1922

P.O.V Claire

Ela não viu, nem ouviu, mas o rapaz que atendia pelo nome de David a segurou e a levou para dentro do veiculo, como não havia tão perto um hospital aberto, a garota estava desacordada e ele nem portava nenhum documento dela, ele seguiu para a casa de seu pai que era doutor e certamente o atenderia.

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David passou alguns minutos histericamente preocupado, ele entendia que quando algo desse tipo acontecia o ferido não podia desmaiar, isso era um péssimo sinal.

Mas a garota acordou, e logo reparou a sua volta, estava deitada no banco de trás de algum carro, seu corpo doía e sua cabeça martelava, ela sentou com dificuldade no banco e sentiu as lágrimas caindo pelo rosto.

— Ei! Ei...não chore, já estamos chegando, logo será atendida. — Disse David muito nervoso e observando Claire pelo retrovisor, essa que em nenhum momento levantou a cabeça, mas chorava em silêncio.

Uma angustia profunda atingiu David, que logo tentou apaziguar a situação e tentava a todo custo deixar a garota acordada.

— Qual é o seu nome?

Mas a menina não respondeu se sentia assustada, irritada e triste e as imagens das coisas que tinham acontecido não saiam da sua cabeça, ainda tinha medo de quem quer que fosse que estivesse ali e a dor era intensa demais, ela nem sabia como ainda estava viva. Seu cabelo era uma bagunça, seu vestido branco estava em retalho, um dos ombros estava à mostra e boa parte da sua perna também, além de haver sangue por todo ele.

— O que fizeram com você?...Você pode me perdoar?

Novamente as perguntas não foram respondidas, David não sabia mais o que fazer e logo o carro foi estacionado.

Ele saiu do veiculo, abriu a porta e ofereceu a sua mão para que a garota saísse, mas ela não se moveu.

Ele colocou sua cabeça para dentro do veiculo para convencê-la a sair, então ela levantou a cabeça e seus olhos castanhos encontraram o dela:

— Confie em mim, eu não irei te fazer nenhum mal.

Alguns segundos se passaram enquanto ela analisava o rapaz, foi quando ela cortou o silencio falando:

— Pode... ao menos me falar teu — Disse ela, com a voz tão rouca que se perdia no vento.

— Meu nome é David Carter, sou capitão da policia da cidade vizinha... — O silencio ainda permanecia, pois Claire ainda não confiava nele, mesmo que ele tivesse o olhar mais sincero que ela já conhecerá.

— Qual é o seu nome? — Perguntou ele

— Claire, Claire Walker — Disse ela

Ele se perdeu olhando para ela enquanto pensava numa forma de continuar a falar com ela.

— Meu pai é médico, ele ira atende você.

— Você não é muito novo para ser capitão? — Disse ela e ele sorriu e ela percebeu que ele também tinha o sorriso mais bonito que já tinha conhecido.

— Vamos... Está frio aqui fora, você precisa de cuidados e eu preciso de uma xícara de café.

Claire estendeu sua mão para que ele ajudasse a sair do carro e assim ele fez, logo percebeu que ela estava fraca demais então carregou ela até a porta da grande casa de seu pai.

Colocando ela novamente em pé ele bateu varias vezes na porta e em alguns minutos seu pai abriu convidando eles para entrar na casa.

2117

P.O.V Leeiv

— Por que me importaria com isso, Leeiv? — Dizia Caden para Leeiv, enquanto a garota estava desprendida do mundo jogada na cama fitando o teto.

— Por são seus rhieni, Caden? — Disse ela ironizando com o garoto - Eles são responsáveis por você...

— Tenho consciência disso...mas eu quero conhecimento sobre os meus crewyr. — Disse ele enquanto sentava em uma poltrona próxima da menina

— Não vai te trazer maior conhecimento...só dúvidas

— Por que traria dúvidas Leeiv? Eu sou mais duvidoso dos que os demais?

— Sim, tu és...não faz nada que é pedido, nem mesmo quer participar do cadre.

Chegou um momento da evolução que os humanos não conseguiam mais gerar filhos de forma natural, era necessária uma combinação genética exata para que houvesse fertilidade e um homem e uma mulher pudesse gerar filhos, então era para isso que o cadre existia.

O cadre era uma festa para os que não tinham um teulu, ou seja, os menores de 18 anos, lá eles eram apresentados ao seu par compatível e a partir disso, eles passavam a ter um dever com a sociedade, deixava de ser criança e sairia da sua casa para forma um teulu com a pessoa de combinação genética necessária.

Apenas Leeiv sabia o porquê ele nunca iria querer ir ao cadre. Caden não iria querer passar o resto da vida ao lado de uma mulher. No cadre era necessário um homem e uma mulher, mas Caden era um homem que gostava de homens. Por mais que a sociedade não impedisse tais acontecimentos, essas pessoas chamadas de Invertidas eram mal vistas, pois elas impediam a perpetuação da espécie.

— Não me ofenda...não sou duvidoso. Hoje tenho certezas, alguma vez podem ter sido dúvidas...

— Que seja, eu não me importo. Se eu pudesse mandar no tempo, nesse momento estaria entrando no salão para conhecer meu par...

— Como tu és louca. Como pode ter certeza que vai conseguir passar o resto da vida ao lado de uma pessoa...

— Simplesmente sabendo...E novamente estás duvidando.

Depois de um longa pausa, não fazendo absolutamente nada, fitando o inexistente, a mente dos dois girava com as possibilidades.

Caden levantou da poltrona e sentou na cama da Amiga, ele aconchegou a cabeça dela no colo dele e ele se pôs a pentear o cabelo da garota.

— O que você vai fazer amanhã. — Perguntou ela a ele.

— O que?

— Irá contar a verdade? Tens coragem?

— Não sei Leeiv...não sei. Sei que não quero passar essa noite pensando nisso.

Leeiv levantou o corpo num impulso:

— Vamos festejar...Sair, não sei, vê as luzes..

E os dois saíram pela cidade sem rumo, passaram em festas, beberam um pouco e se mantiveram de todas as maneiras altos e deixaram os problemas e futuro fora da mente.

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