Conspiração escrita por Lura


Capítulo 20
Relacionamentos


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores mais lindos do Nyah! :3

Se eu estou feliz? Estou extremamente feliz!

A razão? Por que a fanfic recebeu mais uma linda recomendação!

Agradeço imensamente ao leitor Italo Azevedo, por ter dedicado um tempo para escrever palavras tão maravilhosas sobre a fanfic.

O Italo é um leitor antigo, que acompanha a história desde a fanfic Vínculo Mágico. Tanto na primeira fic quanto nesta, ele sempre foi ativo, deixando comentários e alegrando muito essa que vos fala.

O ato de dedicar o capítulo ao leitor que recomenda é simbólico, mas é o mínimo que eu posso fazer para expressar toda a gratidão que sinto por tal consideração. Por isso Italo, esse capítulo é dedicado a você! Muito obrigada por gostar tanto da fanfic, por sempre comentar e pela belíssima recomendação! =D

Também, não posso deixar de agradecer aos leitores que comentaram o capítulo passado. São eles: Gutor, Vicky Scarlet, Mádulce, Saberus, Giu Bloodie S2, GabbySaku, Italo Azevedo, Happy Reader e Khaleesi. Os comentários dessa semana me deixaram especialmente feliz. Gostei do modo como vocês opinaram. =]

Agora fiquem com esse capítulo, que já começa tenso, só para dar a vocês um gostinho do desespero que vem pela frente.

Espero que gostem.

Até as notas finais!



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Capítulo XIX - Relacionamentos

 

ERA - Sede do Conselho Mágico - 29 de março de x792

O mago de cabelos escuros e levemente bagunçados, caminhava pelos corredores da sede, sem conseguir disfarçar sua apreensão. Não era muito difícil que ele recebesse ordens diretas dos membros daquela instituição, contudo, era totalmente incomum - ao menos para ele - ser chamado pelo presidente.

Era de conhecimento geral que Gran Doma só confiava missões a pessoas de sua extrema confiança.

Também era fato que o mago, cuja face era marcada por uma cicatriz em forma de cruz, não integrava esse grupo restrito.

Portanto, ser convocado repentinamente pelo presidente, obviamente não significava boa coisa. E ele nem se atrevia a iludir-se com o contrário.

Ao alcançar secretaria que antecedia o grandioso gabinete, estranhou a ausência da funcionária responsável pelo local. Respirando profundamente e preparando seu psicológico para o que quer que estivesse por vir, o homem caminhou até a elegante porta branca que dava acesso ao cômodo seguinte. Sem mais delongas, bateu três vezes contra a madeira fria.

— Entre. - A voz frígida, rabugenta e imponente retumbou com facilidade, mesmo considerando todas as barreiras físicas que os separavam. Sem pestanejar, o recém chegado obedeceu. - Doranbolt! - O presidente exclamou, assim que ambos os magos estabeleceram contato visual.

— Senhor. - Respeitosamente, saudou, adentrando o ambiente e fechando a porta.

— Você demorou. - Sem preocupar-se em ser educado, o homem velho reclamou.

— Peço que me perdoe por isso, Senhor. - Desculpou-se o mais novo, de forma solene.

— Suponho que tenha vindo andando. - Divagou. - Não poderia ter se teleportado? - Indagou, ajeitando o enorme chapéu negro. - Já que foi agraciado com uma magia tão útil, deveria usá-la para atender o chamado urgente de um superior, não acha? - Alfinetou, sem cerimônia, deixando Doranbolt ainda mais desconcertado.

— Mais uma vez, peço que me perdoe, Senhor. - Pediu. - Eu não usei minha magia pois estava um tanto…

— Nervoso? - O presidente cogitou, certeiro. - Imaginando o porquê de eu chamar, com tamanha premência, justamente você? - Completou, desfiando cada palavra com certa superioridade.

— Sim senhor. - O mago mais novo apenas confirmou, não gostando nada do rumo que a conversa estava levando.

— Presumo que a cada passo percorrido, você tenha elaborado teorias que justificassem minha convocação. - Ponderou, voltando seu olhos para alguns documentos oficiais espalhados por sua mesa. - Todas ruins, acredito.

— Não posso negar tal fato. - Respondeu Doranbolt, coçando a cabeça de forma nervosa.

— E eu estou certo de que, ao menos uma delas, está parcialmente correta. - O presidente comentou, erguendo novamente a cabeça para que seu olhar cortante caisse diretamente sobre o semblante amedrontado do outro.

— Senhor… - Doranbolt começou.

— Não vou me alongar em jogos psicológicos, garoto. - O mais velho anunciou, levantando-se. - Contarei de vez o meu propósito.

Doranbolt não pôde evitar de engolir em seco. O presidente Gran Doma, apenas pela aparência, já conseguia provocar certo temor nas pessoas. O chapéu negro, a longa capa que habitualmente trajava e o cajado em forma de serpente não formavam um conjunto muito simpático. Além disso, Os olhos sisudos combinados com os longos cabelos alvos e a enorme barba, lhe conferiam um aspecto arrogante e sinistro.

— Estou ciente de que você agiu algumas vezes fora das ordens que lhe foram dadas. - Revelou, observando o quanto o corpo do jovem parecia rígido. - especialmente, durante Os Grandes jogos Mágicos do ano passado.

— Senhor… - O mago começou, reticente. - Sobre aquilo, eu…

— Nem mais uma palavra sobre o assunto. - O velho atalhou, calando o subordinado imediatamente. - Afinal, não queremos que todas as pessoas que tiveram as memórias manipuladas por você, se deem conta disso. - Explicou. - Ao menos, não até que a hora chegue. - Emendou.

Espantado, Doranbolt arqueou as sobrancelhas. O presidente do conselho, aparentemente, sabia que ele tinha manipulado a memória de praticamente todos os conselheiros e de boa parte da população da Capital Crocus. Entretanto, para estar tentando evitar que todos os afetados tomassem conhecimento desse fato, era provável que não soubesse exatamente as alterações feitas pelo mago. Caso contrário, todos já teriam recuperado a memória, istantâneamente. Era assim que sua magia funcionava.

— Eu não estou entendendo o seu objetivo, Senhor. - Falou, mantendo o tom respeitoso.

— Por ora, não precisa entender. - Rispidamente, o presidente replicou. - Mas eu tenho a oportunidade perfeita para que você se redima. - Anunciou.

O mago de cabelos negros sentiu o corpo estremecer. Qualquer que fosse essa oportunidade, era fácil prever que não se tratava de uma missão comum.

— E o que eu devo fazer? - Reunindo coragem e esquecendo-se do formalismo, inquiriu.

— Momentaneamente, apenas integrar uma guarnição que será enviada até Magnolia. - Respondeu, abrindo um sorriso escarnecedor.

— Magnolia? - Completamente confuso, Doranbolt perguntou, tentando estabelecer, em sua mente, qualquer tipo de ligação entre a conversa que se desenrolara até então e a dita cidade. - Para quê? - Insistiu, insolente.

Sustentando o sorriso, o presidente sentou-se novamente em sua majestosa cadeira de veludo, cruzando as mãos apoiadas na mesa, antes de responder.

— O Hanami está chegando. - Comentou, casualmente. - Você deveria deixar de questionar seu superior e aproveitar a oportunidade para contemplar o desabrochar das maravilhosas Cerejeiras-Arco-Iris. - Aconselhou, falsamente. - Isso, é claro, depois de receber e cumprir os meus comandos. - Concluiu, voltando-se para os papeis em sua mesa.

 

• • •

 

Magnolia - 29 de março de x792

— Francamente! O quão irresponsáveis vocês dois conseguem ser? - A velha Senhora de cabelos em tom de rosa desbotado, perguntou, externando sua reprovação.  

Lucy e Natsu retrairam-se, ante a reprimenda. Havia aproximadamente trinta minutos que a dragon slayer celeste havia chegado ao apartamento da maga estelar, acompanhada da curandeira da Fairy Tail. A partir de então, descobrindo o motivo pelo qual havia sido arrastada pela garota de cabelos azuis, Porlyusica passou a se revezar entre examinar a loira e recriminá-la, juntamente com o mago do fogo.

— Graças a inconsequência de vocês, eu fui obrigada a abandonar o sossego da minha floresta e atravessar esse amontoado de humanos desordeiros, para chegar até aqui. - Reclamou, enquanto alisava o ventre de Heartfilia, com as mãos envoltas em um estranho brilho dourado. - Vocês fazem ideia de como essa cidade fica infernal na época do Hanami? - Indagou.

— Grandine-san… - Wendy, que apenas observava os procedimentos sentada, tentou acalmá-la.

— Já disse para não me chamar assim. - A velha interrompeu, ríspida, embora a garota soubesse que ela a censurava mais por costume que por desagrado.

Hai. - Limitou-se a responder.

Determinada a fazer com que Lucy se cuidasse dali em diante, a pequena curandeira mal pisara em Magnolia e já foi atrás de sua mentora, explicando a situação do casal de amigos. Nem é preciso dizer que, momentos antes, a loira quase caiu para trás, ao atender a porta e deparar-se com a conselheira médica da Fairy Tail.

— Bom, é como o médico que lhe atendeu explicou. - Começou a senhora, atraindo a atenção dos presentes. - O bebê está bem, mas você está anêmica. - Explanou. - Vou passar uma lista de alimentos e algumas poções, e você— Enfatizou, apontando para Natsu - cuide para que ela se alimente e tome os remédios no horário, nem que tenha que forçá-la a tal. - Orientou.

— Pode deixar. - O dragon slayer respondeu, sério, ao passo que Lucy cruzou os braços e inflou as bochechas, irritada como uma criança.

— Considerando a situação atual - Continuou, voltando-se para a maga estelar -, é melhor que você repouse por pelo menos dois dias. - Determinou.

— Mas e o Hanami?! - Lucy interviu, desesperada. - Eu realmente quero participar do festival!!! - Comentou, com a voz chorosa, fazendo a velha bufar, irritada.

— Não deve haver problema em sair amanhã a noite, se você descansar hoje, o dia inteiro, e amanhã durante o dia. - Comunicou Porlyusica, vendo a jovem suspirar, aliviada. - Entretanto, só estará liberada amanhã a noite. - Reforçou. - Se eu desconfiar que você me desobedeceu, vou garantir que não coloque os pés para fora de casa até a hora do parto. - Ameaçou, assumindo uma postura assustadora. - Entendeu?

— Sim senhora! - Lucy respondeu de pronto.

— Ótimo! - Exclamou, enquanto ajuntava seus materiais. - Mais uma coisa: - Avisou, preparando-se para ir embora. - Eu entendo se quiserem manter sigilo da situação, ao menos até que se acostumem com a ideia, e eu vou respeitar isso. - Falou, estranhamente compreensiva. - Entretanto, Wendy ficará de olho nos dois e, qualquer atitude irresponsável da parte de vocês, contarei eu mesma a Makarov sobre a gestação. - Concluiu, virando-se e caminhando em direção a porta.

— Obrigada Velhota. - Agradeceu Natsu.

— Ora, seu insolente… - A curandeira, tirando uma vassoura sabe-se lá da onde, deu meia volta, pronta para aplicar um corretivo naquele moleque que se intitulava pai.

— Vamos, Grandine-san! - Puxando-a pela cintura, Wendy chamou, desesperada.

— É por isso que eu odeio humanos! - Porlyusica saiu, resmungando.

A dragon slayer celeste a seguia para fora do quarto, quando parou por um momento na soleira e encarou Lucy, que estava deitada na cama.

— Não se preocupe, Lucy-san! - Falou, sorrindo levemente. - Prometo que também manterei segredo. - Garantiu.

— Obrigada Wendy-chan! - A maga estelar também sorriu, em resposta.

O casal de magos ouviu os passos das duas visitantes ecoando pelo apartamento, seguidos do rúido que a porta da frente fez ao ser fechada. Tão logo percebeu que estavam sozinhos, Natsu se jogou de costas contra o colchão, deitando-se ao lado de Lucy, que, por sua vez, aninhou-se mais ao edredom que a cobria.

— Hei, Lucy. - Colocando ambas as mãos abaixo da nuca e fitando o teto, o dragon slayer chamou.

— Hmm? - A loira murmurou, virando o pescoço para encará-lo.

— Por mais que a velhota tenha dito que vai nos dar um tempo - começou -, nós temos que contar tudo ao pessoal da Guilda. Que estamos juntos e sobre o bebê. - Falou.

Assim que o mago calou-se, Heartfilia também passou a mirar o forro, como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Poucos segundos se passaram antes que ela suspirasse cansada. Natsu estava certo.

— Eu sei. - Admitiu. - Escondemos nosso relacionamento por muito tempo, e agora ainda tem a gravidez. Imagino que será bem difícil para o pessoal digerir, tudo de uma vez. - Apertou a barra do cobertor, nervosa.

— Realmente. -  Concordou Dragneel.

— Mas vamos esperar pelo menos até o fim do Hanami. - Pediu a loira. - Afinal, a cidade está cheia de repórteres. E depois do Projeto Heaven, eles ficam me assediando. É um incômodo. - Lembrou. - Imagine se eles descobrem que estamos juntos e ainda vamos ser pais? - Conjecturou. - Vai ser um escândalo!

— Não que eu me importe com isso. - Confessou Salamander, deitando-se de lado, em direção a companheira de equipe.

— Eu me importo. - A maga estelar imitou o gesto, virando-se de frente para ele.

— Se é importante para você - começou, levando uma das mãos sorrateiramente até a cintura da jovem. -, então pode ser.

— Natsu! - Lucy  reclamou, ao sentir a mão dele adentrar sua blusa.

— Quê? - O mago do fogo forçou um tom desentendido, enquanto puxava-a para perto.

— Eu estou de repouso! - Lembrou, tentando afastar o próprio pescoço dos caninos do dragon slayer.

— Uhum… - Ele resmungou, contra a pele alva, direcionando-se aos lábios da garota e atacando-os sem piedade, em seguida.

Lucy correspondeu o gesto de imediato, dando passagem para a língua morna de Natsu, que entrelaçou-se com a sua de modo lascivo. As mãos, moveram-se automaticamente, uma em direção ao peito do rapaz, e outra até os cabelos róseos.

Por sua vez, Dragneel, enquanto aprofundava o beijo, desceu uma de suas mãos em direção ao quadril da maga loira, e com a outra, percorria o caminho entre o joelho e a coxa bem definida.

— Natsu, é sério! - Resmungou ela, afastando-se. - Sem esforços por enquanto. - Recordou. - É pelo bebê.  - Concluiu, rolando de modo que ficasse de costas para o rapaz.

— Jogo sujo. - Reclamou Salamander, puxando-a novamente, para que dessa vez, deitassem de conchinha.

Automaticamente, uma das mãos do mago do fogo descansaram sobre o ventre da maga estelar, que sorriu com a ação. Era incrível a forma que se sentia protegida junto a ele. Alegre, colocou uma de suas mãos sobre a dele.

— Natsu… - Chamou.

— Hm? - Respondeu, monosilábico, contra seus cabelos dourados.

— O que nós somos? - Questionou, externando uma dúvida que a meses a atormentava.

— Como assim? - Pelo tom, a jovem pôde identificar o quanto ele parecia confuso com a pergunta.

— Você disse que temos que contar para o pessoal da Guilda que estamos juntos. - Começou. - Mas o fato de estarmos juntos, nos torna o quê? - Inquiriu, incisiva. Natsu remexeu-se, inquieto. - Namorados? - Sugeriu, vendo o silêncio do rapaz.

— Não. - Dragneel respondeu, para surpresa de Heartfilia. Percebendo que ela queria desvencilhar-se dele, provavelmente para encará-lo, manteve-a presa no lugar, tratando de completar: - Somos parceiros.

O ambiente permaneceu silêncioso por um tempo, até que Lucy terminasse de analisar a resposta dada pelo mago. Parceiros? O que raios aquilo significava? Será que aquela palavra apresentava alguma definição além daquela que ela já conhecia?

— O que isso quer dizer? - Finalmente manifestou-se, completamente curiosa.

Natsu respirou fundo. A explicação seria longa. E complicada.

— Veja bem… - Iniciou, apenas para ser interrompido.

Batidas violentas contra a porta da frente denunciavam a presença de um visitante. De um visitante nada educado, pelo visto.

— Por que que sempre que tentamos conversar, alguém bate na porta e nos interrompe? - Protestou a loira, revoltada.

— Não apenas quando tentamos conversar. - O mago do fogo acrescentou, mal humorado, fazendo com que a jovem corasse levemente.

Novas batidas ecoaram pelo apartamento, arrancando de ambos um suspiro, desanimado. Lucy chegou a colocar os pés para fora da cama, mas foi empurrada de volta por um Natsu irritado.

— Repouso, lembra? - Falou simplesmente, levantando-se.

— Eu só ia atender a porta. - A maga estelar rolou os olhos para cima.

— Deixa que eu atendo. - Dragneel avisou, já caminhando pelo cômodo. - Você continua deitada. - Determinou.

Ignorando os protestos da companheira, Salamander deixou o quarto, atravessando a sala enquanto o visitante tornava a golpear a porta de entrada. Sem paciência, girou a chave e puxou a maçaneta de uma vez, deixando a síndica, que estava parada do outro lado, com uma das mãos erguidas, a meio caminho de socar a madeira novamente.

— Até que enfim! - Reclamou a gorducha de óculos, que usava uma pavorosa echarpe de raposa em torno do pescoço quase inexistente. - Pensei que precisaria colocar a porta abaixo. - Comentou, com toda a sua educação.

— Posso ajudar em alguma coisa? - Natsu, que também não era um exemplo de bons modos, foi logo perguntando, sem nem ao menos saudar a visitante.

— Na verdade não. - Respondeu, rabugenta. - Estou apenas passando para comunicar que, a partir do próximo mês, o aluguel será reajustado para noventa mil jewels. - Anunciou.

— O quê? - O mago do fogo perguntou, irritado. - Você não pode fazer isso! - Reclamou.

— Posso, uma vez que o contrato de aluguel entre sua namoradinha - usou um tom de deboche - e eu, é unicamente verbal. - Explicou. - Eu realmente tentei segurar o valor antigo o máximo que eu pude, mas não dá mais. Estamos em tempos de crise, e o preço de tudo nesse reino está ficando exorbitante. - Contou.

— Que ótimo! - Ironizou o dragon slayer.

— Vocês podem procurar outro imóvel, se quiserem. - Sugeriu a senhora, com arrogância. - Mas alerto que, dificilmente, vocês encontrarão um lugar tão bem localizado quanto este por menos que esse valor. - Comunicou, convencida.

— Eu vou conversar com a Lucy. - Natsu replicou. - Qualquer coisa, avisamos a senhora.

— Certo. - A síndica assentiu e, sem despedir-se, deu meia volta, rebolando o traseiro gordo para longe dali.

Surpirando irritado, Dragneel fechou a porta, imaginando como contaria a notícia a Lucy. Ela com certeza iria surtar.

Quando preparava-se para voltar para o quarto, o mago do fogo captou um ruído mínimo e automaticamente estreitou os olhos. Furioso, terminou de atravessar a sala num rompante e abriu a porta do cômodo seguinte, de forma rude, encontrando Lucy deitada, com o semblante confuso.

— É tão difícil assim permanecer na cama? - Revoltado, perguntou para a loira.

—  Do que você está falando, Natsu? - Devolveu a pergunta. - Eu estou deitada, não estou? - Fez-se de inocente.

Exasperado, o dragon slayer suspirou. Então seria assim.

— Eu ouvi seus passos Lucy. - Revelou, observando um rubor de constrangimento tomar a face da companheira de time. - Sei que estava ouvindo atrás da porta. - Emendou.

Ainda que envergonhada, a maga estelar tentou manter a pose. Afinal, sua mente não acusava que tivesse feito qualquer coisa errada.

— Eu queria saber do que se tratava. - Justificou.

— Isso não é desculpa. - Natsu replicou. - Eu iria te contar, de qualquer forma. - Completou, caminhando até a cama e, novamente, jogando-se ao lado da loira. - Parece que você só lembra que está de repouso na hora de me evitar. - Acusou, sarcástico, sabendo o efeito que a brincadeira provocaria em Heartfilia.

Tal como esperava, o rosto de Lucy começou a tingir-se de um tom avermelhado, dessa vez, por causa da irritação, e uma veia pulsou em sua testa.

— Há uma diferença muito grande entre atender a porta e fazer o que você está querendo. - Praticamente rosnou, entredentes, os punhos cerrados. Natsu gargalhou. - Não ria! - Ordenou, zangada. - Temos coisas mais importantes para conversar nesse momento!- Lembrou, acertando-lhe um travesseiro.

— Não precisamos conversar sobre isso agora, Lucy. - Disse o mago do fogo, evasivo. - A única coisa com que deve se preocupar, no momento, é descansar.

— Natsu, isso é sério! - O timbre da loira expressava a gravidade da situação. - O aluguel vai subir vinte mil jewels e, com a chegada do bebê, teremos mais despesas! - Recordou, gradualmente caindo em desespero. - Não importa como eu encare a situação, só consigo ver o quanto ela é pessima e continua a piorar. - Concluiu, beirando o choro.

— Lucy! - Apoiando-se nos cotovelos, Dragneel ergueu o tronco, para encará-la de cima. - Descanse. - Sua voz era austera. - Eu disse que você não estaria sozinha, e não vai estar. - Garantiu, deitando-se novamente e puxando-a para seus braços. - Apenas repouse agora, para que possamos pensar com mais calma sobre a situação depois. - Encerrou o assunto, puxando-a para seus braços.

A jovem queria protestar. Queria dizer que a situação toda não tratava-se de uma brincadeira, ou de um conto, onde tudo se resolveria automaticamente com o tempo. Mas percebeu também, que maior que a vontade de discutir, era o desejo de permanecer naquele abraço, ignorando os problemas do mundo e fingindo que nada poderia atingi-la enquanto estivessem juntos.

 

• 

 

Como não poderia deixar de ser, o salão principal da Fairy Tail estava em polvorosa. Mesmo que o festival do Hanami só fosse acontecer dali a dois dias, alguns integrantes da guilda estavam dispostos a festejar desde já, bebendo como se não houvesse amanhã. Outros magos, cumpriam algumas missões simples, a fim de angariar prêmios para a realização do tradicional bingo realizado durante os festejos.

A maioria dos membros que não se encaixavam em nenhuma das duas situações citadas, estava sentada em volta de várias mesas ajuntadas, onde diversos materiais de papelaria estavam espalhados. Eram tubos de cola, folhas de isopor, purpurina, papel picado e fita adesiva para todos os lados, que, unidos sob as mãos dedicadas que os manuseavam, se tornavam belos ornamentos para a festividade.

— Então a Lucy poderá ir ao festival? - Perguntou Levy a Wendy, enquanto arrematava um belo móbile de estrelas prateadas.

— Sim. - A menina confirmou, concentrada em recortar os moldes de novas estrelas. - Se ela se comportar, estará liberada amanhã a noite. - Acrescentou, como se estivesse falando de uma criança mais nova que ela.

— Que bom! - Exclamou a usuária de Solid Scirpt, realmente aliviada. Afinal, aquele não era apenas o primeiro Hanami de Lucy junto ao pessoal da Guilda, mas o primeiro Hanami que a Fairy Tail, com seu quadro de membros praticamente completo, participava em oito anos. E a animação era facilmente percebida no semblante de todos, especialmente daqueles que não ficaram congelados em Tenroujima.

— Mas afinal, por que a Lucy ficou tão mal? - Laki, que praticamente dava pulinhos de alegria enquanto montava as estrelas, por meio de dobraduras, questionou. - Vocês não foram atingidas pela mesma magia?  - Emendou, fazendo a pequena maga congelar no lugar.

— Sim, mas… - A menina estava preparando-se para explicar, quando foi interrompida.

— Wendy! - Mirajane gritou, detrás do balcão. - Precisamos de mais materiais. Você poderia me ajudar a trazê-los do depósito? - Pediu.

— Claro! - Prontamente, a pequena curandeira concordou, agradecendo mentalmente a interrupção oportuna.

Não é que a pequena não soubesse o que responder. Mas o fato dela ter que mentir - na verdade, omitir - parte dos fatos, a deixava um tanto nervosa, o que faria com que ela automaticamente gaguejasse e desviasse o olhar. E isso poderia gerar suspeitas desnecessárias sobre Natsu e Lucy, que, no momento, precisavam apenas de paz e tranquilidade para lidar com os próprios problemas.

Não demorou muito para que a dragon slayer se afastasse, fazendo com que o assunto fosse esquecido pelos demais integrantes da mesa. Ao menos, pela maioria deles.

— Não acha que a Wendy está agindo de forma estranha nos últimos dias? - Erza, que empenhava-se em montar um móbile inteiramente confeccionado por ela, desde o desenho até os recortes e dobraduras, perguntou para Gray, quase num sussurro.

O moreno, que estava mais preocupado em descobrir onde suas calças tinham ido parar do que em picar papeis coloridos, ergueu apenas uma sobrancelha, analisando o questionamento da ruiva.

— Estranha como? - Esquecendo-se que estava apenas de cueca, o mago do gelo devolveu a pergunta, também em tom ameno.

Titânia largou o pedaço de papel que vinha colando e levou o indicador até os lábios, como se esse gesto fosse ajudá-la a encontrar a resposta. Poucos segundos depois, retomou seu trabalho, antes de responder:

— Durante a missão, ela parecia estar sempre inquieta. - Contou. - Como se algo a preocupasse. - Revelou, tentando desgrudar um pouco de cola dos dedos. - Embora ela pareça mais tranquila agora, vez ou outra ainda demonstra estar um tanto aflita. - Concluiu.

— Eu não percebi nada disso. - Fullbuster, honrando seu gênero, que não era exímio perceptor dos sinais comportamentais alheios, declarou.

— E agora, com Natsu e Lucy… - Divagou ela, reticente.

— O que tem eles dois? - Perguntou.

— Nada. - A maga de armadura replicou, aparentemente não querendo levar o assunto adiante. - É que eu ando com a sensação de que aqueles três estão escondendo algo de nós. - Explicou, encerrando o assunto.

Claro que tal comentário deixou o usuário de magia de criação com a pulga atrás da orelha. Mas Gray sabia também que Erza não prosseguiria no assunto, razão pela qual decidiu ignorar o incômodo momentaneamente, concentrando-se novamente em olhar em volta, procurando suas roupas.

A verdade era que Erza vinha observando, sutilmente, o relacionamento dos dois amigos há algum tempo. Por volta da época em que descobriram que Lucy estava viva e que o Dragon Slayer passou a morar com ela, a ruiva ganhou a certeza de que a amizade que os dois companheiros de time partilhavam, logo evoluiria para um romance. E ela esperou, pacientemente, por qualquer sinal capaz de confirmar suas suspeitas, para que, quem sabe um dia, pudesse se vingar pelo vexame que o dragon slayer a tinha submetido, no instante em que invadira seu quarto na Fairy Hills, interrompendo seu momento íntimo com Jellal.

Para sua frustração, os dois amigos não apenas continuaram agindo normalmente, como se afastaram bruscamente, após Lisanna ser molestada, em Osimiri.

Foram quase três meses em que o dragon slayer e a maga estelar agiram como se não se conhecessem, o que não foi notado pelo estabanado do Gray e, aparentemente, ignorado por Wendy.

Apenas por ocasião da Noite do Pijama, realizada em sua nova casa, é que Scarlet deduziu, ao menos parcialmente, o que havia ocorrido. Com a revelação de Lisanna de que havia beijado o mago do fogo, durante seu estado de torpor, e pela troca de olhares assassinos entre a albina caçula e a maga estelar, não fora difícil inferir que a loira tinha presenciado o ato e tirado conclusões precipitadas. Mas também, quem não tiraria?

Naquele momento, percebera com satisfação que, se os dois amigos ainda não haviam se envolvido romanticamente, estavam no caminho disso. Afinal, se o que mantinham era apenas uma amizade, um beijo não seria o pivô de um afastamento de meses, certo?

Conforme previra, após os devidos esclarecimentos, o relacionamento dos dois companheiros de time, aparentemente, voltou ao normal. Porém, ainda não havia qualquer evidência de romance por parte deles, para frustração de Titânia. Ao menos, não em público.

Decidida a permanecer apenas como uma espectadora silenciosa, que volta e meia fazia pequenas intervenções - como no dia em que mandara Wendy até o apartamento de Lucy para pedir um pacote de açucar emprestado, sabendo que ela estaria sozinha com Natsu -, a ruiva aguardou, observando cada gesto que poderia indicar que seus amigos estavam progredindo.

Felizmente, ou não, no dia anterior, não fora apenas um gesto que reforçou suas suspeitas de vez, e sim um quase assassinato. Natsu, em um momento de descontrole, ao ver a maga estelar em perigo, ativou a dragon forçe, não matando o ladrão de gemas por muito pouco.

Claro que, se o observador fosse outro, diria que aquilo não necessariamente apontava um romance. Afinal, Salamander já havia ativado a Dragon Force em outros momentos. Aliás, a primeira vez que Erza presenciara o dito poder, quem estava em perigo era ela, na Torre do Paraíso, e não Lucy.

Ocorre que, aquela era a primeira vez que Dragneel ativara o poder espontaneamente, sem o auxílio de um componente externo. E isso sim, queria dizer muita coisa.

Para completar, agora, essa sensação de que Wendy escondia alguma coisa, a deixava completamente inquieta. Seria o romance? Sera que a pequena havia descoberto alguma coisa comprometedora sobre os dois? Teria ela, naquele dia em que fora buscar o pacote de açúcar, flagrado-os em uma situação suspeita?

— Erza, por que você está ficando vermelha? - Cana, que mesmo tombando de bêbada não deixava nada passar, inquiriu, chamando a atenção de todos na mesa para a estranha reação da ruiva.

— E-eu não estou vermelha! - Titânia respondeu, rápido demais, tropeçando nas próprias palavras.

— Ah, saquei! - Continuou a morena, maliciosa. - Você está com saudades do Mystogan, por isso fica repassando mentalmente os momentos que viveram juntos. - Acusou, descaradamente.

— NÃO É NADA DISSO! - Colocando-se de pé, Scarlet negou. Aquilo só podia ser castigo, por ficar maliciando as atitudes de seus amigos. Constrangida, afastou tudo que fosse relacionado a Natsu e Lucy de sua mente, para que não fosse pega novamente de guarda baixa. - Vejam, terminei um! - Desconversou, comemorando animadamente ao exibir o móbile em que vinha trabalhando.

Todavia, a expressão de Titânia se contorceu em uma careta de dúvida, ao constatar que seus amigos encaravam o adorno, estupefatos.

— O que exatamente deveria ser isso? - Gajeel, que até segundos atrás estava atormentando Levy, indagou, sendo o único suficientemente sem noção para manifestar-se.

— Como o que deveria ser? - Sem entender, a ruiva repetiu. - São estrelas, oras! - Afirmou, agitando levemente o enfeite, onde diversas massas informes de coloração prateada estavam penduradas.

— Essas coisas não são estrelas nem aqui, nem em Édolas! - Declarou o dragon slayer do ferro.

— Gajeel! - Levy o repreendeu, prevendo onde tudo aquilo iria chegar.

— Mas é sério! - Sem se dar conta do modo que todos os que estavam sentados se retraíram, ante ao clima pesado, o mago prosseguiu. - Só vejo um monte de bolas amassadas. - Comentou, casualmente. - Mas parecem chiclete mascado. - Comparou.

O que aconteceu em seguida foi tão repentino, que os presentes mal puderam acompanhar visualmente. Irada por ter seu precioso trabalho achincalhado de modo tão aberto em frente aos seus companheiros de guilda, Erza, subitamente, atirou-se contra o ex-Phanton Lord, voando por cima das mesas de madeira. O movimento fora tão rápido, que Gajeel só se deu conta do que acontecia, quando já estava estirado no piso de madeira, sendo impiedosamente espancado pela ruiva em seu modo demoníaco.

— Erza, pare! - Levy pediu, levantando-se para tentar apartar a briga.

— Droga, se isso continuar, vamos perder o trabalho de um dia inteiro. - Lamentou Laki, enquanto o furdunço seguia.

— Juvia também terminou um! - Ignorando a confusão ao redor, a mulher chuva anunciou, erguendo de forma exultante um móbile onde diversas miniaturas do Gray, confeccionadas em papel, balançavam levemente.

— VOCÊ NÃO VAI PENDURAR ISSO NAS CEREJEIRAS DE JEITO NENHUM! - Completamente envergonhado, o mago do gelo gritou, fazendo com que os olhos da Lockser se enchessem de lágrimas.

— Mas Juvia teve tanto trabalho para fazer! - Reclamou, chorosa.

— Imagina todos esses bonequinhos do Gray pendurados nas árvores. - Conjecturou Cana, tomando um longo gole da caneca de madeira que segurava. - Vai ficar parecendo um mini-enforcamento. - Disse, com toda a sua inconveniência, sem perceber que feria os sentimentos da maga da água.

— Você tem muito talento, Juvia-chan! - Meldy tentou consertar a situação, vendo a desolação da colega de time¹. - Talvez, fique legal se pendurarmos no seu quarto. - Sugeriu.

— Isso não vai ficar legal pendurado em lugar nenhum! - Cortou Fullbuster. - Por favor, livrem-se dessa coisa! - Pediu, rispidamente.

De imediato e sem entender exatamente a razão, o moreno recebeu um olhar gelado da Lockser mais nova - ainda precisava se acostumar que a ex-criminosa tinha adotado o sobrenome de Juvia² -, e engoliu em seco. Podia jurar que, antes de desviar a expressão de desprezo, a garota de cabelos rosas tinha resmungado algo como “idiota”.

— Juvia-chan, porque não vamos fazer compras para o Hanami agora, antes que escureça? - Perguntou, levantando-se. - Você prometeu que me acompanharia. - Lembrou, de forma doce.

— Ah, claro, Mel-chan. - A azulada concordou, animando-se um pouco.

Sem demora, as duas magas afastaram-se da mesa de braços dados, desviando com maestria do amontoado de chutes e socos que eram Gajeel e Erza, sendo acompanhadas pelo olhar confuso do discipulo de Ur. Quando estavam prestes a deixar a guilda, a jovem de cabelos rosas ainda virou o pescoço, apenas para, em uma atitude completamente infantil, mostrar a língua para Fullbuster, antes de sumirem porta afora.

— Mas o que raios foi isso? - Mentalmente, o mago do gelo questionou, tentando compreender porque aquela sequência de acontecimentos tinha o incomodado tanto.

 

• • •

 

¹ Nesta fanfic, Meldy passou a integrar a Fairy Tail, formando uma equipe com Juvia, pessoa de que é mais próxima.

² Meldy Lockser: Nome adotado por Meldy, após decidir se juntar a Fairy Tail. Fato explicado no capítulo "Negatórias e Chantagens".


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?

Muito amorzinho o Natsu com a Lucy, não acham? Eles ainda estão se acostumando com a ideia de ser pais, mas já dá para ver como se preocupam com a situação.

Não sei se conseguirei escrever sobre o Hanami já no próximo capítulo, mas ele se aproxima... Vejamos se isso será bom ou ruim.

É isso. Espero que tenham gostado.

Até o próximo capítulo!



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