Intuição escrita por TheEpic


Capítulo 19
Quando se sente em casa.


Notas iniciais do capítulo

Oi! Engraçado me ver aqui depois de tão pouco tempo, não é? SAHIAUHAIUH

Então... chegamos ao penúltimo capítulo. O próximo concluirá a nossa jornada com Intuição, após mais de dois anos. A minha vontade é de escrever textão aqui mesmo, mas vamos guardar o sentimentalismo para o grand finale, não é?

Desejo a todos uma boa leitura. ♥



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Já era fim de tarde quando Deidara e Sakura pararam em uma estalagem de beira de estrada no País do Vento. Logo ficaria muito frio e eles preferiam fazer o que precisavam dentro de um lugar quente e confortável.

Deidara estava calado desde o início da viagem, coisa rara para ele. Ele sabia o que deveria ser feito, as poucas horas que ele tinha com Sakura, mas ele não se sentia capaz de dizer ou fazer nada. Ele queria gritar e explodir tudo, queria fugir com Sakura e ao mesmo tempo libertá-la deles; mas ele se sentia extremamente impotente para fazer qualquer uma dessas coisas.

Sua namorada estava sentada de pernas cruzadas na cama, afiando suas armas e organizando tudo pela terceira vez, tão ansiosa quanto ele. Assim, tomou aquela oportunidade para comparar a garota na sua frente com aquela que conheceu meses atrás.

O cabelo rosa, antes tão curto, agora já passava da altura dos ombros. Ela havia ganhado um pouco de peso por causa da ausência de exercício físico, mas o rosto estava tão magro e abatido que aparentava que ela não comia nada há dias. As roupas que cobriam o corpo inteiro, dadas por Konan, foram substituídas pelas suas roupas de missão habituais, próprias para o calor de Konoha.

No entanto, as mudanças em sua aparência nem se comparavam com o quanto o interior dela havia se alterado. Ela havia amadurecido muito, sem dúvida alguma. Tinha aprendido a ouvir mais, a pedir desculpas, a sacrificar as crenças que tinha desde que nasceu para enxergar um lado diferente do mundo. Havia descoberto que, no meio do preto e do branco, existe o cinza.

Os dois se deitaram quando a noite cobriu o céu, mas nenhum dos dois dormiu. Eles se abraçaram e ficaram daquele jeito até que amanhecesse, conversando sobre qualquer coisa que pudesse distraí-los. Quando os assuntos se acabavam, eles inventavam outros. Só não queriam parar de ouvir um a voz do outro.

O calor do País do Vento chegou junto com o próximo dia, e eles não se demoraram na estalagem. Partiram no pássaro de argila de Deidara antes que ficasse ainda mais quente e a vegetação mudava a medida que eles se aproximavam da fronteira com o País do Fogo. As árvores apareceram e ficaram menos espaçadas, o verde agora aparecia no solo.

Sakura já se sentia em casa.

Eles desceram ao chão, ainda no território do Vento. Se fitaram por um longo momento, sem saberem o que dizer.

― Eu vou desfazer o selo ― Deidara disse, se aproximando de Sakura. ― Pronta?

― Pronta.

O nukenin fez todos os selos de mão que aprendeu com Konan, canalizou seu chakra e pressionou as mãos no mesmo lugar em que a marca de Pain estava. Sakura gritou com a dor repentina, caindo em seus joelhos. Deidara não tirou as mãos da pele clara, mas desejou que pudesse para ajudar a garota que agonizava sob suas palmas.

Passados minutos que pareciam jamais se acabar, o selo desapareceu e Sakura parou de fazer tensão aos músculos, mostrando para Deidara que seu trabalho estava feito. Tomou o corpo fraco em seus braços o mais rápido que conseguiu.

― Tudo bem, Sakura? ― perguntou com preocupação.

― Vai ficar bem. Eu só preciso me recuperar ― ela respondeu, tentando alcançar com os braços trêmulos o cantil de água em sua mochila. Deidara pegou-o para ela.

A iryou-nin bebeu com vontade e ganhava a cor que tinha perdido nos últimos momentos, permanecendo sentada. Ela sorriu.

― Finalmente.

Ele sorriu de volta, vendo nos olhos verdes o mesmo brilho dos olhos de um pássaro engaiolado por tanto tempo, finalmente solto e pronto para abrir as asas e voar.

Deidara, que jamais imaginou que a sua vida ou sua mente pudessem ser mudadas pelo restante da sua existência, teve tudo virado de cabeça para baixo em cinco meses. E ele jamais poderia agradecer o suficiente para ela. Ter conhecido a sensação de ser importante para alguém era algo que ele jamais poderia sonhar que aconteceria com alguém como ele, porque ele não merecia. Mas aconteceu e foi a melhor coisa que ele teve em toda a vida.

― Vem comigo ― Sakura disse, surpreendendo-o. ― Conheça os meus pais, coma melancias na grama fresca, experimente os dangos Haruno. Vem comigo.

― Eu não posso ― ele respondeu o óbvio, mostrando um sorriso cheio de dor. Ele não precisava explicar sua resposta.

― Eu não sei o que vou fazer sem você. ― Os olhos jade se avermelharam a medida que se enchiam de lágrimas. Uma por uma, foram liberadas em um choro incontido. ― Eu realmente não sei…!

Deidara abraçou-a e chorou também. Os dois sofreram juntos pela última vez, absorveram o possível um do outro pela última vez. Mas então ele a soltou. Soltou-a, porque sabia que não conseguiria fazê-lo nunca mais se demorasse mais um pouco. Se ele continuasse a segurá-la em seus braços, a levaria para bem longe dali, onde ninguém pudesse encontrá-los.

Então a soltou, porque sabia que ela permitiria que ele a levasse.

Sakura enxugou as lágrimas com as costas das mãos e depois levou-as até a mochila. De lá, tirou sua hitaiate vermelha e amarrou-a na cabeça como sempre fazia. Tal ato pareceu dar força para que ela se levantasse, ajudando o namorado a fazer o mesmo.

― Tente se manter vivo. Não morra, custe o que custar. Viva por mim, porque é o que vai me dar força para continuar. Eu também vou viver por você ― ela disse.

― Um dia de cada vez, até que a gente se encontre de novo.

A garota, então, puxou o loiro pelo pescoço, beijando-o com tantos sentimentos que era difícil de poder distingui-los. Um beijo apaixonado, desesperado e muito salgado, porque eles choravam mais uma vez.

Então iniciou sua parte do plano. Separou-os e, com uma seringa cheia de sonífero guardada no bolso de ferramentas, injetou o líquido no braço de Deidara. A última coisa que ele viu antes de apagar foi o sorriso infeliz de sua namorada.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Três horas haviam se passado desde que Sakura deixou um Deidara desacordado em uma caverna segura. Ele já deveria ter acordado e partido até Ame para reportar sua fuga. Ela ainda não estava no meio do caminho, mas se mantivesse aquele ritmo, chegaria em Konoha durante a noite. Se alguém viesse atrás dela e ela saísse viva, chegaria durante a madrugada.

Apesar de estar preocupada com uma possível batalha, seu coração palpitava de um jeito que não fazia há eras. Ela se sentia, pela primeira vez em meses, viva. Poder saltar entre as árvores, sem medo de um selo a matar, era libertador. E mesmo que fosse possivelmente enfrentar um Akatsuki em pouco tempo, ela se sentia preparada para lutar pela vida que havia acabado de recuperar.

Entretanto, por mais que Sakura quisesse continuar correndo até chegar em casa, seu corpo estava se cansando e ela precisava guardar energia. Levando tal fato em consideração, desceu da árvore em que tinha pousado quando ouviu o barulho de água corrente. Logo localizou o riacho que emitia o ruído e mascarou o próprio chakra para que fosse mais difícil de ser encontrada.

Falando em chakra, a menina não conseguiu evitar o sorriso ao se lembrar da quantidade assombrosa de chakra que armazenou para o seu Byakugou no In enquanto não teve a necessidade de usá-lo durante todo aquele tempo. Em um ritmo normal, ela levaria mais oito meses para liberá-lo, mas tinha a certeza de que faltava pouquíssimo tempo para que ela conseguisse tal feitio. Um mês, talvez?

Queria pescar um peixe para assá-lo, mas sabia que a fumaça gerada pelo fogo entregaria sua posição. Assim, se contentou em comer a ração de grãos que estava em sua mochila. Encheu o seu cantil com água e tomou um pouco de tempo apenas para descansar as pernas. Depois, subiu uma árvore novamente e continuou a viagem.

Depois de uma hora, resolveu prosseguir o caminho pelo chão e em campo aberto, visto que se Zetsu fosse enviado até ela, ele se aproveitaria das árvores. Ela agora também estava exposta a outros inimigos, mas nenhum deles a preocupava tanto quanto a Akatsuki.

E pouco tempo depois, sentiu um tremor no chão, cada vez mais forte e em uma velocidade incrível. Estava na hora.

Viu um rastro de terra crescer em sua direção, feito pelo que estava embaixo dele. Preparou o chakra nos pés e saltou um segundo antes de Zetsu surgir, no exato lugar onde ela estava. Ele não tinha uma metade escura, muito menos a coisa que se assemelhava a uma planta carnívora no pescoço. No entanto, aquele era realmente o nukenin que ela conhecia.

― Bons reflexos, Haruno Sakura ― ele disse. Sakura não respondeu. ― Você é uma garotinha muito má. Nos abandonando desse jeito, depois de tanto tempo juntos… Pensamos que tivesse alguma consideração por nós. Mas tenho que admitir que estou surpreso. Descobrir sozinha como desfazer um selo do Líder e se aproveitar dos sentimentos do Deidara para fugir sem olhar para trás… Impressionante, para uma kunoichi de Konoha em uma idade tão jovem.

Sakura, mais uma vez, se manteve em silêncio. Como resposta, pisou com o máximo de força que conseguiu no solo, quebrando-o em incontáveis pedaços em torno de si em um raio que, se ela estivesse certa, chegava aos vinte metros. Ela estava pronta para lutar e não faria uma luta fácil para Zetsu.

Ele entendeu perfeitamente o recado, avançando até ela sem hesitar. Os treinos com Kisame provaram-se extremamente úteis, visto que ela logo entrou em vantagem na luta corpo-a-corpo, na qual já tinha uma proficiência remarcável anteriormente. Desviava por pouco dos golpes do seu oponente, mas ao mesmo tempo não permitia que ele armasse defesa alguma.

Permitiu que Zetsu a acertasse com um soco no rosto para que pudesse ter a abertura que precisava. Chutou-o no estômago com um golpe fortificado por chakra e o homem foi arremessado para longe.

Aquilo deveria deixá-lo incapacitado; mas Sakura sabia que não seria tão fácil assim. Mesmo que Zetsu fosse menos habilidoso em combate comparado aos demais membros da Akatsuki, ele ainda era parte da organização e não seria derrotado com um único golpe.

Como esperado, ele se levantou não muito depois, estalando o pescoço e sorrindo sadicamente. Ele não avançaria mais uma vez, sabendo que seria superado em taijutsu. Assim, Sakura se preparou para se defender de ninjutsus, se certificando de que se mantinha no chão despedaçado.

Com alguns selos de mão, Zetsu fez várias vinhas cheias de espinhos surgirem do chão, crescendo e avançando até ela. Era evidente, pela coloração estranha daquelas vinhas, que elas eram venenosas. Ela precisaria sair de seu ponto seguro, se quisesse evitá-las.

Dessa forma, começou a se afastar das plantas, com Zetsu vindo em seu encalço, tentando forçá-la a entrar na parte arborizada da floresta. Mas ela não permitiria que aquilo acontecesse. Precisava encontrar uma maneira de chegar até seu inimigo sem ser picada pelas vinhas.

Fogo não era sua natureza de chakra, mas ela sabia alguns jutsus dos tempos de genin. Se ela conseguisse produzir chamas grandes o suficiente…

Com pressa, liberou pela boca algumas bolas de fogo, almejando as vinhas. Elas não eram grandes ou poderosas, mas conseguiram segurar o jutsu de Zetsu o suficiente para que ela se aproximasse. Jogou nele algumas shurikens para tentar distraí-lo. Não obteve sucesso, mas isso não a impediu de que esmagasse o solo sob seus pés mais uma vez, perto o suficiente para que as vinhas perdessem contato com o chão, caindo incapacitadas sobre ele.

Zetsu, aproveitando-se do exato momento em que Sakura deixou os dois pés no chão se recuperando do novo pisão, conectou as mãos a chão e transformou os próprios braços em raízes, que prenderam a kunoichi no lugar, incapaz de se mover.

― Droga… ― ela murmurou. Estava acabado. Ela não conseguiria escapar.

O Akatsuki agora avançava até ela, pronto para matar. Mas ela não estava pronta para morrer. Não depois de tudo que tinha passado para estar ali. Ela não podia desapontar Konan, Deidara, Itachi e a si mesma.

Aquele não seria o fim dela.

Então Sakura sentiu. Sentiu todo o seu chakra se fortalecer, a drenagem para sua testa parar e uma energia completamente diferente surgir. Então aquilo era liberar o Byakugou. E ela sabia o que deveria fazer, tanto pelos seus estudos quanto pelo próprio instinto.

Zetsu hesitou quando viu um losango surgir na testa de sua oponente e, logo em seguida, a cor roxa sair da forma geométrica e se ampliar em quatro longas listras negras no restante da extensão da sua testa.

Esticando com força os braços e pernas, Sakura fez algo que ninguém havia conseguido fazer anteriormente: se libertar das raízes de Zetsu com a força bruta. Imediatamente, com força renovada, a iryou-nin saltou até o homem.

Ele foi mandado para longe mais uma vez, mas dessa vez com um soco no crânio, agora quebrado. Sakura sabia que ele se recuperaria rapidamente e em segundos estaria de pé novamente, como fez com as costelas, e não perdeu tempo para avançar até ele mais uma vez, imobilizando o seu corpo com o seu próprio com força esmagadora. Com apenas uma mão, tirou de seu bolso médico a segunda seringa que estava lá, aquela com a solução salina que Deidara lhe entregou no dia anterior.

Injetou-a em uma jugular externa do corpo branco, fazendo Zetsu gritar logo que começou a receber a reação de seu organismo.

― O que você fez?!

― Apenas te injetei água com cloreto de sódio, em um nível três vezes mais salgado do que a água do mar que conhecemos ― ela respondeu-o pela primeira vez, um sorriso vitorioso no rosto. Aquela solução deixaria qualquer ser humano extremamente desidratado, mas mataria Zetsu se Deidara estivesse certo sobre como o corpo dele funcionava.

Sakura queria ficar para ver se o nukenin realmente morreria. Mas ela não poderia se dar ao luxo daquilo, porque outros poderiam vir atrás dela, e não seria tão fácil como foi com Zetsu. De qualquer forma, aquilo incapacitaria ele por tempo o suficiente para que ela conseguisse chegar em Konoha.

 

Deixou a criatura agonizando no chão, incapaz de se mover, enquanto saía de cima dele com cautela.

Então ela fugiu. Dessa vez pelas árvores, pulou de uma para outra até que não aguentasse mais o peso das próprias pernas. Então ela parava, usava seu ninjutsu médico para ajudar na circulação de sangue, articulações e inchaço, e prosseguia o caminho. No entanto, ela só aguentaria um pouco mais daquele ritmo, considerando que até mesmo a cura da sua Palma Mística tinha seus limites. Voar era definitivamente mais fácil.

A noite já estava na sua metade quando Sakura não conseguiu mais avançar. Exausta, saltou da árvore em que estava e aterrissou com dificuldade no chão, caminhando até uma clareira logo ao lado.

Fitou o céu estrelado, impossível de se enxergar em Ame. Identificou as constelações que conhecia e quase deu “olá” à lua, coisa que não via há tanto tempo. Algum dia ela aprenderia o nome de cada uma das estrelas naquele céu imenso para poder contar a Deidara, como havia prometido em um passado que parecia muito mais distante do que realmente era.

Ela evitou, mais uma vez durante aquele longo dia, em pensar nele. Em vez disso, identificou uma árvore maior do que as demais e resolveu escalar a mesma para que pudesse dormir em um lugar mais seguro e ver o que estava a sua volta.

Com o restante de energia que possuía, subiu o longo e escuro tronco, chegando até o seu topo em segundos. De lá, o coração bateu muito mais forte; conseguia enxergar o brilho dos postes de Konoha e, se apertasse os olhos, via também o muro que protegia a vila. Cerca de quatro quilômetros, calculou. Ela estava tão perto!

Mas não conseguia mais correr. Estava inconformada, mas sabia que precisava descansar para poder chegar até Konoha. Ela teria mais longas horas a partir do momento que atravessasse aqueles portões, afinal.

Pensou que jamais conseguiria dormir, visto o quanto estava agitada e eufórica, mas apagou quase que no mesmo momento em que fechou os olhos, vencida pela exaustão.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Izumo e Kotetsu estavam tendo um dia como todos os outros enquanto guardavam os portões de Konoha. Entediantes, sem novidades, vendo outros companheiros shinobi partirem em missão enquanto estavam presos naquele serviço durante o mês inteiro.

Até que viram uma figura estranhamente familiar surgir vagarosamente no horizonte. Ia ficando cada vez mais próxima, mais fácil de se identificar. O cabelo rosa remarcável, as botas de cano alto incomuns, a hitaiate puxando o cabelo para cima. Sakura Haruno, desaparecida há quase seis meses, estava ali na frente deles.

A menina andou vagarosamente até os portões, parando com as pernas trêmulas em frente aos dous jounins.

― Kotetsu. Izumo ― ela os cumprimentou.

― Se identifique, por favor ― Izumo pediu, seguindo o protocolo, mesmo que o fizesse com o queixo caído.

― Haruno Sakura, shinobi de Konohagure, dezesseis anos, discípula da Quinta Hokage.

― Sakura-san… Como é possível que você esteja aqui? ― Kotetsu perguntou.

― Eu fugi ― ela respondeu o óbvio ― e eu adoraria contar a minha história para a Tsunade-sama, que tenho certeza que também vai querer ouvi-la o mais rápido possível. Por favor, me levem até ela.

Ofereceu ambos os braços a eles, mostrando que não se importava em ser algemada. Quando já tinha ambas as mãos incapacitadas, foi guiada por uma passagem escondida para não ser vista por ninguém.

Subiram por uma escada estreita que levava a uma porta. Quando aberta, mostrou que dava entrada para o interior da Torre do Hokage. O coração de Sakura palpitava com força por estar em um ambiente tão familiar como aquele, e o pulso acelerava cada vez mais, a medida que se aproximavam da sala de Tsunade.

Quando chegaram a porta da sala, Kotetsu bateu com delicadeza na madeira. Sakura pensou que desmaiaria quando ouviu a voz de sua shishou dizendo um “entre”. Kotetsu entrou primeiro, deixando os outros dois de fora.

― Você não deveria estar guardando os portões? ― ela perguntou, irritada.

― Sim, Hokage-sama. Mas algo aconteceu, e não podíamos permitir que mais ninguém visse o que vimos antes da senhora ― Kotetsu se justificou, desconsertado. Tsunade bufou irritada.

O olhar estressado da Quinta logo se transformou ao ver Sakura passar pela porta. O choque se instalou em seu rosto por alguns instantes, antes dela recuperar a compostura.

― Sakura?!

― Olá, Shishou ― ela cumprimentou-a, tímida.

― Ora, o que vocês fizeram, algemando a Sakura? Tirem isso dos braços dela! ― Ordenou aos dois jounins ali.

― Mas…

― Acham que eu não reconheceria minha própria pupila?! Vocês duvidam tanto assim das minhas habilidades?! ― esbravejou, e aquilo foi o suficiente para que as algemas fossem removidas. ― Estão dispensados. Voltem aos seus postos e não comentem nada com ninguém.

Após reverências, Izumo e Kotetsu finalmente deixaram a sala. Sem precisar mais se conter na frente de alguém, Tsunade correu até sua aprendiz e abraçou-a com força.

― Sakura! Você está aqui! Realmente está aqui! ― A mulher soltou-a um pouco do aperto para dar uma boa olhada em seu rosto. Os olhos castanhos se encheram de lágrimas. ― E você liberou seu Byakugou! Eu estou tão orgulhosa!

― Eu estou de volta, Shishou. ― Sakura também chorou, apertando sua mestra com força. ― E eu tenho tanto para contar, tantas explicações para dar… Como eu consegui voltar…

― Sim, você tem muito a contar. Mas antes, você quer comer algo? Não parece ter feito uma viagem fácil.

Antes que ela pudesse responder, a porta se abriu e Shizune entrou por ela. Quando ergueu os olhos da maçaneta, observou a cena a sua frente, levando as mãos à boca e dando um soluço emocionado.

― Sakura! É você mesmo?! ― Disse, também correndo para abraçar a amiga. Queria falar muitas coisas, mas todas se entalaram na garganta por causa do choro descontrolado. ― Eu preciso… chamar o Naruto-kun… e o Kakashi-san!

― Vá, Shizune. Temos muito a conversar com a Sakura. E também traga comida, a nossa menina precisa.

#

Sakura, passou uns bons dez minutos estirada em um dos sofás do escritório de Tsunade, descansando as pernas maltratadas e perguntando para Tsunade sobre a vila. Sua professora queria fazer mil e uma perguntas, mas Sakura conteve todas as respostas, decidida que queria falar daquilo uma única vez, quando o restante do seu time estivesse presente para ouvi-la.

Seus pais estavam bem na medida do possível, mas ainda não deveriam saber do seu retorno. Hinata, Tenten e Shino haviam sido promovidos a jounin no mês anterior, e Neji há dois meses. Jiraiya estava bem o suficiente para flertar com qualquer coisa que tivesse seios (Tsunade bufou e revirou os olhos). Kurenai estava grávida de poucos meses do falecido Asuma.

Tanto havia acontecido nos últimos meses na vida de Sakura, e ela mal se lembrou de que o tempo em Konoha também havia passado. Estariam seus amigos diferentes? Seus pais ainda seriam os mesmos? Ela queria encontrar todos logo.

Seu desejo se tornou quase completo quando metade do seu mundo atravessou pela porta. Shizune veio primeiro, Kakashi surgiu em seguida e, por último, Naruto, arfando por uma possível corrida até a Torre.

― Naruto!

Ao ver Naruto, Sakura recuperou toda a energia que faltava nela. Se levantou do sofá e correu até ele, o abraçando pela primeira vez em toda a sua vida. Um abraço tão apertado e cheio de emoção que a fazia ficar sem respirar, mas ela não ligava. Ela estava com Naruto, seu raio de sol, seu melhor amigo, e conseguia sentir todo o calor que ele trazia consigo. Finalmente ela se sentiu em casa.

― Você está realmente aqui… ― ele disse, sem conseguir segurar o choro. Sakura também voltou a chorar, afundando o rosto na jaqueta laranja. ― Sakura-chan… Eu imaginei tantas coisas! Eu senti tanto medo… Mas você voltou.

― Eu voltei, Naruto, e não vou mais deixar vocês. Me desculpe pela demora. ― Ela sorriu para ele, fazendo os dois chorarem ainda mais. ― Eu senti tanto a sua falta… Todos os dias!

Sakura queria continuar nos braços do amigo, mas não existiam só os dois no mundo. Se soltou dele sem querer fazê-lo, e se dirigiu até Kakashi, parado a uma distância curta. Ela sorriu mais uma vez.

― Sensei, olá.

Para sua surpresa, Kakashi puxou-a com um braço para si e a prendeu em um abraço fraco.

― Fico feliz de não ter te perdido também. Estou orgulhoso de você. ― disse, soltando-a e cutucando o seu Byakugou. Sakura não podia ver, mas sabia que seu professor sorria sob a máscara escura. ― Bem-vinda de volta.

― Precisamos partir para assuntos mais sérios. ― Tsunade chamou a atenção de todos. ― Estamos todos curiosos para ouvir sua história, Sakura. Se você estiver preparada, claro.

― Eu estou ― ela respondeu, sem deixar de notar o olhar “sem querer pressionar, mas já pressionando” de Tsunade. ― Eu posso falar.

Então ela se sentou de frente para Tsunade em sua mesa, com Naruto ao seu lado. Kakashi se apoiou na parede ao lado da janela, como sempre fazia, e Shizune também se sentou. Até Tonton em seus braços parecia atenta às revelações dali em diante.

Mas então ela hesitou. Contar o que se passou nos últimos cinco meses era um dever e até mesmo uma necessidade pessoal dela, mas ela pensou nas amizades que havia feito lá. Ela prejudicaria pessoas que a ajudaram tanto, se arriscaram tanto por ela. Ela ainda não sabia o destino de Deidara ou de Konan ou de Itachi, mas o que ela falasse ali poderia selar esses destinos naquele momento.

Ela seria fiel à sua vila e aos seus amigos, inclusive aqueles que fez na Akatsuki. Faria, então, questão de procurar justiça por Itachi com as próprias mãos, mesmo que fosse contar apenas com os ouvidos de Tsunade para ouvi-la.

― A parte da batalha vocês sabem ― começou ― quando eu acordei, estava em uma cela nas masmorras da Akatsuki. A base é localizada em Amegakure, mas eu fui dita que Jiraiya-sama conseguiu entrar lá e já deve ter descoberto isso.

“A intenção de Itachi desde o início da batalha era me capturar porque ele precisava de um médico. Ele está doente e, se eu não tivesse o tratado, ele estaria morto em cerca de um mês. Agora eu diria que ele tem pouco menos de um ano.”

― Você curou o Itachi, Sakura-chan?! ― Naruto perguntou, perplexo.

― Eu não tinha alternativa. ― Ela sorriu fracamente. ― E o motivo dessa falta de opções aconteceu logo depois de eu ser explicada o porquê de estar ali. Eu fui levada para a sala do Líder da Akatsuki, de nome Pain, e lá ele me colocou um selo no pescoço. Ele agia imediatamente quando eu fazia alguma coisa contra a Akatsuki ou os membros dela, agindo de uma forma que eu não fui capaz de descobrir. Neji-san deve ter visto o selo agir em mim com o Byakugan dele, no dia em que… que Lee-san morreu.

“No entanto, ele tinha falhas. Eu só não poderia agir de forma violenta a um Akatsuki ou desobedecer suas ações. Mas eu consegui fazer pesquisas que os prejudicassem, descobrir mais sobre eles e discutir verbalmente. Em nenhuma dessas vezes eu fui agredida pelo meu selo.”

E Sakura continuou a falar. Contou sobre como era uma prisioneira com muitos privilégios e liberdade para a preservação de sua saúde mental, as vezes que teve que sair em missão com os outros membros e informações sobre eles (fora cautelosa em não contar demais sobre os que importavam a ela), os detalhes da morte de Lee, os tratamentos de Itachi, de como ainda tinha permissão para treinar, a presença de mais dois Pains enquanto todos os membros estavam fora, a extração de dois bijuus, informações sobre o quartel da Akatsuki, como era tratada lá dentro sem maiores hostilidades. Quando chegou na parte de sua fuga, usou seu álibi: mentiu que fez uma pesquisa secreta por todos aqueles cinco meses e que havia descoberto sozinha como liberar o selo. Que se aproveitou de uma missão que havia acabado de ser enviada, desfez o selo, usou um sonífero potente em Deidara e depois fugiu.

A luta com Zetsu foi o que finalmente pôs um sorriso no rosto de Tsunade e Naruto. Eles se orgulharam de seu desempenho e a liberação de seu Byakugou no In apenas com uma força de vontade inexplicável. “Duas vitórias contra pessoas da Akatsuki!”, Naruto disse. Sakura respondeu que Zetsu muito provavelmente ainda estava vivo, mas ele insistiu que era uma vitória mesmo assim.

― Vocês têm alguma notícia do Sasuke-kun? ― perguntou ela, mudando o curso da conversa. ― Eu soube que o Orochimaru foi morto por ele, mas eu não ouvi mais nada.

― Parece que ele lutou contra aquele terrorista da Akatsuki alguns meses atrás. Nós estávamos por perto, mas quando chegamos no lugar na batalha, tudo estava destruído e os dois não estavam mais lá ― Kakashi respondeu.

Sakura ficou estática. Então a pessoa que quase matou Deidara fora Sasuke. Era por ser Sasuke o oponente de seu namorado, que ele não contou a ela detalhes da luta. Ela curou os ferimentos causados pelo seu antigo amor e Deidara se mantivera em silêncio porque respeitava a dor e os sentimentos dela.

O turbilhão de sentimentos obviamente não passara despercebido pelos olhos atentos de Tsunade.

― Sasuke-kun está vivo?

― Acreditamos que sim. Ele sumiu do mapa, mas o corpo dele já teria sido encontrado ou exposto como troféu pela Akatsuki caso ele realmente tivesse morrido ― Kakashi opinou.

― Aquele idiota não morreria tão fácil assim! Precisamos confiar mais no Sasuke! ― Naruto se pronunciou.

Sakura resolveu não prolongar aquele assunto, e respirou profundamente. Ela não queria falar mais nada com todas aquelas pessoas na sala, por mais que confiasse em Naruto, Shizune e Kakashi a própria vida. Alguns assuntos deveriam ser tratados só entre ela e Tsunade.

― Terminada? ― Tsunade perguntou, recebendo um aceno de cabeça como confirmação. ― Então eu queria pedir para ficar sozinha com a Sakura mais uma vez. Vocês se importam?

― Claro que sim! ― Naruto respondeu sem o mínimo respeito por sua Hokage. ― Vovó, a Sakura-chan acabou de voltar!

― E é justamente por isso que ela precisa de um pouco de descanso. Inclusive, Shizune, você esqueceu de trazer comida.

― Me desculpe! A situação era tão urgente que eu acabei me esquecendo! ― Ela juntou as mãos em um sinal de desculpas. ― Eu vou fazer isso imediatamente! O que você deseja, Sakura?

― Alguma coisa com muito umeboshi. ― Ela pediu, sentindo o estômago vazio ao pensar na sua comida favorita. Ela estava faminta, depois de um dia sem comer. Shizune se retirou com Tonton no colo. Kakashi saiu da sua posição na parede.

― Vamos, Naruto? ― o sensei o chamou ― a Sakura não vai sair daqui. Você a verá em breve.

― Te encontro mais tarde ― ela assegurou para o amigo.

Naruto se deu por vencido e aceitou sair dali, mas com a condição de que ele fosse vê-la mais uma vez dentro de algumas horas. Assim, logo que Tsunade se viu sozinha mais uma vez com sua pupila, virou-se para ela com um olhar mais sério.

― Você tem coisas importantes para me contar, não tem?

― Tenho ― ela confirmou imediatamente ― o motivo real da minha captura não foi a doença do Itachi-san. Shishou, você sabe o que está por trás do massacre dos Uchihas?

― Eu descobri há poucos dias, e comecei a pensar no que estava por trás do seu rapto ― ela revelou ― então Itachi também te contou.

― Exato. Tsunade-sama, eu não fui para lá para curar o Itachi-san, eu fui com o intuito de voltar e trazer para vocês informações e mensagens.

Então explicou. A abordagem de Itachi para contar sobre o seu passado, a proposta de uma aliança, as pesquisas incansáveis, como ela curou os olhos dele por livre e espontânea vontade, a verdadeira história sobre a fuga dias atrás e como ele havia montado o álibi perfeito. Como ele ainda era um shinobi fiel à Konoha e disposto a tudo para proteger o irmão. No entanto, deixou a informação crucial de fora porque sabia que ela teria um impacto muito grande. Queria conversar sobre Itachi antes.

― Ele é um homem muito astuto, realmente ― Tsunade se admirou ― e preciso dizer que ele também é muito arriscado, colocando sua vida em risco dessa forma. Você era a pessoa perfeita, afinal. Ninja médica para um homem doente, assassina do Sasori da Areia Vermelha, melhor amiga do jinchuuriki com a besta mais poderosa. Imagino que tenha descoberto da pior forma o que o Naruto carrega dentro de si desde que nasceu, não é?

― Sim. Foi horrível, Shishou. Mas esse não é o ponto. A questão é o que eu trouxe comigo desses meses todos. Vocês já sabem quem é o líder da organização, não é?

― Sabemos, e você provavelmente nunca soube, mas ele e a parceira de cabelos azuis são ex-alunos do Jiraiya. ― Sakura deixou o queixo cair com a fala da Quinta. ― Ele os encontrou durante a Segunda Guerra na Amegakure dominada por Hamzo. Eram órfãos morrendo de fome, então enquanto Orochimaru e eu voltamos para a vila, ele ficou e os treinou por meses, até que conseguissem sobreviver sozinhos. Eram três. Uma menina e dois meninos, um de cabelo laranja e o outro com o Rinnegan com o cabelo do Clã Uzumaki.

― Só existem dois agora. Konan e o de cabelos laranjas, Pain, mas é ele quem possui o Rinnegan. Será que ele matou o outro…?

― Não sabemos. Mas Jiraiya ficou devastado após a luta com Konan e ao ver o outro menino, que agora sabemos que se chama Pain. ― Os olhos castanhos pesaram. ― Enfim, me desculpe. Eu te interrompi. Prossiga.

― Bem… então… ― Sakura ainda estava um tanto quanto em choque, se perdendo na própria fala. ― Pain não é o real líder da Akatsuki. Quero dizer, ele acredita que é. O objetivo dele é capturar todos os Bijuus para formar o Juubi novamente, e por meio dele conseguir intimidar todos os países para que jamais ocorram guerras, assim alcançando paz mundial. Bem, essa é a visão distorcida de paz que ele tem. Ele se enxerga como um deus que vai mudar o Mundo Ninja por meio do medo, e os membros da Akatsuki serão deuses ao seu lado. No entanto, os planos dele jamais vão se concretizar porque existe alguém bem maior por trás dele.

― Quem, Sakura?

― Madara Uchiha.

― Mas não é possível! ― Foi a vez de Tsunade ficar boquiaberta. No entanto, ela não atrapalhou mais a explicação de Sakura.

― Também achei que fosse, mas é a verdade. Vocês já devem ter visto um Akatsuki com a máscara laranja que atravessa tudo que tenta tocar nele, não é? ― Tsunade assentiu. ― Pois é ele Madara. Itachi-san não poderia ter cometido o massacre de um clã inteiro sozinha, Shishou. Ele teve ajuda. Madara espreita Konoha desde a sua suposta morte. Foi ele quem liderou o ataque da Kyuubi à Konoha dezesseis anos atrás, e ele também soube de alguma forma dos planos de Itachi-san e se interessou, regado pela sede de vingança contra a família que o renegou. Itachi-san me contou que ele chegou logo no meio da matança. Não achamos que ele saiba que foi um plano arquitetado pela própria vila. Ele propôs ajudar Itachi-san e ele aceitou, mas ele saiu de cena antes da família do Sasuke-kun ser morta.

“Então ele desertou e logo foi chamado pela Akatsuki para se juntar a eles. Fingindo estar interessado em ser um discípulo de Madara, obteve o máximo de informações que conseguiu dele. Sabe-se que ele foi quem deu o Rinnegan ao Pain, que os planos dele diferem muito dos do pseudo líder e que Pain não faz ideia de que Madara não é seu mentor ou conselheiro, e sim um homem que o usará como fantoche quando a hora chegar. Ele está cego demais pela própria ideia de divindade.

“Itachi-san e eu acreditamos que ele se manteve vivo até hoje usando a mesma técnica de transferência de corpos que Orochimaru usa. Logo ele percebeu que o Itachi-san não estava realmente interessado em seguir os passos dele e se voltou contra o mesmo. No entanto, ele nunca fez nada porque ainda precisa fingir ser só um conselheiro, e a vontade de Pain é que Itachi fique vivo e saudável para poder desempenhar seu papel na Akatsuki.

“Inclusive, eu ainda não deveria ter voltado para casa. Tudo aconteceu rápido demais. Madara percebeu que eu havia me aproximado do Itachi-san e sentiu que aquilo era uma ameaça. Foram vários os avisos que ele deu a mim, mas eu sabia que ele já me considerava um problema demais e me mataria de qualquer forma. Então eu decidi fazer o que era certo, se morreria. Na última vez, quatro dias atrás, ele me enforcou e quase me matou, porque eu invadi seu quarto –burrice, eu sei– e descobri que ele também tem interesse no Sasuke-kun, também vi um documento que parecia muito importante, com o nome Tsukuyomi Infinito, e eu acho que isso é a chave que precisamos para desvendar o que ele quer.

“Ele obviamente descobriu que eu estava lá, e acredito que era uma armadilha para ele ter o motivo final para me matar. Por sorte, Konan-san chegou na enfermaria na hora em que ele me estrangulava e eu fui salva. E foi a partir daí que o meu plano de fuga começou, muito antes da hora que deveria acontecer. Ainda acredito que seja um milagre eu estar aqui. Parecia impossível.”

Não contaria sobre Sasuke e os planos que tinham para que ele fosse salvo do caminho que traçava. Era algo íntimo demais dela e de Itachi para que ela revelasse a alguém, e guardaria suas cumplicidades sobre o caçula Uchiha apenas para si. As informações sobre Madara eram o suficiente.

― … parece impossível, mas você viveu isso na pele para eu dizer o contrário. Meu Deus, Sakura ― Ela esfregou as mãos nos rostos. ―, você passou por um perigo muito maior do que qualquer um de nós imaginava. Eu estou tão feliz que esteja aqui agora, porque as chances desse final eram quase um milagre, considerando o que você me diz.

― Eu tive ajuda ― Sakura não hesitou em dizer. Viu que foi um erro ao encontrar o olhar de Tsunade, que mostrava ter lido nas entrelinhas.

― Você parece ter tido mais ajuda além da de Itachi ― a Hokage constatou ― fala de Konan com respeito, disse que foi salva… E parece que a batalha do terrorista com o Sasuke te causou um grande impacto.

― Nem todos na Akatsuki são o que parecem ser, Shishou. Existe muito mais por trás das pessoas do que o lado que escolhem para lutar.

― Você realmente cresceu. ― Tsunade sorriu com confiança. ― E deve estar cansada. Eu procurarei informações sobre esse Tsukuyomi Infinito, talvez tenhamos algo em Konoha que possa ajudar. Continuaremos essa conversa depois, e precisarei de você para contar tudo mais uma vez para Jiraiya quando estiver com a cabeça mais arejada.

Sakura sorriu com gratidão. Ela sabia que podia confiar em Tsunade, porque esta confiava nela também, e sabia que ela entenderia tudo o que ela passou na Akatsuki com os membros de lá quando ela contasse. E ela contaria, porque todos eles mereciam mais do que tinham, mereciam que, pelo menos, alguém soubesse o que há por dentro da casca. E Tsunade, que era muito mais do que uma mãe para ela, a ouviria.

A Quinta parecia ter entendido perfeitamente o que Sakura pensava, porque o sorriso de confiança se transformou em um cheio de doçura e afeto.

Então a menina saiu da sala de Tsunade, deixando-a lá dentro com os próprios pensamentos, e orientada a não sair da Torre; sua volta ainda era um segredo e ninguém além de seu time deveria saber daquilo. Um dos quartos, geralmente designados aos visitantes políticos da vila, seria temporariamente o dela.

Ao atravessar a porta, viu que Naruto a esperava sentado no chão, uma bandeja com sua comida no colo. Ele sorriu para ela do jeito de sempre.

― Desculpa, Sakura-chan, mas eu não consegui sair daqui.

― Está tudo bem, Naruto. ― Ela pegou a bandeja para que ele pudesse se levantar. ― Eu preciso ir para um dos quartos daqui e adoraria sua companhia para me contar o que está acontecendo com os nossos amigos.

E Naruto seguiu com ela até um dos quartos, aparentando estar muito mais maduro ao longo daqueles cinco meses. E Sakura, ao seu lado, sentiu novamente a sensação de finalmente estar em casa.


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Notas finais do capítulo

Como no último capítulo, muita coisa aconteceu nesse aqui, já que rola muita coisa em um espaço muito mínimo de tempo. Espero que tenha escrito tudo da melhor forma possível para o entendimento de todos.

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