A Fabulosa Cova Da Incoerência escrita por blblblbl


Capítulo 2
O que é isso?




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" O século 16 foi de grande conturbação para toda a Europa..."

O que é isso?

" A Inglaterra sofreu uma intensa mudança econômica naquela época..."

A... Inglaterra... Estão me catucando...

" O cercamento de campos foi..."

– Pode parar de me catucar - Perdi minha paciência de imediato.

– Senhorita, poderia parar de conversar? Estamos em aula.

As pessoas estão rindo, como uma sinfonia de guizos. Eu gosto de guizos, mas não estes.

– Desculpe, mas não estou conversando...

– Hã-ham, sei... Continuando...

O céu está tão cinzento hoje. Se eu pudesse não viria, mas... Mamãe quer um futuro para mim. Eu realmente tenho algum futuro? Meu corpo está vibrante; Eu quero dançar; Eu poderia levantar a mão e perguntar "Quem quer dançar"? Nunca senti nada parecido, talvez vá acontecer algo de bom.

Eu olho sutilmente o outro lado de minha mesa e vejo minha agressora. Ah, ela é tão bonita... Eu sou bonita? Bem, a beleza deve ser cultuada, então ela deve estar acima de mim. Não vou reclamar. Sinto algo puxar meu uniforme. Eu ignoro.

Anonyme, ou Innominatum, para os mais íntimos (será que há outros íntimos além de mim?), assentava-se no chão ao lado do meu, fumando um cigarro que não possuía cheiro algum. Sem minha permissão, vestira uma elegante roupa de aviador "steampunk", com os binóculos e, aquele cachecol maneiro. Por que, por que ela sorria tão doentiamente? Não há motivo algum de sorrir...

– Ah, a aula de hoje esta realmente formidável! - ela ri, tragando o cigarro sem cheiro - Está melhor que aquela sobre funções ontem. você odeia matemática, Mimi?

Eu não respondo. Eu sei que ninguém a ouvira e que responder não faria diferença alguma. Eu já sei que você não existe, pode sair de minha mente?

– Mimi! Vamos, me responda! Quer que eu pouse meu avião nessa sala? Imagina: Pow, pow, pow! Tudo expludindo assim...

Ela fazia gestos com as mãos e sorria de forma mais descarada. A história de um avião dentro da sala de aula não me animava em nada. Eu poderia simplesmente pensar: isso não é real; Mas o que define o que é real e o que é alucinação?

Abaixo minha cabeça, pousando-a sobre a carteira e fito Anonyme, falo em voz extremamente baixa:

– Anonyme, poderia se calar um pouco? Eu estou ouvindo a aula...

Ela sabia que era mentira. Ela sabe de tudo. Meus segredos; Nada entre nós é oculto. Eu poderia brigar com ela, dizer-lhe que isso era invasão, mas nós vivemos juntas desde que eu era criança. Eu, no fundo, queria que ela ficasse...

– Até quando vai ficar me chamando de "Anonyme"? - Ela resmunga e finalmente faz uma cara feia, porém um tanto divertida, diga-se de passagem. - Não sei realmente onde Mimi arranja esses nomes!

"Iooooooooooooon..."

Esse é o som do sinal da escola. Hora do banho de Sol; Pois todas as escolas são prisões, como dizia uma música do Sex Pistols. Enquanto eu seguia para o lado de fora da escola, Anonyme continuara sentada na sala. Fico feliz em não responder-lhe a pergunta, de que retirei seu nome do Google Tradutor; mas eu não tinha escolha: eu tinha que chamá-la de algo.

Ela é o meu verdadeiro bicho-papão; meu velho do saco; à noite ela se esconde debaixo de minha cama. Ela me aterroriza. Não possui forma alguma, não possui personalidade alguma, só sua voz é reconhecível. Mas por que, ora, eu consigo reconhecê-la?

Poi ela é o reflexo de todos os desejos mais podridos de meu coração. Sim, ela é feita de... Coisas ruins; Mas ela é tão amável, como nunca vi em ninguém. Como um "ser" tão bom pode representar algo tão ruim? Ah...

– Ei, licença, menina! Você sabe aonde é a sala 23?

Alguém me tocou. Sim, alguém me tocou. Quem pegou meu ombro? Quem é esse garoto? Por que meu coração esta pesado? Não estou sentindo essa coisa chamada "tristeza", por que meu peito se mexe assim? Quem se atreveu a tocar-me? Ninguém nunca me tocou além de Anonyme...

– Ah, desculpa, senhorita! Te assustei?

– Sim. - O garoto alto e franzino ri docemente. Por que esta rindo? Eu contei uma piada? Não, ele queria...

– Você é de que sala? Sou novo aqui e...

– Entrou no meio do ano e no meio do dia. Você gosta de "Meios"?

Ele estranha minha afirmação. Por que? Ele é muito mais estranho. Ninguém nunca me tocou. Ninguém dessa prisão além de Anonyme... O céu ganhou uma minúscula faixa azul.

– Novato - digo sem delongas (delongas, delongas) - o seu nome.

– Ah, é Jorge...

– Que nome horrível...

Ouço algo que parece um liquidificador gigante dentro de minha sala. Me viro novamente pelo Maluco do Meio.

– Sua sala é a mesma que a minha. Você provavelmente vai sentar no meio...

– O-obrigado...

– Na carteira do meio da fila.

– Pode parar com essa coisa de "Meio"? Isso incomoda...

Ah, aquela rachadura horrível que aparece em nosso rosto naquelas situações... Por que agora? Eu ouço o barulho, que esta bem maior.

– Já estou indo...

– O que? Não pode me mostrar o colégio?

– Não, pousaram um Barão Vermelho na nossa sala...

Não o vi mais até o fim daquele intervalo. O avião de Anonyme na verdade parou encima do teto ("Mais um pouco assim, ó, e eu arrancava as janelas!").

Jorge, hem...


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