Intuição escrita por TheEpic


Capítulo 18
Quando chega a hora.


Notas iniciais do capítulo

Oi!

Pois é... e a cada palavra (digitada por um teclado muito problemático, convenhamos. Culpem ele pela demora!) nós nos aproximamos da conclusão da nossa jornada. Quem sabe eu consiga cumprir o prazo que estabeleci para mim mesma e terminar a fanfic no fim do ano?

Eu agradeço a todos que ficaram por aqui, mesmo depois do tempo enooorme que Intuição ficou parada. Aos novos navegantes: sejam muito bem-vindos!

Desejo a todos uma boa leitura. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/621503/chapter/18

Itachi não ficava surpreso da forma que havia ficado naquele momento há muito tempo. Afinal, Deidara estava em sua porta e não parecia querer matá-lo com o olhar naquela noite.

― Uchiha, a Sakura precisa da sua ajuda ― o loiro disse, com uma clara expressão de quem preferia não estar dirigindo a palavra a ele. ― Tobi fez alguma coisa com ela que a deixou perto de morrer. Eu não sei detalhes, mas ela quer contar eles na sua frente.

Oh, agora ele estava surpreso como há anos. Itachi sabia que a iryou-nin estava marcada por Madara, mas se ele atacou-a de repente, era porque ela havia feito algo que o ameaçava.

Tentou absorver a informação que lhe foi dada nos poucos segundos que poderiam ser considerados aceitáveis para deixar uma pessoa esperando por uma resposta.

Sempre foi óbvio a todos que Deidara era a pessoa menos leal à Akatsuki e ao seu propósito. Ele estava ali contra sua vontade, afinal; mas seria sensato da parte de Sakura confiar a verdade ao bombardeiro? Seria ele capaz de entendê-los e ajudá-los?

Não teve tempo de concluir seu raciocínio por saber que não conseguiria fazer nada sozinho dali para frente ―ele tinha poucas horas e qualquer possibilidade de ajuda era preciosa―, mas não tardou a fechar a porta e dar um longo e pesado olhar para Deidara. Começou a caminhar com pressa, o loiro ao seu encalço.

― Temos de ser rápidos. Espero que realmente goste da garota, Deidara, porque ela precisa de toda a sua ajuda.

― Como assim? ― ele perguntou, os olhos cerrados em suspeita.

― Se quiser a sua namorada viva, precisamos agir nas próximas horas. Elas podem ser as últimas dela.

#

― Itachi-san! ― Sakura exclamou quando os dois homens entraram pelo quarto de Deidara. O mais velho logo focou o olhar em seu pescoço, esperando que ela falasse. ― O Madara fez isso há mais ou menos uma hora. Ele preparou uma armadilha para poder me encurralar e eu, sem pensar antes, caí nela. Eu sei, eu fui uma idiota, mas o que eu descobri pode te ajudar. Pode ser o que procuramos saber sobre a intenção real dele.

― Comece pelo começo, Sakura ― ele auxiliou-a, tentando acalmá-la o suficiente para entender os acontecimentos com clareza.

― Espera, hm ― Deidara antecipou-se, sentando-se ao lado de Sakura ― quem é Madara?

Itachi se prontificou para explicar a verdadeira identidade de Tobi. Contou sobre a lenda Madara Uchiha, a possível técnica roubada de Orochimaru, seu envolvimento com o ataque da Kyuubi à Konoha, a real mente por trás da Akatsuki e seu interesse nos outros dois Uchihas vivos. Deixou para Sakura o papel de contar o real motivo de sua captura e os planos em tirá-la de lá viva para ser uma informante valiosa para todas as nações ninjas, deixando-as cientes da sobrevivência de Madara Uchiha e a ameaça que ele era ao mundo shinobi.

Os dois tomaram cuidado em não revelar nada sobre Itachi, no entanto. Ocultaram todos os indícios da sua real lealdade, abordando o interesse de Itachi em destruir Madara como proteção para Sasuke e si mesmo.

Deidara, após ouvir longos minutos de história, sentou-se na sua cama em um leve estado de choque, tentando processar toda a informação recebida nos últimos momentos. Era evidente que ele não falaria nada naquele instante pela surpresa em suas feições, mas ele parecia perfeitamente consciente para ouvir o diálogo que os outros dois no quarto teriam a seguir.

― Hoje mais cedo eu encontrei a porta do quarto do Madara entreaberta e Kisame topou comigo no mesmo instante. Ele me contou que o Madara havia saído em missão e fechou a porta. Eu, sem pensar duas vezes, esperei estar sozinha para entrar lá dentro. ― Sakura suspirou, amaldiçoando a própria estupidez. ― Antes do selo me fazer recuar, encontrei informações úteis. Você já sabe que ele está interessado no Sasuke-kun, mas ele adquiriu uma quantidade de informações assustadoras sobre ele, mostrando que ele está pronto para usar o seu irmão como bem entender. Ele também sabe muita coisa de você, Itachi-san. ― O Uchiha não demonstrou surpresa ao saber sobre si, mas a perturbação era evidente no olhar quando se tratava de Sasuke. ― Ele também está planejando algo que se chama Tsukuyomi Infinito… você já ouviu falar de algo assim?

Itachi vasculhou a própria mente em busca de uma resposta, mas acabou concluindo que não sabia do que aquilo se tratava. Negou com a cabeça para Sakura e esperou-a continuar.

― Ele não escreveu nada de relevância na página que encontrei, só li o nome por acaso em um papel que estava embaixo dos que falavam sobre o Sasuke-kun e não consegui procurar nada além por causa do meu selo. Algo me diz que isso é extremamente importante. Mas enfim, eu saí de lá e estava na enfermaria até pouco tempo atrás, pensando em como te contar o que encontrei, quando Madara invadiu o lugar e fez isto no meu pescoço. Ele pretendia me matar devagar, me torturar por saber que eu poderia salvar outras vidas mas jamais ter contado nada para ninguém e me fazer morrer com ódio de Konoha. Eu estava perto de perder a consciência quando Konan-san e Hidan chegaram na enfermaria, fazendo ele recuar. Ela me socorreu e me trouxe até aqui ― terminou ― e eu não tinha parado para pensar em um ponto antes, mas agora é crucial: Konan-san me socorreu imediatamente e mostrava preocupação comigo.

― É natural, vocês são próximas, hm? ― Deidara entrou na conversa.

― Somos, mas tem outra coisa. Konan mostrou não gostar de Madara. Ela disse que Tobi não faria mais mal a mim, e acredito que ela falou em um tom de amargura. Nunca parei para pensar na possibilidade de Pain e Konan seguirem Madara sem realmente gostarem dele, mas agora é uma questão a se debater. ― Os olhos de Itachi e Sakura se encontraram e eles souberam que estavam pensando na mesma coisa. Konan poderia dar a eles as respostas que eles precisavam sobre a remoção do selo, se fosse movida pelos sentimentos.

Um longo silêncio dominou o quarto de Deidara, com cada um imerso em suas próprias reflexões. Minutos depois, Itachi foi o responsável por dar som ao ambiente.

― Eu venho planejando sua fuga já faz algum tempo, mas jamais imaginaria que precisaríamos executá-la tão cedo e com tão pouco tempo de sobra. Felizmente, eu tenho uma parte do que precisamos já pronta. ― Ele se virou para Deidara. ― Eu preciso da sua ajuda para conseguirmos fazer tudo a tempo. Sei que tudo o que ouviu aqui hoje pode parecer até absurdo, Deidara, mas considere toda a verdade contada como um voto de confiança sobre vários segredos que podem afetar a todos nós. Você aceita entrar na nossa aliança para salvar Sakura-san?

― Aceito ― Deidara respondeu sem hesitar, discretamente apertando a mão de sua namorada ao seu lado. ― Me diga o que devo fazer.

― Eu venho preparando um álibi para a fuga há semanas, aproveitando que estou fazendo menos missões. É um livro com informações sobre selos, adquiridos a partir de tudo que eu consegui encontrar na biblioteca sobre o assunto. Usei o Sharingan para copiar a caligrafia de Sakura-san e simular que foi ela que escreveu, com várias anotações ligando o selo dela a características de outros selos. Arranquei algumas páginas propositalmente, também. Vamos fingir que foi você quem escreveu tudo ao longo de todo o seu cativeiro e que vai ser isso que vai te fazer se libertar sozinha do selo de Pain.

― Genial ― Sakura elogiou-o ― precisamos, agora, saber como o selo é realmente quebrado.

― Como vamos fazer isso? ― Deidara perguntou, alheio ao raciocínio anterior de Sakura e Itachi.

― Konan ― os dois responderam quase em uníssono. Deidara evitou demonstrar ciúmes dos dois gênios.

― E é nessa parte que você entra. ― Foi Itachi quem continuou. ― Você precisa encontrar Konan sozinha e persuadi-la a te contar como quebrar o selo. Caso ela não saiba, não a influencie a descobrir. O Líder já deve saber da situação e uma ação suspeita de Konan poderia custá-la a própria vida. Caso consiga descobrir o que precisamos, seu próximo dever é pedir uma missão que tire você e Sakura-san daqui. ― O loiro abriu a boca em protesto, mas Itachi continuou antes que ele pudesse falar algo. ― Você sabe que a melhor maneira de contar uma mentira é adicionando o máximo de verdade possível nela. Logo, seja franco: Sakura-san está perturbada aqui, se recusa a contar o que acontece com ela e você quer tirá-la do esconderijo por um tempo para que ela se sinta melhor. Ele não suspeitará de uma possível fuga, visto que o selo estaria ativo e a impossibilitaria de escapar. Ele também tem a sanidade mental dela em interesse, porque ele precisa de uma médica para tratar de mim.

― E se ele não der uma missão a mim?

― Então você a leva para um passeio na vila e encontramos alguma forma de fazer ela sair e fugir a tempo, visto que a chuva do Líder a rastrearia. As chances de morte seriam maiores nesse caso.

Deidara assentiu silenciosamente, e Itachi virou o rosto para Sakura.

― Mas vamos seguir a linha hipotética de que a fuga ocorra com sucesso e de fora da vila. A partir desse momento, Sakura, você estaria sozinha e precisaria cruzar a fronteira com o País do Fogo o mais rápido que conseguisse, escapando dos caçadores de Ame que estariam pelo caminho. No entanto, a ameaça maior não seria essa. Pain já teria consciência de que você se aproveitou da confiança de Deidara para drogá-lo, visto que ele voltaria até Ame traído e informaria o Líder o mais rápido possível, em busca de vingança. ― Ele se voltou para Deidara. ― Espero que você seja um bom ator. Prosseguindo, Líder logo mandaria o seu subordinado mais veloz em busca da Sakura-san. A partir daí é que o perigo real aparece. Zetsu vai te encontrar, Sakura-san.

A kunoichi tensionou, tensa com o conhecimento de que seria inevitavelmente rastreada por Zetsu e que teria que lutar por sua vida.

― Ele tem a vantagem de ser extremamente veloz se entrar em alguma superfície, mas seria um oponente mais fácil, visto que você lutou contra Sasori e venceu ― Itachi considerou.

― Então eu preciso procurar caminhos sem muitas árvores e usar os meus punhos para destruir o solo, de modo que ele não consiga penetrar dentro dele. ― Os dois homens no recinto assentiram. ― Alguém pode me dizer qual é a natureza dos jutsus de Zetsu, além dele ser bom com venenos?

Kisame contou a ela há muito tempo que Zetsu tinha um grande conhecimento em venenos, e ela preciso ter sorte com os que ele tentar usar contra ela. Sakura era imune a vários tipos de substâncias por causa de Shizune e sua proficiência com o assunto, mas ela não deveria subestimar de forma alguma um Akatsuki.

― A natureza dele é a Madeira ― Deidara informou-a ― tem outra coisa que pode ser útil. Eu só vi o Zetsu em combate uma vez, mas os jutsus dele eram conetados a ele, de alguma forma. Acredito que é assim que ele desenvolveu aquele negócio horrível no pescoço dele, hm. Zetsu sempre foi um cara bizarro, então não é de se surpreender que os ataques sejam conectados ao corpo.

Sakura sorriu para Deidara, os olhos brilhando do jeito que só o faziam se ela tivesse alguma ideia genial ou um rumo perfeito para encontrar a solução de algo. Ele retribuiu o sorriso, sabendo que ela tinha encontrado uma boa arma contra Zetsu.

― Eu preciso que algum de vocês dois me providencie uma solução salina extremamente concentrada.

#

Minutos depois, Itachi se retirou do quarto para finalizar o álibi do trio e Deidara e Sakura foram deixados sozinhos. O primeiro estava ansioso para poder fazer perguntas, e agora a iryou-nin estava em melhores condições de respondê-las.

― Por que você nunca me contou tudo que está acontecendo, Sakura? ― ele começou.

― Porque era arriscado demais mais alguém saber. Kisame suspeita de algo, mas ele mesmo prefere se manter alheio por ter noção de que, se eu e o Itachi estamos juntos em algo, é porque é algo perigoso ― explicou-se ― não estamos falando do Tobi desengonçado e levado, mas sim a real pessoa por trás desse disfarce, Madara Uchiha. Ele está em uma batalha sutil com o Itachi já faz anos, e ele também está atrás do meu melhor amigo e de alguém que eu quero salvar. Eu não queria você no meio disso também, com sua vida em jogo como está agora. Eu teria que te contar sobre tudo isso eventualmente, mas pretendia que fosse nos últimos momentos e algo planejado, diferente de agora.

― Estes são os últimos momentos, Sakura ― Deidara disse ― e por mais que eu esteja frustrado por ter ficado alheio à situação por meses, acho que eu consigo te entender. Eu teria feito o mesmo. Mas tem algumas coisas que não encaixam muito bem nessa história, principalmente envolvendo o Uchiha. ― Ele jogou a cabeça para o lado, o cabelo loiro tocando o colchão. ― Se o Madara está no controle da Akatsuki e o Uchiha é um obstáculo para ele desde sempre, por que ele simplesmente não se livrou dele?

― Eu já passei um bom tempo pensando nisso. Acredito que os motivos sejam vários. O primeiro é que ele é Itachi Uchiha, um shinobi que faz até mesmo um Kage tremer quando escuta seu nome. Não seria uma batalha fácil, e Madara não deve se sentir seguro da vitória. ― Deidara meneou a cabeça em concordância, murmurando um “faz sentido”. ― O outro motivo, que parece muito mais plausível, é que ele ilude Pain. Ele age como um mentor para o ideal divino, discretamente guiando Pain e Konan, fazendo-os acreditar que estão no controle para que eles não descubram suas reais intenções, que descobrimos hoje que claramente se mostram contrárias ao propósito da Akatsuki, e se rebelem. São pessoas das quais ele precisa para conseguir o que almeja. Ele também não deve se garantir em uma batalha contra Pain.

― Então se o Líder precisa do Itachi na Akatsuki, o Madara não pode se opor para manter a fachada de conselheiro ― deduziu Deidara.

― Exatamente. Provavelmente é por isso que ele recuou quando a Konan entrou na enfermaria hoje, também. Além dele precisar manter a máscara de Tobi Bobinho, visto que o Hidan estava perto, Pain ainda precisa de mim. Itachi está indo bem com todos os exames e medicamentos, e você teria morrido se eu não estivesse aqui. Ele iria me matar pela oportunidade, mas foi impossibilitado de fazer isso.

― … Filho da puta. ― Deidara disse com amargura. ― E eu pensando que o Tobi era um moleque idiota daquele jeito, me irritando por ser estúpido. Eu realmente gostava daquele cara! Mas ele é um shinobi lendário que usa a Akatsuki como um fantoche… Eu deveria ter matado ele nas várias vezes que tive chance em missões.

Sakura não respondeu, mas sabia que Deidara estava frustrado. Ele odiava ser enganado e, em várias conversas, já tinha percebido que o rapaz tinha um lado fraco por Tobi. Ela jamais perguntou, mas sabia que ele se sentia traído por alguém que ele considerava um parceiro.

― Não se culpe por algo que você não tinha noção. ― Sakura levou sua mão até o rosto de Deidara, o polegar o acariciando. ― Mais importante do que isso, agora você tem que seguir o plano. Nosso tempo não é longo.

― Eu não queria te deixar sozinha ― ele confessou.

― Eu estarei aqui quando você voltar, te esperando ― estimulou-o ― só tome cuidado, certo? Não se arrisque demais.

― Você me considera tão pouco assim, hm? Você pode ser a mais inteligente entre nós dois, mas eu ainda sou esperto.

― Eu sei que é. ― Sakura sorriu e deu um breve beijo nos lábios finos dele. ― Boa sorte, Senhor Esperto. Confio em você.

Deidara saiu com relutância e Sakura estava sozinha mais uma vez. A inclusão de Deidara na aliança deveria ser algo bom, afinal, eles tinham se tornado mais poderosos com o rapaz. No entanto, tudo que ela conseguia sentir era um aperto forte no peito e um vazio dentro de si.

Se ela tentasse acreditar com muita força que a preocupação era por causa de Deidara correr perigo, ela conseguiria. Mas ela sabia muito bem que o problema era muito mais profundo e envolvia os seus próprios sentimentos.

O momento deles se separarem e seguirem em direções individuais havia chegado cedo demais.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Deidara encontrou Konan na cozinha fazendo chá, como sempre. Não preparou fala alguma, apenas aproximou-se e tocou o ombro feminino coberto pela capa da Akatsuki. Konan recuou com agressividade, mas o olhar suavizou ao ver que era Deidara quem a chamava.

Ele não precisou dizer nada para que ela entendesse que precisava de conversar com ela com urgência. Em silêncio, apontou a cabeça para o campo de treinamento e tirou a água do fogo.

― Sakura-san está bem? ― ela perguntou logo que confirmou que não havia ninguém lá fora.

― Não ― Deidara foi honesto ― e vai ficar pior. Tobi queria ela morta e vai atrás dela mais uma vez, e dessa vez vai terminar o que tinha começado.

Konan suspirou pesadamente, sem saber o que responder. Deidara via preocupação nos olhos cinzentos da mulher e, se antes já acreditava que ela considerava muito Sakura, agora ele tinha certeza. Viu naquilo uma oportunidade para continuar, optando pela sinceridade para falar com ela.

― Konan, eu não quero que isso aconteça com ela. Ela é a única coisa boa que aconteceu pra mim em toda a minha vida e eu preciso tirar ela daqui ― sussurrou ― eu preciso dela viva. Por favor, Konan, me ajude.

― Eu… eu não sei o que posso fazer, Deidara. É arriscado demais para todos nós fazer qualquer coisa.

― Por favor ― ele repetiu, os olhos azuis suplicantes. ― Vocês são amigas. Ela fez bem pra todos nós. Eu não sei o que vou fazer se algo acontecer com ela e eu não fizer nada para impedir.

A kunoichi se manteve em silêncio, mas era claro que ela estava pensando… cogitando.

― Sakura me falou que você disse que não deixaria que o Tobi a machucasse mais. Ela acreditou em você.

Aquilo foi o necessário para que Konan tomasse sua decisão. Com um outro suspiro, ela abaixou e levantou a cabeça em sinal afirmativo.

― Certo. Eu posso ajudar ― ela aceitou. Deidara sorriu verdadeiramente e Konan não pode evitar em acompanhá-lo, visto a satisfação genuína do namorado de Sakura. ― Eu tenho uma ideia do que você quer de mim e sei que consigo fazer algo, mas preciso que você próprio me fale.

― Meu plano é conseguir uma missão na qual eu possa levar ela, voarmos para perto da fronteira com o País do Fogo e deixá-la lá para que ela volte sozinha para Konoha. Ela vai me dar um sonífero para que pareça que ela escapou e eu voltarei para cá o mais rápido que conseguir. Mas para fugir ela precisa estar sem o selo.

Konan mais uma vez meneou afirmativamente com a cabeça.

― Pain não sabe, mas anos atrás eu aprendi a desfazer o selo dele.

Deidara teve que conter um berro de alegria pela sorte que eles tinham. Não só Konan sabia desfazer o selo, como também o Líder não fazia a mínima ideia sobre aquilo. Finalmente as coisas estavam dando certo para eles.

― É complicado, cansativo, leva muitos selos de mão e é doloroso para o usuário; mas você é um dos nossos melhores, pode executar a extração facilmente ― Konan informou ― e Pain jamais pode sonhar que eu sei qualquer coisa sobre isso. Qual vai ser a desculpa de vocês para a Sakura estar sem o selo?

― Ela própria vem tentando descobrir como quebrar ele e anotando tudo em um livro ― mentiu, usando o álibi de Itachi. ― É só anotar algumas coisas, rasgar páginas aleatórias e fingir que ela mesma desvendou o mistério do selo.

― Muito inteligente ― a mais velha elogiou ― e Pain não sabe nada sobre o incidente com o Tobi. O quão mais rápido pedir uma missão para ele, maiores são as chances dele aceitar te dar algo. Mas temos algo mais importante para fazer antes de ir até o escritório dele.

Deidara sorriu confiante. Estava pronto para aprender um jutsu novo.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Konan caminhava ao lado de Deidara enquanto este retornava para o próprio quarto. Ele havia memorizado a remoção do selo em meia hora e, agora que estava pronto para fazê-lo em Sakura, Konan queria se despedir da menina.

Quando entraram no aposento, ela estava sentada no mesmo lugar de antes. Já havia apagado os hematomas em seu pescoço e, ao ouvir o barulho da porta, entrou em alerta. Portava na mão uma kunai que tinha pego em meio aos pertences de Deidara. Só relaxou quando viu que não era Madara quem passava por aquela porta. Aparentava exaustão psicológica, alimentada pelos momentos que passou confinada naquele quarto.

― Tudo certo com o selo ― ele informou para a namorada, que deu um sorriso desgastado. ― Konan-san quis vir conversar com você. Eu vou até o escritório do Líder pedir a nossa missão.

Sakura assentiu com a cabeça, se sentindo mais segura por ter alguém perto dela. Quando Deidara saiu, Konan veio sentar-se ao seu lado.

― Eu nunca imaginei que você conseguiria sair daqui depois que entrou, mas aqui está você… ― Ela sorriu para Sakura. Não podia dizer que tudo daria certo, porque ela tinha suas dúvidas. ― Você é uma kunoichi formidável. Eu jamais conseguiria passar cinco meses aqui se estivesse no seu lugar.

Sakura agradeceu tomando a mão de Konan para si, que levantou as sobrancelhas em alguns milímetros em uma rara amostra de surpresa.

― Você fez parte da minha sobrevivência. Foi muito bom ter uma mulher com quem eu podia conversar, tomar chá e me ajudar quando eu precisava de conselhos. E agora você está me ajudando, como uma irmã mais velha faria. ― Ela respondeu, apertando a mão de Konan. ― Obrigada por ter sido uma boa amiga para mim nesse período, Konan-san.

A maior apertou de volta, o sorriso chegando aos olhos.

― Você foi a única amiga mulher que eu já tive, e vou sentir sua falta. Você já deve saber, mas eu estou torcendo para que tudo dê certo para você, mesmo que daqui em diante voltemos a ser inimigas.

― Não, nós não voltaremos. ― Sakura puxou-a para um abraço repentino, o qual não teve resposta. ― Eu jamais poderia considerar uma pessoa que se arriscou tanto por mim como uma inimiga. Você vai ser alguém que eu vou me lembrar para sempre.

Konan finalmente respondeu ao abraço, apertando a pequena menina em seus braços. Uma lágrima solitária escorreu pelo seu rosto e repousou no ombro coberto de Sakura.

Ficaram daquele jeito por mais um longo momento, e foi Sakura quem se soltou primeiro. Logo quando o fez, Konan se pôs de pé e alisou a capa com as mãos. Ela deveria ir, Nagato provavelmente esperaria por ela no quarto logo que terminasse de falar com Deidara.

Sakura entendeu que a mais velha partiria e deu um sorriso fraco para ela acompanhado por um “adeus”. Foi deixada sozinha mais uma vez.

Deidara retornou logo em seguida, levando também comida para ela. Seu estômago pedia por comida há horas, mas ela não se sentia capaz de engolir qualquer coisa. Quando o loiro depositou a bandeja com sopa, arroz e carne na cama, percebeu que Sakura não comeria se tivesse a opção.

― Você precisa de energia ― ele tentou convencê-la ― afinal, amanhã partiremos em missão.

Sakura levantou os olhos da bandeja de comida para o rosto de Deidara, e ele finalmente viu um brilho em meio ao verde cor de jade. Sorriu de canto, orgulhoso consigo mesmo.

― Isso mesmo, eu consegui. Temos que ir para o País do Vento amanhã de tarde para negociar com um grupo de mercenários para que entrem no exército da Akatsuki. O Líder não parece saber o que aconteceu mais cedo, porque a Konan me falou que ela não contou nada para ele. Estamos com uma sorte descomunal.

― Depois de várias desgraças seguidas, algo bom tinha que acontecer, não é? ― Sakura perguntou retoricamente.

― E justamente por conta disso ― Deidara pegou um pedaço de carne com os hashis e levou-os até os lábios de Sakura. ―, você deve comer.

Sakura relutou pelo aperto na garganta, mas as sensações em seu estômago depois de sentir o cheiro de comida venceram. Em poucos minutos, a bandeja antes cheia agora descansava vazia na escrivaninha de Deidara.

Após um banho rápido e vestida com as roupas largas de Deidara, Sakura deitou-se ao seu lado na cama larga. Por muito tempo eles apenas se olharam, memorizando cada detalhe que podiam dos rostos de feições tão distintas um do outro.

Os olhos grandes e azuis. O nariz grande e um pouco arqueado. As mãos de artista.

A pele tão clara. O cabelo rosa. Os lábios carnudos e vermelhos.

E naquele fim de madrugada, os dois fizeram amor ―não sexo, amor―. Sentiram as sensações do contato íntimo como se fosse a última coisa que sentiriam na vida. Se afogaram um no outro, tornando dois em um só. Cada toque, cheiro, palavra foram memorizados, guardados em um lugar especial dentro deles, onde seriam lembrados para sempre. Porque Deidara e Sakura, criadores de uma paixão errada, sabiam que aquilo na verdade era completamente certo.

Sim, era certo. Um sentimento tão legítimo e sincero como aquele jamais poderia ser errado. E eles jamais se esqueceriam de como tudo aquilo jamais poderia ser errado, porque jamais poderiam se esquecer.

Dormiram enquanto o sol nascia, enrolados em pernas, braços, cabelos e dor.

 

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Itachi se aproveitou da oportunidade que encontrou na tarde seguinte para ir ao encontro de Sakura no quarto de Deidara, que estava em algum armazém dos andares acima para se preparar para a missão, visto que sairiam em pouquíssimo tempo.

Sakura estava com uma aparência horrível. Fragilizada pelo medo, parecia ter envelhecido anos em apenas um dia. O olhar conturbado mostrava uma mente assombrada por pensamentos demais e, se ela tinha conseguido dormir, ele sabia que não havia sido uma noite fácil.

Não foi ela que começou uma conversa, como costumava ser.

― Pronta? ― ele perguntou.

― Não. Mas eu jamais estarei, não importa quanto tempo passe ― ela respondeu ― desde o primeiro minuto em que eu estava aqui, naquela cela fria e escura, eu planejava sair. As minhas primeiras semanas foram, basicamente, formas de eu tentar achar brechas no selo para me livrar dele. Eu pensei que, quando chegasse a hora de eu escapar, estaria pronta. Mas eu não estou.

― O que acontece depois que você sair daqui? ― Itachi soltou um palpite sobre o que estava na cabeça dela, sendo respondido por um meneio positivo com a cabeça. ― Meus palpites são positivos, mesmo que você tenha que enfrentar inúmeras coisas a partir do momento que deixar este prédio. E baseado nesses palpites, eu preciso de fazer um pedido.

― Pois não?

― Se vocês conseguirem levar Sasuke de volta para Konoha, jamais deixe ele saber sobre a verdade do massacre do nosso clã. Fiz tudo o que fiz para que ele tivesse uma vida e que ela fosse diferente da minha, não posso deixar que tudo seja em vão depois de tanto tempo. Eu confio em você para proteger o meu legado, Sakura-san.

Sakura se surpreendeu com o pedido de Itachi, sem saber muito bem o que dizer. Depois de tudo, ela pensou que ele gostaria que Sasuke soubesse que o irmão mais velho não era o monstro que ele próprio e Konoha inventaram; entretanto, não era o caso. E se ela parasse para pensar, fazia sentido. Sasuke não era alguém estável psicologicamente, sendo facilmente manipulado e levado pela vontade colossal de vingança e justiça.

― Se ele descobrir que o irmão que ele tanto amava foi usado como bode expiatório por Konoha, ele vai se virar contra a vila ― deduziu Sakura ― ele saberia que o amor que você tinha por ele jamais foi falso ou se acabou e isso o deixaria louco.

― Isso. Não aceito que minha vila e meu irmão se tornem inimigos. Sei que Sasuke ainda não foi dado como desertor procurado, mas isso pode acontecer se a verdade for contada a ele.

Sakura achava que Sasuke merecia a verdade em algum momento da sua vida, por mais que o dito momento ainda estivesse tão distante. Achava que tudo o que Itachi fez pela vila e pelo irmãozinho não deveria ser escondido sob panos grossos e ainda achava que o homem a sua frente merecia mais. Mas, depois de tudo que ele fez por ela, era impossível dizer não a ele.

― Certo ― ela concordou ― eu e Naruto vamos dar o nosso máximo pelo Sasuke-kun.

Itachi demonstrou a sombra de um sorriso no rosto costumeiramente sem expressão.

― Eu sei que ainda vou precisar entrar em contato com você em momentos futuros, porque nossa aliança não vai acabar até que o meu irmão esteja seguro. Por isso, eu aproveitei o nosso álibi para fazer uma pesquisa particular. ― Ele se aproximou alguns passos. ― Me permite que eu te coloque o meu próprio selo?

― O quê? ― Sakura hesitou. Ela estava farta de selos.

― Ele vai funcionar como a alteração que eu fiz no seu atual. Poderá me ajudar a saber onde você está para nos encontrarmos quando for preciso, e te alertará quando eu precisar da sua ajuda. No entanto, o propósito principal não é nenhuma dessas duas coisas ― ele explicou ―, mas quero que saiba quando eu encontrar o meu irmão para dar a ele o que ele tanto almeja. Preciso que você vá até nós dois e recupere-o quando tudo estiver acabado. Acredito que esse será o momento em que vocês conseguirão levar Sasuke para Konoha e mantê-lo lá por vontade dele próprio.

Com aqueles dizeres, Sakura teve a confirmação do que já era certo em sua cabeça: Itachi estava pronto para morrer e queria que tal ato acontecesse pelas mãos de Sasuke.

― Eu estou confiando em você, Itachi. ― Aquilo não foi uma ameaça, mas sim um aviso.

Itachi concordou com a cabeça e se aproximou mais de Sakura. Cuidadosamente, como se ela fosse uma boneca que se quebraria a qualquer toque, afastou os cabelos de um lado da nuca, revelando o selo que Pain colocara nela, as amarras que a prendiam naquele lugar e seriam soltas tão em breve. Não demorou o olhar lá, movendo-o alguns centímetros para cima, atrás da orelha da kunoichi. Com alguns selos de mão executados em uma velocidade insana, Itachi posicionou os dedos indicador e médio na pele pálida da garota.

A sensação não era boa, notou Sakura, mas nem se comparava com a de seu primeiro selo. Ela não sentiu que queimava de fora para dentro, nem que todos os seus músculos fossem estourar, e muito menos sentiu a necessidade de gritar. E aquilo a deixou mais calma: a dificuldade e consequências da aplicação de um selo aumentam baseado no poder que ele possui. O de Itachi não era maligno.

Quando o processo acabou, Itachi se afastou. Assim, ela se deu mais tempo para pensar nos motivos que levaram-no a colocar nela sua marca.

Itachi queria morrer para o irmão. Aquele era o desejo dele, dar paz para si mesmo e para Sasuke. Mas Itachi merecia mais, e Sakura tentaria convencê-lo daquilo, mesmo que fosse em vão.

― Você jamais pensou na possibilidade de voltar para Konoha? ― ela perguntou ― Tsunade-shishou é uma mulher justa e me escuta. Talvez se eu contar para ela toda a verdade…

― Não, Sakura ― Itachi respondeu ― Este foi o destino que eu escolhi para mim. Eu amo minha vila e a protejo como posso, mas minha ligação com Konohagure não é tão forte quanto era antes. A única coisa que eu pedi foi para que cuidassem de meu irmão, e olhe qual foi o caminho que ele traçou. Temos independência em nossos atos, porém as influências que temos mudam drasticamente nossas visões e decisões tomadas.

― Mas você merece muito mais! ― Ela disse em voz alta o que repetia constantemente em seus pensamentos.

― Ninguém merece ou desmerece algo. Eu não acredito no acaso e creio que cada um colhe o que planta. Se eu estou aqui agora, é porque eu ou outro alguém me fez chegar neste ponto da minha vida.

Sakura se calou. Ela não concordava com o que ele dizia, mas se sentia no dever de tentar compreendê-lo e respeitá-lo. Itachi era uma pessoa que havia sofrido as consequências de atos de terceiros, sendo um escravo do falho sistema ninja. Era justo ele, ao menos, ter a morte que almejava.

Mas aquilo, obviamente, não tornava menos injusto o destino ao qual ele e seu irmão haviam sido submetidos.

― Eu nunca imaginei que nossa convivência seria fácil, desde o momento em que lutamos no meio da floresta. ― Ele despertou-a de seus pensamentos. ― Mas o Kisame estava certo quando ele me disse algo há um tempo: é difícil não gostar de você.

Sakura sorriu e não conseguiu evitar que o rosto se corasse. Itachi Uchiha, o próprio, tinha uma opinião mais elevada sobre ela. No final, ela havia feito mais um amigo dentro da Akatsuki.

A iryou-nin nem teve tempo de pensar em uma resposta quando a porta se abriu, dando passagem para Deidara com duas mochilas. Ele mostrava não gostar nem um pouco da presença de Itachi no quarto, ainda mais sozinho com Sakura, então não se demorou para falar.

― Está na hora de partirmos. A missão rumo a sua liberdade começou, Sakura.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Intuição" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.