Intuição escrita por TheEpic


Capítulo 2
Quando não há explicações.


Notas iniciais do capítulo

E aqui estou eu novamente. Se houverem leitores novos nesse capítulo, sejam muito bem-vindos!

A intenção era postar esse capítulo na sexta-feira passada, mas eu só consegui terminar ele ontem!

A intenção era ter feito esse capítulo rápido justamente para mostrar que na Akatsuki não há enrolação (diferentemente de como o Kishimoto faz desde sempre), mas eu acho que acelerei as coisas demais. Juro que vou deixar as coisas mais explicadinhas nos capítulos futuros! G__G

Muito obrigada aos que comentaram, acompanharam e favoritaram a fanfic mesmo no primeiro capítulo. Vocês são uns amores!



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Aqueles olhos negros eram, certamente, a coisa que Sakura mais temia naquele momento. O corpo da ninja médica enrijeceu e ela ficou aguardando pela palavra do Akatsuki. Mesmo depois de alguns minutos de silêncio, ela não se atrevia a dizer qualquer coisa ou desviar o olhar para outra direção.

Então ela havia sido capturada pela Akatsuki. Vários motivos para tal ação se passaram pela cabeça dela: uma isca para Konoha, interrogação, uma “lição de exemplo”, ser a assassina de Sasori… Talvez todas essas alternativas juntas.

Entretanto, não fazia o mínimo sentido terem capturado somente ela. Sim, tinha quase certeza de que Naruto estava lá também! Do jeito que ele era, teria sido levado pela raiva, sendo capturado junto com ela.

— … Cadê o Naruto? — grunhiu — O que vocês fizeram com ele?!

— A raposa não está aqui, menina — Itachi respondeu com sua voz dura. — Ele deve estar dentro dos muros de Konohagure com o restante do seu time. E te aconselho a amenizar o seu tom de voz.

Uma onda de alívio passou pelo corpo de Sakura. Soltou o ar que estava prendendo pelo nariz, mas não deixou o medo de lado. Olhando novamente em silêncio para Itachi, aguardou sua manifestação novamente, mas nada foi ouvido.

Aproveitando o silêncio, passou a raciocinar. Naruto certamente também seria facilmente capturado com ela por culpa de seus impulsos e nem mesmo Kakashi conseguiria contê-lo. A perda de mais um integrante do time sete não seria permitida facilmente pelo menino energético; contudo, se Naruto, Yamato, Kakashi ou Sai não estavam ali, eles realmente tinham um motivo para a terem sequestrado e deixado os demais partirem. Nem mesmo o capitão do time seria capaz de escapar de Itachi, que possuía um poder muito bem conhecido no País do Fogo pelos seus feitos antes e após a traição sem motivo aparente.

Voltou a cogitar novamente os motivos de sua captura, mas os pensamentos foram interrompidos pela chegada de uma segunda pessoa na frente de sua cela.

Era um homem alto, pálido e com o cabelo laranja em formato que lembrava o de Naruto. Usava na testa uma hitaiate de Ame com o risco horizontal simbólico e possuía vários piercings espalhados pelo rosto. Também vestia a capa característica da Akatsuki; contudo, o que mais surpreendia em sua aparência eram os olhos. As orbes índigo com estranhos círculos crescentes (e que não lhe eram estranhas) brilhavam na escuridão do lugar. Sakura já havia visto várias coisas em seu pouco tempo de vida, mas sabia que, provavelmente, aquele era um dos homens mais perigosos que estava vivo. Ele emanava poder mesmo sem mover um único músculo.

Como Itachi fez, o homem encarou-a com um semblante duro, mas Sakura não conseguiu manter os olhos fixos nos dele como fez com o nukenin de Konoha. Ela estava intimidada demais para isso.

— Líder – Itachi chamou-o, mostrando que aquele era, deveras, o líder da Akatsuki. — Essa é a aprendiz de Tsunade que eu lhe disse que nos seria útil.

— Entendo – o homem dos olhos estranhos respondeu. — Há cerca de quanto tempo ela está aí?

— Pouco menos de meio dia — o renegado da Folha disse e a kunoichi ficou um pouco atônita. Havia sido trancafiada por horas a fio! — Se me permite, eu gostaria de levá-la para o interrogatório para lhe explicar o motivo de estar aqui.

O chamado líder assentiu com a cabeça e se retirou. Então ela realmente seria interrogada. Desde aquele momento já havia feito a sua escolha: poderia ser torturada a vida inteira ou até mesmo morta, mas jamais falaria qualquer coisa que envolvesse Konohagure, sua shishou ou qualquer outro cidadão do País do Fogo.

Removendo um selo de papel grudado no cadeado da cela, a entrada da mesma foi aberta, mas Sakura não se mexeu. Pelo senso de sobrevivência que corria dentro dela, qualquer mínimo movimento realizado poderia resultar em uma batalha com vencedor já decidido.

Depois de tanta convivência com Naruto, havia aprendido com ele que se houvesse a mínima chance de tudo dar certo, desistir não valeria a pena. Ela tinha esperanças de sair daquele lugar viva e voltar para sua vila, então não se deixaria morrer de forma tão fácil.

Com um sinal que era para Sakura segui-lo, o Uchiha começou a andar e a ninja médica fez como lhe fora ordenado. Passando por várias celas, notou muitas ocupadas por pessoas já a beira da morte. Crianças, senhores de idade, mulheres e ninjas de várias vilas eram prisioneiros daqueles criminosos. Estremeceu só de imaginar como aquela organização era cruel e desumana. Ela nunca nem sonharia com aquilo se não estivesse vendo tudo com os próprios olhos! Até onde a Akatsuki iria para conseguir seja lá o que eles quisessem?

Saindo daquele lugar horrível, Itachi entrou na porta ao lado e Sakura nem sequer teve tempo para analisar o novo corredor em que se encontravam, logo acompanhando o nukenin.

— Pode se sentar em qualquer lugar que preferir; contudo, se sequer pensar em escapar ou fazer algo, terei que tomar providências — ele orientou e foi respondido com o silêncio.

A kunoichi se sentou em uma das cadeiras que estavam próximas a uma mesa que ficava no centro do local. Olhando em volta do lugar, estranhou não ter encontrado nenhum objeto de tortura ou qualquer coisa que pudesse dar vestígios de violência naquela sala. Itachi sentou-se de frente para ela e começou a falar.

— Bem, você obviamente conhece a Akatsuki. — Sakura assentiu. — Deve também saber que todos os membros dela são ninjas rank S com habilidades únicas. Cada perda é de certa forma significativa e, com o recente assassinato de Sasori por sua parte e os danos causados a outro integrante da organização, estamos preocupados com mais possíveis perdas.

— E o que eu tenho a ver com isso? — ela indagou da forma mais pacífica que conseguiu, mas não deixando de lado o asco que sentia por aquele homem.

— Eu sou um dos membros mais antigos e… úteis por aqui — explicou. — E eu estou tendo alguns problemas de saúde que estão se agravando rapidamente. O Líder não quer que eu perca atividade na organização, e deseja que o que eu tenho seja descoberto o mais rápido possível. Suas habilidades como ninja médica, mesmo sendo tão nova, impressionam. Além de ser boa em ninjutsu médico, conseguiu derrotar outro membro muito poderoso da organização, e somente a técnica da Palma Mística e conhecimento de poções não seriam o suficiente para superar os venenos de Sasori, não é?

— Não coloque o crédito em mim. Chiyo-sama estava lá. Batalhamos juntas e só assim conseguimos vencer aquela marionete bizarra. — Uma coisa que Sakura jamais suportaria seria o esquecimento de Chiyo e sempre lembraria a todos o feito da velha. A própria kunoichi de Konoha aprendeu a lidar com o fato de que não era poderosa o suficiente e não aceitava ser vangloriada por atos que não eram somente seus. — Contudo, a minha Godaime me ensinou muito bem a batalhar com os punhos.

— Isso não vem ao caso — Itachi respondeu ríspido. — Suas habilidades médicas não passaram despercebidas por nós e eu preciso de um favor. Eu gostaria que você me ajudasse a descobrir o que eu tenho.

—… Quais são as minhas opções?

— Ou você aceita, ou terá que ser assassinada. Você viu coisas demais por aqui. – Sakura sabia que não tinha outra saída e que aquela seria a única forma de continuar viva. Suspirou.

— … Em que condições eu vou ficar? — pediu.

“Não poderemos te deixar em uma cela sem condições de sobrevivência, com toda certeza. Aqui é o que chamamos de ‘quartel-general’, algo como a nossa casa. Providenciaremos-te um quarto e você poderá circular abertamente pelos lugares que o Líder permitir, mas caso tente se aventurar por outros cantos, o seu destino não vai ser muito bom.

Não deverá jamais desrespeitar o Líder se não quiser resultados desastrosos. Também não deverá causar qualquer problema para a organização. “Creio que não preciso citar esses ‘problemas’, já que você deve ter muito bem a noção de quais são.”

Sakura ouviu todas as instruções atentamente e não se surpreendeu com nada do que lhe foi dito. Na verdade, não era nem sequer o mínimo esperado para uma organização de nível S. Aquilo estava errado. Ela sabia que não seria só seguir o que foi dito.

— Não tenho outra escolha, não é? — Suspirou melancolicamente. Ela jogaria o jogo deles, então, por mais que fosse uma partida perdida. — Existe algo a mais que eu preciso saber?

— Devo lhe mostrar certos lugares, mas antes devemos falar com o Líder para ele terminar de fechar o nosso acordo. – Sakura quase soltou uma risada irônica com o que Itachi disse. “Acordo”?! Ela estava sendo obrigada a compactuar com lacaios da Akatsuki e ainda tinha que ouvir aquilo como se ela tivesse livre arbítrio?!

Ela até possuía poder de escolha, mas qualquer reposta que não fosse “sim” resultaria em uma morte quase instantânea.

Itachi pediu para ela segui-lo novamente e assim o fez. Saíram do cômodo para caírem novamente no corredor de portas que estava frio pela falta de janelas. A kunoichi era acostumada com roupas curtas para lidar com o clima moderadamente quente de Konoha durante o verão, mas o lugar onde o esconderijo da Akatsuki ficava definitivamente não era ensolarado e quente pela temperatura baixa daquele lugar. Aonde ela poderia estar?

— Sakura-san — o moreno chamou-a — por motivos de a Akatsuki ser a organização mais odiada de todas as Nações Ninjas, precisamos sempre nos garantir com os nossos aliados e subordinados. E é por esse motivo que o Líder fará com você coisas que não vão te agradar em poucos minutos. Peço que não resista para as coisas não terem um desfecho desagradável.

Assentiu com um som praticamente inaudível. A ninja médica sentiu medo genuíno naquele momento. Não queria ser tão pessimista, mas só conseguia pensar nas piores possibilidades do que poderia acontecer. Segurou-se para não começar a tremer e continuou seguindo Itachi.

Passaram por várias portas de madeira fechadas até o Uchiha parar na frente de uma que possuía o kanji de Zero marcado perfeitamente na estrutura. O nukenin deu algumas batidinhas e esperou ouvir a voz do homem estranho autorizando a entrada.

Aparentemente, era um escritório normal. Sakura olhou o local discretamente observando a quantidade de arquivos, papéis soltos, estantes e livros de informações, todos perfeitamente organizados por todo o cômodo. Uma escrivaninha atolada de papéis situava próxima a uma das paredes e o cabeça da organização estava sentada na cadeira que ela possuía.

Contudo, o que prendeu a atenção dela foi uma mulher. Estava parada ao lado do líder e também vestia a capa da Akatsuki. Era muito bonita (até mesmo mais bonita do que Kurenai) e parecia estar no fim dos seus vinte anos de idade, mas os olhos levavam o peso de vários anos de idade. O cabelo em um tom diferente de azul era preso em um coque e adornado com um origami de flor. Possuía um piercing abaixo dos lábios e os olhos eram de um tom enigmático de cinza. A mulher a observava inexpressiva e conseguia deixá-la até mesmo desconfortável pelo modo como ela a analisava (aquilo era algum requisito obrigatório para ser parte da Akatsuki? Céus, como eles eram estranhos!), porém seu olhar foi atraído para o líder quando ele se pronunciou.

— Então vejo que Sakura Haruno aceitou a nossa oferta. Itachi — ele iniciou —, já explicou para ela como as coisas funcionam por aqui?

— Sim, senhor — o usuário do sharingan respondeu — ela concordou com tudo sem problemas e colaborará conosco pacificamente.

— Ótimo. Espero que tenhamos uma boa relação sem muitos problemas, já que conviverá conosco a partir de agora, Sakura Haruno. — Ele se levantou e a menina não ousou sequer se mexer. A cada passo que ele dava para perto dela, o coração batia mais rápido e forte. — Para garantir sua total lealdade à organização, eu farei um procedimento que será de certa forma dolorido. Peço que mantenha a calma durante todo o processo.

“Coisas que não vão te agradar”.

Antes que pudesse formular na cabeça qualquer resposta, o Akatsuki já estava ao seu lado fazendo uma série de selos de mão com uma rapidez quase descomunal. Sentiu alguém segurando-a pelos braços (muito provavelmente a mulher do origami, supôs) para impedi-la de escapar, mas seu olhar só focava no shinobi a sua frente. Sem sequer conseguir raciocinar algo com lógica e entender o que aconteceria, a mão do homem já havia entrado em contato com a lateral inferior de seu pescoço.

A dor que sentiu com o contato não foi nem de perto a pior que a kunoichi já havia sentido. Já havia sido atravessada por uma espada, esmagada pela pata de um monstro de caudas, perfurada por várias kunais ao mesmo tempo e até mesmo sofrido graves ferimentos durante o treinamento com Tsunade; contudo, aquilo era um tipo de dor completamente inédito. Queimava de dentro para fora e o calor ácido parecia se espalhar por todos os seus vasos sanguíneos. Berrou por alguns segundos com o susto e com a sensação, não sendo impedida de fazê-lo. Não havia som nenhum na sala e os olhos arregalados dela não estavam tendo contato direto com a luz, mas, ao mesmo tempo, ela queria arrancar os próprios tímpanos e globos oculares. A tentação de se desfazer em pedaços para aquilo acabar logo era enorme e durou por alguns minutos. A ninja médica jurava que morreria ali mesmo. Ela não era forte o suficiente para aguentar aquela tortura por tanto tempo sem poder se curar, sem poder resistir...

Sakura permaneceu em silêncio e resistiu à vontade sair correndo dali para se salvar daquela organização (seria inútil. Se os planos da Akatsuki fossem diferentes do que eles lhe disseram, seria morta do mesmo jeito), mas vez ou outra ocorriam alguns espasmos mais fortes em que a nukenin de cabelos azuis precisava segurá-la com mais força, fazendo o braço deslocado doer ainda mais; todavia, se ela não conseguisse resistir, não seria nem sequer digna de ser uma ninja de Konoha e aprendiz da Hokage.

A dor foi passando aos poucos e, quando a mulher não viu mais necessidade de segurar o corpo mole de Sakura, soltou-a. A kunoichi de Konoha apoiou-se com o braço bom no chão e arfou por algum tempo. Olhou com os olhos cansados para o homem de cabelo alaranjado, que a fitava indiferente.

— Konan — chamou a mulher —, pode levar a menina para um dos quartos vagos? Tenho algumas coisas para conversar com Itachi. — A moça balançou a cabeça em sinal afirmativo e ajudou Sakura a se levantar, tendo paciência com o corpo dolorido da mesma.

Retiraram-se da sala quando Sakura conseguiu se levantar e a iryou-nin seguia a mulher supostamente chamada Konan. Com todos os músculos doloridos, ficou um pouco para trás. Conseguiu observar que a Akatsuki a sua frente era bem alta e que andava com um ar gracioso e intimidador ao mesmo tempo.

O que havia acabado de acontecer com ela? Por que ninguém a explicava nada? Como havia acontecido tantas coisas em pouco menos de uma hora? O que iria ser dela a partir daquele momento? Sua cabeça foi se enchendo de perguntas que ela esperava descobrir as respostas em breve. Assustou-se com a parada brusca de Konan, tirando-a das suas suposições precipitadas (ou não tão precipitadas assim) sobre tudo que estava acontecendo. Estavam novamente em frente a uma porta. Essa possuía o número trinta e quatro entalhado na madeira.

— Esse será o seu quarto — virou-se para Sakura e lhe disse. Sua voz, igualmente como a aparência, era muito bonita. Tinha um tom forte e que mostrava superioridade já evidente em cada movimento que ela fazia. — Há água quente no banheiro e roupa de cama no armário. Peço que não saia daqui sem permissão. Saberemos se fizer isso. Deve estar cansada, então aparecerei aqui dentro de algumas horas para lhe explicar o funcionamento do lugar e sua função aqui sem que esteja cansada demais.

— Posso fazer uma pergunta antes? — pediu e recebeu o silêncio como resposta, considerando aquilo como um sim. Educação parecia ser algo efetivo com todos ali, então tentaria manter os bons modos. — O que vocês fizeram comigo?

— É o selo da Akatsuki. Quando é colocado em alguém, essa pessoa está ligada à Akatsuki como um servo. — Servo?, indagou Sakura mentalmente, demonstrando isso em seu cenho franzido. — Caso o usuário do selo seja desleal ou traia a Akatsuki de alguma forma, seja por diálogo ou ações com a intenção de prejudicar a organização, a pessoa morre. Agora, se me der licença, tenho os meus afazeres e não posso ficar aqui nesse momento. Tenha um bom descanso.

Konan abriu a porta do quarto para Sakura e saiu andando para a direção de onde vieram, deixando a segunda sem reação. Sem qualquer outra escolha, a médica entrou no quarto, trancando a porta logo em seguida. Este não possuía as paredes vermelhas, e sim brancas. O piso de madeira estava sujo e o quarto estava com algumas teias de aranha no teto e os móveis repletos de pó. Com toda certeza, arrumaria um jeito de resolver aquilo se fosse obrigada a ficar ali.

A mobília consistia em uma cama de solteiro com um colchão sem forro, um armário espaçoso, um criado-mudo com um abajur vermelho e uma mesa de trabalho vazia com uma cadeira disposta para a mesma. Conseguia ver um pouco de luz vinda de uma janela coberta por cortinas (estas já eram vermelhas) e a menina caminhou até lá. Ao afastar os dois pedaços ondulados de tecido, se deparou com construções altas feitas de metal. A chuva caía pesada sobre o lugar e não era possível encontrar um único raio de sol ou o brilho de uma estrela. Aquela era, sem sombra de dúvida, Amegakure. Já havia lido em livros sobre sua atuação contra a Folha na II Guerra Mundial Shinobi e visto algumas gravuras, mas seu conhecimento se limitava a esses pequenos trechos de livros.

Lembrava-se perfeitamente do líder da Akatsuki usar um protetor de testa de Ame com o risco simbolizando renegação, então como a organização conseguia se situar na vila oculta sem nenhum problema? Os ninjas e cidadãos daquele lugar poderiam ser tão estúpidos a ponto de não desconfiar da movimentação daqueles criminosos?

Tirou aqueles pensamentos da cabeça com a necessidade de raciocinar sobre algo muito maior: recuperação física e psicológica.

Identificou a porta que levava ao banheiro do quarto e passou a encher a banheira com água quente, antes disso limpando a poeira nela parcialmente com a ducha que estava anexada logo acima. Enquanto aguardava a mesma ser coberta por água, se olhou no espelho. Sua situação estava muito melhor do que imaginava. O cabelo estava evidentemente horrível, mas há muitos anos havia deixado de se importar com ele como antes. Ela não se deixaria abalar ou vangloriar pela sua própria aparência: ela lutava com os punhos, e não com a beleza.

E então enxergou o selo. Possuía o formato simples de um círculo com mais dois círculos menores dentro dele, lembrando os olhos do Líder. Tudo o que havia descoberto sobre aquele selo era muito vago, então faria questão de perguntar direito para qualquer pessoa de lá sobre ele.

Os braços estavam com as marcas das mãos de Konan e, ao tirar sua blusa, viu melhor o estrago em seu ombro e decidiu arrumar aquilo quando os músculos relaxassem na água quente, já que sentia o chakra presente em seu corpo novamente (talvez a cela aonde estava drenava o chakra?). Não se demorou olhando no espelho e logo terminou de se despir. Ao retirar sua hitaiate, o coração doeu.

Naruto, sem sombra de dúvida, estava desesperado. Ela conseguia saber mesmo longe dele! Ele certamente estava “planejando meticulosamente” o seu plano de resgate que Sakura já conhecia muito bem: sair correndo sem destino até encontrar alguém com a capa da Akatsuki e gritar “Onde é que a Sakura-chan está?!”. Ela se permitiu soltar uma pequena risada e, logo após utilizar o vaso sanitário, se moveu para a ducha e começou a se lavar antes de entrar na banheira já cheia. Queria muito que ele pudesse adquirir qualquer informação de onde ela estava para ter apoio dos ninjas de Konoha.

E Tsunade? O que sua mentora estava fazendo sobre a situação? Não era segredo para ninguém que a Hokage considerava a jovem aprendiz sua própria filha e que certamente deveria estar perdendo a cabeça. Sakura se amuou um pouco enquanto era aquecida pela água quente. Como ela conseguiria encarar sua Shishou caso conseguisse voltar para casa? Mesmo depois de dois anos de treino árduo com resultados mais do que satisfatórios, ela fora capturada pela Akatsuki e estava submissa a qualquer coisa que eles quisessem fazer. Sentiu vergonha por não ter sido capaz de sequer escapar dos braços de Itachi durante a batalha.

E seus pais, como reagiriam ao saber de sua captura? E Ino? E Shizune? E os seus outros amigos?

Entrou na banheira coberta de água quente, pensando em cada pessoa que era importante em sua vida. A medida que seus músculos se relaxavam, conseguia se sentir mais confortável para curar o seu ombro. A palma de sua mão foi coberta por chakra e a kunoichi posicionou-a sobre o lugar desejado. Não demorou muito para o ombro voltar para o lugar (com a ajuda de empurrões dados pela própria mão) e, com um pouco mais de tempo, a dor diminuiu significavelmente.

Parou para pensar novamente no tal selo: se ela conseguia pensar livremente em voltar para Konoha, reencontrar seus companheiros e até mesmo em fugir dali, o selo não era totalmente efetivo. Konan havia dito algo sobre atos e palavras que pudessem prejudicar a Akatsuki, mas não havia mencionado nada sobre pensamentos. De toda forma, ela jamais tinha ouvido falar de qualquer técnica que conseguisse adentrar em mentes sem ser as do Clã Yamanaka, que eram protegidas ao extremo por seus usuários. Então, se Sakura quisesse, ela poderia perfeitamente bolar na sua cabeça um método de se livrar daquele selo e escapar daquele lugar.

Uma onda de inspiração passou pelo seu corpo. Sim, era isso! Ela encontraria um jeito de quebrar aquele selo e ser útil para as Nações Ninja de alguma forma! No entanto, pensaria naquilo no dia seguinte, já que o cansaço a dominava de tal forma que ela não conseguiria nem sequer se lembrar do que planejaria, caso o fizesse.

Ao sair da banheira, pegou uma toalha que estava dentro de um armário sob a pia. Sem ter pensado antes no que vestiria para dormir, procurou algo dentro do armário do quarto, encontrando um único roupão em cima da roupa de cama, que acabou sendo usado como pijama. Ao arrumar a cama, notou uma bandeja com comida sobre o criado-mudo que alguém havia levado para ela durante o banho. Estranhou qualquer pessoa ter se lembrado de que ela precisava comer (com os eventos do dia, nem ela mesma estava lembrada de que não comia nada há muito tempo) e analisou meticulosamente as tigelas com arroz, sopa e carne antes de tomar coragem e comer. Para sua surpresa, tinha um gosto ótimo. Os temperos eram diferentes dos que eram usados em Konohagure, mas, ainda assim, mantinha um sabor que a lembrava de casa.

Exausta, Sakura mal conseguiu terminar de se organizar para dormir ou para pensar em qualquer coisa. Dormiu praticamente no instante em que se deitou e não se mexeu nada durante o seu sono.

A menina sonhou com Konoha, Sasuke e Naruto, porém não foi um sonho bom. Capas negras com nuvens vermelhas destruíam qualquer possibilidade daquele ser um sonho feliz.


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Notas finais do capítulo

E aqui terminamos mais um capítulo. Juro que vou tentar ser mais rápida para postar o próximo!

Espero que não tenha sido muito confuso como eu acho que está. Mereço reviews? :3

Até o próximo capítulo!

(e alguém notou o Easter Egg que eu deixei no meio do capítulo?)



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