Intuição escrita por TheEpic


Capítulo 17
Quando o branco se torna roxo.


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem ressurgiu das cinzas!

Eu odeio ficar tanto tempo afastada, mas diversos fatores me impediram de escrever esse capítulo: escola (e os projetos mirabolantes e ridículos que eles inventam pra poder jogar tudo pra cima da representante de classe aqui :D), cursinho, quatro horas livres por dia (que eu tenho que usar pra dormir e sobreviver o resto da semana aushuash), a volta de uma antiga parceira chamada depressão (tô bem melhor agora, ok?) e um teclado que funciona apenas quando tem vontade e não me deixa escrever.

MAS ENFIM, eu voltei com o capítulo e já chegamos na reta final de Intuição! Isso é, apenas se vocês decidirem se será o fim ou não ;). Explico com maiores detalhes daqui um tempinho, certo?

E sem mais delongas, desejo a todos uma boa leitura!

P.S: Senti falta de vocês. ♥



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Deidara acordou perdido no emaranhado dourado que era seu cabelo, xingou baixo por ver que havia babado em parte dele e piscou um par de vezes ao identificar uma cabeça cor-de-rosa ao seu lado. Sakura dormia pacificamente em um sono sem sonhos. O rapaz sorriu para si mesmo.

 A noite anterior havia sido algo experimental, um tanto quanto desajeitado e cheio de preocupações e cuidados por parte dele ―Sakura, afinal, era virgem. Mesmo assim, não poderia ter sido melhor. Confissões apaixonadas tinham sido feitas, a sintonia dos dois corpos em contato era intensa e não parecia que nada pudesse ter ficado melhor. Deidara estava feliz. Sim, ele estava muito feliz. Aquela menina ao seu lado, em um sono calmo, mexia com ele de maneiras estranhas.

 

Sakura o surpreendia de maneiras diferentes a cada dia que passava. Desde seu primeiro encontro, no qual aquela menina pequena e supostamente delicada remodelou todo o relevo de uma pequena área com os próprios punhos ―o mesmo efeito que a arte de Deidara causava, porém com meios diferentes―, até aquele dia, enfrentando de rosto erguido cada uma das dificuldades que passava durante seu confinamento. Na noite anterior ela também o surpreendeu de forma inconsciente. Deidara se viu surpreso ao admitir estar apaixonado pela primeira vez na sua vida, porém não se impressionou pela pessoa por quem nutria o sentimento.

 

Sakura era de fato apaixonante, em incontáveis sentidos. Fosse pela sua forma de fazer arte, a determinação e pureza que carregava consigo, a capacidade de sentir empatia e compaixão por qualquer pessoa ou por mais diversas características, seria estranho se o caminho de Deidara fosse diferente do se apaixonar por ela.

 

E ele não podia perder aquela garota por nada naquele mundo.

 

Então ele encontraria alguma maneira de fazê-la viver. Ele convenceria Pain a analisar outras alternativas, planejaria uma escapada formidável do território dominado pela Akatsuki ou explodiria uma inteira nação e sairia voando para o mundo com ela, mas não a deixaria morrer. Ele poderia se arrepender algum dia no futuro, mas naquele momento nada parecia mais certo do que salvar a vida da garota que havia salvado a sua em diferentes formas.

 

Com um pequeno afago na cabeça rosa, fez Sakura acordar.

 

#

 

Um toque cheio de afeto tirou Sakura de seu sono tranquilo. Ela não abriu os olhos, mas sabia que Deidara estava ao seu lado, sendo a origem do carinho de bom-dia. As memórias da noite anterior ainda estavam frescas em sua mente e soube que havia ficado vermelha ao ouvir a risada nasal do homem ao seu lado.

 

― Bom dia, flor do dia ― ele disse, voltando a acariciar o topo da cabeça da garota.

 

Os seus olhos se abriram sem pressa, ganhando foco dentro de alguns segundos. Quando o verde se encontrou com o azul, o dono deste sorriu o seu típico sorriso torto, porém um tanto quanto distorcido pelo rosto inchado pelo sono. Automaticamente o misto de vergonha e desconforto de Sakura se dissiparam, fazendo-a retribuir um sorriso igualmente engraçado.

 

― Bom dia. Você dormiu bem? ― perguntou, tentando evitar um possível silêncio constrangedor.

 

― Difícil dormir mal com você do meu lado ― Deidara bajulou-a ― mas se você não se importar, eu vou te deixar por um tempo para tomar um banho. Eu babei no meu cabelo, hm.

 

― … ew. Eu poderia ter ficado sem essa ― respondeu ela enquanto o rapaz ria, se levantando da cama e tentando ocultar a própria nudez com o lençol enquanto recolhia as roupas no chão. ― Eu também vou para o meu quarto.

 

― Te vejo mais tarde, então?

 

Com um aceno de cabeça, a kunoichi se aproximou do maior e plantou um beijo em sua testa, se despedindo brevemente.

 

No caminho para o seu próprio quarto, os olhos hábeis não deixaram de reparar que a porta do quarto de Madara não estava fechada. Havia uma pequena fresta lá, quase invisível e inofensiva. Planos malucos passaram por sua mente enquanto se mantinha estática na frente da estrutura de madeira, tentando analisar diferentes cenários caso ela se aproveitasse da situação.

 

― O que você está fazendo parada aqui?

 

Sakura conteve o susto, o possível ataque cardíaco e um suspiro de alívio ao ver a figura de Kisame ao seu lado. Ele não esperou resposta, também reparando na porta aberta.

 

― Ah, o Tobi esqueceu isso aqui aberto. Ele estava com pressa para sair para sua nova missão, pelo visto. ― Disse enquanto fechava a porta. ― Até mais tarde, baixinha. Venha treinar comigo mais tarde.

 

A iryou-nin se despediu de Kisame e não deixou de captar o olhar de aviso que ele lançava para ela; entretanto, ela não poderia perder a oportunidade da porta do quarto de Madara destrancada enquanto ele estava em missão.

 

Decidindo não fazer o que queria naquele momento para não levantar suspeitas por parte de Kisame, cumpriria o seu objetivo inicial de tomar um banho e colocar roupas limpas, para só depois retornar para a frente do quarto de Tobi.

 

Enquanto se trocava, percebeu que a chuva estava diferente dos demais dias. Estava mais forte e alguns trovões podiam ser ouvidos, algo anormal em Ame. Sabia que Pain controlava o tempo na vila, e aquela mudança no mesmo era sinal de que o seu humor não estava bom. Resolveu ignorar aquele fato e se dirigiu ao lugar que a interessava.

 

Ela tinha de estar preparada e ser rápida com o que fosse procurar, tendo consciência de que o selo começaria a agir no exato momento em que ela desse os primeiros passos no cômodo.

 

Respirando fundo, entrou com pressa no quarto de Madara, não se importando em fechar a porta. Era um lugar simples, como os demais ambientes pessoais dos membros da Akatsuki, então correu direto para a escrivaninha. Vasculhou os papéis nas gavetas ignorando a dor no pescoço, procurando qualquer nome ou informação que lhe fosse familiar ou interessante.

 

Repousou os olhos em papéis com os nomes de Itachi, Sasuke e Tsukuyomi Infinito. Este último nome parecia um tanto quanto familiar, mas ela não deu atenção a ele no momento. A dor já havia subido para um nível alarmante e ela precisava sair dali rápido. Fechou a gaveta com pressa e, no meio dos passos agitados para se retirar do quarto, não notou uma caneta que deixou cair no chão enquanto mexia nos papéis avulsos.

 

Não se importou com o barulho da porta se fechando com força e apoiou as costas na parede oposta à porta, enquanto deslizava para se sentar e tentar anestesiar a dor excruciante com chakra médico.

 

Logo que conseguiu estabilizar o próprio corpo, a menina colocou a mente em trabalho. Inicialmente se lembrou de onde havia ouvido falar sobre Tsukuyomi: era um genjutsu de nível altíssimo e Itachi havia usado a técnica em Kakashi anos atrás. Não conseguia compreender o que seria um Tsukuyomi Infinito, no entanto. Era evidente que era uma versão muito mais poderosa e talvez até mais abrangente do que o genjutsu inicial, porém o segundo nome intrigava Sakura. Uma técnica ilusória infinita parecia algo impossível de acontecer, mas havia a possibilidade de que Madara estivesse trabalhando em um projeto com esse propósito e, considerando que ele estava vivo, jovem e sadio enquanto deveria estar morto há décadas, ele não deveria ser subestimado.

 

Além daquilo, Madara também estava interessado em Itachi e Sasuke. Era evidente que o Sharingan era o motivo por isso, sendo que eles eram os únicos portadores do doujutsu ainda vivos. Jogou suas apostas na possibilidade de que ele quisesse um corpo com os mesmos olhos que os seus, visto que ele provavelmente usava a mesma técnica de transferência de corpos que Orochimaru.

 

Se aquilo fosse verdade, não seriam só os ninjas de Konoha que estariam em busca de Sasuke. Se Madara estivesse agindo para encontrar o mais novo dos Uchiha, agora sem a proteção de Orochimaru, o tempo de Naruto e dos outros para levar Sasuke de volta para a vila era muito curto. Eles não poderiam vencer uma corrida contra Madara caso demorassem demais.

 

Sakura foi tirada de seu transe ao sentir a presença de Deidara, só então notando que ainda estava sentada no chão e com a mão no pescoço, por mais que tivesse parado de enviar chakra ao seu sistema.

 

― O que você está fazendo aí? ― Deidara perguntou enquanto se aproximava. ― Aconteceu alguma coisa com o seu selo?

 

― Não, eu só senti uma dor de cabeça estranha e tive que me sentar ― mentiu ― você vai para a cozinha também? Eu acho que o meu problema é fome e preciso comer alguma coisa.

 

― Eu estava. Eu quero muito comer aquela omelete que você faz. ― Ele estendeu a mão para auxiliar a menor a se levantar, mas franziu o cenho repentinamente, olhando para a sua mão. ― Droga.

 

― O que foi?

 

― O Líder está nos convocando para uma reunião. ― O nukenin estalou a língua antes de sorrir com culpa para Sakura, dessa vez ajudando-a a se levantar. ― Você me espera? Não deve levar muito tempo.

 

― Certo. Te encontro daqui a pouco, então ― ela concordou.

 

Com Deidara retornando para o seu próprio aposento, Sakura se dirigiu até o seu quarto para arrumar algumas roupas no armário, como se nada tivesse acontecido na última meia hora.

 

~~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

 

Pain viu seus subordinados surgirem, um por um, no seu jutsu de conexão. Quando abriu os olhos Konan já estava ali e, em ordem, surgiram Itachi, Kisame, Deidara, Zetsu e Hidan. Madara não estaria ali naquele dia.

 

Observando os membros vivos da Akatsuki, se lembrou de que precisava encontrar novos nukenins rank S para repor os membros mortos, dois em um período menor que um ano. Se eles perdessem mais algum, a única alternativa seria entrar em hiato, e aquilo era completamente inviável na situação em que eles estavam.

 

Claro, as coisas haviam piorado drasticamente naquele dia. Mal podia conter o ódio pelo seu antigo sensei e mal podia acreditar que não tinha conseguido evitar que ele fugisse vivo. Pain nunca havia perdido ou deixado alguma luta incompleta até então. Aquilo era uma mancha em seu orgulho!

 

― Bom dia. Venho fazer um anúncio e uma ordem e espero que escutem com atenção. Nesta madrugada, Ame foi invadida por Jiraiya, um dos lendários Sannin. Ele conseguiu fugir com informações cruciais sobre a vila. Ele estava gravemente ferido, mas acredito que tenha conseguido chegar em Konohagure.

 

Ao revelar o motivo de sua ira, não deixou de notar os olhares surpresos por parte de alguns ali. Aquilo feriu ainda mais o seu ego.

 

― E como você não matou o desgraçado? ― Hidan perguntou, não se incomodando com o olhar hostil que seu líder lançou a ele.

 

― Minha chuva é o que protege e rastreia invasores aqui. Entretanto, ela tem uma extensão limite e eu não podia movê-la. Se eu fizesse isso, parte de Amegakure ficaria descoberta e a chance de mais ninjas de elite estarem prontos para se infiltrarem aqui era muito grande. Itachi e Kisame estavam fora e só voltaram nesta manhã, Tobi também estão em missão, Deidara ainda não está em condições perfeitas de lutar contra shinobis de alto calibre e Konan tinha sido deixada inconsciente por Jiraiya. Como um deus, eu não poderia deixar o meu povo desprotegido. ― Foi respondido com silêncio, como gostava que fosse. ― No entanto, informações foram roubadas e a nossa desvantagem militar comparada à Konoha é evidente. Dessa forma, reforçaremos a patrulha de nossas fronteiras, daremos mais treinamento aos shinobis da vila e suas mais novas ordens são de assassinar qualquer ninja de Konoha que encontrarem em seus caminhos. Interrompam suas missões, se atrasem ou saiam de seus planos iniciais, mas não deixem nenhum vivo.

 

Deidara, Itachi e Kisame conseguiram esconder a surpresa que tiveram. Pain era um homem poderoso, talvez o shinobi vivo mais forte que havia por aí; no entanto, ainda era um pacifista, mesmo que por meios duvidosos e controversos. Para aniquilar shinobis a qualquer custo, ele deveria estar desesperado. Era óbvio que eles não estavam prontos para invadir Konoha, então ele estava tentando diminuir a força militar deles por lutas individuais. A possibilidade daquilo dar certo era altamente improvável e provavelmente o usuário do Rinnegan repensaria em sua decisão, visto que ele estava cego pela raiva e humilhação; entretanto, se ele não o fizesse, seria evidente que o cabeça da Akatsuki estava se desesperando aos poucos.

 

E se aquilo acontecesse, a Akatsuki se desmantelaria por dentro, Itachi supôs com satisfação. Mas se o ódio pelos ninjas de Konoha se estendesse à Sakura, ela conseguiria se manter relativamente segura dentro da organização?

 

O tempo deles era curto.

 

#

 

Mesmo com a ordem perturbadora de Pain, a infiltração bem-sucedida de Jiraiya ainda era ótima e Itachi se sentiu no dever de contar à Sakura as boas notícias. Saiu de seu quarto logo que se desconectou do jutsu e começou a fazer o seu caminho em direção aos aposentos da jovem kunoichi. Entretanto, passou reto pela porta da menina ao ver que Deidara estava com a intenção de fazer o mesmo que ele. Os dois não precisavam de mais problemas idiotas.

 

Ignorou o olhar extremamente hostil que o bombardeiro deu para ele e fingiu que iria até o armazém de armas, com a nota mental de encontrar a iryou-nin mais tarde.

 

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

 

Jiraiya estava em seu bar favorito um dia após a fuga de Amegakure. Ele podia estar fora do hospital? Não. Se Tsunade descobrisse, ela faria questão de acabar com ele de novo? Sim. Mesmo assim, aquele era o único lugar no qual conseguiria parar de pensar em Yahiko, Konan e Nagato. Bebida e mulheres bonitas podia ajudar na maioria das dores de cabeça.

 

― Ero Sennin? Você não deveria estar no hospital? ― ele foi tirado de seus devaneios pela chegada inesperada de Naruto, falando mais alto do que deveria.

 

― Shh! Esse é o nosso segredo, certo? ― Sorriu. ― Sente-se, Naruto.

 

O loiro aceitou o convite retribuindo o sorriso.

 

― Então, garoto, você já pensou que algum dia no futuro você terá discípulos e que eles o verão como modelo até criarem asas para voarem sozinhos?

 

― Eu já tenho um discípulo! O Konohamaru é meio estúpido, mas é um guri com potencial. Mas não é desse jeito que você fala, né? ― Viu que seu mentor acenou positivamente com a cabeça. ― Eu nunca tinha parado para pensar nisso, mas deve ser algo bem legal, isso de ser um modelo a ser seguido!

 

― Realmente é. Mas acabamos nos culpando pelo que nossos pupilos se tornam, se eles não seguem o caminho que mostramos a eles. ― Jiraiya suspirou, tomando um longo gole de seu saquê. Não disse mais nada.

 

― Ero Sennin, me diga uma coisa… ― Naruto começou ―, você conseguiu qualquer informação, pista ou sinal da Sakura-chan na Vila da Chuva?

 

― Não, Naruto. Não consegui nada que pudesse nos ajudar a encontrá-la, por mais que eu acredite que ela estivesse em algum lugar por lá. ― Franziu o cenho ao observar o olhar entristecido de seu pupilo. ― Vamos trazer a Sakura de volta, garoto. Não perca as esperanças. Já comece a preparar seu discurso de confissão de amor, porque tenho certeza de que ela estará conosco de novo muito em breve.

 

― Como você sabe?

 

― Intuição. Sabia que a minha nunca falha? E algo me diz que ela está segura em algum lugar por aí ― mentiu para Naruto, conseguindo esconder a farsa com um amplo sorriso.

 

― Sabe, Ero Sennin… Eu venho pensando menos na Sakura-chan atualmente, no sentido de querer ela como namorada.

 

― Por quê? Você começou a se interessar por alguma outra garota, Naruto?

 

― Ah, não! Eu ainda vou contar pra Sakura-chan sobre como eu me sinto sobre ela, mas agora que eu estou andando mais com o pessoal do Time Asuma, eu parei pra pensar sobre a Ino. Ela gostava do Sasuke, mas seguiu em frente e está feliz. A Sakura-chan também dá sinais de ter superado o amor dela por ele… Se eu me confessar e for aceito, ficarei muito feliz, mas não adianta eu me agarrar em esperanças. Eu detesto desistir, mas existem coisas que temos que deixar para lá caso não deem certo de primeira.

 

Jiraiya sorriu, compreensivo. Seu pupilo estava ficando cada vez mais igual a ele, que tinha a mesma opinião sobre o sentimento não mútuo que nutria por Tsunade.

 

No entanto, aquilo não era um bom sinal, considerando a personalidade de Naruto. Era evidente que a falta de persistência do jinchuuriki tinha relação com a ausência de seus dois melhores amigos, e talvez Naruto se afundaria ainda mais caso Sasuke ou Sakura retornassem para Konoha. Jiraiya silenciosamente rezou para que a sua mentira sobre intuição se tornasse verdadeira.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Sakura deveria estar pesquisando sobre a doença de Itachi ou até mesmo fazendo mais doses dos seus remédios, mas ela estava ocupada demais pensando no bilhete que tinha recebido dele algum tempo atrás, deixado discretamente na fechadura de sua porta.

 

A menina estava imensamente satisfeita por saber o que Jiraiya havia feito, e tinha certeza absoluta de que agora ele já se encontrava dentro de Konoha, sendo bem cuidado e com informações que seriam úteis para sua vila. Jiraiya não poderia ser derrotado nem mesmo por um deus, afinal.

 

Ela esperava que ele tivesse conseguido alguma notícia sobre o seu paradeiro, algum sinal de que ela ainda estava viva e segura ― por ora ―. Ela tinha certeza de que Neji tinha a visto meses atrás no incidente com Lee e aquilo era uma confirmação de que ela era útil o suficiente para a Akatsuki para ser mantida viva; entretanto, depois daquela sequência de eventos, eles poderiam facilmente assumir que ela tinha sido morta.

 

Além daquele problema, ela deveria pensar em como contar para Itachi sobre o que havia encontrado no quarto de Madara. Ele com certeza já deveria suspeitar de um possível interesse em Sasuke, visto que o mascarado tinha um interesse similar nele. Mesmo assim, a confirmação desse fato seria de interesse ao seu aliado, visto que ele estava fazendo o possível para proteger o irmãozinho desde que se tornou o bode expiatório de Konoha.

 

E também tinha outra importante questão; a do plano de nome peculiar que Madara planejava. Talvez o prodígio Uchiha, com todo o seu conhecimento, poderia ter alguma ideia do que se tratava o Tsukuyomi Infinito?

 

Sentada em sua cadeira, levou um milésimo de segundo para que a garota visse a porta da enfermaria se escancarar e uma figura entrar por ela, rápida demais para que seus olhos acompanhassem. Quando soltou a respiração que prendeu pelo susto, estava jogada contra a parede, a mão enluvada do próprio Madara em seu pescoço.

 

― Me lembro perfeitamente de dizer para você não se meter onde não é chamada, não é? ― A voz grossa ressoou pela enfermaria, ameaçadora como um leão que encurralou sua presa. A aura de Madara emanava fúria e, tão perto dele, Sakura podia ver o olho do Sharingan pelo único buraco na máscara laranja.

 

Sakura não respondeu, ela não ousaria responder por nada naquele mundo. Seu sangue corria rápido e intenso em suas veias, com ela sendo capaz de senti-las pulsarem. Ela sabia que morreria ali, tendo tal confirmação quando o toque de Madara se tornou um aperto doloroso e seu corpo foi levantado, a ponto de seus pés não conseguirem mais tocar o chão.

 

Então ela entendeu que Madara não havia deixado a sua porta aberta simplesmente por descuido; era uma armadilha perfeita para que ele tivesse a confirmação de que ela estava trabalhando com Itachi e um motivo final para aniquilá-la.

 

― Mesmo assim, você se mostrou pronta para morrer quando entrou em meu quarto. Teve tempo de contar o que encontrou para o seu amigo? O quanto conseguiu descobrir para repassar para Itachi? ― O aperto se intensificou e a kunoichi passou a engasgar, se debatendo em busca de libertação e ar. O mascarado impediu-a prensando o corpo contra o dela, estalando a língua no céu de sua boca. ― Detesto cães de Konoha como você e Itachi. Leais à vila que os abandonaram a própria sorte até nos últimos momentos de vida. Sabe, Haruno Sakura, com mais alguns anos de treino efetivo, você seria uma shinobi lendária. É promissora, chegou a um patamar elevado sem kekkei genkai, clã notável ou treinamento ninja por parte dos pais. Você poderia ir além com a Akatsuki, já se prova uma médica excelente com o trabalho que faz com Itachi. É um infortúnio que vocês dois sejam cegamente fiéis à Konoha.

 

Sakura estava começando a perder a consciência enquanto era asfixiada, mas ainda podia ouvir as palavras de Madara, amaldiçoando a vila e o clã que o traíram, que não lhe deram o que ele realmente merecia, depois de tudo o que fez para que aquele ninho de ratos nascesse.

 

Então, de repente, ela foi solta bruscamente, as pernas batendo com força contra o chão. No desespero de recuperar o ar em meio a tosse engasgada, viu o borrão que era Madara sair da enfermaria com raiva e identificou o motivo dele ter interrompido a sessão de tortura: Konan e Hidan na porta.

 

― Sakura-san! ― A mulher correu até ela, auxiliando-a para que se sentasse melhor. ― Hidan, eu sei que você quer ajuda pra curar esses cortes que você fez, mas é melhor você sair. Eles vão se curar sozinhos.

 

― É… Eu acho que vou fazer isso mesmo. Só tem gente louca nessa porra. ― O outro Akatsuki concordou, o tom ligeiramente conturbado sendo notado em sua voz.

 

Já sozinhas, Konan repousou suas mãos nos ombros da menor, uma expressão de preocupação evidente em suas feições.

 

― Ele ia me matar ― Sakura começou, sentindo que o ar em seus pulmões ainda não era o suficiente ―, ele estava me matando devagar para que eu sentisse dor. Konan-san, eu deveria estar morta agora.

 

― Eu estou aqui, Tobi não vai mais fazer nada com você ― Konan assegurou-a, mesmo sabendo que era uma mentira horrível. Tobi caçaria Sakura para terminar o que começou. ― Vamos sair daqui, sim? Para onde quer ir?

 

Sakura sabia que deveria ir até Itachi, a pessoa que seria capaz de entender a situação e ajudá-la, mas seu coração, corpo e mente pediam o contrário. Ela só queria estar nos braços de quem poderia protegê-la por dentro.

 

― Me leve até o Deidara ― pediu ― eu não quero ficar sozinha.

 

Konan auxiliou Sakura a se levantar e se recompor o máximo que podia no momento, então, com o braço envolvendo toda a extensão de seus ombros, fez o que ela pediu. Bateu na porta de Deidara por ela e ficou com medo do namorado da jovem garota não estar lá, mas elas foram atendidas após algum tempo.

 

Deidara, surpreso com a presença de Konan, demorou meio segundo para ver que sua namorada não estava bem. A presença de Sakura costumava ser imponente, mas ela estava extremamente acanhada. O semblante estava abatido, completamente oposto às expressões felizes que ela fazia durante a manhã.

 

Entretanto, o que mais o chocou estava apenas alguns centímetros abaixo de seu rosto. O pescoço pálido tinha horríveis marcas roxas, as marcas de dedos sendo perfeitamente distinguíveis na pele escura por hematomas. Eram marcas de quem havia chegado muito perto de morrer.

 

― Sakura! ― Deidara saiu para fora de seu quarto e tomou o rosto redondo em suas mãos. ― O que aconteceu?! Quem fez isso com você?!

 

― Eu vou deixá-los sozinhos ― Konan atraiu a atenção para si. ― Acredito que prefiram conversar em privacidade. Sakura-san ― Ela se virou para a menor. ―, sabe onde me encontrar se precisar de alguma coisa, não é?

 

― Obrigada, Konan ― ela agradeceu enquanto era conduzida a entrar para o quarto.

 

Deidara, enquanto fechava a porta, observou Sakura caminhar até a cama e sentar na beirada. A face com semblante de choque começava a se desfazer, agora em um lugar seguro. O rapaz não chegou a tempo até o seu lado antes que seu corpo se encolhesse e ela desabasse em um choro carregado de medo e desespero.

 

Sabendo que ela não conseguiria falar nada enquanto se afogava no próprio pranto, envolveu-a em um abraço apertado e não soltou-a pelo que parecia uma eternidade. Sakura chorou, soluçou e se engasgou até não conseguir mais fazê-lo e, quando finalmente soltou Deidara, ele tomou-a novamente nos braços e sabia que ela estava pronta para falar.

 

― Quem fez isso com você, Sakura?

 

― Mad… Tobi. ― Ela respondeu, hesitando antes de dizer o feitor de suas marcas na primeira vez. ― Eu estava na enfermaria.

 

― Tobi? Mas por quê? Você nunca fez mal algum a ele, fez? ― Ele franziu o cenho, chocado, porém não descrente da acusação de Sakura.

 

― Não a ele, mas ao que ele almeja. Deidara ― Ela respirou fundo. ―, eu preciso que você chame o Itachi para vir aqui. Eu sei que você o detesta, mas ele pode me ajudar e eu não quero sair do seu quarto por nada. Prometo que eu vou te contar tudo quando ele estiver aqui.

 

― Tudo o quê, Sakura? ― Deidara, mesmo que não intencionalmente, fechou a expressão.

 

― O ataque de hoje, o real motivo por eu ter curado a visão dele, o propósito de eu ter sido capturada e estar aqui, os meus encontros frequentes e aproximação com o Itachi. Nós podemos te responder tudo, mas ele precisa estar aqui. Por favor. ― Ela suplicou.

 

Deidara ponderou por um tempo que parecia longo demais, considerando a sinceridade com que Sakura falava com ele. Se fosse em alguma outra situação, ele teria até mesmo comprado briga com a namorada; mas o seu pescoço mostrava claramente que não era hora para aquilo.

 

Ele jurou para si mesmo que a protegeria e a faria viver e, mesmo que isso custasse um envolvimento indesejado com Uchiha Itachi, ele correria o risco.

 

Deu um beijo prolongado na testa de Sakura antes de sair do quarto, selar a porta com chakra e partir em busca da aberração Uchiha.


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Notas finais do capítulo

EM TERRA DE THEEPIC, JIRAIYA VIVO É RELIGIÃO, MERMÃO.



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