)



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1965

P.O.V Alexandra

(Play)

Alexandra estava sentada no chão aos prantos, com o rádio do lado e lenços espalhados por todo o chão:

♫"Ooh baby love, my baby love

I need ya, oh how I need ya

But all you do is treat me bad

Break my heart and leave me sad

Tell me, what did I do wrong

To make you stay away so long"♫

♫"Cause baby love, my baby love

Been missing ya, miss kissing ya"♫

 

Já havia duas semanas que ela não recebia nem uma ligação sequer do ex-namorado Lucas. No final das contas até aquele dia ela tinha esperanças que ele ligasse e desistisse do fim do romance que eles tiveram.

♫"Don't throw our love away

In my arms why don't you stay

Need ya, need ya"♫

Sofi subiu a escada correndo e entrou no quarto da irmã. Ofegante, colocou as mãos no joelho para se recuperar da corrida, Alexandra nem percebeu que a menina tinha entrado. Sofia observou os lenços no chão e o quarto bagunçado, procurou Alexandra mas não via em nenhum lugar, só ouvia a música alta e a voz da menina. Andou para dentro do quarto e achou Alexandra no chão, ainda cantando.

♫Baby love, my baby love
Why must we separate, my love
All of my whole life through
I never loved no one but you♫

Sofi abaixou o volume da música e sentou ao lado da irmã:

— Ale, os Stan estão lá em abaixo, a mãe pediu para você descer...

A menina enxugou as lágrimas com as costas da mão.

— Não acredito Sofi, eu tinha me esquecido que era hoje. - Disse ela acordando para a realidade.

— É tão hoje que eles estão lá embaixo. — Disse Sofi rindo da irmã, mas logo se arrependeu e tentou consola Alexandra. - Ei, não fica triste Ale, tudo vai ficar bem.

Isso fez Alexandra gargalha um pouco:

— Eu sei Sofi... Mas eu não estou disposta.

— Vamos... O almoço está cheirosíssimo. — Disse a menina com um sorriso imenso no rosto.

Alexandra aceitou participar do almoçou, mas deixou a irmã ir primeiro, passou no banheiro para se arrumar um pouco, não trocou de roupa, apenas ajeitou o cabelo que estava uma bagunça, lavou o rosto, mas mesmo assim, ainda se percebia no rosto dela que tinha chorado.

Descendo as escadas, observou que a sala estava vazia, tudo muito bem arrumado e nada fora do lugar. Não tinha reparado até chega no penúltimo degrau da escada, que no fundo da sala estava Rafael com as mãos nos bolsos da calça, observando os porta-retratos em cima de uma cômoda.

Ela também tinha se esquecido de que ele viria, parou ali e ficou observando em pé o garoto, fazendo o menos de barulho que conseguia.

— Hei! — Disse ele, ao virar e perceber que a menina estava parada na escada.

— Oi!

— The Supremes?

— É... Estava tocando na rádio... — Disse ela tentando manter a calma, contendo o coração acelerado, mas ele já havia percebido no rosto dela, que ela havia chorado e que estava nervosa.

— Quem é ele?

— O que?

— Quem te fez chorar.

Ela poderia ter respondido tantas coisas, poderia ter deixado ele invadir um pouco o espaço dela, mas preferiu ser grossa e estupida:

— Acho que a gente não tem esse nível de intimidade.

Ele franziu a testa, mas não ficou sem jeito e apenas respondeu:

— Não é por que um de nós faz alguma coisa que todos nos temos que pagar por isso.

— Muito sábio da sua parte. — Disse ela cutucando mais uma vez o garoto, que apenas tentava ajuda-la.

Ele caminhou até o final da escada e ficou de frente para ela, fechando a escada.

— Garota, já te falei para não ser tão maldosa?

— E desde quando sua opinião vale de alguma coisa para mim? — Disse ela, fazendo a conversa ficar mais tensa.

— Você é sempre assim com alguém que quer te ajudar?

Descendo mais um degrau, deixando seus olhos na mesma direção que os dele, ela respondeu:

— Você esta querendo mesmo me ajudar ou quer algo a mais com essa conversa? — Ele ficou confuso e isso ficou estampado no rosto dele e ela continuo sendo estupida, mas mesmo com o coração tão acelerado que nem ela mesmo acreditava. — Vocês sempre querem algo a mais.

Ele reagiu da forma que ela e nem mesmo ele esperavam, olhou nos olhos dela e começou a acariciar o rosto da garota, analisando cada parte dele, ela fechou os olhos e se deleitou com seu toque, eles queriam mais daquilo, queriam o toque um do outro e eles se aproximavam cada vez mais.

— Você tem razão — Disse ele segurando agora a mão dela - Eu quero sim.

Ao longe se ouviu os passos e conversas. Logo ela soltou a mão dele e se esgueirou saindo do empasse que ele tinha deixado na escada.

— Alexandra! — Disse a Srª Stan correndo para abraçar a garota, que ainda tinha o coração agitado.

— Olá.

— Como esta bela. — Disse Srª Stan liberando a menina do abraço. - A última vez que ti vi, foi antes da mudança...A uns...

— Sete anos — Completou Lucia

— Sim. — Disse a mulher sorrindo — Lembro que ela era uma garota muito risonha e você ainda corria por ai de fraldas. — Disse para a menina Sofia.

— Bem vamos comer. O almoço está na mesa e está delicioso. — Disse Lucia guiando todos para a sala de jantar.

Rafael e Alexandra tentaram ficar para trás, talvez para tirar a limpo todo o que havia acontecido ou talvez só quisessem estar junto um do outro, mas logo a avó da garota puxou os dois para a mesa.

1922

P.O.V Claire

Claire se sentiu incomodada por sentar em um sofá tão lindo suja do jeito que estava, ela observava cada canto da casa para tentar esquecer a dor enquanto David estava um pouco distante explicando algo para seu pai.

— Oh, santo Deus o que houve? — Disse a mãe de David enquanto descia as escadas, quando viu uma garota ensanguentada sentada no sofá correu até ela.

— Oh Deus — A mãe de David sentou no sofá e colocou a mão sobre a mão de Claire. — O que fizeram contigo meu bem.

Claire ficou pouco tempo em silencio, logo aquela mulher fez ela se lembrar da mãe, então ela resolveu contar tudo para ela, deixando as lágrimas rolarem pelo rosto, enquanto a mulher de longos cabelos castanhos fazia carinho na mão dela.

Logo o pai de David e ele vieram ouvir a historia da garota, mas Claire omitiu a parte em que ela esfaqueava um homem, por mais que fosse legitima defesa, Claire não sabia se podia contar, não se sentia segura.

David ficou com muita raiva e isso transparecia por que as vezes seu corpo tremia e ele fechava o punho ou pressionava o maxilar.

O pai de David que atende pelo nome de John Carter prestou os primeiros socorros constatou que a menina não tinha fraturado nada,

mas tinha escoriações, arranhões e cortes por todo o corpo que foram tratados por ele, também deu remédios para aliviar a dor.

Enquanto isso David tomava o café de sua mãe na cozinha.

— Mãe? Por que? Como alguém pode fazer mal a uma garota? — Disse David muito irritado.

— Calma David, nesse universo sempre houve maldade, mas também o bem.

— Eu não me conformo mãe, eu não tenho que aceitar isso, não pode ser natural. — Disse David com um olhar que sua mãe nunca tinha visto antes, uma mistura de dor e de raiva — Eu irei procurar esses caras...

— Não atormente teu coração, não tente fazer justiça com suas mãos.

— Só há justiça assim minha mãe. Se não fizermos quem fará? — Perguntou o garoto para a mãe.

Jonh trouxe Claire para dentro da cozinha.

— Maria o que podemos fazer para essa garota?

— Já sei — Disse Maria, mãe de David com entusiasmo e um lindo sorriso no rosto, Claire logo notou a semelhança entre o sorriso dela e do filho. — Você ira tomar um belo banho e arranjarei um lindo vestido para você.

Maria entusiasmada levou Claire para o andar de cima. A garota tomou um banho demorado em uma banheira, depois foi levada ao quarto de hospede onde Maria levou três vestidos e ela escolheu entre um deles.

O vestido era simples, Claire se sentiu bem, leve e não podia negar que também se sentiu bonita nele.

David se mantinha no andar de baixo conversando com seu pai, quando Maria guiou Claire para o andar de baixo.

Por alguns minutos David se perdeu olhando para Claire, ele percebeu naquele instante que ela era a única para ela, enquanto ela descia as escadas, tinha os cabelos ondulados perfeitamente penteados soltos sobre um dos ombros, seu vestido era azul e nem mesmo os curativos que o pai tinha feito e o olho quase roxo desviavam a atenção de David. Ela deu a ele um sorriso de canto de boca e ele respondeu sorrindo para ela fazendo o coração da garota gelar.

2117

P.O.V Leeiv

Tinha chegado o dia, Leeiv tinha esperado por tantos anos e ela não podia conter a alegria e a ansiedade pelas próximas horas.

Os rhiene de Leeiv já estavam prontos e devidamente arrumados para o o Cadre, eles não demoraram a se arrumar, eles iriam, mas não eram o centro da festa, por outro lado Leeiv teve a ajuda de três companheiros para se arrumar, um terminava o penteado, outro pintava seu rosto, outro apertava o vestido ao corpo da garota.

Ela estava incrivelmente linda, seu vestido era preto como também seu sapato e a pedra da joia que levava no bracelete, eles contrastavam perfeitamente com seus cabelos lisos e quase loiros que estavam formados em um lindo penteado em sua cabeça.

Se ouviram batidas na porta e depois de algumas batidas Caden entrou por ela.

— Leeiv! — Disse ele encantado.

— Diga-me, haverá garota mais linda? — Disse ela girando devagar.

— Não, garota não... — Disse ele e eles riram.

— Estás igualmente elegante. — Disse Leeiv enquanto fingia arrumar o terno de Caden.

E ele estava, tinha o rosto liso, sem barba, usava sua fragrância pessoal , o terno que ele mesmo desenhou e o alfaiate mais caro da cidade havia costurado, seu cabelo castanho escuro tinha hoje um novo corte.

Eles se analisaram por alguns instantes até que algo veio a mente de Leeiv.

— Você contou a eles?

— Como poderia Caden? Nossos destinos serão traçados.

— Tens direto a escolha seu caminho.

— Acredita nisso mesmo? — Disse ele com desdém e duvida.

— Claro que sim, não a nada nesse mundo ou em outro que comande nossas vidas. Não acredito nisso.

Eles se perderam, entre preocupações e medos até que o nervosismo foi interrompido pela rhiene de Leeiv que entrou pela porta.

— Leeiv, Caden? Estamos indo, vocês podem ficar, ainda não esta na hora de irem.

— Posso ir com vocês? — Perguntou Leeiv

— Não está na hora. — O Teulu de Leeiv eram uns dos de maior prestigio na sociedade, suas posses eram quase incontáveis, a opinião deles eram acatadas e por isso eles eram observados. Era necessário que eles estivessem muito antes da hora inicial no Cadre, onde haveria uma pequena reunião.

— Queremos ir. — Falou Caden para Neie, tentando convencer a mulher a leva-los.

— Então, vamos todos.

**********

Chegaram no grandioso eventos, milhões de luzes iluminavam o lugar, que parecia magicamente encantado. Tudo reluzia e poucas coisas ali não eram de ouro.

Para Leeiv aquilo não encantava os olhos, não era para isso que tinha vindo hoje. Já Caden estava sorrindo, encantado com tanta beleza, bebidas e comidas estavam sendo organizadas por uma equipe que andavam de um lado a outro.

O lugar era grande, maior do que todos os dois imaginavam, o teto era alto e o olhar se perdia ao olhar para cima onde grandes lustres estavam pendurados. Sentiram tão pequenos na imensidão. Muitas mesas enchiam o lugar, ao lado um local reservado para dançar, logo a frete um grande palco, onde músicos arrumavam os instrumentos, preparando para iniciar.

Alguns Teulu's já estavam acomodados sentados ao redor de suas mesas, mas não havia nenhuma pessoa da idade de Caden ou Leeiv, todos eles chegariam depois.

Os rhienes de Leeiv se sentaram em uma das mesas e ela os acompanhou. Caden viu de longe seus rhienes e se juntou a eles.

— Bem vindos, bem vindos. — Disse um homem de cabelos grisalhos que segurava um microfone e estava em cima do palco, sua voz ecoava por todo o local.

— Hoje iniciará uma nova geração, uma nova era. — Disse o homem, que desnecessariamente dava ênfase as suas frases e fazia grandes pausas — A partir de agora vocês não serão o ápice...chegou a hora de serem ajudantes de uma nova era...Um novo começo.

— Mas fiquem tranquilos, tudo sairá como planejado... — disse ele.

O homem continuou a falar e Leeiv não queria ouvir, levantou devagar e saiu. Caden viu a menina se esgueirando e saindo pela porta, mas por algum motivo resolveu ficar ali e resolveu ouvir todo o que o homem dizia.

Leeiv correu pelas escadas, segurando o seu vestido, algo guiava ela, e ela ria e corria como uma criança que se esconde depois de fazer algo errado. Ela as vezes fazia essas coisas, gostava de enganar seus rhienes, sair de fininho, fazia coisas por impulso e seguia seus instintos.

A verdade era que ela estava esperando alguém, esse era o seu plano, queria se encontrar com Pietro, ela não nutria sentimentos por ele, mas eles tinham suas necessidades e juntos acabavam com elas.

Ela parou em um lance de escada, bem em frente a uma grande janela de vidro. Estava ofegante, e não havia desarrumado nem um fio do penteado, admirou no reflexo o belo trabalho que os companheiros haviam feito com seu cabelo e o quão linda estava. Observou as pessoas nas ruas, esperava que Pietro chegasse e ele aliviasse um pouco da tensão que ela sentia naquele momento.

— Podes me ajudar? — Ela virou para a voz que falava atrás dela.

Se seu coração que antes estava acelerado pela corrida, agora ele não se aguentava na boca.

Deveria ter uns 25 anos, cabelos negros e cor dos olhos tão negros quanto, sua pele e seus olhos puxados revelavam a descendência da antiga Ásia.

Leeiv se perdeu um pouco, as palavras sumirão, nenhuma vieram a boca. E ele se assustou ao reconhecer os olhos da garota e ao olhar para ela abriu um sorriso largo, mostrando os dentes perfeitos, iluminando ela por inteiro.

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Notas finais do capítulo

Hey leitores, fantasmas ou não fantasmas saiam para Luz e me deixem um comentário. O que acharam?? Precisam me xingar?? Podem se quiser, só não deixem de comentar!! Deem seu pitaco, façam sua analises :D



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