Intuição escrita por TheEpic


Capítulo 3
Quando todos bolam planos.


Notas iniciais do capítulo

E cá estou eu novamente. E demorei mais do que na última vez, mesmo dizendo que tentaria voltar mais rápido. Me desculpem! Época de provas me matando e, logo em seguida, fiquei ocupada demais dentro de casa. G___G MASSSS agora eu estou de férias e o processo para os capítulos pode dar uma acelerada. Estou com algumas ideias que considero boas e agora eu tenho o tempo necessário para arrumar um jeito de encaixá-las. Espero que eu consiga fazer isso!

Aliás, alguém reparou que eu mudei a capa da fanfic? Enquanto o DeiSaku não começa, vou manter uma imagem da Saky sozinha.

Queria agradecer aos amorzinhos que comentaram, acompanharam e favoritaram a fanfic. Vocês me motivam muito!

Bem... Sem mais delongas, vamos ao capítulo. Boa leitura!



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O sol ardia imponente em Konoha, porém o ar estava tão pesado quanto o de uma noite carregada de chuva.

Tsunade estava sem chão. Sua pupila havia sido capturada pelos seus maiores inimigos e a Hokage jogava a culpa toda em suas costas. Havia faltado como líder da vila, como mentora e até mesmo como uma figura materna. Como fora capaz de permitir que aquilo acontecesse?!

Tentava incansavelmente encontrar maneiras de resgatar Sakura. Bolou planos impossíveis, criou táticas cheias de falhas e bebeu muito no processo. Contudo, nada chegava nem perto de ter uma probabilidade aceitável de sucesso.

O time sete havia retornado para a vila logo após o incidente. Naruto (que havia se ferido muito e desmaiado depois de um golpe do homem tubarão na nuca, logo após o baque de Sakura) ainda estava no hospital para observação e não fazia a mínima ideia do rapto da amiga. Quando perguntou sobre ela para Kakashi, foi-lhe dito que a ninja médica estava bem, porém ocupada escrevendo relatórios sobre a Akatsuki para Tsunade. O loiro estranhou a sua companheira de time não ter lhe visitado, mas, ainda assim, acreditou sem problemas na justificativa de seu sensei.

O Jounin de um único Sharingan também estava abalado pela perda de mais um de seus pupilos, mas não se deixou levar pela tristeza. Em maior parte, fora ele quem não permitiu Tsunade de sair por aí por contra própria atrás dos raptores e espancar as pessoas de atitude suspeita que encontrasse pelo seu caminho até descobrir onde Sakura estava.

Precisava ajudar a Quinta de todas as formas que conseguisse. Em uma reunião do conselho, optaram por manter o sequestro da iryou-nin em segredo para não gerar mais problemas. Os únicos informados foram os pais da menina, que entraram em enorme desespero e ficaram ainda mais afetados pelo nome “Akatsuki” estar envolvido no meio daquilo tudo. Sai e Yamato também juraram manter sigilo (por mais que Danzou tenha sido informado dos acontecimentos pelo lacaio) e não comentarem sobre o assunto com ninguém. Por ora, seria dito que ela recebeu uma segunda missão para escoltar alguém importante até o seu país de origem.

No entanto, se Sakura não voltasse para Konoha logo, a máscara cairia e a vila poderia ter um pouco de desordem: se até mesmo a pupila de Tsunade fora raptada, qualquer um poderia sofrer o mesmo.


. . .

A discípula da quinta Hokage não sabia que horas eram quando foi acordada pelas batidas na porta do seu novo quarto, mas as dores na coluna lhe diziam que havia dormido por muito tempo.

Vestiu suas roupas do dia anterior com pressa e abriu a porta, se vendo diante da imagem inexpressiva de Konan. A mais velha não se demorou para dizer algo.

— Boa tarde. Ontem eu lhe disse que iríamos mostrar o lugar para você, porém, após onze horas de sono, deve estar com fome, não é? — indagou.

Então a Akatsuki se preocupava com a sua alimentação. Considerou aquilo suspeito, mas como não havia sentido nada no próprio corpo após a refeição do dia anterior, diminuiu por conta própria o receio.

— Sim, estou — respondeu. — Por que vocês estão preocupados com isso? Eu não sou uma inimiga? – ousou perguntar.

— Digamos que você é um meio-termo. — Konan manteve o tom de voz ríspido, porém com uma pontada de impudência. — Justamente por nos ser útil, é essencial que sua condição de saúde esteja aceitável. Agora, se me permite, explicarei-lhe o caminho até a cozinha. Peço que vá sozinha e aguarde a minha chegada para sair de lá.

Sakura ouviu as orientações da mulher antes de sua partida e, enquanto caminhava até a cozinha, notou algo que poderia ser crucial para fugir daquele lugar: a médica fez uma pergunta que envolvia a natureza duvidosa da organização e mostrava total desconfiança na mesma, no entanto, nada havia acontecido com ela. A menina supôs que a parte que envolvia palavras incluía somente informações vazadas sobre o grupo, mas preferiu não confiar totalmente em seus palpites.

Chegou na cozinha sem problemas e foi novamente surpreendida pelo design do local, que era como o de qualquer outra cozinha. Até mesmo a mesa era pequena demais para todos os criminosos!

Se vendo sozinha no recinto, procurou algo para comer na geladeira bem abastecida, optando por um copo de leite e uma maçã (que era bem mais azeda do que as que comia em Konoha). Notando o silêncio que permanecia imponente no esconderijo, passou a imaginar como seriam os outros membros.

Sabia que Orochimaru fazia parte da organização no passado (agradeceu mentalmente por um monstro daqueles não ter mais a proteção da Akatsuki), que aquele loiro doentio deveria estar morto por aí com os dois braços bem longe do corpo e que um dos outros integrantes era envolvido com cultos religiosos um tanto quanto duvidosos. Também ouvira relatos de um imortal no meio daquilo tudo e, muito provavelmente, haviam pessoas ainda mais poderosas e insanas naquele lugar.

Pelas informações que havia adquirido com Tsunade, o progresso deles na captura dos Bijuus era significante em tão pouco tempo de atividade ofensiva. Já haviam realizado a captura do Cinco-caudas, do Sete-caudas e, mais recentemente, do Uma-cauda. Mesmo com a perda de dois shinobi, ela tinha certeza de que iriam substituí-los sem demora e, assim, prosseguiriam com os seus planos.

A garota de Konohagure queria fazer qualquer coisa que pudesse para retardar aquele processo de captura de monstros de caudas; todavia, seria burrice tentar agir de alguma maneira para impedir a Akatsuki de avançar em seu objetivo. Ela estava no território deles, totalmente submissa e inútil para a sua própria aldeia. Em grande parte era impedida pela mais nova “tatuagem” que havia adquirido em seu corpo, mas também seria morta por qualquer nukenin da organização com a facilidade de se esmagar um inseto mesmo se não possuísse aquele selo detestável.

Sakura ouviu o som da porta (dos fundos?) se abrindo e se viu de frente com o homem azul com quem havia lutado não muito tempo atrás. Ele ergueu as sobrancelhas em surpresa, dando um pequeno sorriso de lábios fechados e fazendo a mais nova enrijecer.

— Então você está sob as ordens do Líder. — Ele tentou iniciar uma conversa enquanto se sentava em uma cadeira. Seu tom de voz não era nem um pouco hostil e a voz dele era bem mais leve do que a garota imaginava que seria. — Bem, me desculpe pelo ombro. Espero que entenda, mas eu precisava tornar a captura mais fácil.

— Como pode ver, eu consegui ajeitá-lo. Estou aqui por conseguir fazer coisas do tipo, não é? — respondeu de forma neutra, tentando esconder o seu receio de conversar. O homem tubarão deu um sorrisinho de dentes afiados.

— Realmente — concordou. — Então… Já que iremos nos ver frequentemente daqui em diante, creio que apresentações sejam necessárias. Meu nome é Kisame Hoshikagi.

Sakura não se surpreendeu com a casualidade do shinobi ao mencionar que ela estaria submissa a qualquer coisa que eles quisessem dela, já que Itachi havia feito o mesmo há não muito tempo. Sem demoras, também se apresentou.

— E o meu é Sakura. Sakura Haruno.

— Eu sei. Ah — Pareceu lembrar-se de algo —, sobre o seu estilo de luta, Sakura-san… Eu queria poder apontar algumas falhas para tentar melhorá-lo. Você pode ser nova, mas isso não é razão para ter esses descuidos.

“Você fica muito parada no campo de batalha, como se o tempo tivesse parado para você poder observar e raciocinar. Se a intenção não fosse te capturar, poderia ter morrido no meio daquele gramado.”

“Também vi que você dava muitas espiadas com os cantos dos olhos para tentar observar a batalha de Itachi. Você sabe, qualquer descuido que seja pode lhe custar a própria vida. São coisas básicas que aprendemos durante a Academia.”

“Você é muito inteligente e conseguiu descobrir o meu esconderijo, mas teve o erro de preparar o seu chute cedo demais. Por culpa disso, agarrei a sua perna facilmente. De qualquer forma, sua flexibilidade é surpreendente!”

“Sua força bruta também é admirável. Agora eu entendo como o rochedo que tampava um dos nossos esconderijos foi destruído! Quando Deidara me contou, eu achei que era exagero dele com o assunto de ‘uma menininha ter acabado com a caverna’, mas agora eu entendo perfeitamente. Se tivesse me atingido em algum ponto preocupante, provavelmente me renderia alguns problemas. Mas também tenho que apontar que você deixa a sua guarda baixa depois de desferir os golpes. Sua mão ficou em contato com o chão por muito tempo depois de partir todo o chão, sabia? Precisa melhorar a sua velocidade.”

Por mais que tudo estivesse sendo dito por um inimigo, a ninja médica ouvia atentamente. Como Tsunade nunca havia reclamado de nada disso com ela? Parando para pensar e analisar o próprio estilo de luta, os defeitos estavam evidentes. Arrumaria um jeito de treinar e consertá-los o mais cedo que conseguisse.

Ouvindo cada palavra que Kisame dizia com concentração evidente, notou mais uma desvantagem ao batalhar com um rank S: ele conseguia perceber erros que passariam despercebidos por ninjas do mesmo nível que ela. A luta contra Sasori havia sido facilitada por estar em dupla com Chiyo. Caso o contrário, a marionete viva teria ainda mais facilidade em ver os defeitos dela e acabaria com ela em um piscar de olhos.

Se não fosse pela chegada de Konan, Kisame provavelmente ficaria tagarelando sobre os erros de batalha de Sakura por muito tempo. Ao ver que a mais nova prestava atenção em cada dizer do homem, a moça de orbes cinzentas observou em silêncio até os dois se darem conta de sua presença.

— Boa tarde, Konan-san — Kisame cumprimentou-a, sendo respondido com um aceno de cabeça pela outra.

— Vamos? — chamou a menina de Konoha, recebendo um som afirmativo como resposta. O nukenin de Kirigakure não se despediu de nenhuma das duas, apenas se levantando da cadeira em que estava sentado e rumando para o corredor de onde as duas vieram antes.


. . .

Depois de andar por alguns bons minutos, Sakura havia sido introduzida ao gramado usado para treinos (o mesmo de onde Kisame havia surgido anteriormente), à biblioteca, ao escritório do Líder e, finalmente, à enfermaria.

— Não temos equipamentos com a mesma tecnologia dos que usa em hospitais de Konohagure, mas disponibilizamos muitos instrumentos que podem ser úteis – Konan explicou para a mais nova. — Esta sala é de seu livre uso, desde que seja utilizada em sua função principal. Caso seja necessário pesquisar sobre algo, os livros da biblioteca também estão disponíveis a qualquer momento. Ah, sim. Já ia me esquecendo, mas Itachi estará aqui em poucos minutos para sua consulta.

— Posso conhecer a sala enquanto ele não chega? — Sakura pediu, sendo permitida a fazer o que queria com um som afirmativo.

Depois de um rápido “até breve”, a mais velha se retirou do lugar e a menina estava, enfim, sozinha.

Em suas poucas horas de estadia naquele esconderijo, a aprendiz de Tsunade havia notado que não existia motivo para não ser educada ou respeitosa com os membros da organização. Por mais que fossem estranhos e soubessem impôr medo, todos os quatro Akatsuki com quem havia conversado até então eram surpreendentemente pacíficos e civis. Se todos fossem daquele jeito, a convivência obrigatória se tornaria bem mais fácil.

Olhando em volta de todo o ambiente da enfermaria, não conseguiu notar nada de especial ou diferente. Como Konan havia dito, eles possuíam instrumentos médicos comuns e úteis na maioria das situações, porém não disponibilizavam um equipamento de nível mais avançado.

Encontrou nos armários vários remédios e ingredientes comuns para tratamentos variados e também se deparou com ervas e recipientes com bulas que nunca havia visto antes. Fazendo uma nota mental para estudá-los quando pudesse, se alegrou ao ver que poderia, pelo menos, se distrair com alguma coisa enquanto fosse forçada a ficar lá.

Enquanto procurava papel e caneta para anotar as descobertas da consulta que faria com Itachi, o próprio chegou ao recinto. Mesmo Sakura sendo a intrusa do local, ele fez questão de murmurar um “com licença” e aguardou pelo início de um diálogo por parte da outra.

— Então… – começou. — Itachi-san. Poderia se sentar em alguma maca, por favor? – Foi atendida sem palavras, algo que deixou-a desconfortável. Itachi Uchiha, como o irmão mais novo, não era alguém de muitas palavras ou interações sociais. — Eu gostaria que me passasse o básico. Idade, altura, peso, alergias, acontecimentos significativos no passado com o seu corpo…

Durante o período em que o rapaz respondia o questionário oral, Sakura ia anotando os dizeres em um caderno em branco e pensando em como a pessoa a sua frente era intrigante.

Ela sabia que ele era o irmão mais velho de Sasuke e que ele traiu a vila, deixando o parente sozinho desde pequeno. Foi só após a partida do companheiro de time que a garota, ainda no início e seu treinamento com Tsunade, juntou dois e dois: a sede de vingança de Sasuke era direcionada totalmente para o Uchiha mais velho. Qual era o motivo da traição de Itachi para com a Folha? O que havia acontecido com os pais deles? E o restante do clã? Por que ela nunca havia nem sequer ouvido algo sobre qualquer uma dessas perguntas durante a sua vida inteira?

— Certo. Agora eu preciso que me conte o que está sentindo de anormal — requisitou ao nukenin, tentando retirar os pensamentos recentes de fora da cabeça.

— Fraqueza frequente que é acompanhada por tontura ou até desmaios se eu ficar sem comer ou dormir por muito tempo. Também há muita tosse e febre. Os meus pulmões doem com frequência e, vez ou outra, ocorre hemorragia nasal.

— E já usou ou usa medicamentos para qualquer um desses sintomas? — continuou perguntando.

— Eu uso alguns remédios para retardar o avanço desses problemas, mas eles estão parando de funcionar. O organismo se adaptou.

— Entendo. Bem — Sakura pigarreou antes de prosseguir, tentando encontrar motivos para os problemas —, consegue utilizar o Sharingan normalmente?

— Sim. Nunca senti maiores problemas por culpa dele.

Encerrando o questionário, a ninja médica iniciou os procedimentos comuns de uma consulta, como analisar vias aéreas, ouvidos, batimentos cardíacos, olhos, reflexos e possíveis anomalias do corpo. Itachi pareceu desconfortável quando lhe foi pedido para retirar a blusa, mas logo se acostumou com a profissionalidade de Sakura em relação ao peito e braços nus dele. Quando pediu para ele ativar o Sharingan, se surpreendeu pelo Doujutsu poder adquirir uma forma diferente da que Kakashi e Sasuke possuíam. Ao perguntar sobre aquilo, descobriu que se chamava Mangekyou Sharingan e fez questão de guardar muito bem o nome na cabeça.

Feita a análise física, a mais nova ponderou um pouco sobre o problema de Itachi. Como não tinha certeza de que não era culpa do Sharingan, faria pesquisas sobre o assunto. Pediu para o seu novo paciente escrever o nome das medicações que usava no caderno e a função de cada um deles e, logo após o rapaz fazê-lo, encerrou a consulta daquele dia, prometendo pesquisar mais a fundo o que poderia estar acontecendo.


. . .

No escritório de Pain, Konan passou a relatar para o líder os acontecimentos recentes em relação à Sakura.

— Ela não é rebelde e não resiste, por mais que faça muitas perguntas e desconfie de tudo — informou.

— Então é bem inteligente. Tanto por não nos desafiar quanto por suspeitar de qualquer coisa. São características necessárias. — Ele apoiou os braços na mesa. — Aliás, a menina tem roupas muito inapropriadas para o clima daqui e deve estar sentindo frio desde que chegou. Por favor, compre algumas vestes mais quentes para ela o mais rápido possível — requisitou.

Antes de Konan se retirar do lugar, lembrou-se de algo que julgava importante.

— Ah, Konan – chamou-a. — E tome cuidado com as coisas que a menina fizer. Como eu disse, ela é inteligente e o selo não é perfeito. Se ela desconfiar das falhas que ele possui, poderá encontrar alguma forma de ajudar a Folha. Mantenha os dois olhos bem abertos.

— Quais são as ordens caso ela faça algo que mostre evidente traição?

— Mate-a imediatamente.

— E sobre Itachi?

— Já dei-lhe as instruções necessárias. Caso ela ofereça alguma coisa suspeita para ele ou tente atacá-lo, o selo já vai agir. Só que como o mesmo possui brechas, Itachi já está orientado sobre como reagir – respondeu-a. – E lembre-se: Konohagure nos caçará por um bom tempo depois desse evento e não duvido que a Hokage informaria às outras vilas sobre o ocorrido. Faremos uma reunião pela noite com todos os membros para informá-los da nossa situação com o País do Fogo. Qualquer brecha que dermos pode ser vital. Ainda não estamos preparados para o ataque de tropas ninja.

— Sigilo total será mantido, Nagato – a mulher prometeu.

— Ótimo. Agora, por favor, vá comprar roupas para a menina. Se necessário, peça-lhe os tamanhos que ela usa.

Com as devidas ordens recebidas, Konan saiu do escritório. Ao caminhar pelo largo corredor, deu de encontro com o homem que usava uma máscara em espiral. Ele deu dois saltinhos enquanto ia até a moça e chamou-a sem delongas.

— Ei! Konan-san! – O moço chamou-a.

— Pois não, Tobi?

— É verdade que uma prisioneira está andando livremente pela organização? Kisame me contou agora há pouco! – A expressão do Akatsuki era escondida pela máscara, mas sua voz mostrava evidente entusiasmo.

— Sim. Uma ninja de Konohagure, aprendiz da Quinta Hokage. Peço que não atrapalhe-a em suas atividades requisitadas. – Manteve o olhar ríspido e Tobi olhou para os lados antes de voltar a caminhar. Parou logo que chegou ao lado de Konan.

Eu não fui informado dessa situação. Se você e Pain pretendem realmente tomar decisões como essa sem me dizerem antes, a Akatsuki pode cair. Tome isso como um aviso. – O tom de voz do homem mudou para como realmente era ao sussurrar para a mulher de cabelos azuis.

— Teremos uma reunião pela noite para deixarmos todos a par da situação.

— Oh, sim, Konan-san! Vai ser muito divertido! – Ele respondeu, retornando com a sua personalidade falsa. – Ah, por favor! Passe ao Líder o recado que eu lhe disse, por favor! Até de noite!

Logo que Tobi voltou a andar saltitante, Konan se deixou arrepiar a espinha. Aquele homem, com toda a certeza que ela tinha, não conseguiria superar o poder de Pain em uma luta. Por mais que aquilo devesse ser reconfortante, fazia a situação ser bem o contrário: Tobi era esperto e não ameaçaria o homem de cabelos alaranjados se não tivesse algumas boas cartas na manga.

Por ora, apenas informaria Pain sobre o ocorrido e faria o que lhe fora ordenado.

. . .

Mais tarde, com roupas mais quentes dadas por Konan, Sakura se dirigiu para a biblioteca para iniciar suas pesquisas. Pelo que analisou durante a consulta física com Itachi, ela teria cerca de alguns meses para encontrar uma cura definitiva antes que aquela doença começasse a afetar significativamente o corpo do Uchiha.

Ainda com as suspeitas em cima dos olhos do rapaz, se orientou pelo recinto de tamanho mediano por meio de um guia que lá ficava. Após algum tempo de procura, recolheu uma enciclopédia com várias páginas que falava sobre Kekkei Genkais já conhecidos e sentou-se em uma das poucas escrivaninhas do lugar.

Encontrou muitas informações sobre o Byakugan na seção de Kekkei Genkais oculares e, por mais que os olhos misteriosos que seus amigos possuíam não tivessem nada a ver com a condição de Itachi, passou um bom par de horas lendo sobre o Dojutsu para conhecimento pessoal. Sem encontrar nada, passou para os capítulos que falavam sobre o Sharingan, que apareceram logo em seguida.

Leu várias coisas que já sabia, mas parou para prestar mais atenção no Mangekyou Sharingan. Como os registros diziam, aquele poder ocular era despertado apenas se o usuário sentisse a dor da morte da pessoa mais próxima a si e, caso a pessoa usasse o Dojutsu em excesso, o corpo sofreria com vários problemas físicos.

Tal informação despertou grande interesse em Sakura, que preferiu ignorar a informação sobre presenciar a morte da pessoa mais próxima a si (talvez ele tivesse assistido a morte dos pais?). Aquele parágrafo elevava ainda mais as suspeitas que ela tinha sobre a saúde de Itachi. Caçou mais informações sobre o Mangekyou Sharingan, mas não obteve sucesso em suas buscas naquele livro, encontrando apenas registros de alguns jutsus que podiam ser obtidos com aquele poder ocular e alguns usuários notáveis, como Madara e Izuna Uchiha e Indra Otsutsuki.

Para ter certeza de que não haveria mais nada sobre o Sharingan nas páginas que se seguiam, pegou as folhas restantes e folheou-as rapidamente. No meio do processo, encontrou algo que chamou a sua atenção. Um Kekkei Genkai roxo com um padrão de círculos.

Voltou para a página que continha a ilustração e, ao procurar o início do capítulo nas anteriores, descobriu que o nome daquele poder era Rinnegan, o mais poderoso dos três grandes Doujutsus. Não haviam muitos relatos sobre aquele poder ocular, apenas histórias do passado sobre Kaguya Otsutsuki sendo a primeira usuária do mesmo e o Sábio dos Seis Caminhos criando o seu próprio Rinnegan para criar o Ninshu. Também era dito na enciclopédia que havia uma forte crença sobre o Doujutsu ser apenas uma lenda e, caso realmente tivesse existido, estava extinto.

A cabeça de Sakura ficou confusa ao extremo. Era muito mais do que óbvio que os olhos de Pain eram, de fato, os olhos de Rinnegan; mas como ele havia adquirido aquele poder se estava extinto desde a morte do Grande Sábio?!

Contudo, o pior não era nem sequer aquilo: se a Akatsuki estava em posse de um poder tão poderoso, lendário e avassalador, o mundo ninja ganharia problemas muito, mas muito sérios. Se, em uma hipótese bem terrível, a Akatsuki conseguisse capturar todos os monstros de caudas e ainda tivesse vários membros rank S, coisas realmente ruins aconteceriam com os shinobi inimigos da organização. E os shinobi de todos os países ninja, naquele momento, eram inimigos da organização.

O raciocínio de Sakura fora interrompido pela entrada de alguém na biblioteca, alarmando-a e fazendo-a fechar o livro calmamente, com a intenção de não levantar suspeitas. Ao levantar a cabeça para ver quem estava no recinto, viu a figura inexpressiva de Itachi, que lia os olhos da menor com precisão.

— Itachi-san — Ela desviou os olhos para o livro e voltou a olhar para o Uchiha, com a intenção de colocar os pensamentos em ordem. —, eu pesquisei um pouco sobre o Sharingan para ver se o uso dele poderia afetar a sua saúde e encontrei algo que me deixou ponderando sobre o motivo da sua condição.

— Prossiga.

— Li sobre o Mangekyou Sharingan e descobri que ele afeta a saúde do usuário em caso de uso excessivo. — Ele afirmou com a cabeça, mostrando já saber daquilo. — Eu gostaria de saber um pouco mais sobre. Você nunca cogitou que a sua condição esteja assim por culpa dos seus olhos?

— Sim, eu já ponderei isso, mas creio que não é a causa real. Eu não utilizo muito o meu Sharingan para usá-lo em uma situação de real importância e, de acordo com os registros do meu clã, o principal efeito colateral do Mangekyo é a deterioração da visão até a cegueira. No caso, a minha vista está sem nenhum problema maior. Creio eu que o problema não seja esse — respondeu.

— Entendo. Bem... Por hoje eu encerrei as minhas pesquisas e vou prosseguir com elas amanhã. Quando eu tiver mais informações, realizarei a próxima consulta — A menina de cabelos róseos informou enquanto se levantava da cadeira e pegava o livro. — E se não for um problema maior, podemos também fazer consultas semanais? Eu gostaria de acompanhar o que está acontecendo com o seu corpo com uma frequência mais exata.

— Claro. Será vantajoso para nós dois — Itachi concordou.

Com a conversa encerrada, Sakura colocou o livro em seu devido lugar e partiu para o seu quarto, reparando em uma cantoria estranhamente alegre e descontraída no quarto que deveria ser de um dos membros da organização. Dando de ombros com a situação, entrou em seu próprio quarto e viu que mais um conjunto de roupa de cama fora depositado em cima do colchão junto a as sacolas com roupas que já estavam lá desde antes sua partida para a biblioteca.

Também notou que foi colocado em um dos cantos do quarto um pano e uma vassoura. Agradeceu mentalmente à pessoa que colocou aquelas coisas ali, já que ela nem sequer precisou pedir os objetos para tirar a poeira do quarto.

Ao terminar de tirar o pó dos móveis e remover as teias de aranha que tanto a incomodavam, passou a guardar as suas novas roupas no armário. Reparou nas suas roupas do dia anterior jogadas em cima da cama e recolheu-as com uma dor no coração. Quase não conseguiu conter as suas emoções ao tocar no protetor de testa, que continha a palavra “testuda” escrita com tinta no pano em sua parte traseira. Ino havia feito a brincadeira meses atrás ao ver que Sakura tinha esquecido sua bandana na casa da primeira, logo após uma festa do pijama com Hinata e Tenten.

A iryou-nin teve medo de reviver mais lembranças gostosas como aquela e deixar a emoção falar mais alto. Se ela não aprendesse a se controlar e manter os pensamentos nos eixos, seria tomada pela loucura induzida pelo confinamento com aquelas pessoas e com tais condições impostas a ela.

Preferindo se focar apenas no presente e em escapar dali o quanto antes, guardou a hitaiate em uma gaveta do armário junto com as roupas que usava em Konoha e sentou-se na escrivaninha, pegando papel e caneta nas pequenas gavetas do móvel de madeira e anotando as descobertas do dia em relação à saúde de Itachi. Todavia, a cabeça dela foi ocupada pelo passado do renegado de Konoha. Quem realmente era Itachi Uchiha?

. . .

No meio da noite, a Estátua Demoníaca do Caminho Exterior recebeu em suas mãos cada membro da Akatsuki em sua forma projetada. Quando todos os nukenins se fizeram presentes, Pain começou a falar.

— Boa noite. Hidan e Kakuzu, como vai a missão de vocês? — perguntou à dupla.

— Bem. Estamos fazendo nosso retorno e devemos chegar na tarde de amanhã com o dinheiro adquirido. É a quantia exata que aquele senhor feudal nos prometeu — o tesoureiro da organização relatou.

— Ótimo. Bem, como alguns ainda não estão a par da situação, temos uma prisioneira com benefícios em nosso esconderijo. O nome dela é Sakura Haruno e é a discípula da Quinta Hokage. Fomos informados por Zetsu que o time da menina partiria em missão há dois dias e nos aproveitamos da situação para realizar a captura.

— E por qual motivo ela possui privilégios? — Kakuzu perguntou.

— Ela é uma ninja médica com habilidades notáveis. Está no esconderijo para tratar dos problemas de saúde de Itachi e ficará por lá até encontrarmos uma possível cura. Caso seja necessário, ela também realizará tratamento médico para cada um de vocês. Peço que tratem ela educadamente, já que precisamos que ela colabore ao máximo com a nossa organização. Não provoquem, façam piadas, ofendam-na ou toquem-na de forma hostil se não julgarem necessário. E claro, poderão julgar como necessário apenas se ela fizer algo que afete-os fisica ou mentalmente, por mais que não creio que será necessário. Ela tem o meu selo implantado e qualquer ação errada da menina pode resultar em morte imediata — discursou.

— Líder, também há o companheiro de time dela — Kisame se manifestou.

— Eu não me esqueci, Kisame. O companheiro de time da aprendiz da Quinta é Naruto Uzumaki, o jinchuuriki da Nove-caudas — informou. O recinto prosseguiu em silêncio. — Esse é mais um dos motivos para a captura de Sakura. É evidente que ela não nos dirá nada sobre o menino mesmo sob tortura, já que ela deixou bem evidente durante batalha e no primeiro contato com Itachi que ela não dará o braço a torcer em caso de questionário.

— Os cães de Konoha nunca falam nada. São ridiculamente fiéis à vila. Se a Quinta é mentora dela, as coisas já ficam mais difíceis — A manifestação do homem de olhos púrpura falou com tom de escárnio, interrompendo o líder.

— Hidan, eu ainda não terminei — Pain chamou-lhe a atenção. — Prosseguindo... Ela não dirá nada sobre Naruto Uzumaki ou sobre Konohagure, então a possibilidade de interrogá-la já é quase nula. Porém, temos certa vantagem: podemos usá-la em caso de confronto com a Raposa. Naruto é facilmente levado pelas emoções e, ao ver a sua companheira de time, certamente perderia o controle e nos daria vantagem. O único problema seria afastá-lo do Ninja Copiador, não é, Deidara?

— Realmente. Aquele cara não vai sair do lado do guri tão cedo, hm — o jovem moço de olhos azuis confirmou.

— Ainda faremos um plano mais bem-elaborado onde a presença de Sakura Haruno será útil para a captura da Nove-caudas, mas peço que colaborem com a estadia da garota. Não interrompam ou mudem suas atividades ou desobedeçam regras somente pela presença dela no esconderijo: ela não poderá interferir em nada. Podem requisitar a ajuda dela para certas tarefas, desde que não sejam de caráter inadequado. Creio que não preciso explicar em detalhes o que acabei de dizer. — Novamente o silêncio. — Muito bem, acredito que a reunião está encerrada. Alguma pergunta antes de desfazermos o contato?

Vendo que não receberia perguntas, o cabeça da Akatsuki desfez o jutsu e sua consciência retornou para o seu quarto. Logo em seguida, viu Konan também acordar. Fitou-a inexpressivamente enquanto ela se recompunha. Quando a mesma reparou que era observada, desviou o olhar para a janela que dava visão aos arranha-céus banhados pela chuva.

— Nagato, hoje fui parada por Madara no corredor. Ele pediu para que eu lhe dissesse algo — contou.

— E o que ele disse, Konan?

— Ele não gostou de você ter tomado uma decisão como essa sem ter lhe contado antes, e nos avisou que, caso continuemos a fazer isso, a Akatsuki correrá o risco de cair – repetiu as palavras do homem mascarado.

— Não foi uma decisão realmente drástica. Ele está tentando impor medo pelas coisas não serem feitas do jeito que ele quer. Não se deixe intimidar por aquele homem, Konan. Somos mais fortes do que ele. Em todos os aspectos – assegurou para a outra.

A mulher de olhos cinzentos teve receio de responder qualquer coisa, já que na mente dela as coisas eram bem diferentes. Nagato podia nunca ter perdido uma batalha, mas o ego elevado poderia custar-lhe a vida. Madara Uchiha não era alguém para se desafiar ou brincar, o próprio nome já deixava aquilo bem evidente: ele era uma lenda.

Um “confie em mim” foi ouvido. Nagato sempre dizia aquilo para ela quando a preocupação tomava-a e, por mais que aquelas palavras lhe dessem força para continuar, perdiam o seu efeito aos poucos. O caminho que eles trilhavam era cada vez mais perigoso e o medo não era nem um pouco desnecessário.

Como já havia feito diversas vezes, preferiu confiar em Nagato mais uma vez. Aproximou-se do mesmo e tocou-lhe os lábios com os próprios na esperança de que os eventos que se seguiriam em poucos minutos fizessem-na acreditar que o esforço que faziam estava valendo a pena.


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Notas finais do capítulo

E encerramos mais um capítulo. Ficou mais longo do que eu esperava, já que eu planejava colocar a cena da reunião no capítulo seguinte. A empolgação acabou falando mais alto!

Críticas, erros, elogios, opiniões? Deixe um review! Lerei e responderei com todo o amor e carinho do mundo!



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