Capítulo 7: Maçante.

Eu estaria mentindo se não salientasse o fato de você ser um completo mané sabidinho.

Você acha que sabe de alguma coisa, mas a realidade é que você não sabe de nada além da arte de como ser chato - na realidade, você sempre dominou essa matéria.

Teve um dia em que eu tive a infelicidade de ser seu par naquele trabalho de história, onde deveríamos falar sobre Esparta e Atenas. Eu representaria Atenas, e, você, babaca, Esparta (você até fez uma piadinha ridícula dizendo que iria me deixar em ruínas, se ascendendo sobre mim).

Você é tão maçante. E eu, boba, pensando que nada poderia ser mais maçante que ficar após as aulas para fazer essa porcaria de trabalho com você, acabei me enganando redondamente. Você, com este seu jeitinho de pensar que, por algum motivo misterioso, é superior à raça humana, começou a ditar com essa boca preguiçosa coisas sobre Esparta que não constavam nos sites.

Eu me lembro como fiquei quando você começou a falar aquelas baboseiras: apoiei meu cotovelo na mesa e meu queixo no punho, ficando te encarando com os olhos semicerrados, bocejando vez ou outra, pensando que almoço me esperava em casa.

Não me lembro quanto tempo você ficou falando sobre a política Espartana, só sei que, naquele instante, eu te achei a pessoa mais chatamente maçante do planeta Terra. Não sei se você se ligou que eu estava praticamente dormindo sentada, sua voz carregada de informações adicionais servindo como um sonífero potente.

Eu tive vontade de te odiar naquele instante, você sabe, por ser um completo pé no saco maçante.

A apresentação foi um sucesso, e acho que o professor de história se revelou gay - é a única explicação plausível para ele ficar tão animado ao discutirmos sobre o porte físico dos espartanos.

Você ousou fazer a piadinha sobre me deixar em ruínas na frente da sala inteira, que soltou uma sonora e constrangedora exclamação maliciosa, me fazendo a sósia de um tomate maduro e provocando a sua gargalhada arrastada e quase maçante.

Bom, ao menos, eu tentei me convencer de que aquilo era maçante, porém grande parte de mim mesma insistia em tentar me convencer o contrário.