Doutor Estranho: O Diário de Agamotto escrita por Larenu


Capítulo 5
Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, mas aqui estou eu. Recentemente na cronologia principal, capítulo 22, houve um diálogo entre Linda e Stephen, o primeiro depois do fim dos acontecimentos desta fic. Confiram lá - temos algumas informações sobre Wong...



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Dormammu andou até o Doutor Estranho. Conforme se aproximava, suas chamas ficavam mais fortes e quentes e ele aumentava de tamanho. Isso dava para o jovem Strange a sensação de que era minúsculo e fraco. Chamas saíam das mãos de Dormammu, giravam, bruxuleantes, até Stephen, e então desapareciam, por causa da imunidade que Strange tinha nas ilusões de Pesadelo.

De repente, Dormammu parou. Era como se tudo tivesse parado. Quando Stephen prestou atenção novamente, estava de volta à sua idade verdadeira. Dormammu agora encolhia, voltando a ser o Barão Mordo.

Karl Mordo tentou atacar Stephen, mas raízes brotaram do chão e agarraram as pernas de Mordo. Um casco de madeira se formou em volta dele, como se fosse um casulo. Horrorizado, Stephen tentou fugir, mas parou ao ver o rosto de Anthony Druid surgir no casco de madeira.

Olá, Stephen.

– Anthony?Isso ainda é ilusão, ou...?

Não, não é.

– Que bom. Pesadelo está mais poderoso do que nunca, Druid. Temo que isso possa ser um problema.

Isso é culpa dos Hellstrom. Assim que você saiu do Monastério, Jade me atacou. E me amarrou. Satanna e Daimon Hellstrom estão vindo me buscar. Preciso dizer algo para você. Enquanto eu estiver preso, não confie em ninguém se não Wong, sua amiga enfermeira e Blaze.

– Mas e o Ancião?

Pelo o que eu ouvi, ele logo estará morto. Ele está em Asgard.

Asgard? O Reino de Odin?

Nem tente ir lá, Stephen. Asgard não é mais tão incorrupta. Me juntarei a você o quanto antes conseguir. Enquanto isso, porém, tente encontrar o Diário de Agamotto. É a chave para salvar a todos nós.

Mas o que Agamotto escreveu de tão importante nesse livro?

– Você terá que descobrir sem mim. Agora tenho que ir. Adeus, Stephen Strange. Saudações e adeus, Doutor Estranho.

Mas... Está bem. Adeus, Anthony Druid. Saudações e adeus, Doutor Druida.

Stephen viu o rosto de Anthony desaparecer na madeira. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, sua visão escureceu. E despertou.





Linda Carter estava desesperada. Ergueu um dos pequenos Pesadelos e o jogou longe. Ao seu lado, o Motoqueiro Fantasma atacava as miniaturas com suas correntes incandescentes. Vez ou outra, cuspia chamas por sua mandíbula flamejante. Linda já havia se acostumado com o crânio em chamas que era o rosto dele.

Chutou mais algumas miniaturas e bufou, irritadiça. Era incrível a quantidade de pequenas cópias de Pesadelo, como se elas se multiplicassem.

– É isso! – exclamou. – Johnny, pare de atacá-las. Se não formos direto no próprio Pesadelo, elas vão continuar surgindo, uma após a outra, enquanto lutamos em vão.

De repente, algo apertou a perna dela. Era a mão de Stephen. Antes de perceber que ele havia acordado, Linda gritou.

– Onde está Wong? – ele perguntou, levantando-se do chão.

– Não sabemos – ela respondeu.

Blaze olhou para o mago.

Sabe, doutor? Seu mordomo deixa a desejar.

– Eu não sei o que tem acontecido com ele. Ele tem sido violento ultimamente. Wong não é assim, nunca foi. Ao menos que... Não, isso não.

–Ao menos que o quê, Stephen? –perguntou a enfermeira.

–Ao menos que esse não seja Wong. Mas isso é impossível. Como um sósia teria se infiltrado sem que eu percebesse?

– Talvez uma vez que ele tenha saído sozinho para comprar algo, não sei – disse Linda. Stephen olhou para ela, incrédulo. – Ele é um mordomo, não é?

Um mordomo, não uma empregada doméstica –disse Blaze, esboçando um sorriso macabro.

Ela ficou sem graça. Antes que pudesse se manifestar, a voz de Wong surgiu.

– Estou aqui, senhor – ele estava do outro lado do tanque.

As miniaturas de Pesadelo haviam desaparecido. Stephen estranhou, mas continuou olhando para Wong.

– Linda, isso não é nada bom. Pesadelo só pode criar cópias de alguém que capturou.

– Você está dizendo então que Wong não fugiu...

–Mas foi capturado por Pesadelo.

O Motoqueiro Fantasma olhou para o lado.

Onde está o Pesadelo de verdade?

Apesar da fumaça verde permanecer lá, Pesadelo não estava mais acima do tanque. Nem Wong estava mais lá. Antes que pudessem reagir, uma mão tapou a boca de Linda. Era muito pálida, quase branca, e dela saía uma fumaça verde. Linda tentou gritar, mas sua voz foi abafada.

Largue-a, Pesadelo – ordenou Blaze.

Por que deveria? – disse a voz risonha e aguda de Pesadelo atrás dela.

– Solte-a que conversaremos de forma civilizada – pediu Strange. – Caso contrário, você sai perdendo.

Isso é uma ameaça, Mago Supremo? Ui, que medo! – a voz dele, até então brincalhona, engrossou – Você não me assusta, Doutor Estranho. Para mim, o medo é uma arma – novamente, a voz dele ficou fina e risonha. – Ou um brinquedo! Vamos ver se você sabe brincar?

Ele largou Linda e deu um mortal para trás. Continuou saltando e atingiu a parede. Em vez de se chocar contra ela, porém, desapareceu. Tudo ao redor deles ficou claro, e o circo desapareceu. Quando viram, estavam em uma enorme ponte dourada, cheia de portas.

– O Mundo dos Sonhos – disse Stephen, olhando em volta.

Minha terra natal – era a voz de Pesadelo. – Onde os sonhos são reais. Onde não há limites para a imaginação. Onde pesadelos... realmente ferem.

Ele riu, aparecendo entre Stephen e Linda. Colocou um braço no ombro de cada um deles, fazendo-os desmaiar. Então se virou para Blaze.

É você que eu quero – agora a voz estava ácida e grossa – Espírito de Vingança.

Apenas Mefisto me chama assim. E adivinha? Eu não gosto dele.

Johnny Blaze empunhou suas correntes. Antes que pudesse atacar, Pesadelo desapareceu. É claro. O poder de Mefisto me protege nesta dimensão.





Linda acordou em uma maca de hospital. Quem a empurrava era sua amiga enfermeira, Claire Temple. Tentou falar, mas sua voz não saiu. Agora estava em uma sala de cirurgia. Um homem surgiu, com um bisturi na mão. Cravou-o em uma das bochechas dela. Enquanto mexia na fisionomia de Linda, ela o observava. Tinha um cabelo preto e usava óculos. Era magro e alto, e um sorriso malicioso se esboçava vez ou outra em seus lábios.

A visão mudou de novo. Agora ela estava de pé em um corredor. Do outro lado estava o mesmo doutor. Ele começou a correr até ela, com uma seringa em mãos. Mas então cordas vermelhas surgiram e o envolveram. Ele foi arrastado para trás. Ela olhou em volta e tentou ver de onde vinham as cordas. Seguiu o caminh delas e olhou para trás.

As cordas subiam para o teto. Delas escorria um líquido vermelho, como se fosse sangue. Quer dizer, era sangue. Ela olhou para cima e viu uma criatura vermelha de quatro no teto, sangue escorrendo de seu dedo. ele escrevia duas letras grandes no teto: CK.

Ela correu, mas esbarrou no doutor. Ele agora estava em uma cadeira de rodas. Seus olhos estavam fechados, mas ele continuava avançando. Duas mãos vermelhas seguravam a cadeira de rodas, empurrando-o.

– Me mate! – ele implorou. –Por favor, me mate!

O doutor jogou um bisturi para ela, ainda com os olhos fechados. Desviando o olhar, Linda enfiou a seringa no peito dele. E então ele começou a mudar de forma. E se tornar Pesadelo.

Não! Você não pode! Volte já para o seu pesadelo!

O medo que ela sentia desapareceu. É isso que o deixa forte, concluiu. Sem medo, sem Pesadelo. Pegou a seringa novamente e atacou as mãos vermelhas. A criatura que antes estava no teto saiu de trás da cadeira de rodas, as mãos e todo o resto de seu corpo derretendo. O monstro urrou de dor, mas desapareceu. Junto com tudo ao seu redor.

Pesadelo levantou da cadeira. Antes que pudesse atacar, porém, correntes flamejantes o acertaram na cabeça.

– Graças ao Bom Senhor, Johnny.






Stephen estava de volta a Sanctum Sanctorum. O espelho onde Pesadelo um dia estivera aprisionado estava em pedaços no chão. Conseguia sentir os cacos de vidro em seus braços. Desta vez, porém, Wong não estava lá para ajudá-lo.

Quem entrou pela porta foi um homem de máscara rosa. Ele, Strange reconheceu, era o criminoso conhecido como o Rosa. O Rosa passou direto por Stephen e chegou até o espelho. Pegou alguns cacos no chão e jogou longe. Continuou limpando o chão em volta do espelho quebrado e achou uma pequena alça.

– Não! – gritou Stephen.

O criminoso o ignorou. Continuou puxando a alça e abriu um alçapão. Dentro dele estava uma pequena caixa. Nela estavam fotos do tempo de médico de Stephen... e um amuleto dourado. Era um daqueles medalhões com foto dentro, só que, no lugar da foto, estava a página de um livro.

O Doutor Estranho se levantou. Apesar da dor, avançou até o ladrão. Tentou correr, mas não conseguiu. Então apenas lançou um feitiço na direção dele. A esfera amarela de energia que Stephen disparou avançou até certo ponto, quando se espalhou em volta do Rosa como se atingisse um campo de força. Pequenas chamas surgiram em volta do criminoso.

Essa não, pensou. Se arrastou até a porta, mas sentiu algo acertar suas costas. Um tiro. Um único disparo vindo da arma que o criminoso carregava. Stephen se virou, com dor e pulou no Rosa.

– Mas o que...? – perguntou o criminoso, quando viu o feiticeiro praticamente voando para cima dele.

Nenhum campo de força conteve Stephen daquela vez. Ele colocou as mãos no pescoço do Rosa e ordenou.

– Largue! Largue imediatamente!

O criminoso desabou no chão. Sua fisionomia mudou, se transformando em Pesadelo.

Não, não! Você também não!

Correntes flamejantes surgiram, rasgando aquela ilusão como a uma folha de papel.




Johnny Blaze quebrou algumas portas em vão até finalmente encontrar a de Stephen e a de Linda. Libertou-os dos sonhos impostos por Pesadelo e os arrastou até um lugar seguro até que eles se recuperassem.

– Obrigado, Motoqueiro – disse Stephen ao recobrar a consciência.

Não me agradeça ainda. Posso ter salvo vocês, mas Pesadelo ainda está aqui. E ainda estamos na dimensão onde ele é mais poderoso.

Linda também havia levantado.

– Agradeço ainda assim, Johnny.

Ele pareceu ficar feliz com isso.

– Não há tempo para isso. Pesadelo está atrás de mim, não de vocês. Talvez seja melhor vocês me deixarem a sós com ele.

– Motoqueiro, vim aqui atrás de Pesadelo e você sabe bem disso. Não vou embora sem ele.

Também gosto de você, Supremo! – disse Pesadelo, surgindo deitado no ar.

Ele pulou no chão, estendendo os braços para trás e se curvando para frente. Correu de volta para a ponte dourada. Lá, mergulhou de cabeça no chão. Ele desapareceu, e em seu lugar surgiu uma caixa laranja e roxa.

A caixa tremia. Stephen disparou algumas esferas vermelhas na direção da caixa, que abriu. D e dentro dela pulou um rosto de Pesadelo, preso a uma mola. Era uma daquelas caixas de onde pulava a cabeça de um palhaço.

O brinquedo gigante se virou para eles. Ele pulava lentamente, com aquele sorriso macabro no rosto. Voltou a se transformar em Pesadelo, se voltando na direção dos três...

... e sendo acertado por uma esfera branca de energia. O feitiço que Strange conjugara encolheu Pesadelo até ficar do tamanho de uma de suas cópias em miniatura. Tentou fugir, mas começou a flutuar. Ele foi na direção de Strange. Quando reclamou, sua voz saiu fina e acelerada.

Não acredito que você fez isso comigo, Supremo!

Stephen Strange colocou as mãos em volta de Pesadelo e criou uma esfera verde-clara em volta dele. Em seguida, abriu um portal no chão.

– Vamos voltar para Sanctum Sanctorum.




Richard Fisk caminhava pelas ruas de Nova York. A lua acima na bela ilha de Manhattan. Seu telefone começou a tocar. Olhou quem era antes de atender e leu as iniciais que apareceram: SH. Satanna Hellstrom.

Richard?

– Para você é Rosa.

Certo. Rosa?

Diga.

Quero que roube algo para mim.

– Sem chance. Parei de negociar com seu Clube do Inferno há muito tempo.

E ainda existe algum Clube do Inferno? Ophelia voltou para a Hidra. Emma saiu do país. Os outros nos abandonaram assim que tiveram a chance. Apenas Neena ainda vinha aqui, mas foi presa. Agora esta é apenas uma mansão onde pessoas normais vêm e fazem apostas.

– Um amigo meu descreve o lugar como um bordel chique que também funciona como casino.

Nem me diga. Por favor, faça isso por mim.

– Está bem. O que você quer?

Quero que vá até um galpão. Não há como confundir: é o único galpão sem teto em Nova York já deve ter passado por ele. Lá dentro há um monte de salas. Vá para o sótão e procure por um compartimento secreto. É onde vai achar o que eu quero, um medalhão dourado.

E o que eu ganho com isso?

Posso continuar te escondendo de seu pai. E pagarei cinco mil dólares antecipados. E mais dez mil quando me entregar o medalhão.

– Feito, então. Já estou indo para lá.

Muito obrigado, Rosa.

– Não me agradeça, Satanna. Só estou fazendo isso pelo dinheiro. Não existe mais nada entre nós.

Ele desligou o telefone e entrou em um beco. Colocou suas luvas e máscara rosas e subiu a escada da lateral do prédio até o teto. Em seguida, pulou de prédio em prédio até chegar ao galpão sem teto.


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Notas finais do capítulo

Sabem quem é o doutor que aparece na imaginação de Linda? Ele é um vilão que aparece nas HQs da Mulher-Aranha... Reconhecem?

Não sei se Richard Fisk vai continuar trabalhando para Satanna, mas por enquanto sim.



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