Conspiração escrita por Lura


Capítulo 26
Julgamento


Notas iniciais do capítulo

LEIAM AS NOTAS!!!

Fala Galera! Tudo bem?

Primeiramente, gostaria de me desculpar pelo atraso do capítulo.

Passei o fim de semana todo sem internet em casa, então, não pude nem ao menos editá-lo. Eu uso o Google Documents para escrever a fanfic então, sem internet, sem capítulo (direto eu esqueço de baixar a cópia).

Fiquei tão chateada com isso, que resolvi postar numa segunda mesmo. E eu não sou muito fã de postar nas segundas (se bem que agora já é terça, yay!).

Bom, embora eu esteja chateada pelo atraso, devo dizer que estou muito feliz por outro motivo:

SEXTA RECOMENDAÇÃO, MANO!!!

Cara, não tenho nem palavras para descrever o quanto eu fiquei feliz quando li a nova recomendação! Por isso, o capítulo da semana será dedicado a Marimachan, que me proporcionou tal alegria!

Marimachan, muito obrigada pelas maravilhosas palavras dedicadas a fic! Fiquei encantada com todas as suas observações e lisonjeada com tantos elogios! Meu, é uma honra muito grande saber que esta fic "é uma das melhores fanfics do universo de Fairy Tail" que você já leu! Sério, fui ao céu e quase fiquei por lá mesmo quando li suas palavras. xD

Sei que você é leitora antiga (se não me engano, usava uma imagem da Nami antes, como avatar), por isso sou grata por todo o tempo que você dedicou a fanfic até hoje. Também agradeço, novamente, pela recomendação incrível que você escreveu. =D

Também não posso deixar de agradecer aos leitores que comentaram o capítulo da semana passada. São eles: Giu Bloodie S2, Svs DraGneel, Peter Flach, GabbySaku, Vicky Scarlet, Ba, Gutor, Trash e Happy Reader.

Enfim, espero que vocês curtam o capítulo, porque eu me diverti muito escrevendo-o!

Ah, fica a dica: Eu escutei um OST do anime enquanto escrevia alguns trechos e gente, fiquei rindo igual uma retardada na frente do computador. Provavelmente efeito da música, que é engraçada. Se vocês quiserem escutar também, os links estão inseridos no texto. Vai que vocês passam pela mesma experiência.

Também tem uma imagem "linkada", então fiquem atentos.

Beijos e até as notas finais!



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Capítulo XXV - Julgamento

 

ERA - 07 de abril de x792

Mais uma manhã, precedida por uma de muitas das noites mal dormidas da última semana.

O dia não precisara clarear para que Lucy despertasse. Ao contrário: Ela havia passado a madrugada oscilando entre a lucidez e a inconsciência, sem conseguir descansar, de fato.

Também, pudera. Ninguém poderia criticá-la por não conseguir dormir na noite antecedente ao seu julgamento. Contudo, a loira permaneceu, bem quieta em sua desconfortável cama, aguardando o momento em que a estridente sirene tocaria, alertando que, todos os prisioneiros, sem exceção, deveriam despertar.

Quando o som azucrinante cortou o ambiente, fazendo com que seus tímpanos protestassem violentamente, a loira apenas sentou-se sobre o colchão, aguardando o primeiro contato do dia com os terríveis carcereiros.

Ela sabia que, os demais detentos, eram diariamente conduzidos por volta desse horário ao refeitório para que pudessem realizar o desjejum, em completo silêncio. No caso de qualquer transgressão, os guardas eram autorizados a discipliná-los como entendessem conveniente. Todavia, a rotina da loira era diferenciada.

Desde sua chegada ali, a maga não deixou a cela em que fora trancafiada sequer uma vez, a não ser pelas ocasiões em que era conduzida para usar o banheiro e tomar banho e, por um breve momento, ocorrido alguns dias antes, onde a levaram para conversar com Makarov, seu defensor. Aparentemente, o fato dela supostamente ter cometido crimes contra o Estado, se mostrava o suficiente para ensejar seu isolamento.

Na realidade, ela até preferia assim. Não gostaria nem de imaginar o que poderia acontecer consigo e ao seu bebê, se caso um dos guardas cismasse que ela estaria agindo desobedientemente e resolvesse discipliná-la.

Aliás, esse fora um dos pontos enfatizados por Makarov, no curto diálogo que tiveram. As orientações do mestre foram diretas e claras: Não se meta em problemas. Não diga nada a ninguém, a menos que solicitem. Não mencione sua condição especial, até que eu diga que o faça.

É claro que a jovem estranhou o fato de não poder comentar sua gestação com ninguém, porém, ela não estava em posição de questionar. De certa forma, ela até sentia que seu filho estaria mais seguro desta forma. Sem que as terríveis pessoas que estavam submetendo-a àquela tormenta, soubessem de sua existência.

Enquanto repassava em sua mente as palavras de Makarov, a Lucy levou, instintivamente, as mãos ao abdómen. Podia ser impressão sua, mas ela tinha a sensação de que um pequeno volume começava a destacar-se naquela região, o que não seria realmente estranho. Afinal, ela havia alcançado o quarto mês de gestação.

— Quatro meses! - Sussurrou, sorrindo de leve, surpreendendo-se ao constatar que atingira tal marca naquele exato dia.

Entretanto, não pôde evitar de ser preenchida pela preocupação. Sabia que, a partir dali, a tendência era que sua barriga crescesse cada vez mais, portanto, não poderia ocultar a gestação por muito tempo.

Suas divagações foram bruscamente interrompidas pelo som de passos pesados, ecoando pelo corredor. Sobressaltada, a loira tratou de tirar as mãos do ventre e normalizar a respiração. Pouco depois, o rangido metálico que a fechadura da enorme porta provocava ao ser destrancada preencheu o ambiente.

Lucy observou dois guardas com cara de sapo adentrarem a cela. Um deles, trazia a bandeja com o seu café da manhã. O outro, uma sacola de papel.

— Aquela modelo da sua Guilda trouxe essas roupas, para que você usasse no julgamento. - Contou o que segurava a sacola.

— Mirajane? - A maga inquiriu. Entretanto, os guardas apenas lhe lançaram olhares superiores e a ignoraram.

Resignada, a jovem assistiu cada qual deixar a própria carga sobre o colchão, antes de, em conjunto, caminharem em direção a saída.

— Você tem uma hora para alimentar-se e aprontar-se. Ao término desse tempo, viremos lhe buscar para levá-la ao Tribunal Mágico. - Avisou um deles, antes de trancar novamente a porta.

Lucy encarou a comida, com uma careta de desagrado. Verdade que, na situação em que estava, não sentia o mínimo apetite. Entretanto, fantasiou a possibilidade de encontrar-se com Natsu, ou ao menos vê-lo de longe, durante a sessão. Ele certamente ficaria furioso ao constatar que a loira emagrecera, quando deveria ter engordado.

Com tal raciocínio, forçou-se a engolir todo o alimento que, aliás, viera em maior quantidade que nos dias anteriores. Talvez o Conselho temesse ser acusado de deixar seus prisioneiros a beira da inanição. Fazer isso com um membro da Fairy Tail, guilda que criava confusão com qualquer coisa, não era mesmo muito inteligente.

Cada vez que engolia uma porção, sentia-se aliviada por, ao menos naquela manhã, ver-se livre dos terríveis enjoos. Curiosa, questionou-se mentalmente se era verdade o fato de eles cessarem completamente após o terceiro mês de gestação.

Uma vez alimentada, a jovem levantou-se, espreguiçando-se desajeitadamente. Logo, lembrou-se da sacola trazida pelo guarda, e apanhou-a, interessada.

Em seu interior, além de um par de roupas íntimas adequadas, havia um belo vestido, de cor azul celeste. A loira ergueu a peça, para contemplá-la melhor.

O vestido tinha um modelo simples, justo da gola até a linha do busto, que era marcada por uma faixa de renda branca, e flúido dali para baixo. A saia tinha o corte godê, que ampliava seu efeito rodado. O decote era quadrado, e as mangas 3/4, decoradas com a mesma renda delicada que acinturava a peça.

A loira encarou o traje, curiosa. Embora fosse um vestido bonito, exceptuando a cor, não possuía nada que lembrasse ao modo costumeiro que Lucy costumava se vestir. Mentalmente, questionou-se se havia algum motivo especial para que Mirajane o tivesse escolhido.

Afastando tais dúvidas, se apressou em retirar o horrível conjunto azul-caribe - que constituía o uniforme dos detentos - e  tratou de aprontar-se. Conforme imaginara ao contemplar o vestido, constatou, assim que o trajou, que sua saia alcançava a linha do joelho. Era bem comportado.

Outro detalhe chamou a sua atenção: Devido a sua silhueta imperial, a roupa chamou certa atenção para a sua barriga, dando a impressão de que ela se encontrava um pouco maior do que realmente estava. Preocupada, franziu o cenho. Afinal, Makarov havia pedido que sua gestação permanecesse em segredo.

Sem poder fazer nada sobre o assunto, a loira continuou arrumando-se com os demais itens encontrados no pacote: Calçou uma sapatilha envernizada azul safira, que afivelava-se com uma tira no tornozelo. Ajeitou os cabelos com uma tiara de cetim, da mesma cor dos sapatos. Não havia na cela espelho algum para que se contemplasse, mas ela sabia que, se não fosse pelas pulseiras inibidoras de magia e pela maldita expressão de zumbi que ganhara na última semana, estaria parecendo uma boneca.

Por fim, escovou os dentes e enxaguou o rosto, em uma pia localizada ao canto do cômodo, caminhando posteriormente para a cama, onde sentou-se para aguardar o retorno dos carcereiros.

Enquanto esperava, não pôde evitar de pensar sobre o que lhe aguardava. Pelo raso conhecimento jurídico que possuía, somado as informações recebidas, sabia que a sessão de julgamento que ocorreria dali a pouco, seria apenas a primeira, de várias, o que significava que levaria algum tempo ainda para que fosse sentenciada.

Embora o fato de dispor de certo tempo lhe deixasse mais tranquila, não conseguia evitar de sentir-se nervosa. Afinal, em breve seria levada a público como uma criminosa. Tristonha, balançou as próprias pernas, buscando distrair-se dos pensamentos desesperadores. Tentou não pensar no peso que aquela acusação teria sobre sua carreira e reputação. Até porque, a existência de um futuro em que ela pudesse desfrutar de ambas, no momento, não passava de uma possibilidade.

Se apenas conseguisse sobreviver a tudo aquilo, seria grata o suficiente para correr atrás do prejuízo.

O tinido que as chaves provocavam ao detravar a porta, trouxeram Lucy de volta a realidade. Apreensiva, encarou a entrada, aguardando a entrada dos carcereiros.

Ela não sabia o que esperar daquele dia.

E algo lhe dizia, que não era muito inteligente cultivar esperança.

 

• • 

 

Pacientemente, o velho de longa barba grisalha, terminou de organizar os documentos que estavam sobre sua mesa. Ele havia desenvolvido parte dos trabalhos do dia com sua frieza e precisão costumeiras, sem se abalar emocionalmente pelo evento que se iniciaria dali a alguns momentos.

O homem sabia que os seus colegas, provavelmente, já haviam tomado os devidos assentos no Tribunal. Certamente, seu atraso devia estar sendo amplamente questionado, não apenas pelos funcionários do Conselho, como também pelo público presente.

Mas ele pouco se importava.

Grand Doma não dedicaria um milímetro a mais de seu esforço habitual, para comparecer ao julgamento de Lucy Heartfilia.

Apenas iria, ostentando a frequente carranca, como se a eficácia de seus planos em nada se relacionasse com o futuro da maga estelar.

Certificando-se de que tudo estava em ordem, o presidente do Conselho Mágico levantou-se, apanhou seu cajado em forma de serpente, preparando-se para caminhar até a saída.

Porém, interompeu o próprio percurso ao perceber a porta de seu gabinete ser aberta sem cerimônia, possibilitando a entrada de um visitante não anunciado.

Curioso, apenas arqueou as sobrancelhas ante ao ato, encarando com desdém a única pessoa capaz de tal insolência.

— A secretária presente na minha antessala serve para, entre outras coisas, anunciar os visitantes. - Alfinetou, em seu costumeiro timbre seco. - Não deveria estar no Tribunal, Org? - Questionou.

— Poderia fazer-lhe a mesma pergunta, Grand Doma. - Devolveu o outro membro do Conselho, ignorando o tratamento adequado para o cargo de presidente.

Grand Doma encarou o recém chegado, sem alterar a própria postura nem mesmo um centímetro. Sequer a expressão facial mudara durante o breve diálogo.

Por sua vez, Org devolvia o olhar com severidade contida. Nem o morcego que adornada o topo de sua cabeça calva, que geralmente era encarado como alívio cômico, tinha a capacidade de desanuviar sua postura austera.

— A que devo a visita inoportuna? - Inquiriu o presidente, de forma incisiva.

Um breve silêncio antecedeu a resposta do outro:

— Vim conferir se você realmente pretende seguir com essa loucura.

Forçando um suspiro resignado, Grand Doma meneou a cabeça. Org estreitou os olhos, sem se deixar levar pela atuação do colega.

— Se por loucura você se refere ao julgamento de uma criminosa, por que eu não deveria levá-lo adiante? - Perguntou. - Aliás, questiono-me a razão pela qual veio até mim. Afinal, sou jurado tanto quando você, e não o promotor. O que faz com que essa nossa breve conversa se torne perjúrio. - Atacou.

— Ainda não estamos sobre juramento, portanto, não há perjúrio. - Retrucou.

Antes de prosseguir, Org massageou as têmporas, como se tal gesto fosse capaz de expulsar a dor de cabeça infernal que o acometia.

— Olha, realmente não me surpreende o fato de você sacrificar a liberdade ou a vida de uma inocente para manter a ordem no mundo mágico. - Contou. - Mas ambos sabemos que a prisão de Heartfilia é muito mais que um bode expiatório. - Acusou.

— Eu realmente, desconheço o rumo dessa conversa. - O presidente comentou, cinicamente.

— Eu estou bem ciente do que está tramando, Grand Doma. - Avisou Org, avançando dois passos em direção ao colega.

Vendo as ações do companheiro de entidade, o presidente apenas ergueu o canto dos lábios, abrindo um leve e desafiador sorriso.

— Se realmente é como o diz, por que não toma as devidas providências? - Indagou, com escárnio.

Surpreendendo levemente o líder do Conselho, Org apenas deu meia volta, caminhando novamente em direção a saída.

Contudo, antes de deixar o cômodo, parou sobre a soleira e, sem encarar aquele para o qual direcionava a palavra, avisou:

— Certamente, tomarei.

 

• • 

 

As instalações do Tribunal Mágico edificadas em ERA, não eram muito diferentes daquelas localizadas em Magnolia. Entretanto, tudo parecia ser feito em escala aumentada.

O número de cadeiras para o público, era maior. A elevada plataforma de madeira, onde os conselheiros deveriam se acomodar, muito mais suntuosa. As altíssimas paredes alternavam entre a coloração branca e escarlate, com diversas colunas gregas adornando-as em seus comprimentos. Tudo exageradamente sofisticado.

Tamanho requinte, na prática, apenas conseguia reforçar o ar intimidador que o ambiente transmitia. Entre os visitantes, não havia uma viva alma que conseguia se sentir a vontade. Sequer os funcionários da entidade, com raras exceções, logravam na tarefa de manter o próprio íntimo confortável.

Conforme os minutos escorriam, o burburinho da plateia só aumentava. Todos questionavam a demora de alguns jurados. Entretanto, não eram os membros do Conselho que provocavam tamanha excitação. A verdade era que todos aguardavam a atração principal:

A chegada de Lucy Heartfilia.

O fato de uma integrante, relativamente famosa, de uma das Guildas mais populares de Fiore, estar sendo submetida a julgamento por traição e homicídio, fora o suficiente para lotar os assentos disponibilizados para o público, com os mais diversos tipos de espectadores: Curiosos, membros de outras Guildas, Acadêmicos e jornalistas. Vários jornalistas, dentre os quais Jason se destacava.

Esses formavam a parcela da plateia que não se continha de tanta ansiedade, e acabava por extravasá-la pela conversa. Todavia, existia outra parte do público que mantinha-se em completo silêncio, a não ser por poucas e baixas palavras trocadas ocasionalmente:

Os membros da Fairy Tail.

Os participantes da Guilda haviam comparecido em peso para a sessão, dispostos a prestar toda a solidariedade possível para a companheira injustiçada. Porém, eles haviam sido alertados severamente pelo mestre que não deveriam causar reboliço algum no Tribunal.

Talvez, só talvez, aquele aviso pudesse ter sido dispensado dessa vez.

O pessoal da Fairy Tail, em sua maioria, mantinham-se focados na plataforma onde, gradualmente, os Membros do Conselho se acomodavam. O ódio que sentiam pelo que aquelas pessoas estavam fazendo com sua colega era tamanho, que eles nem sentiam vontade de conversar. Apenas aguardavam.

Não demorou para que alguns deles, começassem a questionar a demora. Afinal, a sessão já estava, ao menos, vinte minutos atrasada.

— Eu vou atrás dela! - Um jovem de cabelos rosados avisou, levantando-se do primeiro banco da plateia, sendo, prontamente, empurrado de volta por uma maga de armadura.

— Você vai ficar quieto aqui. - Falou Erza. Não era uma ordem, e sim uma afirmação. Se a ruiva dizia que ele ficaria ali, então, de fato ele ficaria. Quisesse ou não.

— O velhote está conversando com a Lucy, Natsu. - Gray, que estava sentado a direita do dragon slayer, lembrou. - É vantajoso para ela que a seção demore, assim eles terão mais tempo para se prepararem. - Explicou.

— Eu também queria conversar com ela. - Confidenciou, aflito.

— Você vai. - Garantiu Titânia. - O que quer que vocês tenham planejado a semana inteira, tenho certeza que vai dar certo. - Assegurou, mesmo que nutrisse uma pontinha de ressentimento por ser excluída da estratégia elaborada. - Eu confio em todos vocês! - Concluiu, sentando-se do outro lado do mago do fogo e abrindo um sorriso complacente.

Um aumento na animação das vozes que cochichavam sem parar, pôde ser captada pelos companheiros de time. Curiosos, procuraram a  fonte do alvoroço, percebendo, então, que todos os membros do Conselho já estavam a postos.

— Vai começar. - Erza avisou.

Corroborando suas palavras, o Mestre Makarov adentrou apressadamente o salão por uma das portas laterais, acomodando-se em uma mesa localizada a direita, entre a plataforma dos Jurados e as grades que separavam o público.

Imediatamente após, dois guardas com cara de sapo surgiram da mesma entrada, conduzindo Lucy Heartfilia até a chancela de madeira localizada ao centro, lugar onde deveria permanecer, durante a sessão.

A chegada da loira elevou ainda mais a balburdia dos presentes, entretanto, ela ignorou isso totalmente. Seu único interesse, no momento, era localizar o dragon slayer do fogo, entre a plateia.

Não demorou muito para que ela conseguisse. Logo que o encontrou, estabeleceu com ele um contato visual significativo, enquanto os carcereiros removiam as correntes de suas pulseiras, liberando seus braços.

Natsu teve o impulso de saltar a grade de proteção e correr até ela completamente sobrestado, quando as mãos cautelosas de Erza e Gray posaram, sumultaneamente, em ambos os seus ombros.

— Contenha-se. - Pediu Gray, totalmente sério.

O moreno sabia que estava exigindo demais de seu amigo impulsivo, pois ele mesmo estava aguentando o máximo para não perder as estribeiras. Definitivamente, ver uma amiga naquela situação não era uma das coisas mais agradáveis de vivenciar.

O barulho de madeira chocando-se contra madeira eclodiu pelo ambiente, fazendo com que todo e qualquer resmungo cessasse. Imediatamente, todos os presentes voltaram-se para o presidente Grand Doma, que estava assentado em uma plataforma acima dos demais jurados e martelava, insistentemente, até certificar-se de que o mais puro silêncio reinaria.

Assim que o salão tornou-se tranquilo, o Líder do Conselho Mágico, pigarreou, antes de  se pronunciar:

— Declaro instalada a primeira sessão, da décima segunda reunião ordinária do Tribunal Mágico de Fiore, realizada no ano de x792. - A voz áspera reverberou pelo ambiente. - Leiam a denúncia. - Determinou.

Prontamente, um dos diversos funcionários humanoides, que jaziam assentados abaixo da plataforma dos Conselheiros, obedeceu, erguendo uma folha em frente a sua cara feia e recitando as palavras registradas ali, com voz nasalada:

“O Departamento Criminal do Conselho Mágico de Fiore, amparado pelo Rei e pelas leis que regulamentam o uso de magia no reino, denuncia Lucy Heartfilia, Cidadã de Fiore, Solteira, Maga registrada na Guilda oficial Fairy Tail, Filha de Jude Heartfilia e Layla Heartfilia, residente e domiciliada à cidade de Magnólia, pelos fatos delituosos abaixo descritos:

Consta da investigação realizada que a denunciada conspirou contra o Reino de Fiore e sua leis, ao integrar projetos que afrontam nosso ordenamento mágico.

Restou amplamente comprovado que a acusada participou ativamente da construção de um portal mágico intitulado ‘Portão do Eclipse’, ritual conhecidamente retirado de um dos Livros de Zeref, bem como compactuou com Seita denominada ‘Nihil Occultum’, na execução de diversos projetos ilegais.

Ainda, tem-se indícios da participação da denunciada no homicídio de Yukino Aguria, efetuado com a prática da maldição nomeada ‘Maledicite Vincla’.

Por tais atos, Lucy Heartfilia enquadra-se nos delitos tipificados nos artigos 289 (por duas vezes) e 121, respectivamente, do Código Penal mágico, razão pela qual o Departamento Criminal do Conselho Mágico de Fiore, solicita que ela seja levada a julgamento.

Documento assinado por Hallbamn Roriz, membro designado por sorteio para a acusação.”

A leitura de denúncia mal terminara e a plateia já encontrava-se, novamente, agitada. Uns surpresos, pela gravidade dos crimes que a loira, supostamente, havia cometido, outros - em sua maioria, membros da Fairy tail - praguejando baixinho, por toda aquela palhaçada.

Lucy, apenas permanecia estática, aparvalhada com tudo aquilo. Considerando que as acusações não passavam de mentiras deslavadas, que tipo de provas poderiam ter contra si? Amedrontada, não pôde deixar de estremecer, desejando que, o que quer que Makarov tivesse em mente, desse certo.

Novamente, as batidas do martelo de Grand Doma retumbaram pelo local, fazendo, com eficiência, com que todos se calassem.

— Ordem! - Pediu. - A defesa, agora, tem a oportunidade de apresentar as primeiras alegações, antes que as testemunhas de acusação sejam ouvidas. - Avisou, mais por costume.

Afinal, era raras as ocasiões em que algo realmente relevante era debatido, nessa fase processual. No geral, a defesa apenas afirmava não ter o que declarar, e aguardava a oportunidade para que as provas fossem apresentadas, para que tivesse maiores fundamentos para contestar a denúncia.

— Pois não, excelência. - Levantando-se, Makarov respondeu, para a surpresa dos jurados.

— O Senhor tem alguma alegação? - Inquiriu, Grand Doma, desconfiado.

— Exato. - Confirmou Makarov, causando a curiosidade geral.

— Está com a oportunidade. - Declarou o presidente, de má vontade.

Calmamente, o mestre da Fairy Tail levantou-se, e caminhou até que ficasse mais próximo a Heartfilia. Sentindo a atenção de todos sobre si, pigarreou, antes de manifestar-se:

— A defesa pede a suspensão do processo, movido contra Lucy Heartfilia, com fundamento no artigo 62, inciso III, do Código Penal Mágico. - Falou.

A maioria dos membros do conselho encararam o pequeno homem com estupefação. Alguns, arquearam as sobrancelhas, levemente curiosos. Até mesmo Lucy o olhava, surpresa. O presidente, por sua vez, apenas estreitou os olhos.

Perdão, o que disse? - Perguntou, certo de que escutara errado.

Pacientemente, Makarov repetiu o pedido, palavra por palavra, transformando a confusão do líder do conselho em irritação.

— Você não pode estar falando sério. - Declarou.

— Ao que me consta, o ambiente não é propício para gracejos. - Devolveu o defensor.

Furioso, Grand Doma comprimiu os lábios secos.

— Procedam a leitura do dispositivo mencionado. - Ordenou, já que o conteúdo do referido artigo lhe fugia da memória.

Imediatamente, um dos funcionários humanoides, pôs-se a remexer-se em seu lugar, procurando, a todo custo, o Código para que pudesse acatar a ordem.

— Aqui, achei! - Anunciou, erguendo um pesado livro.

Atabalhoadamente, começou a folhear as páginas, em busca do artigo citado.

— Aqui está, artigo 62 do Código Penal Mágico. - Anunciou, preparando-se para ler.

“O julgamento realizado pelo Tribunal Mágico poderá ser adiado e/ou o processo ser suspenso:”

Recitou, em alta voz.

— Agora vou ler o inciso III. - Avisou, antes de prosseguir, voltando-se imediatamente para o livro.

“Inciso III: Em caso de gestação da ré, entendendo os jurados a conveniência da situação e, obrigatoriamente, em quadros onde a saúde do nascituro e da gestante apresentem riscos.”

Assim que o homem-sapo concluiu a leitura, percebeu que, novamente, um burburinho espalhava-se por parte da plateia, enquanto os membros da Fairy Tail tentavam traduzir o que fora dito. Confuso,  olhou em direção ao presidente, tentando entender a situação, já que não havia prestado muita atenção nas palavras que reproduzira.

— Makarov. - Grand Doma chamou, tentando não evidenciar qualquer nota de irritação na voz. - Esse artigo aplica-se apenas na hipótese de gestação da denunciada. - Explicou, didaticamente, na esperança de que o pequeno velho apenas se desculpasse pelo equívoco e tornasse a se sentar.

— Eu sei. - O mestre da Fairy Tail avisou. - É por isso que eu pedi a suspensão do processo.

Desde a leitura do artigo, que Lucy estava muito atenta a situação. Acostumada a leituras complicadas, como era, não teve dificuldades em interpretar o dispositivo normativo. Mas nem por isso ela estava menos chocada com as circunstâncias.

Desejando intimamente procurar um buraco para se esconder, a loira contemplou a dúvida no semblante de seus colegas no intervalo de tempo que Makarov levou para tomar fôlego e anunciar, em alto e bom som:

— A denunciada, Lucy Heartfilia, está grávida.

Silêncio.

Um silêncio sepulcral tomou conta do Tribunal, antecedendo a proxima reação do público, que foi totalmente oposta.

ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊHHHHHHHHHHHHHHHHHHH????? - O grito confuso e uníssono abandonou a garganta dos espectadores, especialmente os membros da Fairy Tail.

A desordem foi imediata.

Os visitantes, curiosos, logo começaram a debater a mais nova fofoca, entre si.

Os jurados, se olhavam, surpresos demais para se pronunciarem.

Grand Doma arregalou os pequenos olhos, pois jamais previra tal situação.

Makarov seguia indiferente a tudo, mas a sua postura, mesmo que fosse neutra, demonstrava que ele apenas se divertia com tudo aquilo.

— Ela está na décima sétima semana. - Anunciou, para fomentar a discussão.

A maga estelar, por sua vez, apenas encolheu os ombros, incomodada pelo novo tipo de atenção que recebia. Claro que ela já vinha sendo o centro das atenções antes, mas agora, a situação evoluíra para algo mais… Íntimo.

Agora ela entendia o motivo por trás da escolha de seu traje. Mirajane (que ela concluíra saber de sua gestação, de alguma forma), havia selecionado cuidadosamente a peça que chamaria toda a atenção para o seu ventre, criando a ilusão de que ele se encontrava maior.

Completamente corada, sentia vontade de esconder-se atrás da pequena proteção de madeira a sua frente.

Enquanto isso, a bagunça seguia, sem limites. E os integrantes da Fairy Tail, mais que todos os presentes, estavam em polvorosa.

— Grávida??? - Erza, que havia levantado-se, pelo susto, praticamente gritava, esquecendo-se de onde estava. - Quer dizer, a Lucy está gravida??? - Acrescentou.

— Como assim grávida? - Gray uniu-se a ela, em seus questionamentos.

— Muita coisa faz sentido agora. - Gajeel comentou, indiferente.

— Como assim faz sentido? - Levy inquiriu, completamente atordoada. - Quer dizer, ela está grávida! Céus, a Lu-chan está grávida! - Esganiçou, agitando os braços.

— Eu disse que os peitos dela estavam maiores! - Vangloriou-se Cana, tomando um longo gole de sua bebida, que ela disfarçara furtivamente em uma garrafa de refrigerante.

A loira, não tinha nem coragem de virar-se para encarar os amigos. Apenas seguia escolhendo os ombros, retraindo-se cada vez mais, como se aquele gesto fosse capaz de fazer com que ela desaparecesse.

— Quem diria! - Evergreen, que lutava para acalmar o pequeno Egeo, que assustara-se com toda aquela confusão, exclamou, com desdém.

— Ter filhos é coisa de homem! - Elfman bradou.

— Cool! Cool! Cool! - O repórter Jason, surgido do além, começou a gritar, registrando cada momento do furdunço com sua câmera.

A confusão seguia, sem restrições, enquanto os membros da Guilda, completamente atordoados, questionavam a situação, até que o presidente do conselho, pareceu acordar. Sacudindo a cabeça, visando clarear a mente, assumiu novamente o semblante rígido costumeiro, antes de martelar novamente contra o suporte.

— ORDEM, ORDEM!!! - Bradou, praticamente abafando as marteladas. Estava furioso.

Não foi fácil reestabelecer a calma no local. Todos estavam chocados demais, ou agitados demais. Também, pudera: Não era todo dia que uma gravidez era anunciada em pleno tribunal.

O líder do conselho seguia golpeando a mesa com força até que, finalmente, a paz prevalecesse.

— Senhorita Heartfilia! - Chamou, com severidade, fazendo com que a jovem se encolhesse ainda mais. - Isso é verdade? - Inquiriu.

Novamente, inúmeros olhares ávidos se direcionaram a garota, com expectativa e a mesma intensidade de facadas. Inspirando fundo, na tentativa de impulsionar sua voz, que havia se perdido pelo choque, a loira respondeu:

Hai— Confirmou, infelizmente, constatando que seu timbre não saíra intenso como gostaria.

Novamente, os cochichos tomaram o salão, fazendo com que uma veia saltasse na testa do líder do conselho.

— Ordem! - Tornou a gritar e martelar. Ao ser atendido, desviou os olhos em fúria para a figura constrangida da maga estelar. - Ao que me consta, a Senhorita Heartfilia é solteira, e não possui relacionamentos. - Disse o velho, desconfiado da situação. - Então, vocês podem me dizer quem é o pai dessa criança? - Perguntou, tentando pegá-los em uma mentira.

Entretanto, Makarov manteve a expressão serena, antes de fornecer a resposta:

— Natsu Dragneel. - Contou, indiferente.

Novamente, um silêncio mórbido tomou o ambiente, até que a plateia reagisse.

ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH?????

Se o grito anterior, dado pelo público, já havia sido estridente, o atual alcançara tal amplitude, que fora capaz de espantar os pombos posados no telhado do prédio.

— Você é o pai? - Erza gritava, sacudindo o mago do fogo pelo colarinho. - VOCÊ VAI SER PAI???? - Acrescentou, aos berros. 

— Erza, pare com isso! - Pediu Levy, embora estivesse tão chocada com a situação como a amiga. - Gray, me ajude! - Pediu para o moreno que, de tão atordoado, apenas permanecia sentado, fitando o nada.

— O Natsu vai ser pai! - Jet exclamou, encarando Droy e mais alguns membros. - É o fim dos tempos! - Emendou, estupefato.

— Isso quer dizer que vocês fizeram... - Scarlet continuava, agitando o dragon slayer, que tentava desesperadamente se soltar. - Que você e Lucy fizeram... - Esganiçava, aparvalhada.

— Erza, não precisamos saber dos detalhes!!! - Censurou a baixinha azulada.

— Cool, cool, cool, cool, cool, cool!!! - Jason falava, não parando de disparar flashes sequer um segundo.

Da mesma forma que a maga estelar, Dragneel apenas encolheu-se no lugar, assim que conseguira, com o auxílio de Gajeel, livrar-se das garras da ruiva. Por mais que ele soubesse que, segundo o plano de Mirajane, tudo aquilo iria acontecer, não podia negar que tal alvoroço era completamente constrangedor.

— A Rival no amor vai ter um bebê antes da Juvia! - A maga da água lamentava, aos prantos.

— Juvia, por favor! - Meldy tentou acalmá-la. - Dessa forma o tribunal vai acabar alagando!

O pequeno grupo que já tinha ciência da gravidez, composto por Wendy, Charle e a Strauss mais velha, apenas observava tudo, com enormes gotas na cabeça. Entre as mais estranhas e diversas reações, as três perceberam que, alguns, pareciam ter entrado em estado catatônico. Era o caso de Happy.

O pobre exceed azul, desde o anúncio da gestação de Lucy, praticamente congelara. Como se aquela notícia fosse muito mais do que o seu cérebro brilhante, pudesse suportar. Contudo, o felino forçou-se a sair de seu transe, concentrando-se no sentimento que crescia em seu interior.

— NATSU, SEU SAFADO!!! - Seu grito agudo ecoou pelo salão. - Por que vocês não me contaram? - Questionou, enquanto ele voava até parar diante do amigo, chorando magoado.

— Happy, agora não! - Praticamente suplicou o mago do fogo.

— Eu guardei o segredo de vocês! - Lembrou o Exceed, ressentido. - Não contei a ninguém que vocês estavam juntos e é assim que vocês me agradecem? - Concluiu.

— Você nos chantageou, isso sim! - Acusou Dragneel. Àquela altura, a discussão dos amigos já atraia a atenção de todos os espectadores.

— ORDEM, ORDEM, ORDEM!!! - O timbre completamente zangado do Presidente tornou a ecoar, seguido de mais marteladas. - Se o público não mantiver a decência, serei obrigado o solicitar que os Cavaleiros Rúnicos o retire do local. - Ameaçou.

De imediato, todas as pessoas acalmaram-se, voltando aos devidos lugares. Com exceção de algumas, claro, que ainda estavam chocadas demais para assimilarem a gravidade da situação.

— Senhorita, se você não retornar ao seu lugar, os Cavaleiros Rúnicos a conduzirão para fora. - Um dos funcionários do conselho alertou Titânia, que encontrava-se de pé, virada para a parede.

— Um filho! - Exclamou, olhando uma das pilastras gregas que adornavam o local. - Natsu e Lucy terão um filho! - Confidenciou, como se a coluna pudesse compreendê-la muito bem.

Foi com certa dificuldade que o funcionário conseguiu conduzir a ruiva até o seu lugar. Percebendo que a plateia, novamente, esfriara os ânimos, o Presidente retomou a palavra:

— Eu espero que isso não seja um artifício para retardar o andamento do processo. - Alfinetou.

— De forma alguma. - Makarov negou, fingindo indignação. - Lucy Heartfilia realmente está grávida de Natsu Dragneel. - Afirmou, caminhando de volta até o balcão onde estava acomodado minutos antes. - Para comprovar o que digo, eu trouxe cópias do prontuário médico, do período que Lucy esteve internada no Hospital Municipal da cidade de Daristan. - Comunicou, apanhando um envelope e entregando ao mesmo funcionário que lera o código, momentos antes.

Imediatamente, o homem-sapo subiu a plataforma, entregando o envelope na mão do primeiro jurado a esquerda, que analisou o conteúdo e o passou para frente. Rapidamente, o prontuário já havia corrido de mão em mão.

— Nós podemos providenciar provas testemunhais, se for o caso. - Alegou o mestre, sendo imediatamente fuzilado pelo olhar hostil de Grand Doma que, logo em seguida, voltou-se para Hallbanm.

Finalmente acordando, o membro do conselho que agia como acusador, empertigou-se, pigarreando para chamar atenção.

— Essas provas devem ser ignoradas. - Afirmou. - Nada garante que esse prontuário seja verdadeiro. Além do mais, todos sabem que as testemunhas podem ser facilmente influenciadas. - Argumentou.

— Ainda assim, eu gostaria de ouvi-las. - Pediu Org, seguido por um murmúrio de concordância de alguns dos jurados, fazendo com que o acusador anuviasse o semblante.

— Para que as testemunhas sejam ouvidas, os nomes devem ser passados previamente, o que não foi feito pela defesa. Ao menos não para as alegações preliminares. - O presidente lembrou.

— Estamos tratando de um caso especial. - Org contestou. - Em todo caso, uma gravidez não é algo que possa ser fingido com facilidade e que também é fácil de ser comprovada. Para mim, os prontuários são o suficiente. - Opinou.

— E você faz parte da defesa, agora? - Rosnou Hallbanm.

— Senhores, contanham-se. - Pediu o presidente.

Àquele ponto, os membros do conselho discutiam entre si, esquecendo-se completamente que eram assistidos por centenas de pessoas, incluindo jornalistas ávidos por qualquer bobagem que se tornasse interessante aos olhos do público.

— Ordem! - Tornou a pedir o líder. - Temos que adotar logo um posicionamento quanto ao pedido preliminar. - Falou, com extrema má-vontade.

— Eu proponho - Uma voz masculina, um tanto inconsistente, começou. Logo, todos voltaram-se para um dos estranhos membros do conselho, que era pequeno, com cabelos alvos e espetados, ajeitados em uma bandana que quase lhe encobria totalmente os olhos. A forma que conseguia enxergar através do tecido, era um verdadeiro mistério. - que o assunto seja adiado para uma próxima sessão. - Sugeriu. - Se a autenticidade dos exames é o problema, o próprio conselho pode requisitar a um profissional de confiança que os refaça. Caso a ré de fato esteja grávida, então passaremos para a oitiva das testemunhas, e deliberaremos o assunto. - Concluiu.

— A acusação se opõe a ideia. - Contrariou Hallbanm.

— Eu apoio. - Org manifestou-se. - Parece que precisaremos votar. - Observou com um sorriso presunçoso.

Lucy acompanhava a discussão, completamente apreensiva. até já havia se esquecido do vexame a que fora submetida minutos atrás.

A possibilidade de poder passar a gravidez em casa havia reacendido a esperança em seu interior. Afinal, nos últimos sete dias, esteve crente de que seu filho, provavelmente, nasceria no presídio.

Aflita, encolheu-se quando percebeu que o Presidente do Conselho desviou o olhar irritado de Org para si. Sentia-se uma lebre diante de um lobo faminto.

— Peço que os senhores jurados manifestem sua opinião. Aqueles que são contra a proposta realizada, ergam uma de suas mãos. - Determinou Grand Doma.

A loira sentiu-se extremamente nervosa enquanto alguns dos jurados, incluindo o lider do conselho, ergueram as mãos. Contudo, sorriu exultante quando percebeu que eles somavam apenas três.

— Os favoráveis, agora. - Determinou, o presidente, entredentes. Cinco pessoas, entre as quais Org se incluia, manifestaram-se. - Nesse caso, designo uma nova sessão para daqui a dois dias. - Decidiu. - Até lá, providenciaremos os exames para confirmar a gestação de Lucy Heartfilia. - Concluiu, batendo o martelo e encerrando as atividades.

Mesmo sobre o olhar ranzinza do velho, a maga estelar não pôde deixar de inspirar aliviada. Afinal, ela mais do que ninguém sabia que não havia como esses exames apontarem contra a verdade.

Estava grávida de Natsu, isso era fato.

Um tanto esperançosa, virou-se para encarar o dragon slayer do fogo nos olhos. E, pela primeira vez desde que pisara no tribunal, abriu um sorriso verdadeiro.

Apesar de toda a raiva que sentia pela situação, o mago não pôde evitar de sorrir de volta. Acima de tudo, queria que a parceira se sentisse otimista. Não podia suportar a ideia de saber que Lucy tinha estado completamente desolada.

Sozinha e desolada.

Confiante, Dragneel fez uma promessa, apenas com um mover de lábios, para que somente Heartfilia pudesse captar sua mensagem, todavia, sem saber se ela seria capaz de compreendê-la:

“Eu vou tirar vocês daqui!”. - Garantiu.

O sorriso da jovem alargou-se um pouco.

— Eu sei. - Ela sussurrou, enquanto os guardas algemavam-na, preparando-se para levá-la novamente, sabendo que a audição aguçada do companheiro permitiria que ele escutasse sua resposta. - Eu sei. 

 

 


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Notas finais do capítulo

FINALMENTE, A REVELAÇÃO!!!

Gente, quero tanto saber o que vocês acharam deste capítulo! Esse momento foi tão pedido que foi difícil me segurar para escrevê-lo só agora.

Mas, eu o idealizei exatamente assim, então, espero que vocês também tenham gostado e se divertido tanto quanto eu me diverti. Curtam a descontração, semana que vem o negócio vai ser tenso. =X

Ah, a título de conhecimento, estou deixando o link de uma imagem relacionada ao Conselho Mágico.

A imagem mostra os membros do Conselho ativos na época em que a fic ocorre: http://imgur.com/UqdvMRH

Lembrando que esse é o nomeado "conselho reformado". Desses, os únicos que têm seus nomes revelados São Org e Grand Doma, o que dificulta minha vida.

É isso. Espero que vocês tenham gostado.

Até mais!



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