– Olá Raquel! –Ela diz sorrindo para mim com seus dentes perfeitos e brancos demais
– Olá mamãe! –Digo para a mulher a minha frente. Dou passagem e ela entra fazendo uma careta para a minha humilde residência.
– O meu Deus Raquel! Como você deixou o Brasil para vim morar nessa bodega?! –Ela pergunta incrédula e olho para ela como se tivesse demência.
– Minha querida mamãe foi você que me expulsou de casa! Grávida! O que a senhora queria que eu fizesse?! –Pergunto tentando manter a minha voz baixa. Kim ainda estava no seu quarto e ela não poderia vir aqui, não agora. –Aliás meu nome aqui na Califórnia é Rachel e não Raquel! –Ela revira os olhos e suspira.
– É mesmo, me esqueci do pequeno projeto de ser humano... então cadê esse projeto? –Ela pergunta passando o dedo pela a estante e fazendo uma careta quando vê a poeira.
– Não chama a Kimberly assim, ela está no quarto dela! –Digo frustrada e ela sorri para mim.
– Serio?! O nome da mamãe nesse projeto? –Ela solta uma risada alta e oro a Deus para que Kim não tenha escutado.
– A vovó iria me compreender me apoiar e me ajudar. Não foi como a senhora! –A mulher a minha frente solta uma risada bastante maligna.
– Iria mesmo, um maconheiro que somente soube fazer. Ele não se importou nem um pouco quando descobriu que estava grávida. Aliás ele morreu a.... dois anos eu acho –Ela faz uma careta e reviro os olhos. Escuto passos e logo Kim entra na sala, mamãe olha para minha garotinha que estava bastante confusa. –Essa é a sua filha? –Ela pergunta dócil e estranho.
– Sim, Kimberly quero lhe apresentar a vovó. Mamãe essa é Kimberly –Digo e Kim corre para mim se escondendo entre as minhas pernas com medo.
– Ela não tem nada seu, além dos olhos. Que pena que pegou tudo do maconheiro! –Ela diz com nojo na voz e aporta da frente de abre. Derek entra abalado e pronto para falar alguma coisa, mais é surpreendido pela a minha mãe que olha feio para ele.
[...]
Depois de explicar a minha vida nesses últimos 11 anos longe dela. Expliquei sobre Derek e o nosso relacionamento, expliquei sobre as crises de Kimberly. E claro contei sobre toda a história dos espíritos.
– Meu Deus! –Ela bate a mão na mesa e Derek aperta a minha cintura. –É tudo culpa da Rita! –Ela grita e reviro os olhos. De novo não!
– Mamãe, Rita não tem nada a ver com isso! –Digo e Derek beija a minha bochecha tentando me acalmar.
– É claro que ela tem, estou dizendo. Maria Rita é macumbeira, ela toca tambor toda sexta-feira a meia-noite. É incrível isso ela....
– ...sempre teve inveja de mim e da nossa família. E de você principalmente por ter casado com o papai! –Termino por ela bufando. Eu já sabia aquela história decorada. Todo santo dia, mamãe fazia questão de me lembrar sobre Maria Rita, nossa vizinha solteira de vinte anos.
– Aliás vocês dois são muito burros! –Ela pega as folhas e vê alguns. Depois ela solta um grito e joga a folha em minha direção. Pego e leio atentamente.
Os pais começaram a achar estranho aquilo, estava saindo sangue e muco dos animatrônicos. Além de estarem com um cheiro deplorável. O estabelecimento disse que não tem nada de errado com os animatrônicos e que eles apenas estão velhos e que logo iria ser concertado!
Franzo a testa olhando para minha mãe, ela pega um cigarro da sua bolsa e leva os lábios. Logo acende e dá uma tragada. Ela olha para mim com a sobrancelha erguida e dou de ombros.
– Você é mesmo burra Raquel!
– Rachel! Mamãe é Rachel! –Grito e ela dá de ombro, ela dá mais uma tragada soltando a fumaça pela a cozinha. Vou em direção a pia e abro a janela deixando que a fumaça saia.
– Os corpos das crianças. Estão nos animatrônicos, junte as peças Raquel. Você é mesmo muito burra! –Ela diz em um inglês perfeitamente que dá até inveja. Derek olha para mim esperançoso e sorri.
– Ela tem razão. Como fomos tão burros, estão neles Rachel. Descobrimos! –Ele grita me abraçando e lhe abraço também. Ele logo ataca meus lábios em um rápido beijo. Olho para mamãe que ainda tinha seu cigarro –que estava sujando meu chão – e levava o dedo a boca fingindo um vomito. Escuto meu celular toca na mesa e pego ele, franzo a testa quando o número é desconhecido. Logo atendo.
– Alô? –Um barulho de algo caindo entra na linha.
– Rachel?! Precisamos de você! –A voz de Marcus soa e reviro os olhos.
– Não estou no meu horário....
– Os animatrônicos! Sumiram!