Play! escrita por Cactus Stories


Capítulo 33
Welcome to my life...




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.P.O.V. Armin.

Voltamos das férias, as aulas estavam começando de novo, e os alunos estavam comentando sobre os alunos novos, eu não prestei muita atenção, mas um dos nomes era familiar para mim, não sabia o porquê. Resolvi ir conversar com a July e a Lilly, mas só encontrei a July, ela disse que tinha acabado de levar a Lilly para o Grêmio, para terminar a ficha de inscrição.

– Soube dos alunos novos? – ela perguntou, preocupada.

– Ahn, não, o que tem eles?

– Bem, o garoto se chama Dakota, - ela riu um pouquinho, mas logo ficou séria de novo. – E, a garota, se chama Rebecca.

Não podia ser verdade! E se fosse a REBECCA que eu conhecia? O que eu faria? Ou pior, o que ELA faria ao me ver? Eu realmente não gosto dessa sensação horrível de que as pessoas estão me evitando ou com raiva de mim sem nenhum motivo aparente, isso só fazia as coisas ficarem piores, decidi voltar ao pátio e procurar entre os alunos os rostos novos.

Fiquei andando por aqui e por ali, até que me surpreendi com um flash atrás de mim, por sorte, a Peggy não estava tirando fotos minhas, e sim de um casal, que estava do meu lado, eles estavam se beijando, então, ela aproveitou a oportunidade, eu me virei para ver quem seriam os coitados que foram pegos no flagra, mas, petrifiquei assim que olhei para o rosto deles, ou melhor, para o rosto dela.

Ela estava exatamente igual, com as sardas e o cabelos loiro, os olhos castanho-claros me encaravam, surpresos, e eu podia jurar que estava do mesmo jeito, surpreso, MUITO SURPRESO. O garoto com ela era loiro, bronzeado, e tinha várias tatuagens, os olhos azuis me fuzilavam sem motivo algum, o que, de certa forma, me dava um pouco de medo, me fazia lembrar da minha antiga escola.

Rebecca se virou para mim e sorriu, falsamente, acenando como se tivesse acabado de me conhecer, então, cochichou algo no ouvido do loiro, que virou pra mim, rindo.

– Então, esse é o otário? – ele riu mais ainda. – Certeza absoluta?

– Claro que sim, Dake, reconheceria ele em qualquer lugar, a mesma cara, as mesmas pulseiras. – ela deu ênfase na última palavra, só para me provar que ainda lembrava daquilo.

Me afastei, ansioso, e corri na direção da escadaria, aquele inferno não podia estar começando de novo, NÃO PODIA!

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Você já se sentiu como estivesse desmoronando?

Você já se sentiu deslocado?

Como se você não se encaixasse

E ninguém te entendesse?

Você já quis fugir?

Você se tranca em seu quarto?

Com o rádio ligado tão alto

Que ninguém te ouve gritar

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Eu precisava fazer alguma coisa, a Rebecca não podia me ver, ela não podia me encontrar, eu simplesmente queria sumir, ir para qualquer lugar do mundo longe daquelas pessoas ignorantes que me tratavam como lixo simplesmente por causa dos meus gostos. Entrei em uma sala qualquer e comecei a respirar pesadamente, parecia que alguém estava apertando o meu coração com toda a força que tinha, e, acredite em mim, essa sensação é horrível.

Ouvi um barulho na porta e me virei, apressado, podendo ver os novatos entrando na sala, o garoto, Dakota, me olhou de cima a baixo, com um olhar de desprezo, eu me afastei, olhando fixamente para a Rebecca, que tinha um sorriso maldoso estampado no rosto, eu não podia acreditar que ela estava fazendo aquilo, eu pensava que ela fosse minha amiga, até aquele dia. Andei na direção da porta, mas Dake me parou, ele parecia muito irritado com alguma coisa, ou melhor, com alguém, que, no caso, era eu.

– Escute aqui, gamerzinho, ou você fica longe da Rebecca, ou eu quebro você no meio, estamos entendidos? – ele exclamou.

– Por que eu iria ficar perto dela? – me irritei, virando para a Rebecca. – Ela é ridícula.

– Olhe como fala da minha namorada, seu otário!

Pensei seriamente que ele fosse me bater, mas eu ouvi a porta abrindo, e dei de cara com a July, espantada, eu queria dizer para ela que não era nada daquilo, que o Dake estava brincando. Não queria que ela ficasse preocupada, não queria que ela se metesse com gente daquele tipo e, principalmente, não queira ser salvo por uma garota, de novo. Saí da sala, ainda meio tonto com o que tinha acontecido, e andei até o porão, fiquei sentado lá por um bom tempo, olhando para o nada.

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Não você não sabe como é

Quando nada parece certo

Você não sabe como é

Ser como eu.

Ser machucado, sentir-se perdido

Ser deixado no escuro

Ser chutado quando você está caído

Sentir-se maltratado

Estar à beira de entrar em colapso

E ninguém está lá para te salvar

Não você não sabe como é

Bem-vindo à minha vida.

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Eu odiava ter que me esconder, odiava não ser mais forte que as pessoas que me provocavam, e, principalmente, odiava não poder fazer nada em relação ao que as pessoas diziam para outras pessoas como eu. Na minha outra escola, eu via um ou dois gamers como eu apanhando por causa das coisas que gostavam, eu achava aquilo tudo ridículo, mas não podia ajudar, afinal, estava cansado de apanhar por causa do que gostava.

Não precisava ter de apanhar por causa dos outros também, não que isso fosse egoísmo, eu só não aguentava mais, era amedrontador, eu precisava fugir daquele lugar, ir para qualquer outro lugar, mas eu não sabia para onde, então, decidia me esconder em um canto qualquer.

Tinha dias em que eu queria simplesmente me enroscar em algum canto daquele lugar estúpido e morrer, pelo menos assim, não teria que aturar tantos idiotas me perseguindo. Mas, eu não podia simplesmente abandonar o Alexy, nem os meus pais.

Em Sweet Amoris, eu pensei que tinha encontrado paz, a maioria das pessoas eram muito legais comigo, e algumas, como a July, gostavam das mesmas coisas que eu, o que facilitava o modo com que eu me enturmava, mas, com esses dois aqui, minha vida vai virar um inferno, com certeza.

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Ninguém nunca mentiu na sua cara

Ninguém nunca te apunhalou pelas costas

Talvez você pense que eu sou feliz

Mas eu não vou ficar bem


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