Intuição escrita por TheEpic


Capítulo 4
Quando simpatia não origina resultados.


Notas iniciais do capítulo

Podem ficar bravos comigo, eu mereço. :D

Eu disse que ia voltar rápido, e eu realmente ia, mas certas circunstâncias (leia-se BTS e viagens) me fizeram demorar quase dois meses. Em compensação, já comecei a escrever o quinto capítulo e ele está com um andamento consideravelmente razoável.

Quero dar trilhões de agradecimentos à Mai Taniyama pela recomendação mais do que perfeita e que enche o meu coração de alegria desde que eu li o que ela escreveu!



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Sakura acordou em algum momento da manhã ao ouvir o barulho estrondoso de um trovão, deixando-a sem sono algum. O esconderijo, como sempre, estava em um silêncio quase incômodo e só era possível ouvir o barulho da chuva no exterior do local.

Se demorou por algum tempo na cama (agora bem mais confortável com os cobertores) antes de se levantar e rumar para o banheiro em busca de realizar o seu ritual diário para despertar.

Havia passado pouco tempo escrevendo na noite anterior e ponderou apenas por alguns minutos sobre a condição de Itachi. Havia resolvido que, por ora, deixaria as dúvidas que não envolviam a saúde do nukenin de lado, já que aquilo poderia colocar em risco a sua própria sanidade, vida e até mesmo as possibilidades de escapar dos seus raptores. A melhor e mais sensata coisa que poderia fazer era não meter o nariz onde não era chamada e prezar por sua sobrevivência.

Logo após terminar a sua rotineira série de afazeres no banheiro, a iryou-nin colocou uma de suas novas roupas e saiu do quarto. Pelo que Konan havia lhe dito, poderia circular “livremente” pela cozinha, biblioteca, enfermaria e seu próprio quarto. Providenciaria, então, algo para encher o estômago e logo em seguida se afundaria em livros: o objetivo daquele dia seria procurar saber mais sobre as antigas histórias sobre o Lendário Eremita e tentar descobrir alguma ligação entre tais lendas e os olhos de Pain.

Ao chegar na cozinha, teve um encontro como no dia anterior; contudo, ao invés de ver um homem gigante, azul e ligeiramente simpático, deu de cara com um sujeito loiro.

O cabelo dourado era longo e muito bonito (bem mais bonito do que o dela quando era longo e compulsivamente bem cuidado), com uma pequena parte presa em um rabo de cavalo. Outra parte dos fios tampava o olho esquerdo do rapaz e ele só não poderia ser confundido com alguém do sexo feminino pelas feições grossas dos maxilares e pelo pescoço largo.

— A menina nova, hm? — ele perguntou retoricamente com expressão indiferente. Sakura permaneceu em silêncio e, ao vê-la caminhando até a geladeira em busca de comida, voltou a mastigar a sua própria.

— Sim, a menina nova — a fala não veio da menor, e sim do homem que carregava uma foice ensanguentada consigo. – Pela aparência, ela só parece uma garotinha. Será que o Líder não pegou a pessoa errada, não, Deidara?

— Quem sabe. Ele não costuma cometer erros, então vamos ver o que essa menina é capaz de fazer. De qualquer forma, ela não parece irradiar a mínima aura artística, então deve ser mais inútil do que mostra pela aparência.

Uma veia saltou na testa de Sakura e ela teve que respirar fundo e contar umas boas dezenas enquanto se fingia de surda. Aqueles dois estúpidos estavam falando absurdos dela na sua frente, como se ela nem sequer estivesse ali! Realmente, nem todas as pessoas daquela organização poderiam proporcionar uma convivência menos complicada do que já era.

— Ei – o que havia chegado depois chamou-a —, qual é o seu nome, mesmo?

— Sakura – respondeu ao homem e não prolongou o assunto, se concentrando em sentar-se bem longe do sujeito loiro e comer. As formas da madeira lhe pareciam extremamente interessantes naquele momento.

— Se você resolver que não dá conta do recado de onde é e com quem está, Sakura — ele cuspiu o nome em tom de escárnio —, é só me avisar. Jashin-sama gosta e eu sacrifique menininhas para ele — o criminoso continuou a falar, fazendo Sakura sentir um misto de raiva e medo.

Ela já sabia que a Akatsuki lhe proporcionaria inúmeros perigos, ainda mais com ela sendo prisioneira, mas ver que um sujeito como aquele, que matava por puro prazer (e realizando sacrifícios, por cima de tudo!), estaria ali de prontidão para eliminá-la, deixava tudo pior. De fato, aquele lugar não mantinha uma boa dúzia de shinobis perigosos: mantinha monstros.

“O selo, o selo, o selo, o selo”, lembrou a si mesma inúmeras vezes para não deixar o seu gênio forte dominá-la. Por ora, faria algo menos arriscado do que usar palavras contra ele.

Encarou o homem grisalho com os olhos tentando culminar alguma raiva sob ele, mas as orbes verdes tremeram ligeiramente quando ele devolveu o olhar com um instinto naturalmente assassino. Ele carregava naqueles olhos insanos todas as centenas de mortes que ele havia providenciado ao longo de sua vida.

— Hidan – por sorte, o loiro quebrou o silêncio —, vá tomar um banho! Você está fedendo a sangue e ficou dias em missão. Está fazendo com que fique difícil de eu comer.

— Cala a boca, artista de merda. Estou só me apresentando pra menina. Você sabe, se também não tiver mais vontade de ficar por aqui, é só falar para mim que–

— Hidan. — Kisame apareceu na porta da cozinha, interrompendo novamente o imortal. O sorriso de sempre continuava no rosto, porém com um ar diferente. — Não fique assustando a Sakura-san. Isso dificultaria o trabalho dela aqui, não concorda?

Dito aquilo, o homem tubarão saiu do lugar e foi à área de treinamento, fazendo Hidan resmungar uma série de palavras grosseiras e também se retirar. Sakura agradeceu mentalmente ao renegado de Kirigakure pela ajuda e encarou o homem que o alvo havia chamado de Deidara, notando que eles já haviam se encontrado anteriormente.

Ele era o antigo parceiro de Sasori!

O seu sangue correu um pouco mais rápido ao lembrar dele sentado sobre o corpo sem vida de Gaara, desafiando Naruto e Kakashi e colocando em risco até mesmo a vida de algum membro do time Gai.

Se a sua memória não lhe falhava, foi-lhe dito que ele havia se explodido depois de perder os dois braços e que poderia ser considerado morto. Se aquilo havia acontecido, por que ele estava ali e, ainda por cima, inteiro?!

Notando que a ninja de cabelos róseos o encarava sem a menor discrição, devolveu-lhe a encarada com o seu melhor olhar de desprezo e conseguiu fazê-la desconfiar de que estava sendo irritante. Ao ver que ela já havia desviado a cabeça para outro lado um tanto quanto desconsertada, se levantou e foi para o seu próprio quarto.

. . .

Konan aproveitou o momento em que viu a menina de Konoha entrar na biblioteca e se sentar com uma pilha razoável de livros e partiu imediatamente para o quarto da mesma, entrando sem a menor cerimônia no recinto vazio.

Pain havia lhe dado ordens para revistar qualquer coisa que Sakura pudesse ter trazido consigo para aquele quarto desde o momento em que chegou. Eles não podiam confiar totalmente no selo que haviam colocado nela e, mesmo que a mochila da menina tenha sido confiscada no momento da captura, ela poderia ter algo que lhe ajudasse a tramar contra a organização.

Encontrou apenas alguns poucos escritos sobre a condição de Itachi e, depois de analisar por alguns minutos, não encontrou nada que poderia ser considerado um código secreto.

Procurou nas gavetas, cobertores, travesseiro, armário e até mesmo no banheiro. A única coisa que despertou-lhe o interesse foi a hitaiate de Konoha, guardada com todo o carinho sob suas roupas de missão. O símbolo da aldeia fora talhado no metal bem recentemente, como visto na falta de qualquer marca de batalha (ou seria pelo fato de Sakura usar a bandana como uma faixa de cabeça?) e, em sua parte de trás, a palavra “testuda” estava escrita em caneta roxa e com uma caligrafia bem delicada e feminina, ao lado de um coração muito bem desenhado.

O escrito só fez sentido quando a mulher renegada notou que Sakura tinha uma testa relativamente maior do que o normal e logo passou a pensar que, provavelmente, uma amiga muito querida dela havia escrito aquilo na hitaiate. Somente uma pessoa próxima teria a liberdade de pegar o seu protetor de testa e escrever aquilo.

Sakura tinha uma amiga próxima, algo que Konan nunca teve e jamais teria. Vendo aquele protetor de testa tão bem cuidado, a mulher sentiu algo que nunca conseguiria imaginar que sentiria em relação a mais nova: inveja por ter uma amiga de verdade.

Guardou aquele protetor de testa no lugar onde encontrou e voltou a obedecer as ordens do líder da organização.

. . .

Quatro dias haviam se passado desde o encontro nada amigável de Sakura com Hidan e Deidara. Não muito tempo depois, a garota encontrou um sujeito ainda mais bizarro chamado Kakuzu pelos corredores e ele não fez muita questão de falar algo para ela. Quem havia lhe dito mais sobre aquele homem fora Itachi, que em sua mais recente consulta não havia apresentado nenhuma diferença além da perda de algumas poucas gramas.

Ela também havia conhecido Tobi, um homem que de adulto só tinha o nome: aquela pessoa mascarada era mais infantil do que Naruto jamais seria. A menina ainda não havia entendido como uma pessoa daquelas havia sido capaz de fazer algo terrível o suficiente para entrar na Akatsuki, mas resolveu não subestimar aquele homem e prosseguiu mantendo o respeito com ele.

Os dias estavam sendo cada vez mais insuportáveis e, mesmo que nada estivesse a ferindo diretamente, ficar confinada naquele esconderijo era a pior coisa do mundo para Sakura. Tentava se ocupar o dia inteiro analisando os medicamentos que Itachi tomava (e, por sorte, conhecia a maioria. Com um pouco de pesquisa sobre a flora local, conseguiria fazer remédios que voltariam a ser eficientes para ele) e retardar os sintomas de seja lá qual doença ele tivesse; contudo, mesmo se atolando de livros durante o dia e dormindo por todo o período da noite, sua cabeça prosseguia uma bagunça e ela já estava perdendo a paciência que tinha para realizar suas tarefas. Se tudo prosseguisse daquela forma, ela enlouqueceria em pouquíssimo tempo.

Pain estava relativamente satisfeito com o desempenho da mais nova ajudante da Akatsuki: ela conhecia grande parte dos medicamentos que o Uchiha usava e suas pesquisas para fazer outros já estava com o andamento relativamente rápido. Nem sequer parecia que ela era uma inimiga fazendo um trabalho forçado.

Pelos relatórios de Konan, ela não possuía nenhuma atitude ou objeto suspeito até o momento e aquilo não ajudava em nada a conseguir informações sobre Naruto Uzumaki. A poeira precisava, de fato, abaixar antes deles prosseguirem com os seus planos perto do País do Fogo, já que Konohagure estava em estado de alerta; porém, enquanto isso, eles não poderiam ficar parados: se não podiam entrar em ação, agiriam às escuras coletando informações e dados preciosos.

Caso Sakura continuasse quieta daquela forma e ficasse cada vez mais reservada (coisa que estava acontecendo, já que a cada dia que se passava ela se ocupava mais com estudos), Pain teria dificuldades em fazer tudo o que pretendia sem maiores conflitos com a menina. Decidiu colaborar com Konan na tarefa que havia designado para ela e resolveu que ele mesmo também colocaria um olho no calço da jovem ninja.

. . .

— Sério mesmo que vocês pretendem que acreditemos nessa desculpa ridícula, Kakashi? – Quem perguntava aquilo era Shikamaru, que topou com o ninja copiador em um dos corredores da torre da Hokage, logo após a saída do mais velho da sala de reuniões, onde havia se reunido com alguns ANBU de confiança de Tsunade para discutir sobre a situação.

— Pois não? — o mais velho perguntou, se fazendo de desentendido.

— Gente idiota pode acreditar que a Sakura tenha sido requisitada do nada para uma nova missão, logo após uma batalha com dois Akatsuki – um deles sendo Itachi Uchiha –; mas qualquer um que parasse para pensar por meio minuto perceberia que essa historinha de vocês é uma farsa muito mal inventada.

O silêncio.

— Eles pegaram a Sakura, não é? — Novamente não houve resposta. Kakashi sabia perfeitamente que seria inútil tentar enganar Shikamaru e não conseguia pensar em nenhuma desculpa convincente o suficiente para fazê-lo calar pois cinco segundos. — Eu não dou nem uma semana para toda a verdade ser descoberta, e pode ter certeza que vocês terão sérios problemas para resolverem. Já não basta o caos em Suna, as coisas não podem se alastrar para cá.

— Estamos cuidando disso o mais rápido que estamos conseguindo. — Shizune apareceu com Tonton nos braços e falou a única coisa que conseguia pensar naquele momento. – Por favor, mantenha o sigilo sobre isso por enquanto.

— Claro, claro. — Dito aquilo, o mais novo entre os três voltou a seguir o seu caminho para fora da torre. – Aliás, não hesitem em chamar a mim, ao Chouji e à Ino para qualquer coisa. A Sakura é nossa amiga, afinal.

— … Tenha uma boa tarde, Shikamaru— Kakashi se despediu enquanto dava o seu melhor sorriso falso, cerrando os olhos para demonstrar o ato escondido pela máscara. Logo após aquilo, também voltou a andar, desta vez ao lado de Shizune.

Poucos segundos depois, a porta do escritório da Hokage, que se situava bem ao lado da sala de reuniões onde Kakashi estava, revelou a presença antes despercebida de Naruto.

Eles pegaram a Sakura-chan — murmurou amargurado. — Baa-chan! — gritou a mulher atrás dele, ainda sentada em sua cadeira — Como vocês foram capazes de tentar mentir para mim sobre a Sakura-chan?! Ela nem veio aqui e partiu para uma missão logo em seguida! Vocês só podem estar de brincadeira com a minha cara, né?!

O jinchuuriki extravasou parte de sua raiva em reclamações berradas e Tsunade ouviu tudo pacientemente sem responder uma única vez. Quando Naruto pareceu terminar, começou o seu discurso.

— Você sabe o risco que a Sakura está correndo e que coisas horríveis podem estar acontecendo com ela, não é? Justamente por isso precisamos manter o sigilo. Na verdade, eu precisarei chamar a atenção de Shizune logo quando eu vê-la: mesmo que Shikamaru tenha descoberto tudo sozinho, ela não poderia de forma alguma ter confirmado aquilo. — A mulher deu uma pausa curta. — Qual é a primeira coisa que você pretende fazer quando sair daqui? Ir correndo atrás de Sakura mesmo sem saber onde ela está, não é? Acredite, se essa escolha servisse para alguma coisa, eu já teria feito isso na hora em que eu recebi a notícia de Kakashi.

— A gente pode arrumar um jeito! Eu não posso deixar que ela esteja perto daqueles monstros!

— Ninguém pode deixá-la perto daqueles monstros, Naruto; mas pense comigo: esse rapto pode aumentar a tensão na qual a Nação Ninja se encontra, já que dias após o ataque em Suna, a aprendiz da Hokage é capturada. Nós acreditamos que o objetivo da Akatsuki é justamente nos fazer ir atrás deles e sermos pegos em algum tipo de armadilha. Creio que você já tenha a perfeita noção de que eles querem você, o jinchuuriki da Kyuubi. Se você fizer qualquer coisa ou se todos nós dermos um passo em falso, eles estarão mais próximos de conseguir fazer com você o mesmo que fizeram com o Gaara e as coisas vão ficar ainda piores, não concorda? Acreditamos que eles não te capturaram por terem um plano maior que será executado em breve, — Naruto abaixou a cabeça ao ouvir a pergunta retórica de Tsunade, sem nenhuma resposta boa o suficiente para rebatê-la. — O que Shizune disse é a absoluta verdade: estamos fazendo tudo ao nosso alcance para trazer a Sakura de volta o mais rápido possível e, se não conseguirmos ter um progresso considerável em poucos dias, conversaremos com Suna e pediremos a sua ajuda.

— E esse tal progresso? Como anda? — o loiro perguntou.

— Mal. Não tivemos nenhum resultado até agora: ninguém nos arredores do lugar onde a batalha ocorreu viu pessoas com capas da Akatsuki e muito menos Sakura. Não há vestígios, pegadas, rastros ou algo relevante o suficiente para descobrirmos o seu paradeiro. Os nossos ninjas sensoriais e cães não sentiram nenhum rastro de chakra ou cheiro forte o suficiente para se igualar ao de um ninja rank S por terem chegado lá tarde demais e Yamato, Kakashi e Sai não conseguiram segui-los por muito tempo, perdendo-os em cerca de dez minutos.

— Então, se não conseguimos nada, seria muito mais fácil falarmos com o Gaara de uma vez! Ele vai nos ajudar com toda a certeza! – Naruto respondeu impaciente.

— Você está se esquecendo de que eles também estão com vários problemas internos nesse momento — a lendária Sennin repreendeu-o. — Como eu disse, falaremos com eles caso nada seja descoberto, mas por ora não subestimaremos a nós mesmos. Konoha já está com medo o suficiente e, por mais que precisemos entrar em maior alarde, espalhar o pânico não é uma boa opção para nós. — Ela se levantou de sua cadeira. — Agora, se me der licença, eu tenho que me reunir novamente com o conselho.

Nem perto de ser derrotado, Naruto resolveu obedecer ao pedido de Tsunade, se retirando da sala. Andou até o seu apartamento sem ligar muito para o que ocorria em volta de si e, ao se sentar em sua cama e encarar o porta-retratos tão nostálgico em sua cama, se deixou chorar. Já não bastava Sasuke ter partido por conta própria, agora Sakura, sua maior companheira e paixão, também havia partido para longe dele (mesmo que não fosse por vontade própria). O Time Sete havia se despedaçado por inteiro.

. . .

Sakura estalou a língua de satisfação ao terminar o protótipo de uma nova fórmula que substituiria o medicamento de Itachi para a tosse carregada de sangue. Ela tinha passado a suspeitar que o motivo daquela condição era resultada de um tumor em desenvolvimento, por mais que em seus registros da última consulta ela não tenha encontrado nada que pudesse indicar que suas suposições poderiam ser verdadeiras.

Correndo os dedos pelo cabelo, resolveu tomar coragem e ir até o escritório de Pain para informar de sua mais nova criação e pedir as ervas necessárias para a fabricação da mesma. Ela sabia perfeitamente que estava proibida de perambular pelo QG e que era arriscado fazer aquilo, mas supôs que seria perdoada caso soubessem o seu intuito de ver o líder.

Saiu de seu quarto e caminhou pelo corredor que se lembrava de ser o que abrigava o escritório de Pain. Por sorte (ou azar?), encontrou aquele sujeito loiro antes que saísse da “zona segura” que Konan havia estipulado para ela. O rapaz deu uma encarada breve enquanto passava por ela e só parou quando ouviu o chamado de Sakura.

— Com licença! — ela exclamou. Deidara virou-se para ela. — O escritório do Pain é por aqui, não é...? — Apontou para a direção em que estava caminhando anteriormente, relutante em falar com o nukenin a sua frente.

— É – respondeu com a monossílaba e viu a menina abrir a boca para falar algo, mas ela fechou-a novamente. Deu de ombros e voltou a andar, sendo chamado novamente logo após um passo. Ela queria testar a paciência dele, não é? — O que você quer, menina?

— Eu não tenho permissão para ir sozinha. — Ela foi breve e fez um som esquisito e desconcertado – Poderia me acompanhar até lá? Eu não quero ninguém me vendo quebrar regras e, você sabe... me perfurando com uma kunai na garganta.

— E o que eu vou ganhar com isso?

Fora Sakura quem se irritara naquela vez. Será que aquele ser humano não poderia ser agradável e levá-la até o escritório por pura simpatia?!

Claro que não. Ele era um Akatsuki.

Respirou fundo e tentou deixar a sua voz no tom mais controlado e paciente que conseguiu – por favor – pediu.

— Não. — Deidara sorriu triunfante ao ver o olhar disfarçadamente incrédulo da mais nova. — Vou te explicar uma coisa: as pessoas podem ser bobas e fazerem favores por pura simpatia na vila de onde você veio, mas no mundo exterior dos muros de Konoha, no mundo real, nada é feito sem algo em troca. Leve isso contigo pelo resto da tua vida, hm.

Dito aquilo, o artista voltou a andar e Sakura não ousou chamá-lo novamente, deixando-o partir. De fato, ela não tinha nada para responder para Deidara: ele havia falado a verdade, por mais que ela detestasse admitir. As pessoas não fariam o que ela pedisse se não tivesse nada a oferecer em troca e ela precisaria apostar na sua capacidade de convicção caso não optasse por dar ou fazer algo como retorno para as pessoas.

Derrotada, decidiu caminhar sozinha até o lugar e identificou facilmente a porta do mesmo por ser o único com algo escrito: tinha o kanji de Zero entalhado na madeira. Bateu o punho fechado na porta algumas poucas vezes e entrou ao ouvir a permissão de Pain para fazê-lo.

Ele encarou-a inexpressivo enquanto ela se colocava a sua frente.

— Onde está Konan? — Sakura logo entendeu aquilo como um “por que você está aqui sozinha?”.

— Eu não sei, me desculpe. Deidara me trouxe até aqui — mentiu relutante, só se lembrando que havia um selo em seu pescoço logo depois. Esperou por alguns segundos por algo acontecer mas tudo continuou normal em si mesma. Isso, mais uma falha no selo!, pensou. — Eu queria informar que o protótipo para um dos remédios de Itachi está pronto, mas eu precisava das ervas necessárias para fabricá-lo.

A iryou-nin estendeu o papel com os ingredientes para o homem e ele pegou-o em silêncio. — Sete dos nove ingredientes se encontram no País da Terra e os outros dois no País do Chá. E esse é apenas um protótipo que precisa ser testado e possui chances de falha.

— E quão altas são essas chances?

— Baixas. Eu não falho há muito tempo — ela assegurou.

Pain soltou um som de entendimento. O País do Chá estava muito próximo com o País do Fogo e seria arriscado ir até lá, então pensou na possibilidade de mandar Zetsu pegar o necessário por lá. O País da Terra já era o destino da próxima missão, então ele mataria duas lebres com uma única cajadada.

— Muito bem. Providenciarei o necessário o mais rápido que conseguir. Há algum progresso além da criação desse novo medicamento? — perguntou.

— Sim. Também estou conseguindo fazer mais outros protótipos, mas quero fazer mais consultas físicas para perder pouco tempo com medicamentos para retardar os sintomas, já que está atrás da cura — Sakura relatou objetivamente.

— Entendo. Mais alguma coisa? — Ao ouvir um “não”, Pain dispensou-a e ficou com a lista do que era necessário.

Terminaria de organizar a missão de captura do Yonbi na próxima hora e mandaria Deidara e Tobi partirem logo na noite do dia seguinte.

. . .

Batidas bruscas e impacientes ecoaram na porta do quarto de Sakura durante o meio da noite. A menina acordou em um pulo e vestiu um roupão para cobrir o pijama o mais rápido que conseguiu, correndo até a porta enquanto amarrava a faixa de pano. Quando abriu, viu Hidan parado com um olhar impaciente. A espinha da menor gelou.

— … O que deseja? – perguntou, perdendo quaisquer feições de sono por culpa do susto.

— Eu estava fazendo um dos meus rituais para Jashin-sama e acho que a minha foice me perfurou demais e eu senti um osso quebrar. Quero que veja isso para mim — exigiu.

— Uhh… É, claro. Só um minuto. Pode ir para enfermaria enquanto eu termino de acordar? – Sakura pediu atônita.

— Anda logo! – ele reclamou antes de caminhar na direção da sala onde seria atendido.

Ao fechar a porta, Sakura soltou o ar que manteve preso dentro de si. Ele se feria com uma foice?! Aquele homem era bem mais insano do que qualquer outro ser vivo por aí, com toda a certeza do mundo! Além de sádico, assassino, maluco e com sérios transtornos mentais, era masoquista.

Lavou o rosto e colocou a mesma roupa que usara ao longo do dia. Como não queria deixar Hidan irritado, saiu às pressas em direção à enfermaria. Quando chegou lá, o homem já esperava sentado.

— Me mostre o lugar afetado, por favor — requisitou.

O nukenin retirou a capa da Akatsuki (quem usava aquilo enquanto não estava em missão?) e puxou a manga da blusa, deixando o ombro ensanguentado exposto. Pelos céus, o que era aquilo?!

Havia um furo gigante no ombro esquerdo do homem. Ele sangrava cada vez mais e a carne estava exposta. Como ele conseguiu fazer aquilo em si mesmo?!

Sem dizer uma única palavra, Sakura concentrou o chakra na mão e analisou o lugar, vendo que, de fato, um osso estava danificado. Como Hidan se mantinha tão indiferente a tudo aquilo?

— É, de alguma forma, você conseguiu fraturar sua clavícula. Eu posso consertar isso agora, mas terá que ficar enfaixado por alguns dias e não poderá movimentar muito esse braço — ela explicou.

— Tanto faz. Só conserta essa porra logo — ele xingou e Sakura, sem palavras pra tamanho linguajar, apenas deixou o queixo cair. Fechou a boca e começou a trabalhar naquele ombro. — Sabe, menina...

— Eu tenho um nome. É Sakura.

— Tanto faz. Você estava no time daquele Naruto, não é? – perguntou informalmente.

— Sim, eu estou no time daquele Naruto. Por que pergunta?

— É que deve ser difícil lidar com uma pessoa igual a ele. Um menino com uma besta daquelas no corpo deve ficar putinho de raiva em um piscar de olhos. Diz aí, ele nunca fodeu com vocês por culpa disso, não?

Sakura ficou com uma pulga atrás da orelha com os dizeres de Hidan. Uma besta daquelas no corpo?

Passou a raciocinar rapidamente enquanto trabalhava no ombro do criminoso, desembaralhando perguntas e vendo que muita coisa fazia sentido.

Ela entendeu o motivo do receio de Shizune ao mandar Naruto em missões perigosas. Entendeu o motivo do treinamento com Jiraiya ter sido tão intenso e preocupante para Tsunade e Kakashi. Entendeu como o Time Sete saiu de situações difíceis, como a luta com Zabuza e Haku. Entendeu o medo e repulsa que todos os cidadãos da vila tinham de Naruto.

Naruto era um Jinchuuriki. E a Akatsuki estava atrás dos Jinchuurikis.


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Notas finais do capítulo

Eu preciso urgentemente parar de iniciar capítulos com a Sakura acordando xD Juro que o próximo não vai ser assim!

Sinceramente, eu não gostei da cena que eu fiz com o Naruto e a Tsunade: eu não consegui passar a essência do Naru, por mais que eu ache que tenha conseguido manter a personalidade da Tsunade como sempre foi. Tentei reescrever a cena diversas vezes, mas eu acabava enchendo linguiça ao fazê-lo, já que coloquei tudo o que precisava ser colocado na versão que vocês leram.

E sabe, eu também não pretendia colocar duas cenas com o Deidara, mas resolvi escrever mais cenas dos dois para desenvolver melhor o casal, que é bem complexo. Creio que vai agradar a todos, não é? xD

É só isso que eu tenho para falar, eu acho. Obrigada por ter lido! Leitores fantasmas, apareçam e deixem uma escritora bem feliz.