Obrigado por me ajudar Paulina e não chore mais. - Douglas seca minhas lágrimas e eu me levanto saindo do quarto com um peso a menos, se Carlos Daniel ao menos percebesse o dano que me causou.

Quando desço as escadas para ir falar com Bráulio, vejo sentado na poltrona Edmundo Serrano e vou cumprimenta-lo.

– Olá Edmundo!

– Paulina! - Ele me diz entusiasmado por me ver se levantando vindo me dar um beijo na mão. - Como vai? Gostou do trabalho?

– Sim, muito obrigada mais uma vez. É prazeroso seu irmão é muito gentil.

– Gentil? Douglas Maldonado? - Ele pergunta dando um passo para trás com um rosto desconfiado. - Ele nunca foi gentil.

– Bom, ele tem sido muito amável comigo...

– Não acredite muito hein Paulina... Nunca se sabe, sei que é horrível eu falar isso de meu próprio irmão, mas sim... Ele é rude. - Ouvimos passos descendo as escadas, encaro Edmundo surpresa com tudo o que ouvi e peço licença indo para a cozinha, era o Douglas que descia para falar com o irmão.

Na cozinha eu percebo que não há ninguém e então caminho até o balcão para pegar um pouco de suco de uva, começo a lembrar do pedido que Carlos Daniel fez a mim e me dou conta que ainda não devolvi a aliança, fico nervosa e sem querer derrubo o copo no chão, a príncipio me afasto olhando para as minhas roupas e fico nervosa procuro algo próximo para limpar e corro para a pia pegando um pano e indo limpar, mas na mesma hora chega a cozinheira, seu nome era Clementina no mesmo instante ela grita comigo.

– VOCÊ PODE LIMPAR AGORA!

– É o que eu estava indo fazer senhora. - Eu respondo a ela me agachando recolhendo os vidros.

– É O CÚMULO, CHEGA AGORA E ACHA QUE EU TENHO QUE LIMPAR SUAS COISAS?

– Senhora eu não acho nada, foi sem querer, me distrai. Perdão.

– Ótimo, qualquer coisa vai se quebrar se você se distrair. - No mesmo instante eu corto meu dedo indicador e vou lavar na pia.

– VOCÊ NÃO FAZ NADA DIREITO, OLHA ISSO SUCO PARA TODO O LADO VIDRO PARA TODO O LADO E AINDA SE CORTA. - Na mesma hora Douglas e Edmundo entram na cozinha, a princípio Douglas pergunta o que houve ali e eu nem tive tempo de responder, pois Clementina começou a falar sua versão.

– ESSA DESTRAMBELHADA SENHOR, DERRUBOU SUCO NO CHÃO. OLHA ISSO NA COZINHA LIMPINHA.

– Você está bem Paulina? - Douglas me pergunta chegando mais perto para ver o corte.

– Sim estou bem, não foi nada. Douglas, me perdoe eu me distrai, pode descontar do meu salário. - Edmundo se aproxima de mim e pega minha mão olhando para o machucado e dá um beijo no dedo. Douglas observa tudo atentamente, chego a pensar que ele está bravo, dou um sorriso para Edmundo.

– Paulina não se preocupe, nada será descontado. Foi um acidente, deixe que Joana e Clementina limpam essa bagunça. - Douglas me disse, Clementina ainda tenta intervir.

– Mas, senhor...

– Mas nada, não está vendo que Paulina está machucada.

– Senhor Maldonado, eu posso limpar. Isso não foi nada.

– Paulina já pedi para me chamar de apenas Douglas, agora vá fazer um curativo, o Edmundo vai com você. E Clementina qualquer problema com Paulina, me avisa, quem manda aqui sou eu.

– Sim senhor Douglas, perdão. - Clementina responde a ele indo pegar as coisas para limpar o chão.

– Peça perdão a Paulina.

– Douglas, não precisa. Para! - Eu digo a ele me aproximando. - Eu fui a culpada deixei cair o copo no chão, eu limpo pra Clementina.

– Peça.

– Perdão senhorita Paulina. - Clementina me diz com os olhos fervendo de raiva e abaixa a cabeça.

– Está tudo bem Clementina, me perdoe também. - Ela me dá um sorriso de canto e então Edmundo me leva para fora da cozinha, ele chama por Bráulio que me leva para fazer um curativo, logo depois sou chamada na sala, era Edmundo perguntando se eu estava melhor, respondi que sim e estava me retirando da sala. - Paulina! - Douglas me chama, eu me viro pronta para atende-lo.

– Perdão pelo o que você presenciou, entenda que eu não poderia deixar Clementina saiu "impune" porque ela acha que manda aqui nesta mansão e não é assim.

– Só acho que o senhor deveria tomar outras atitudes.

– Quais seriam?

– Bom, a forma como o senhor a tratou foi horrível, e eu estranhei porque o senhor é tão gentil comigo e tratou Clementina de tal forma.

– Ela estava gritando com você, não estava?

– Estava. Mas, isso eu poderia resolver com ela, ou o senhor mesmo poderia chamar ela num canto e dizer isso para ela e não fazer com que Clementina limpasse o que eu sujei.

– Ok. Da próxima vez que houver algo, você tomará suas atitudes.

– Eu não quero parecer rude, me perdoe.

– Não, não. É somente isso, entenda eu acho que você sabe se defender sozinha.

– Não não não não, perdão eu não devo opinar no meu trabalho, comecei ontem e o senhor é meu patrão. - Douglas se levanta vindo até mim, coloca a mão em meus ombros olhando fixamente para meus olhos e diz "Eu confio em você desde ontem" eu dou um sorriso e o abraço logo me afasto "Perdão de novo" eu penso depois que faço, ele me dá um sorriso e diz que não tinha problema, logo Edmundo se levanta e se despede de mim e Douglas indo embora.

– Não vai esperar o café? - Douglas pergunta.

– Não obrigado, vou visitar uma detenta. - E Edmundo sai.

Carlos Daniel.

– Você precisa parar de beber Carlos Daniel, essa não é a situação para tudo. - Eu ouço Rodrigo dizer mas continuo com meu whisky. - Paulina deve estar bem, ela é inteligente e sabe se virar.

– Eu a amo muito, meu Deus eu a perdi por bobagem. Eu sei que ela é inteligente, mas eu a quero aqui perto de mim. - Eu respondo a Rodrigo.

– Concordo com Rodrigo, deixe se ela te amar ela voltará. - Julio responde e toma um copo de vodka.

– Ao contrário, ela me ama tanto que prefere ir embora ao "atrapalhar" eu queria era que Elizabeth fosse embora logo. - Eu digo aos dois pedindo ao garçom mais uma rodada. Na mesma hora Julio termina de tomar sua vodka e vai embora se despedindo de mim, já passava das 23h e ele iria ter um encontro. E eu não pretendia voltar tão cedo para a mansão.

– Eu nunca vi você assim, nem quando você saia para beber por causa de Elizabeth. - Rodrigo me diz, eu olho para ele e passo a mão em meus cabelos.

– Paulina é diferente, ela é inocente e não é ao mesmo tempo. Ela é aquele tipo de mulher que tem um assunto inteligente sempre. Ela é engraçada mas não palhaça, ela se preocupa comigo, com vocês com a minha fábrica e até mesmo com Elizabeth que sempre a humilhou. A noite quando conversavamos, ela passava sua mão suavemente pelo meu cabelo e cuidava de mim. Seus beijos eram apaixonados, e fazer sexo com ela, cara era tudo de bom. Eu não sei descrever o quão é bom ter ela, e eu fui um canalha.

Paulina.

A noite depois de ter atendido Douglas e ele ter ido para a cama vou me deitar, amanhã eu teria a minha primeira aula de etiqueta, fecho meus olhos e a última lembrança da noite... era Carlos Daniel.

No dia seguinte...

Ao me levantar tomo um banho e sirvo Douglas Maldonado com seu café da manhã, logo depois desço e vou tomar meu café, Clementina havia preparado ovos mexidos para todos, menos para mim. Não reclamo e vou direto para o fogão, preparo torradas para mim e um copo de café, assim que sento para conversar ela se levanta e logo Dóris a acompanha, fico conversando com as outras empregadas e logo Bráulio me salva me chamando, a professora havia chegado.

Vou para a sala e sou apresentada, a professora Laura.

– Bom dia. - Ela me diz sorrindo com um aperto de mão. Eu retribuo. - Meu nome é Laura e irei lhe ensinar hoje etiqueta à mesa.

– Perfeito, podemos começar? - Eu respondo a ela. Nos sentamos a mesa, e ela me pede para que eu coma uma fruta, depois ela foi me dando uns pratos cheios de comida e eu deveria comer do meu jeito, não que eu fosse bruta mas estava errado. Logo depois ela se sentou ao meu lado, e então começou a dizer e destacar os pontos errados.

– Bom Paulina, você não é bruta ou coisa do tipo, na verdade você é muito educada, só há alguns erros, mas isso corrigiremos logo. A clássica dica de “comece a usar os talheres de fora para dentro” é realmente válida. Você fez tudo ao contrário, mas tudo bem muita gente erra isso. A segunda dica é depois de serem colocados em uso, os talheres não devem mais ser encostados na mesa, apenas apoiados dentro do prato conforme o estilo de etiqueta a ser usado.

Depois de uma hora de aula sobre etiqueta à mesa com oito dicas, ela me leva a sala dizendo que eu deveria andar de um canto para o outro, me pediu para que eu sentasse, conversasse com ela bastante.

– Bom Paulina esta aula foi de postura, olhar e voz. Eu observei tudo em você. O que eu observei muito em você é que repetidamente você passa a mão em seu cabelo e isso significa insegurança e carência. - Meu Deus! Já falou tudo sobre mim, eu preciso mudar mesmo isso. Sobre o seu olhar, está tudo bem. Você realmente olha nos olhos enquanto conversa, nada de enrolação. Olhar ao redor significa que você está ansiosa ou desinteressada, e não obteve nada disso. E sobre sua voz, tudo ok também, vai ser fácil trabalhar com você, é quase uma princesa. Você sorri enquanto fala, sua voz é calma nada de tom de voz profundo ou um ritmo acelerado. Paulina, eu gostaria de ficar mais com você, mas já deu duas horas e meia de aula e eu achei que duraria mais. Amanhã vamos sair por algumas horas e eu estudarei mais você. Por hora é isso, foi um prazer. Até. - Eu me despeço dela a levando até a porta e logo vou atender Douglas, conto para ele tudo o que houve e ele me dá um sorriso retribuindo.

– Sabia que você era quase uma "princesa" como ela disse.

– Obrigada.

– Paulina, não entenda mal... Você é incrivelmente linda. - Douglas me disse, eu fico parada olhando para ele de frente a sua cama.

– Bom, muito obrigada novamente.

– Não é a toa que se apaixonam por você.

– Quem é apaixonado, Carlos Daniel me enganou. Não há ninguém.

– Eu conheço alguém que é apaixonado...

– Eu posso perguntar quem seria?

– Isso é um segredo, prometi que não contaria, embora você já deve saber, não é mesmo?

– Isso eu não sei responder Douglas.

– Saberá. - Ele me responde e logo se levanta e desce. Bráulio chega com um convite para o comitê de boas vindas de Luciano Alcantara, na hora me veio o moço do Brasil que conversou comigo por alguns instantes.

– Você irá? - Eu pergunto levando a ele seu remédio.

– Acho que não, Luciano nunca gostou muito de mim e eu não estou bem fisicamente para ir.

– Não diga isso, o senhor está ótimo.

Carlos Daniel.

– Eu e você temos de comparecer será ótimo para que você esqueça um pouco a Paulina. - Julio me chama mostrando o convite de Luciano Alcantara, quem seria esse sujeito, o nome não me é estranho.

– É para mim o convite? - Eu pergunto enquanto termino de assinar uns papéis da fábrica.

– Sim, acho que deve ir.

– Quem eu levaria? Não há ninguém.

– Leve Elizabeth. - Julio me responde, a princípio acho que é uma piada na qual ele não ri, depois o encaro.

– Está gozando com a minha cara? - Eu pergunto muito irritado.

– Não cara. Vá com ela, mas só para ir mesmo.

– Vá você então e a leve, porque com certeza ela ou Estephanie recebeu o convite e vai querer ir.

– Sério cara?

– Sério.

– Obrigado Carlos Daniel. Não há nenhum problema mesmo?

– Não, assim você me livra de uma noite jantando e ouvindo as bobeiras que ela fala com a prima e o meu cunhado folgado.

Paulina.

– Bom, eu devo ligar dizendo que você recusa o convite pois estará ocupado sexta?

– Não, melhor. Vamos, assim eu lhe apresento Luciano Alcantara, você irá rir de cada coisa que ele fala. Ele irá com a esposa eu acho.

– Mas, você disse que não deseja ir Douglas, não é melhor ficar? Não faça muito esforço.

– Você quem sabe.

– Não me coloque em uma posição difícil, eu não faço ideia. A decisão é sua, sou apenas dama de companhia.

– Então não. Não desejo ir, não me sinto bem fisicamente para ir e nem psicologicamente para ver tantas pessoas.

– Tudo bem, vou ligar dizendo que você recusou.

Dias depois...

Minhas aulas de etiqueta já havia acabado e eu estava apenas terminando de arrumar as novas roupas que ganhei, guardei tudo. A tarde enquanto conversava com Edmundo e Douglas, algo deu errado, me levantei para pegar um pouco de café para Edmundo e ouço algo cair ao chão, assim que me viro me deparo com Douglas ao chão...