POV FELICITY

Desliguei a televisão com um suspiro, estava sem sono algum, depois de Oliver ter me deixado em casa e partido com mais um pedido de desculpas me joguei no sofá e passei a pensar no que Laurel havia dito. Será que ela estava certa? Ele só seria capaz de se sentir atraído por mim após me moldar de acordo com seus gostos?

Meus pensamentos foram quebrados quando a porta de casa se abriu e um Tommy sorridente entrou. Ele meneou a cabeça com um sorriso ainda nos lábios, quando ele me viu seu sorriso foi substituído pela expressão que demostrava o quanto estava confuso.

– Ainda acordada irmãzinha? – Perguntou parado ao lado do sofá. Afastei minhas pernas permitindo que ele sentasse e as colocasse em seu colo. – O que aconteceu? Ollie a trouxe para casa não trouxe?

– Por que você deduz que aconteceu algo? – Perguntei ignorando sua pergunta.

– Por que sua maquiagem está borrada. – Murmurou. – Você estava chorando. – Levei uma mão um pouco surpresa para minha bochecha onde ainda havia o rastro úmido de lágrimas, eu sequer havia percebido. – E se Ollie estiver por trás disso me diga, vou ver o que posso fazer com aquele bastado.

– Não é culpa de Oliver. – Apressei-me em esclarecer, por mais que eu tivesse evitado suas explicações eu era ciente de que tudo estava indo bem até Laurel aparecer. – Foi Laurel.

– O que ela fez? – Perguntou tenso. – Você não pode levar a sério nada que ela diz, o único real prazer de Laurel é em humilhar as pessoas.

– Bem, foi isso que ela fez. – Dei de ombros. – O pior é que sinto um quê de verdade nas suas palavras.

– Você não pode e não deve dá atenção a ela. – Repetiu. – Onde estava Oliver nessa hora?

– Lá. – Respondi. – Ele tentou evitar.

– O que ela disse Felicity?

– Ela disse basicamente que Oliver estava me usando. – Dei de ombros. – E que o único jeito dele ficar comigo foi me mudando. – Respirei fundo. – Tommy. – O chamei hesitante. – Você acha que isso é verdade? Eu só o impressionaria assim?

– Eu acho que você está sendo tola. – Falou com um sorriso. – Oliver é ciente de você desde sempre, ele sempre a provocou, eu sempre o observei. Felicity ele mudava seu caminho quando via que você estava indo por outro apenas para chama-la de “coração”, eu acho que ele nunca antes foi consciente disso, ou você. Mas não se preocupe, sou seu irmão mais velho, eu sei o que faço.

– Espere. – Segurei seu braço impedindo que ele se erguesse. - O que você quer dizer com “Eu sei o que faço”?

– Boa noite Lis. – Murmurou antes de beijar minha cabeça e se afastar. – Quando Oliver aparecer lhe pedindo desculpas não se esqueça de ser um pouco dura com ele. – Pediu antes de subir as escadas em dois em dois degraus. Eu me perguntava o porquê de tanta felicidade até o momento em que meu celular vibrou em meu colo e notei uma mensagem de Sara.

“Boa noite CUNHADA. Sim, eu estou pirando aqui ;) ”

– Filho da mãe! – Gritei antes de sair correndo até o quarto de Tommy. Abri a porta em um rompante.

– Felicity! – Protestou enquanto se jogava na cama.

– Você está namorando Sara!

– Ah isso. – Tentou fazer pouco caso, mas eu podia ver o sorriso que ele tentava esconder.

– Tommy Merlyn, quando você ia me dizer? – Perguntei pegando uma almofada em cima de sua cama e batendo nele com ela. – Quando isso aconteceu? Como?

– Pare. – Pediu tomando a almofada de minhas mãos e segurando meus punhos. – Aconteceu hoje e ela disse que queria te contar amanhã.

– Bem, ela com certeza não conseguiu se segurar. – Murmurei me sentando em sua cama. – Vamos às regras...

– Que regras?- Perguntou confuso.

– Ela é minha melhor amiga. – Falei. - Eu não quero, nem preciso saber das coisas que acontecem entre vocês por trás das paredes desse ou qualquer outro quarto, você não pode fazer com que ela tenha que escolher um programa comigo ou com você, por que aviso desde já eu sou a prioridade, e acima de tudo você nunca, em hipótese alguma, jamais poderá magoa-la, entendeu?

– Você consegue ser bem assustadora quando quer. – Murmurou.

– Entendeu Tommy?

– Sim. – Sorriu. – Eu gosto dela Felicity, eu jamais a magoaria de propósito. – Sorriu com o que disse.

– Acho bom. – Retruquei, me levantei e caminhei até a porta, mas acabei voltando e o abraçando, eu tenho certeza que o gesto o surpreendeu, mas ele não hesitou em me abraçar de volta. – Boa noite Tommy. – Murmurei antes de me afastar novamente.

[...]

– Felicity. – Escutei a pancada na porta do meu quarto seguido do grito de Tommy. – Estamos atrasados. Você vai comigo hoje? – Emiti um gemido de protesto, minha garganta doía, estava com o nariz entupido e minha cabeça estava pesada, eu não tinha condições de ir para a escola hoje. Por mais que eu odiasse faltar, eu teria que fazê-lo. – Felicity?

– Eu não vou Tommy. – Gritei. O que só provocou um acesso de tosse.

– Você não está fingindo uma doença para não ter que encarar Laurel e Ollie não é mesmo? – Suspirei com sua provocação e me esforcei a sair da cama, quando abri a porta ele me encarou surpreso. – Você parece um lixo.

– Obrigada! – Murmurei ácida. – Eu realmente precisava disso.

– Você não vai mesmo?

– Eu pareço ter condições de ir? – Retruquei antes de voltar a tossir.

– Azeda de manhã cedo. – Murmurou. – Isso não vai ajudar.

– Pode ir Tommy, eu pego as anotações com Sara depois. – Murmurei.

– Ah eu posso trazê-la para você. – Sorriu.

– As anotações?

– Não, Sara. – Respondeu com um sorriso de orelha a orelha.

– Apenas vá. – Pedi. - Eu preciso voltar a dormir.

– Se Oliver perguntar por você o que eu digo?

– Que eu morri. –Murmurei antes de fechar a porta e me jogar na cama. Só fui interrompida novamente quando Malcolm veio verificar como eu estava antes de ir para empresa e me deixar um copo de suco, era doce a forma como ele cuidava da gente e me tratava como sua filha, mesmo após a morte da minha mãe. Após ele ter ido só voltei a acordar quando escutei as pancadas na porta que dava para minha varanda, temi me virar e encontrar alguém querendo invadir a casa pelo meu quarto, mas reuni toda a coragem que tinha e me virei, a surpresa de encontrar Oliver em pé atrás das portas quando afastei as cortinas foi quase igual seria a de encontrar um ladrão.

– O que você esta fazendo aqui? – Perguntei após abrir as portas. Ele entrou sem seu costumeiro sorriso e me analisou atentamente. – Se as palavras “Você está um lixo.” Sair de sua boca eu juro que te jogo pela varanda.

– Eu pensei que ele tivesse mentindo. – Falou.

– Heim?

– Tommy disse que você estava doente. – Explicou. – Eu pensei que você tinha o mandando dizer isso, mas que na verdade não queria me ver.

– Na verdade eu pedi para ele dizer que eu estava morta. – Murmurei. – Ele me traiu. – Falei virando as costas para ele e voltando para minha cama. – Vá embora. – Mandei. – Desça pela árvore ou escolha as escadas, eu não me importo.

– Você ainda está com magoada. – O escutei pouco antes de sentir o colchão ceder ao seu peso, virei meu rosto o encarando, havia sentado em minha cama. – Desculpe. – Pediu. – Eu devia ter controlado Laurel.

– Ela está certa? – Perguntei em um fio de voz. – Você só saiu comigo por que havia me transformado no que você queria?

– Felicity eu sequer sabia o que minha irmã ia fazer com você. – Falou. – Eu acho você bonita, mesmo quando vestida de palhacinha, talvez mais.

– Agora você está sendo irritante. – Não pude evitar rir. – Oliver você não devia estar em aula? – Perguntei séria.

– Eu matei. – Confessou. – Agora dê espaço. – Ordenou.

– Por que eu faria isso? – Franzi o cenho em confusão.

– Por que eu vou deitar com você. – Falou já me empurrando.

– Oliver!

– Não se preocupe, vou deixar as coisas bem platônicas. – Brincou. – A não ser que você queira... – Deixou a frase sugestiva no ar.

– Não!

– Está bem. – Suspirou. – Você precisa de um remédio ou algo do tipo?

– Não, eu já tomei. – Respondi. Ele se deitou em minha cama apoiando sua cabeça por cima de um braço, com o outro me puxou pela cintura até estar abraçada a ele, eu sei que deveria protestar, que não deveria ter me abraçado a ele, nem ter fechado os olhos tranquila com sua presença, mas foi o que fiz. Eu não sei ao certo dizer como, mas Oliver me desarmou, eu temia que essa fosse minha ruína, mas eu me entreguei ao sono pensando que talvez não fosse tão ruim deixasse levar com Oliver Queen.

Quando acordei novamente ele já havia ido, mas tinha deixado um bilhete de melhoras, e que me veria amanhã novamente independente se eu fosse ou não a aula. Sara chegou mais tarde e passamos o resto do dia com ela me atormentando por que eu “caí nas graças” de Oliver e eu a atormentei pelo seu namoro com Tommy, antes de dormir recebi uma mensagem de Oliver me desejando boa noite e perguntando se eu iria a aula, respondi sua mensagem e uma gerou outra até que estávamos conversando até tarde, m nenhum momento falámos do beijo e não tocamos no assunto de Laurel, mas fui dormi me questionando o que estava acontecendo entre nós dois e até onde isso levaria.

POV OLIVER

Eu estava encostado contra o meu carro quando ela apareceu. Não foi seus cabelos tingidos de loiro, ou as novas roupas que me fez encara-la encantado, mas foi seu sorriso. Ela sorria para mim, e isso era algo novo. Ela estava com Sara e ficou vermelha no momento em que Sara falou algo para ela.

– Você parece um idiota. – Tommy falou ao meu lado.

– Você precisa ver seu rosto. – Retruquei notando que ele havia voltado a encarar as garotas, mas precisamente a Sara.

– Sara é minha namorada. – Falou parecendo orgulhoso. – Qual é sua desculpa?

– Minha desculpa? – Repeti antes de voltar a encara-la. – Eu quero que Felicity seja a minha. – Ele me encarou surpreso, mas não teve nenhum tempo para recrutar uma vez que as garotas chegaram até nós, Sara não demorou a pular nos braços de Tommy, Felicity deu um passo em minha direção, mas parou hesitante.

– Bom dia. – Cumprimentou-me.

– Coração. – Sorri a cumprimentando. Eu havia falado sério, as coisas tinham mudado entre nós, eu havia me arrependido da aposta, e eu já não encarava Felicity apenas como um meio para ganha-la, eu continuava querendo leva-la ao baile, mas não para ganhar a maldita aposta, apenas para me divertir com ela, como seu namorado, o pensamento de talvez conseguir fazer isso me deixava exultante.

– Vocês poderiam parar com esse lance de olhares. – Tommy murmurou com um braço envolta de Sara. – É irritante. – Felicity corou com sua provocação.

– Tem ideia de quanta tempo tive que aturar esse “lance de olhares” entre vocês dois. – Ela retrucou apontando para os dois. Ri da expressão de desagrado de Tommy.

– Isso quer dizer que Ollie vai ter que esperar pelo mesmo tempo? – Sara rebateu.

– Vocês vão ficar falando como se eu não estivesse aqui? – Perguntei. – E você não vai me fazer esperar pelo mesmo tempo vai? – Perguntei a Felicity.

– Não enche Queen. – Murmurou se afastando.

– O quê? – Perguntei fingindo-me de inocente. – Voltamos ao “Queen”? – Ela bufou me ignorando e eu podia escutar os risos atrás de nós dois, mesmo soltei uma risada achando sua raiva engraçada e sabendo que na verdade ela escondia um sorriso, envolvi seus ombros com um braço e aproximei de mim.

Eu e Tommy só tivemos a oportunidade de conversarmos novamente após o treino no último horário, ele não perdeu tempo, foi direto ao assunto.

– Como assim pretende namorar Felicity?

– Sempre direto Tommy. – Brinquei.

– Ok Ollie, eu sou seu melhor amigo, mas estou te avisando se você vai pedi-la em namoro apenas para ganhar essa maldita aposta... – Ameaçou.

– Eu não estou fazendo pela aposta. – O cortei. – Eu realmente gosto dela.

– Ollie...

–Eu quero cancelar a aposta está bem? – Confessei. – Eu não quero mais ir até ao fim.

– Você está abandonando? Por Felicity? – Repetiu incrédulo.

– Sim. – Confirmei. – Eu não quero ela saiba nunca disso Tommy. – Alertei. – Eu sei que agora não é o momento para pedi-la em namoro, ela ainda precisa confiar em mim. Se ela souber disso, ela nunca irá me perdoar.

– Nem a mim. – Ele falou. – Eu jamais contaria a ela, eu amo Felicity, ela é minha irmã, se ela descobrir que eu comecei isso eu perco uma irmã e uma namorada, por que Sara me mataria se soubesse que fiz isso com sua melhor amiga.

– Então a aposta nunca existiu certo? – Queria me certificar que isso jamais cairia nos ouvidos de Felicity.

– O inferno que não existiu, você ainda vai paga-la. Você desistiu. – Alertou-me. – Mas não precisamos esclarecer o que era aposta.

– Tommy... – Protestei.

– Estou ansioso pelo dia da formatura. – Sorriu antes de bater em meu ombro e se afastar.

POV FELICITY

– Sara até quando você vai me atormentar com isso? – Perguntei sem paciência, enquanto caminhava pelos prédios até meu carro, eu quase não o usava, por que quase sempre ele estava quebrado, Malcolm havia tentando me dar um novo mais eu não aceitei, era a única coisa que eu tinha da minha mãe, e como Tommy estava insuportável hoje com suas provocações sobre Oliver ter abandonado a aula ontem por mim, eu não tive escolha se não vir em meu próprio transporte.

– Até você dizer sim. – Seu rosto era a típica expressão de “Não é óbvio?”.

– Eu não vou a um encontro de casais com vocês. – Falei após um suspiro. – Por várias razões, e a principal é que eu e Oliver não somos um casal!

– Isso é questão de tempo. – Retrucou. – E eu acredito que pouco.

– Não começa. – Pedi.

– Vocês dois só faltaram se atacar hoje mais cedo. – Falou.

– Sara!

– Nada de “Sara”” comigo. – Repreendeu. – Vocês só estão adiando algo que vai acontecer.

– Você... – Parei ao observar que Laurel e Iris se aproximavam em nossa direção. – Merda! Sua irmã do mal vem me atormentar.

– Apenas a ignore Lis, eu geralmente faço. – Pediu.

– Ela vem com mais veneno. – Murmurei, eu podia ver isso no rosto de Laurel, era pura satisfação. Ela vinha me contar algo, algo diretamente para mim.

– Olá Sara. – Falou no momento em que parou ao nosso lado, me olhou da cabeça aos pés. – Você.

– Apenas vá embora Laurel. – Sara murmurou.

– Eu nunca entendi por que você prefere a presença de pessoas como... Ela. – Falou apontando para mim. – A de sua irmã.

– É bem simples, mesmo você pode entender... Eu acho. – Falei. – Ela aprecia pessoas com conteúdo, o que com certeza você não tem.

– É engraçado você falar sobre isso... Pessoas sem conteúdo. – Sorriu. – Eu me pergunto se você já chegou à razão de Ollie está desperdiçando seu tempo com você.

– Não. – Neguei sem dar muita importância. – Mas acho que você logo vai me dizer, eu só quero avisar que se for repetir o mesmo discurso da outra vez... Eu não tenho tempo.

– Felicity vamos embora. – Sara pediu. – Ela não merece nossa atenção.

– Eu estou curiosa Sara. – Falei. – O quê ela vai dizer dessa vez? Como você pretende me humilhar agora Laurel?

– Não se anime minha querida, não sou que vai humilha-la. – Ergueu uma sobrancelha. – Na verdade estou triste e orgulhosa por ser Ollie que vai deixa-la tão triste que não vai querer voltar a escola novamente... O que você acha Iris, você teria coragem de encarar o cara que te usou como objeto de aposta?

– Uma aposta? – Repeti sem realmente acreditar que eu havia escutado isso.

– Você está mentindo. – Sara murmurou. – Não acredite nela Lis.

– Bem você pode perguntar ao seu namorado. – Falou encarando Sara. – Ele é seu namorado agora certo? Tommy, pelo o que pouco que pude ouvir ele que orquestrou tudo. – Sara meneou a cabeça não querendo acreditar.

– Tommy jamais faria isso. – Protestou. Encarei Laurel e percebi triunfo em seus olhos, eu estava atônita, eu sempre havia suspeitado que Oliver houvesse se aproximado por alguma razão... Mas uma aposta? Zombar de mim assim...

– Como é a sensação “Lis”? – Laurel perguntou deixando um sorriso vitorioso espalhar por seus lábios. – Como é ser traída pelo garoto que está apaixonada e pelo seu “Irmão”?

Eu queria dizer abrir a boca e emitir a palavra, mas estava pesada demais para isso, Tommy e Oliver me usando como um brinquedo entre eles não era outra coisa se não... Horrível.