Intuição escrita por TheEpic


Capítulo 5
Quando a insanidade bate na porta.


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que voltaria logo! xD

Eu não tenho muito o que falar, já que geralmente encho as notas iniciais de desculpas pela demora exagerada. AUEHAUEHEAU

O capítulo não foi revisado então me avisem sobre qualquer erro cometido!

Boa leitura.



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Sim, agora tudo fazia perfeito sentido! Como Sakura tinha sido burra a ponto de nunca perceber aquilo antes?!

Resolvendo não tomar conclusões precipitadas sobre o que Naruto era, resolveu confirmar com Hidan.

— … Pois não?

— Escuta, meni– … Sakura. Não se faça de idiota! A Nove Caudas fica guardada dentro do menino e o Deidara o viu coberto pelo manto dela, então claro que ele é dominado pela raiva dela. E aí, como você lidava com isso? – Hidan perguntou.

Então era, de fato, verdade. Naruto tinha a Kyuubi dentro de si e, muito provavelmente, aquele selo na barriga dele guardava o monstro.

—Eu não lidava. Eu não sabia — as palavras dela soaram sinceras demais até para alguém como Hidan, que ainda assim não conseguiu enxergar toda a tristeza do mundo pesar nos olhos da menina que curava o seu braço. Ele não disse mais nada, já conseguindo uma informação preciosa para Pain.

O restante do processo de cura e enfaixamento foi feito em silêncio e Sakura se concentrou em fazer o que tinha que ser feito, não deixando qualquer pensamento além de agora tenho que fazer isso aqui entrar em sua cabeça. Contudo, após terminar de atender Hidan e retornar ao seu quarto, se deixou pensar em tudo o que estava guardado desde a notícia de meia hora atrás.

Qual era o tamanho da dor que Naruto sofreu a vida inteira? Quão grande era o fardo que ele carregava nas costas? Ela já havia entendido há muito tempo, logo em seu primeiro dia de Time Sete, que ele sofria horrores desde o momento em que nascera, porém nunca conseguiria imaginar que tudo poderia ser ainda mais grave do que já era. Então as pessoas de Konoha não odiavam Naruto por ele ser encrenqueiro e irritante: o odiavam por ele carregar a Kyuubi dentro de si desde a infância.

Se sentiu culpada. Ela nunca fora capaz de entender Naruto de verdade ou poder fazer qualquer coisa para ajudá-lo no passado e estava se sentindo ainda mais incapacitada agora, ajudando as pessoas que queriam vê-lo morto. Oh, que os deuses a perdoassem, mas ela preferiria ter sido assassinada por aqueles criminosos a prosseguir com os seus deveres na Akatsuki. Depois de saber daquilo, seria demais para ela fazer qualquer coisa por eles.

Ela não havia sido capaz de manter Sasuke na vila, ir ao seu resgate ou até mesmo completar a sua mais recente missão de busca. A vida achou que tudo aquilo não era o suficiente para fazê-la se sentir um lixo humano, então resolveu complicar ainda mais a sua vida.

“Ah, o seu outro companheiro de time carrega o bichinho que atacou Konoha e ele sofre com isso desde que nasceu, mesmo não tendo culpa de nada. Que legal, não é?”.

Sakura não dormiu no restante daquela noite. A única coisa na qual conseguia pensar era em Naruto, o seu melhor amigo, companheiro para todos os momentos e raio de sol. Sim, o loiro era o raio de sol dela e de todos ao redor dele, iluminando e enchendo de esperança qualquer pessoa que estivesse perto dele.

Entretanto, a menina dos cabelos róseos não tinha certeza de que o brilho de Naruto a alcançaria em Amegakure.

. . .

—Fala sério! A gente tem mesmo que ficar catando plantinha pra menininha cuidar das frescuras do Itachi? — Deidara reclamou enquanto ele e Tobi encontravam mais uma das ervas que estava na lista de Pain.

—Poxa, senpai! Mas está sendo divertido passarmos um tempo juntos! E pelo menos as plantas são fáceis de se encontrar, não é~~? — Tobi cantarolou o final da frase, fazendo uma veia saltar da testa de Deidara. Ele não tinha a mínima paciência com o companheiro de time e só queria acabar com aquilo tudo logo.

Contudo, levar um corpo de um Jinchuuriki desacordado estava dificultando o trabalho da dupla.

. . .

Pouco mais de um dia após a partida de Deidara e Tobi para a sua mais recente missão, Konan, Pain, Kisame e Itachi estavam a caminho de um dos esconderijos da Akatsuki para realizarem a extração do Quatro Caudas, que se encontrava dentro do corpo de um homem de Iwa. Hidan e Kakuzu já haviam partido anteriormente e, dentro de algum tempo, eles já estariam reunidos para fazerem o que tinha de ser feito.

Algo que preocupava a única mulher da organização era o fato de Sakura ter sido deixada para trás, podendo fazer algo preocupante com a ausência deles por lá. Pain havia deixado dois de seus caminhos no lugar: um para proteger e administrar a vila durante a ausência deles e outro para exclusivamente vigiar Sakura; entretanto, ela ainda suspeitava que a prisioneira pudesse fazer algo.

A viagem até uma gruta subterrânea a algumas milhas de Ame foi feita em silêncio e Kisame não deixou de reparar na respiração de Itachi, que era mais ofegante do que o normal. A expressão serena do Uchiha permanecia em seu rosto e o seu corpo não dava sinais de fraqueza, mas era evidente que, aos poucos, o rapaz se esforçava para manter o ritmo dos demais. O homem tubarão optou por manter os seus pensamentos para si mesmo, esperando que Sakura fosse uma serva útil para a Akatsuki e encontrasse logo uma cura para Itachi, que havia se tornado um bom companheiro e o único amigo do nukenin de Kirigakure.

Ao chegarem ao esconderijo abafado pelo mormaço, as duas outras duplas já estavam a espera e Zetsu também se encontrava lá. Após um pequeno questionário por parte de Pain sobre qualquer acontecimento durante o tempo em que não houve comunicação entre eles, o mesmo fez um punhado de selos com as mãos e invocou a gigantesca Estátua Demoníaca do Caminho Exterior, que já possuía três olhos abertos.

Sem delongas, Konan foi a primeira a saltar para a sua posição e os demais logo fizeram o mesmo, com Zetsu carregando o Jinchuuriki (que precisou ser desacordado diversas vezes) sem nenhuma dificuldade. Este segundo fora colocado entre as palmas das mãos do monumento bizarro.

— Iniciaremos o processo em dez segundos. Se preparem — Pain avisou.

Quando se deu o tempo estipulado pelo homem, todos os nukenins iniciaram o jutsu de extração, que durou um punhado de horas. O homem que hospedava o Yonbi dentro de si passou a dar berros desesperados após acordar novamente, fazendo aquele som alto e insuportável ecoar por toda a gruta.

Konan tentava se manter indiferente e centrada no que estava fazendo, mas pensar em cada uma das outras cinco vidas que seria obrigada a tirar após aquele dia a deixavam de certa forma agonizada. Ela queria e seria eternamente fiel a Pain, obedecendo às suas ordens e seguindo-o para onde quer que ele fosse, porém as memórias de um passado distante, doloroso e de certa forma iluminado por Yahiko sempre voltavam em seus sonhos mais profundos.

Toda vez que acordava após esses sonhos tão nostálgicos, odiados e ao mesmo tempo amados, se lembrava de seu sensei, aquele que salvou-os, ensinou-os sobre parte do mundo e deu a Yahiko o restante da fé necessária para continuar seguindo em frente e guiando os outros dois consigo. Se pudesse conversar com o seu sensei mais uma vez, uma única vez, perguntaria para ele sobre o que ela e Nagato estavam fazendo. Não perguntaria se ele considerava tudo aquilo certo ou sábio: perguntaria se ele achava que Yahiko estava os apoiando, seja lá onde estivesse.

Ocupada demais se afogando em seus próprios pensamentos, Konan mal percebeu que o processo de extração do bijuu já estava em sua reta final. Não abriu os olhos para não se desconcentrar, mas grande parte de sua energia já tinha se esvaído. Aquele jutsu consumia muito chakra de cada membro da Akatsuki e, por culpa de sua duração, deixava-os com fome, sede, fraqueza e cansaço. Muito provavelmente eles teriam que encontrar uma maneira de extrair a Kyuubi e o Hachibi sem desmaiarem no meio do ato, já que ele poderia durar até mais de doze horas.

Sem nenhuma outra opção além de continuar vagando em lembranças, a mulher de orbes cinzentas suspirou e tentou se concentrar em manter o equilíbrio mental, esperando que tudo aquilo terminasse logo para ela poder prestar atenção em alguma coisa que não fosse a lembrança do sorriso brilhante de Yahiko enquanto vivo.

. . .

Tch. Menina burra.

Sakura amaldiçoou a si mesma após cortar o próprio dedo com uma simples faca de cozinha. Ela sabia lidar com shurikens, kunais, tantous e mais uma meia dúzia de objetos afiados, mas quando se tratava de cozinhar ela aparentava ficar com duas mãos esquerdas.

Havia decidido que cozinharia a sua própria comida enquanto ficasse no lugar justamente por ter medo das coisas que aquele pessoal comia. Por mais que qualquer coisa que ela tentasse colocar em uma panela ao fogo tivesse gosto de dor e sofrimento, ela teria que aprender a aguentar aquilo e dar o seu melhor para melhorar a sua habilidade na cozinha.

Ficar naquele esconderijo sozinha estava sendo sufocante, aliviante, pacífico e desesperador ao mesmo tempo: ela estava enlouquecendo lentamente e não dava nem dois meses para pirar de vez e fazer alguma burrice que lhe custaria a própria vida. Se ela ao menos pudesse mandar algum recado para Tsunade, as coisas ficariam bem mais fáceis para ela. Tudo o que ela queria era mandar algum sinal para os seus companheiros avisando que estava viva e “bem”. Tinha certeza de que os superiores de Konoha deveriam estar considerando-a como um bonequinho de vodu da Akatsuki: a cada espetada no pano, quem sofria a lesão era a vila. Justamente por isso, pelo menos mostrar que estava em capacidade de enviar alguma mensagem para eles desataria um pouco o nó da forca.

Após curar o corte com uma quantidade ridiculamente insignificante de chakra, voltou a cortar os vegetais que usaria em seu ensopado ensinado por sua mãe há um par de anos e não deixou de sentir-se incomodada por ser observada.

A garota já sabia que não seria deixada sozinha no QG logo que Konan avisou da ausência de pouco mais de dois dias por parte de todos os membros, mas não pensou que seria vigiada às escuras o tempo inteiro por um Pain de cabelos grandes e que só respondeu-a com monossílabas nas três vezes em que ela perguntou algo para ele.

Estava extremamente intrigada por aquele ser: como poderia haver mais de um Pain? E se houvesse mais um além daquele? Se um único homem com olhos bizarros já não fosse o suficiente para lhe passar medo e fazê-la ficar com vontade de se amuar em um canto chamando pela mãe, agora aparecia mais outro que passava a mesma sensação de poder e perigo que o original (se de fato fosse o original) passava.

Enquanto tomava aquele líquido com o mesmo gosto da água misturada com barro que Ino havia dado para Sakura enquanto elas brincavam de casinha na infância, a iryou-nin chegou à conclusão de que a Akatsuki ficava mais bizarra na medida que se conhecia melhor as pessoas que faziam parte dela: um sádico, masoquista e imortal que era indiferente aos próprios ossos sendo fraturados por si mesmo; um louco terrorista que perdia os braços, explodia e aparecia vivo e inteiro logo em seguida; uma criatura feliz com máscara de pirulito; Itachi Uchiha (que não precisava de definição nenhuma para se saber o quão insanamente medonho aquele homem era); um híbrido de humano e tubarão que falava pelos cotovelos; um menino de quinze anos que se transformou em uma marionete viva; aquele Kakuzu que perguntou o valor da cabeça dela para Konan; Pain, com seu lendário Rinnegan e uma cópia cabeluda que também possuía com o Kekkei Genkai e Konan com o seu ar estranho de quem pode te matar com o olhar.

Ela se sentia uma formiguinha inútil no meio de todos aqueles malucos absurdamente poderosos e se perguntava se algum dia conseguiria treinar o suficiente para que chegasse sequer perto do nível deles. Ela estava guardando muito do seu chakra em um ponto da sua testa para liberar o Byakugou no In em algum momento nos próximos anos, mas não poderia depender só dele: tinha que encontrar alguma alternativa para aumentar o seu poder enquanto estivesse naquele lugar.

Lavou a louça que havia sujado começou a ir para o seu quarto com a intenção de tirar um cochilo. Passou pelo Pain substituto evitando encará-lo e, ao chegar no corredor dos quartos, ouviu uma movimentação vinda de uma das várias partes do esconderijo que não podia nem sequer chegar perto. Aguardou o som ficar menos abafado e logo entendeu que eram dezenas de passos vindos dos criminosos que haviam retornado de missão.

Surpreendentemente, a maioria deles mostrava uma expressão bem cansada no rosto, olheiras arroxeadas e postura menos altiva. Poucos fizeram questão de encarar Sakura ao ver que ela estava parada no corredor, se dirigindo para os seus próprios quartos. Apenas Konan parou ao vê-la, esperando que algo fosse dito.

— Ah, bem... — A menina mais nova tentou encontrar algo para falar. — Vocês conseguiram as ervas para o medicamento?

— Sim, já havia me esquecido. — Konan abriu a sua capa negra de nuvens vermelhas, exibindo um corpo esguio e maduro. Pegou um saco de pano com vários outros sacos menores dentro dele e entregou para a menor. — Estão separados por tipo, mas não há nomes neles.

— Não tem problema, eu saberei quais são ao vê-los — assegurou.

O anjo de Pain assentiu com a cabeça e voltou a andar, dessa vez para o corredor em que ficavam somente o escritório e quarto do cabeça da Akatsuki. Com uma esticada no pescoço e o canto indiscreto dos olhos, a iryou-nin observou-a entrar não no escritório, mas sim no quarto, sem a menor discrição ou cerimônia.

Sakura levantou uma sobrancelha com um sorriso um tanto quanto incrédulo no rosto. Decidindo não pensar muito naquilo por não acrescentar nada em sua vida, desistiu do cochilo que pretendia tirar e foi trabalhar em sua fórmula na enfermaria.

. . .

Itachi não exibiu nenhuma expressão de desgosto ao tomar parte da medicina produzida por Sakura, por mais que essa tivesse um gosto terrível.

Ela havia demorado uma semana até ter a certeza de que sua criação melhoraria o problema de tosse de Itachi, e acreditava que os outros cinco frascos de tamanho mediano durariam mais de seis meses se usados apenas uma vez ao dia e na quantidade correta.

— Deve fazer efeito dentro de meia hora, então caso sinta quaisquer resultados negativos, me avise imediatamente — Sakura pediu. Itachi balançou a cabeça em sinal afirmativo.

A menina sempre se sentiu desconfortável perto dele. Itachi era uma pessoa que conseguia passar muito medo sem nem sequer mexer um único músculo, e as consultas em repleto silêncio não ajudavam a quebrar o clima ruim que ficava na enfermaria.

Os exames de sangue que ela havia feito nele confirmavam que havia, sim, alguma coisa que estava atacando rapidamente o corpo do Uchiha. Sakura não conseguia saber direito o que era, mas o Kekkei Genkai do rapaz já não estava mais na lista de causas suspeitas pela doença que (felizmente, para as Nações Shinobi) vinha deteriorando a sua saúde.

Ela também já havia desenvolvido mais um protótipo, esse com a função de diminuir as dores de cabeça e, consequentemente, evitar a tontura e ajudar a dormir. Decidiu não tentar impedir os ataques de febre de Itachi, já que era uma reação positiva do corpo e ela sempre acreditou que só ajudava a desacelerar o processo que eliminava o vírus do corpo.

Sakura já havia pensado muitas vezes em não ajudá-lo ou desacelerar propositalmente a velocidade das suas pesquisas, mas sabia que, caso Pain se cansasse da demora ou notasse que ela não estava dando o máximo de si para fazer o que lhe fora ordenado, seria morta. Ela não saberia o que aconteceria com ela caso conseguisse salvar a vida de Itachi, mas faria o possível para continuar viva após aquilo e, de acordo com o seu raciocínio, só teria chances de viver caso mostrasse ser útil para a Akatsuki.

— Hoje alguns ninjas de Konoha chegaram aqui por perto — Itachi comentou aleatoriamente, coisa que surpreendeu Sakura. Ela demorou meio segundo para entender que ele estava falando com ela. — Estão atrás de você.

— Por que está me contando algo assim? — perguntou, desconfiada.

— Por que você acha que eu estou te contando algo assim?

O silêncio.

— Eu não sei. Para me dar falsas esperanças de que invadam o esconderijo, matem todos vocês e me levem de volta, talvez — ela respondeu estupidamente sem o mínimo interesse em formar algum enredo mais lógico em sua cabeça. Não perderia tempo com os joguinhos de mente de Itachi para diminuir ainda mais a sua sanidade.

— Você acha? Bem, é meio improvável que isso aconteça, por mais que estejam mandando ANBUs. Eles estão aprendendo a não enviar crianças de doze anos ao resgate de pessoas, como fizeram com o Sasuke.

Então era ali que ele queria chegar. Itachi queria cutucar a ferida. Sakura apostou que o Uchiha queria ganhar informações ou saber de alguma coisa sobre o irmão mais novo.

Obviamente, ela não diria uma única palavra sobre ele.

— Pedindo novamente, por favor, me avise caso sinta qualquer anomalia em cerca de meia hora. Aqui está a receita com instruções de quando e a quantidade que deve ingerir. — Ela estendeu um papel com escritos para o mais velho. — Tenha uma boa noite, Itachi-san.

— Boa noite, Sakura-san. — Ele pegou o papel e se retirou da sala, sempre com a expressão vazia.

Itachi Uchiha estava planejando algo e Sakura tinha certeza de que ela seria uma das cartas principais. Alguns dias após descobrir que Naruto era um Jinchuuriki, ela percebeu que a Akatsuki, com toda a certeza, tentaria tirar dela qualquer informação útil sobre o seu amigo. Contudo, o renegado de Konoha parecia mais interessado em saber de Sasuke e, naquele momento, ela acreditava que ele tentaria adquirir conhecimento sobre o irmão para uso pessoal. O seu ex companheiro de time não tinha nada que despertasse interesse na Akatsuki, não é?

Olhando a chuva fina pela janela com grades, Sakura notou que havia se habituado ao som frequente da água caindo no chão e batendo contra as paredes. Ela estava gradualmente se acostumando com a rotina sufocante e assombrosa que tinha, fazendo o medo constante que sentia ser algo completamente normal. Aquilo a desesperava e a deixava com vontade de destruir alguma parede e pular para fora daquele esconderijo, correndo para qualquer lugar que fosse bem longe de Ame sem nunca mais olhar para trás.

De fato, os jogos de mente de Itachi conseguiam deixá-la ainda mais desnorteada do que já estava.

Suspirou alto, aninhou a cabeça nos braços cruzados, fechou os olhos para não perder o autocontrole e dormiu, desejando que aquele inferno acabasse logo.

. . .

Sem conseguir controlar o gênio, Tsunade desferiu um soco contra uma árvore de um campo de treinamento, partindo-a ao meio. Havia saído da reunião com o conselho e, mesmo já sendo tarde da noite, rumou para o campo gramado onde treinou Sakura por dois anos e meio, com o intuito de refrescar a cabeça.

Não havia dado muito certo.

De acordo com as primeiras reuniões de emergência sobre o assunto do rapto da aprendiz da Godaime, aqueles velhos nojentos haviam assegurado que tomariam decisões drásticas caso Sakura não fosse encontrada em breve, mas três semanas haviam se passado desde o acontecido e o que os estúpidos disseram?

“Deixem isso de lado. Ela provavelmente está morta e não há nada que possamos fazer.”

Só de se lembrar de tais palavras, o sangue de Tsunade fervia e ela já tinha vontade de sair destruindo tudo que encontrasse pela frente. Ela tinha absoluta certeza de que sua pupila estava, sim, viva, e pretendia encontrá-la com ou sem a ajuda do conselho. Se fosse necessário, faria um alvoroço na vila e anunciaria a suposta morte de Sakura, fazendo a Akatsuki acreditar que as buscas estariam encerradas (principalmente pela ocorrida naquela manhã por meia dúzia de ANBUs não ter gerado resultados) e dando maior liberdade para Konoha fazer o que quiser para trazer a iryou-nin de volta.

Decidida em colocar em funcionamento o plano recentemente estipulado no dia seguinte, a Hokage partiu de volta para a aldeia, com o plano de se afogar em saquê pelo restante da noite.

Ela encontraria Sakura, mesmo que precisasse virar o mundo ninja de cabeça para baixo. E contava com o apoio de Naruto para fazer isso.

. . .

— Itachi-san partirá em missão? E por quanto tempo?

Sakura estava na cozinha preparando algo para comer quando Konan chegou no lugar, informando-a da ausência temporária de seu paciente.

— Provavelmente por duas semanas ou um pouco mais. Nesse meio tempo, não haverá jeito de vocês fazerem suas consultas — a mais velha respondeu.

— Entendo. Bem, então eu ficarei sem nenhuma ocupação durante esse meio-tempo? Como a minha preocupação atual está sendo só descobrir qual é a doença dele, só estou fazendo uso das consultas físicas e pesquisas logo após elas.

— Se não há nada que possa ser feito durante o tempo de ausência dele, está sem afazeres. Use o tempo para treinar e não perder suas habilidades — Konan sugeriu.

Sakura estava realmente enferrujando. Desde que havia sido raptada, há cerca de um mês e meio, ela não havia nem sequer ido no ambiente de treinos do esconderijo, por mais que pudesse fazer isso com o acompanhamento de alguém, ou feito alguma coisa para manter o físico. Sua rotina era composta totalmente de estudar medicina, brincar de enfermeira quando algum membro aparecia ferido e descobrir o que causava a dor de cotovelo mortal de Itachi.

Afirmando que faria aquilo em algum momento, Konan saiu do lugar e ela fora deixada novamente sozinha. Sentiu-se aliviada por ter uma folga das constantes consultas e não precisar se preocupar em ter que olhar para o rosto inexpressivo de Itachi quase todos os dias, por mais que aquela missão durasse apenas duas semanas.

Após comer, lavar a sua bagunça e descansar, decidiu ir finalmente treinar caso algum nukenin estivesse lá. Por sorte, Kisame estava sentado no gramado gelado e úmido, aproveitando um raio de sol que havia surgido no meio das infinitas nuvens carregadas de chuva. Eram raros os momentos em que não chovia em Ame.

— Boa tarde, Sakura-san — Kisame cumprimentou-a com o seu sorriso enigmático.

— Boa tarde. Que bom que você está aqui. Eu não posso ficar aqui sozinha ou quebraria regras — ela comentou, o que fez o maior levantar uma sobrancelha.

— Pretende treinar? — Recebeu um som afirmativo vindo da menina e sorriu novamente.

— Se me permite, eu gostaria de ser o seu oponente — ele propôs e Sakura aceitou relutante.

O enorme homem levantou-se e se colocou na frente da menina de cabelos róseos, que posicionou-se em forma de ataque. Ele fez uma posição de defesa.

Com a maior atenção que conseguiu acumular, Sakura passou a desferir socos em Kisame, todos bloqueados com facilidade. Ela tentou focar nas costelas e abdômen e, ao enxergar uma brecha, tentou dar uma rasteira rápida, conseguindo acertar somente uma canela.

Sem interromper os movimentos (estava tentando diminuir a pausa que fazia, já que seu oponente havia apontado aquilo logo em sua chegada), decidiu forçar os punhos quando eles fossem de encontro aos braços de Kisame. Sua tática mostrou aparente sucesso, já que ele teve de recuar poucos passos a cada vez que ela colocava mais força em seus socos.

Foi pega de surpresa por uma investida do nukenin logo após ele recuar, desviando por pouco do chute que acertaria o seu quadril. Desviou mais uma vez do golpe que focava na cabeça, dando uma cambalhota e, logo em seguida, uma rasteira novamente evitada com um pulo.

Levantou-se do chão em um salto e focou os seus socos novamente nos quadris do mais velho, que prosseguiu bloqueando com os braços. De surpresa, ele usou a mesma tática que ela, forçando os seus antebraços nos punhos dela. Ficaram assim por um punhado de segundos até ele pegá-la com uma joelhada na barriga seguida por um agarrão, envolvendo-a com os braços e levando-a ao chão. Sakura havia sido imobilizada.

— Você mesma usou o artifício de me pegar de surpresa por baixo. Deveria prestar mais atenção na sua defesa por lá, também — aconselhou-a enquanto a soltava.

— Vou me lembrar disso. Podemos ir mais uma vez?

Começando mais um round, Sakura agradeceu Kisame mentalmente por ser tão simpático com quem não deveria, e riu consigo mesma ao pensar nas vezes em que ele, mesmo que não intencionalmente, havia ajudado-a naquele lugar.

Depois de cerca de uma hora, saiu do treino convicta de que havia melhorado um pouco a sua defesa pessoal e não notou que era observada por Konan de uma distância razoavelmente grande.

. . .

Pain aguardava em silêncio a chegada de Deidara e Tobi em seu escritório para entregar-lhes mais uma missão. Quando a dupla se apresentou diante dele, iniciou o seu discurso.

— Eu tenho mais uma missão. Dessa vez, ela será um pouco diferente: não envolverá a captura de mais um Jinchuuriki, já que Itachi e Kisame partirão atrás do Nibi ainda esta noite.

— O que faremos? — Tobi indagou.

— Quero que assassinem o senhor feudal Natsutsuki do País do Ferro, o mais importante de lá. De alguma forma, ele adquiriu uma quantidade razoável de informações sobre a Akatsuki e está pronto para compartilhá-las com o Raikage em um encontro com ele em quatro dias. Devemos impedi-lo imediatamente; contudo, ele tem uma guarda grande de samurais bem treinados e, com toda a certeza, está sob a guarda de shinobis que já estão prevendo que atacaremos e pode ser que a missão seja dividida em duas partes.

“De acordo com o nosso informante, Natsutsuki tem uma filha que sabe essas mesmas informações sobre nós e pode ser que vocês não consigam matá-la ao mesmo tempo que o pai, então uma missão de perseguição também será necessária. Com toda a certeza, ela também estará muito bem protegida, escondida e de alguma forma informará o Raikage do assassinato do pai. Com isso, os ANBUs virão ao encontro de vocês e uma batalha poderá acontecer. São suposições, mas a chance disso acontecer não é pequena.

No meio disso tudo, encontrei uma oportunidade para a Akatsuki: Itachi também estará em missão e a de vocês pode precisar de apoio médico em algum momento, então enviaremos Sakura Haruno com vocês.”


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Notas finais do capítulo

E encerramos um capítulo com cenas que parecem pouco importantes, mas são necessárias para o futuro da fanfic. Qual a opinião de vocês sobre a interação do Itachi com a Sakura? Palpites sobre as suas possíveis intenções? Acham que a teoria da nossa querida ninja médica está certa ou errada?

E sobre essa futura missão... O que esperar dela? Será um grande salto para Deidara e Sakura se aproximarem ou aumentará a antipatia que eles sentem um pelo outro?

Perdão pelos possíveis erros e obrigada por terem lido.