Conspiração escrita por Lura


Capítulo 13
Noite das Garotas


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Sem delongas, trago um novo capítulo para vocês, novamente adiantado. =D

Como estou com muito sono, não tenho nem cabeça para elaborar notas decentes. Mas acho que o que vocês precisam saber é que, do capítulo anterior para este, passaram-se pelo menos dois meses.

Como sempre, um agradecimento especial aos leitores que comentaram os dois últimos capítulos: GabbySaku, Giu Bloodie S2, Rora chan, Ren, Dark Spirit, Happy Reader e Saberus.

Então é isso. Espero que gostem.

P.S.: Como eu disse anteriormente, estou com muito sono. Então, relevem os possíveis erros. Podem me avisar, se encontrarem alguns. =]



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Capítulo XII - Noite das Garotas

 

O ano de x792 chegou, e como não poderia deixar de ser, comprovou que os dois primeiros meses de um novo ano passam despercebidos. Janeiro se foi voando, pois a maioria das pessoas ainda tinham a sensação de recomeço e de que um longo tempo os esperavam para que pudessem fazer qualquer coisa. Com isso, apenas em fevereiro os planos começaram a ser formados para, efetivamente em março, serem postos em prática, quando todos se deram conta, assustados, que praticamente um quarto do novo ano se fora.

Com os magos da Fairy Tail, não poderia ser diferente. A maioria dos membros da Guilda realmente se assustou quando se deu conta que já estavam no terceiro mês do ano. O frio do inverno aos poucos se devanescia, abrindo espaço gradualmente para o clima agradável da primavera.

Dessa forma, a maior parte das equipes passavam a intensificar suas atividades, diminuindo os intervalos entre as missões, que ficavam tão vastos no início do ano. E assim, as atividades da Guilda tornaram a ficar a todo vapor.

Foi observando o intenso movimento da sede que Lucy constatou, assustada, quanto tempo havia passado desde a festa de reveillon. Também devido ao constante fluxo de membros trabalhando, foi que a maga percebeu que, ao contrário dos outros times de magos, que realizavam o máximo de trabalhos que podiam, a sua equipe estava praticamente parada.

Na realidade, não era como se ela estivesse fazendo alguma coisa para mudar esse fato. Desde que rompera com Natsu (embora não soubesse se apenas parar de falar com alguém, sem nenhum diálogo, podia ser considerado um rompimento), a loira evitava ao máximo a proximidade com ele. Assim, era realmente complicado que eles fossem juntos em missões. Mas essa não era a única razão para seu time estar inativo.

Com o retorno de Mystogan, Erza andava muito ocupada. A ruiva estava realmente disposta a aproveitar ao máximo o tempo que dispunha junto do mago, por isso, enquanto Makarov não lhe dava novas ordens, eles aproveitavam para fazer algumas missões de Classe S juntos.

Wendy, por sua vez, dedicava-se com todas as suas forças ao aprendizado da medicina e do curandeirismo. Portanto, era natural que não sobrasse muito tempo para realizar trabalhos com sua equipe.

Aproveitando que as duas amigas estavam atarefadas, não podendo assim questioná-la, a maga estelar decidiu dedicar-se a um treino com seus espíritos, objetivando adquirir novas habilidades mágicas, principalmente aquelas constantes no livro “Segredos Zodiacais”¹.

Embora não negasse para si mesma que inventara esse treino principalmente para manter-se longe de Natsu, a loira também desejava, verdadeiramente, tornar-se mais forte. Estava ficando realmente incomodada com toda a preocupação que seus companheiros de guilda dispensavam a ela após a sua falsa morte. O mínimo que poderia fazer era aprender a se defender sozinha.

Assim, sem as três garotas que compunham a equipe, o mago do fogo e o mago do gelo seguiam fazendo missões juntos, apenas porque Makarov proibira a realização de trabalhos solo temporariamente. Óbvio que a dupla não estava dando muito certo, já que passavam noventa por cento de seu tempo brigando, e não trabalhando.

Claro que o Time mais Forte não havia acabado. Estava apenas passando por um período de adaptação. Período esse que se estendia cada vez mais, embora eles não se atentassem para isso.

— Lucy!!! Hei, você está me ouvindo? - Uma voz firme chamava, fazendo com que a loira piscasse, aturdida. Estava viajando. De novo.

— Ah, oi Erza! - Desconcertada, saudou Heartfilia.

— Caramba, você estava com a cabeça em outra dimensão! - Reclamou a ruiva. - Faz um tempão que eu estou te chamando, mas você continuava com essa cara de peixe morto. - Contou.

— Gomen. - Pediu a loira. - Eu me distraí. - Coçou a nuca, sem graça.

— Percebi. - Comentou Erza. - Enfim, toma. - Falou, entregando um objeto a maga celestial, que o fitou curiosa. Tratava-se de um envelope pequeno, totalmente negro, decorado com uma fita de cetim rosa berrante.

— O que é isso? - Perguntou para a maga de armadura.

— Abra. - Ela respondeu, simplesmente.

Instigada, Heartfilia imediatamente obedeceu, retirando de dentro do envelope um papel, igualmente negro, preenchido com letras cor-de-rosa. Rapidamente, leu todo o conteúdo.

— Noite das garotas? - Questionou, franzindo o cenho.

— Sim! - Titânia exclamou animada. - Vai ser sexta a noite, na minha nova casa. - Contou, embora Lucy já dispusesse de tais informações, por ter lido o convite. - Só agora terminei de organizar a mudança, por isso gostaria de inaugurá-la oficialmente com uma festinha entre as garotas. - Emendou.

— Mas isso não é exagero? - A loira perguntou, agitando o convite no ar. - Bastava nos convidar pessoalmente. - Informou.

— Não seja chata, Lucy! - A ruiva armou um bico. - É o primeiro evento desse tipo que eu organizo. Quero que tudo esteja perfeito. - Justificou.

— Entendo. - A maga estelar murmurou, complacente. Afinal, Erza era naturalmente extravagante. Não adiantava contestá-la.

— Você vem, certo? - Com os olhos brilhando de empolgação, perguntou Scarlet.- Todas as garotas da Fairy Tail já confirmaram presença! - Anunciou. - Exceto a Ever e a Bisca, que tem que cuidar de suas famílias. - Completou, levemente chateada.

— Bem, eu… - A loira já estava pronta para confirmar, quando um pensamento lhe ocorreu. Se todas as meninas da guilda tinham confirmado presença, iso incluía Lisanna. E Lucy definitivamente não queria estar no mesmo ambiente que a albina caçula. - Sinto muito. Eu preciso treinar nesse dia. - Mentiu.

— Treinar em uma sexta a noite? - Erza perguntou, espantada.

— Hai! - A maga estelar assentiu. - A agenda de Aquarius é bem cheia, então é ela que determina os dias de treino. E ela me mataria se eu cancelasse. - Inventou, tentando disfarçar o nervosismo, embora sentisse a consciência pesar, pois a ruiva parecia intensamente decepcionada.

— Eu não aceito sua ausência! - Titânia exclamou, por fim. - Nunca realizei um evento desse tipo, por isso Aquarius terá que compreender. - Decidiu.

— Mas Erza! - Lucy tentou. - É da Aquarius que estamos falando! - Insistiu, desesperada. - Eu não consigo nem imaginar a reação dela se eu falasse que não posso treinar porque vou a uma festa. - Disse, realmente tremendo apenas de pensar no que aconteceria, se aquela possibilidade fosse verdadeira.

— E você consegue imaginar a minha reação se continuar insistindo que não vai a minha festa?  - Entrando em seu modo demoníaco, exalando uma aura assustadora, a maga de armadura perguntou, fazendo a loira se encolher.

— Eu consigo imaginar, embora não deseje ver. - Respondeu Heartfilia, num fiapo de voz.

— Então está decidido! - Exclamou Scarlet, voltando ao normal. - Você virá a minha festa. - Decidiu, alegremente. - Nem que para isso eu tenha que te arrastar pelos cabelos no dia. - Concluiu, estreitando os olhos.

— Hai. - Sem alternativa, a maga estelar concordou.

Satisfeita, Titânia se retirou da guilda, pois ainda tinha muito o que providenciar para sua festa.

— Assustador! - Lucy exclamou, girando o corpo sobre a banqueta e voltando-se para o balcão.

— Isso é porque Mystogan foi em uma nova missão designada pelo Mestre. - Mirajane, saindo do além apenas para fazer a loira provar a sensação de sofrer um mini ataque cardíaco, comentou.

— Mira-san! - Levando as mãos ao peito, a loira esganiçou, assustada.  - Quando você chegou? - Questionou, sentindo o próprio coração martelar, descompassado.

— Ora Lucy, eu estava aqui faz tempo. - Respondeu. - Você que está se distraindo atoa. - Reparou. - Recentemente eu venho me perguntando a razão disso. - Acrescentou, forçando um tom inocente.

— Então Mystogan viajou sozinho novamente. - Ignorando o comentario da albina, a maga estelar mudou o assunto. - Isso explica a oscilação de humor de Erza. - Falou. - Droga, se eu não for nessa festa, serei cruelmente assassinada. - Concluiu.

— Eu não acho que você deva continuar fugindo Lucy. - Mirajane alfinetou. A loira achava incrível como ela conseguia dizer palavras tão crueis sem abandonar o tom angelical.

— Eu não sei do que você está falando. - Desviando olhar, Heartfilia declarou.

— Saberia, se procurasse saber. - Rebateu Strauss, ainda sorrindo. - Enfim, devo dizer que certamente me unirei a Erza caso ela precise te caçar para que compareça a Noite das Garotas. - Avisou, delicadamente.

— Isso é uma ameaça disfarçada em uma conversa amistosa, Mira-san. - Constatou a loira. - Sua sutileza é tão assustadora quanto a objetividade da Erza. - Comparou.

— Agora eu é que não sei do que você está falando. - A albina declarou, enquanto limpava o balcão.

Lucy tornou a pegar o convite, relendo as letras cor-de-rosa. Dessa vez, surpreendeu-se por encontrar um pós escrito, para o qual não tinha atentado anteriormente.

P.S.: Obrigatório levar colchão e um pijama sexy. — Leu em voz alta, estupefata. - Que tipo de festa será essa? Isso é uma piada, certo? - Indagou, desesperada.

— Não acho que deva ignorar isso. - Aconselhou Mira.

— Mas para que raios eu devo levar um pijama desse tipo em uma festa de garotas? - Questionou, tentando imaginar o que passava pela cabeça de Titânia.

— Isso quer dizer que você levaria se a festa incluísse os garotos? - Sugeriu a albina, em tom malicioso.

— Claro que não! - A loira exclamou, de imediato. - Só não consigo entender porque tenho que fazer isso. Vindo de Erza, não deve ser boa coisa. - Esclareceu.

— Ainda assim, acho melhor você obedecer. - Orientou a garçonete. - Porque se você levar, poderá escolhê-la, certo? Sensualidade não é sinônimo de vulgaridade. - Lembrou. - Agora suponhamos que você apareça lá sem o pijama, contrariando uma ordem de Titânia. - Devaneou Mirajane. - Consegue imaginar o tipo de roupa que ela te fará vestir? - Perguntou, colocando um dedo sobre os lábios, pensativa.

— Eu prefiro nem pensar nisso. - A maga estelar respondeu, arrepiando-se dos pés a cabeça. - Vou levar o pijama. - Decidiu, por fim.

 

• • 

 

O restante da semana correu sem mais novidades, e logo chegou sexta-feira, para alívio de quase todos os seres humanos normais, que finalmente teriam seu merecido descanso após uma semana de trabalho, e desgosto da maga estelar, que realmente queria se livrar da responsabilidade de comparecer a festa de Erza.

O mais revoltante de tudo era que, se Lisanna não fosse a festa, a loira provavelmente estaria animadíssima para tal evento, mesmo com todo o seu baixo astral de ultimamente.

Resignada, Heartfilia terminou de percorrer o caminho entre sua moradia e a nova residência de Erza. Sabia que a ruiva tinha se mudado para perto de sua casa, mas passara os últimos tempos tão empenhada em seus treinos que nem tirara um tempo para visitá-la, portanto, ainda não conhecia o local. Ao chegar no endereço indicado no convite, não pôde deixar de abrir a boca, surpresa.

A construção era realmente grande. Não era maior que a edificação onde localizava-se o apartamento de Lucy, entretanto, Titânia alugara a casa inteira, não apenas um quarto, razão pela qual a maga estelar estava surpresa.  

Apesar de antiga, como a maioria das construções daquele setor, o imóvel alugado pela ruiva parecia um tanto mais sofisticado. Também estava situado a margem do rio, embora em rua diversa. As paredes eram todas recobertas por um tom de azul desbotado, e todas as arestas  da casa, assim como as áreas embaixo das janelas, eram recortadas por tábuas de madeira. O telhado erguia-se em forma triangular, em um tom de marrom envelhecido, e entre as telhas eram visíveis ao menos quatro janelinhas.

— Uau! - A loira exclamou baixinho, antes de subir os poucos degraus que conduziam a entrada e bater a porta. Aguardou pacientemente, contemplando as construções vizinhas, quando um rangido anunciou que fora atendida.

— Lucy! - Erza exclamou, animada. - Que bom que você veio! - Comemorou. Como esperado, Scarlet já estava a caráter, trajando uma camisola preta de alcinhas, extremamente curta, toda estampada com corações brancos.

— Como se você não tivesse me ameaçado para que isso acontecesse. — Respondeu mentalmente Heartfilia.

— Entre, entre! - A ruiva chamou, abrindo espaço para a loira passar.

— Com licença. - Pediu Lucy.

Seguindo a anfitriã, a maga estelar cruzou a sala, toda decorada em estilo retrô, admirada. Tudo era realmente uma gracinha. As duas subiram uma escada de madeira, adornada com um belo corrimão entalhado, e seguiram pela plataforma superior, que em grande parte era rodeada apenas por grades de proteção, permitindo uma visão plena do andar inferior.

Tomaram um corredor, que conduzia a parte da frente da construção, e caminharam em direção a última porta. Inesperadamente, assim que Titânia destravou a maçaneta e empurrou a superfície de madeira, foi atingida bem no meio da cara por um travesseiro. Lucy recuou, assustada. Já tinha presenciado uma cena parecida.

— Muito bem - apanhando o travesseiro, a maga guerreira falou em tom ameaçador. -, quem foi a desgraçada? - Inquiriu, os olhos em chamas.

— Gomen Erza! - Pediu Mirajane, apoiando a bochecha na mão direita e tombando a cabeça, em um gesto extremamente fofo. - Não era minha intenção te acertar. - A camisola rosa bebê, adornada nas alças largas e na barra com babados rendados só a deixava mais fofa.

— Droga, ela está ficando flamejante! - Cana praguejou, percebendo a aura intimidadora que Scarlet exalava. - A festa vai acabar cedo demais. - Lamentou. Seu “pijama” era basicamente composto por um bustiê (ou seria um top de ginástica?) preto e um shorte justo da mesma cor.

— Acho que você já bebeu demais. - Juvia, cujo traje noturno consistia em uma regata listrada em um padrão preto e branco e um shorte lilás, constatou.

— Calma Erza! - Laki, que usava um conjunto amarelo pastel, pediu. - Guerras de travesseiro só no final, lembra? Ou precisaremos de atendimento hospitalar, acabando com o seu evento. - Persuadiu.

— Então por que vocês acertaram a minha cara, cretinas? - Perguntou a ruiva, adentrando o cômodo e fechando a porta.

— Gomem! - Meldy, que usava uma blusa cinza de ombros caídos e um shorte branco estampado com bolinhas pretas, pediu. - Eu estava tão animada que começei a guerra de travesseiros! -  Assumiu. - É que eu nunca participei de uma noite do pijama. - Justificou, os olhos brilhando, provocando uma exclamação coletiva de pena.

— Que seja. - Erza suspirou, jogando o travesseiro em direção a parede, provocando uma rachadura com o impacto. Lucy arregalou os olhos, estupefata. - Você pode deixar sua mochila e seu colchão ali, Lucy. - A ruiva avisou, apontando para um dos cantos do cômodo. - E troque-se de uma vez.

— Certo. - Assentiu, apanhando seu pijama na mochila e deixando-a em no local indicado em seguida. - Ok, então vou me trocar. - Anunciou, caminhando em direção a porta.

— O que pensa que está fazendo? - Cana engrolou, fazendo com que Heartfilia interrompesse seu trajeto.

— Indo me trocar? - Perguntou, desentendida.

— Você tem que se trocar aqui, como todas nós! - Avisou.

— Nani? - A maga estelar perguntou, envergonhada.

— Isso mesmo Lucy. - Reforçou Mirajane.

— Mas vocês deviam estar fazendo isso juntas quando se trocaram! - Tentou. - Não é justo que eu me troque sozinha! - Argumentou.

— É a sua punição por ter se atrasado. - Determinou Erza.

Resignada, a loira suspirou. Deixou o pijama em cima de uma cômoda e começou a despir-se das roupas comuns, ficando apenas de roupas íntimas.

— O que vocês acham? - Cana Perguntou, jogando o pijama da loira para as demais meninas.

— O que é isso? - Envergonhada, a maga estelar perguntou.

— Hmm… - Começou Mirajane, respondendo a filha de Gildarts. - Ela é bem equilibrada em cima e em baixo. Dou nota máxima! - Anunciou, como se estivesse avaliando uma modelo.

— Você é muito boazinha, Mira! - Criticou Juvia. - Não acho que ela mereça mais do que sete. - Desdenhou.

— Está brincando, Juvia-Chan??? - Meldy perguntou, indignada. - Olha o tamanho desses peitos! - Exclamou, apontando o busto de Lucy, que se abraçou, envergonhada. - Quase não sobra espaço para a gente aqui no quarto. - Brincou. - Dez, com certeza. Para cada um! - Concluiu.

— Embora você não possa falar dos seios alheios. - Avisou Laki. - Está bem servida. - Concluiu, analisando a ex-Crime Sorcière.

— O que é isso agora? - Questionou Heartfilia, completamente vermelha. - Vocês agem como se fosse a primeira vez que me veem sem roupa! - Reclamou.

— Pare de resmungar, Lu-chan. - Levy, que até então lia um livro, e vestia-se com uma blusa vermelha de mangas compridas e um shorte xadrez, em tons de preto e branco, finalmente se manifestou. - Ao menos você tem alguma coisa para ser avaliada. - Observou, abaixando a cabeça em direção ao próprio busto. Imediatamente, uma nuvem depressiva se formou sobre seu corpo.

— Pois é! - Exclamou Wendy, surgindo do além e se unindo a Levy embaixo da densa nuvem. A curandeira usava um pijama de frio, azul claro e todo recoberto por estampas de gatinhos. Aparentemente, por ser nova demais, tinha escapado da exigência de Erza de usar um traje mais ousado.

— De qualquer forma, devolvam minhas roupas! - Pediu a loira. - Isso é vergonhoso! - Completou, chorosa.

— Eles não ficaram maiores? - Igorando-a, Cana perguntou, tomando um longo gole da garrafa que segurava em seguida.

— Heim? - Lucy perguntou.

— Seus peitos. - Engolindo a bebida, a filha de Gildarts respondeu. - Sempre foram enormes, mas agora parecem absurdamente gigantes. - Reparou.

— Sério? Para mim parecem apenas grandes, como sempre. - Opinou Erza.

— Hmm. - Mirajane murmurou, aproximando-se da loira, como se estivesse fazendo uma avaliação minuciosa. - Você não engordou, Lucy? - Sugeriu.

Naquele exato momento, a maga estelar sentiu-se como se tivesse sido atingida por uma pedra enorme, onde podia-se ler, em letras garrafais, a palavra “gorda”.

— Me chamou de gorda… - Resmungou, atônita.

— Parem de atormentar a Lu-chan. - Por fim, dando um basta na bagunça, Levy devolveu para Lucy seu pijama.

— Levy-chan!!! - A loira exclamou, chorando de felicidade.

Antes que lhe privassem novamente de suas roupas, a maga estelar vestiu seu pijama, que consistia em uma blusa de alcinha preta e um shorte branco, estampado com diversas estrelas, em tons de preto e rosa fluorescente.

— Ok, então vamos brincar!!! - Erza chamou, apanhando uma das garrafas vazias de Cana. - Verdade ou desafio! - Anunciou, causando um tremor em todas os presentes.

— Por que não brincamos de outra coisa? - Levy sugeriu.

— Também não gosto muito dessa brincadeira. - Lucy concordou, pensando em todas as coisas ocorridas nos últimos tempos que ela não gostaria de revelar.

— Eu não vejo problema. - Mira se opôs.

— Nem eu. - Meldy opinou.

Imediatamente, uma discussão sobre se deveriam ou não brincar iniciou-se, fazendo as inúmeras vozes femininas se misturarem, de forma irritante.

— Vocês são todas bem hipócritas! - Mais do que alterada pelo álcool, Cana exclamou, atraindo a atenção de todas.

— Cana! - Censurou Laki. - Isso é muito rude! - Acusou.

— Todas aqui tem o rabo preso, que eu sei!!! - Gritou a morena, estendendo os braços para cima. - As que não querem brincar tem medo de serem descobertas, e as que querem, estão confiantes na sua capacidade de mentir. - Revelou. - Não é, dona Erza? - Perguntou em tom acusatório, olhando diretamente para a ruiva.

— E-eu… - Gaguejou a anfitriã. - Eu n-não sei do que vo-cê está falando. - Completou.

— Bem, eu sabia que uma hora ou outra vocês iam querer brincar disso, por isso arranjei uma forma de me proteger de suas mentiras! - Anunciou Cana, convencida, como se as inverdades proferidas em um jogo realmente pudessem afetá-la de forma grave.

— Como é? - Atônita, Juvia perguntou.

— Onde foi que eu deixei mesmo? - Perguntava a filha de Gildarts para si mesma, enquanto revirava a própria mochila. Embasbacadas, as garotas da Fairy Tail observavam inúmeras garrafas de bebidas sendo arremessadas para fora da bolsa da morena, durante o processo.

— Quantas garrafas cabem em uma bolsa tão pequena? - Wendy indagou.

— ACHEI! - Cana gritou, erguendo uma nova garrafa para o alto. Imediatamente, todas as meninas ficaram com uma gota na cabeça. Era apenas mais um recipiente de vidro, afinal.

— Outra garrafa. - Lucy externou a reação de todas.

— Não uma garrafa qualquer. - Contestou. - Mas sim um jogo de Verdade ou Desafio Mágico. - Respondeu.

— ÊÊÊÊÊÊÊHHHHH???? - Todas as presentes gritaram ao mesmo tempo.

Vendo as feições estupefatas das amigas, a morena tratou de explicar:

— Funciona assim: todas as participantes depositam um fio de cabelo dentro dessa garrafa mágica. - Começou. - Nós decidimos na sorte a primeira a girá-la. Quem girar pergunta, e a pessoa que for apontada pelo bico da garrafa responde. Em seguida, a pessoa que respondeu gira a garrafa, e assim por diante. - Concluiu.

— Qual é a dos fios de cabelo? - Indagou Meldy. - Onde está a magia?

— A magia, minha cara - Cana começou, em tom extremamente malicioso. - , está no fato de que todas aquelas que colocarem o fio de cabelo aqui dentro, estarão compromissadas com a verdade ou o desafio. Assim, se vocês mentirem ou não cumprirem o desafio, coisas imprevisíveis podem acontecer… E todas ficaremos sabendo da sua lorota ou covardia. - Completou, em tom superior.

— Eu não participo dessa uruca aí de jeito nenhum!!! - Levy se manifestou, apavorada.

— Nem eu! - Lucy exclamou, assustada. Imediatamente, todas as demais meninas manifestaram seu desejo de não participar.

— Infelizmente para vocês. - Cana tomou novamente a palavra. - Eu já coletei os fios de cabelos de todas! - Avisou jubilosa, retirando um chumaço de cabelo multicor de dentro do decote.

— Quando foi que ela…? - Algumas questionaram.

— Peguem ela! - Erza ordenou, desesperada.

— Tarde demais! - Cana avisou, terminando de introduzir os fios na garrafa e fechando-a com uma rolha.

— Eu me recuso a participar! - Mirajane gritou, enérgica.

— Azar o seu! - Respondeu a morena. - Mas uma vez que seus cabelos estejam aqui dentro, coisas ruins também acontecem com os participantes desistentes. - Avisou.

— Você está blefando! - Acusou Titânia. - Aposto que essa garrafa não é mágica coisa nenhuma. - Supôs. - Só quer evitar que contemos mentiras. - Concluiu.

— Se está tão certa disso, não há problema em participar, não é mesmo? - Indagou a beberrona.

— Certo. - Não resistindo a um desafio, a ruiva sentou-se no chão. - Eu topo. - Concordou. - E as meninas também. - Emendou.

— Eu não topo não! - Lucy contestou.

— Eu disse - Virando-se ameaçadoramente para a loira, Scarlet falou - AS MENINAS TAMBÉM! - Berrou, entrando em seu modo demoníaco.

— KYAHHHH!!! - A maioria gritou, sentando-se em roda no chão imediatamente.

— Lisanna! - Mira exclamou. A caçula tinha ficado o tempo todo sentada quieta em um canto, tanto que se esqueçera de sua presença. - Você não precisa participar. - Avisou, lembrando-se dos terríveis acontecimentos em que ela se envolvera ultimamente. - Cana, por favor, deixe Lisanna de fora. - Pediu.

— Tudo bem, Mira-nee. - A Strauss mais nova sentou-se na roda. - Não acho que ela conseguirá identificar meu fio de cabelo no meio de tantos, afinal de contas. - Falou, indiferente.

Assim que Lisanna acomodou-se, Lucy sentiu seu interior se revirar em repulsa. Até então não a tinha visto, por isso estava tão tranquila. Mas agora que estavam tão próximas, sentia uma necessidade gritante de sair correndo. Para piorar, a take over caçula a encarava desafiadoramente… Como se duvidasse da capacidade da loira de permanecer ali e enfrentar o que viria a seguir. Sentindo o sangue ferver, a maga estelar devolveu o olhar intenso.

— Ok, então. - Cana chamou a atenção de todas. - Que o jogo começe! - Exclamou animada, girando a garrafa em seguida.

— Ei, espere! Não íamos tirar na sorte a primeira pessoa que gira a garrafa? - Indagou Wendy, temerosa.

— Íamos? - A morena fez-se de desentendida.

— ÍAMOS! - Todas berraram, revoltadas.

— Agora, não dá mais, o jogo já começou. - Contou. - E a felizarda que responderá minha pergunta é… - Começou reticente, ao vez que a garrafa fazia seus últimos movimentos. - LEVY!!! - Exclamou animada. A azulada quase desmaiou de terror. - Então? Verdade ou desafio? - Questionou, com um sorriso sádico.

A baixinha de cabelos repicados começou a suar. Estava entre a cruz e a espada. Não importasse a escolha, sendo Cana que formularia a pergunta ou o desafio, sabia que boa coisa não ia resultar.

— Eu escolho… - Falou, incerta. - Es-colho… - Gaguejou, em meio a um tremelique. - DESAFIO! - Berrou.

— Ora, que surpresa! - Exclamou a filha de Gildarts, dando uma gargalhada malvada em seguida. Naquele instante, Levy arrependeu-se de sua escolha. - Então tá! - Começou, atraindo a atenção de todas. - Te desafio a aparecer amanhã na guilda, sem nenhuma peça íntima por baixo das roupas! - Determinou.

— EI! ISSO NÃO VALE!!! - Levy protestou, indignada.

— Verdade, Cana. - Apoiou a anfitriã. - Os desafios devem ser cumpridos aqui. - Tentou.

— É? - A beberrona indagou. - Existe uma regra desse tipo? - Questionou.

— Claro que sim! - Respondeu Lucy. - É uma regra implícita! - Explanou.

— Agora já era. - A morena deu de ombros. - A magia do jogo não vai reconhecer essa regra. Levy escolheu desafio e eu a desafiei. Se ela não cumprir, certamente alguma coisa ruim acontecerá. - Explicou.

— Que tipo de coisa ruim? - Espantou-se McGarden.

— Sei lá. - Disse Cana.

— Eu ainda acho que está blefando. - Insistiu Erza.

— Veremos. - Devolveu a cartomante.

— Então tá. A partir de agora, os desafios devem ser cumpridos apenas aqui. - Estabeleceu a ruiva.

— DE JEITO NENHUM! - Contestou Levy, irritada. - NÃO É JUSTO QUE EU SEJA A ÚNICA PREJUDICADA! - Emendou, aos berros.

— Nisso ela tem razão. - Compadeceu-se Wendy.

— Então vamos decidir um limite de tempo. - Cogitou Mirajane. - Todos os desafios só podem ser estabelecidos até amanhã. - Sugeriu, recebendo um murmúrio coletivo de concordância.

— Que seja. - Assentiu Cana.

— Então agora, eu giro essa porcaria! - Levy falou, girando a garrafa em seguida, com força excessiva, descontando sua raiva no recipiente de vidro. - Juvia. - Chamou, ao ver que a garrafa indicara a maga da água. - Verdade ou desafio? - Perguntou.

— Verdade. - Mesmo incerta, a mulher chuva respondeu.

— Qual foi seu momento mais íntimo com um garoto? - Disparou, sem piedade.

— Bem… - A ex-Phanton Lord começou. - Gray-sama apertou o seio da Juvia quando nos conhecemos, na primeira vez em que lutamos. - Confessou, envergonhada.

— Embora eu ache que isso não se encaixe como momento íntimo. - Ponderou Cana.

— É. Está mais para acidente. - Concordou Mirajane.

A maga da água, ainda constrangida, girou a garrafa, que indicou Erza. Estática, a ruiva imediatamente começou a suar frio.

— Erza-san. - Juvia sibilou, com os olhos carregados de expectativa. A maga guerreira estava determinada a escolher desafio, até segundos antes, mas desistiu ao ver a expressão da maga da água.

— Verdade! - Decidiu.

— Ok. - Concordou a azulada. - Até onde você e Mystogan chegaram, como homem e mulher? - Perguntou, na lata, fazendo Titânia empalidecer.

— Hmm, devem ter ido longe. - Imaginou Laki. - Afinal, eles se encontravam escondidos na Fairy Hill durante a noite. - Lembrou.

— Nós nunca fizemos nada de mais. - Contou Erza, para decepção geral.

— Você está lembrada que não pode mentir, certo Erza? - Recordou Cana.

— Não é mentira! - Exasperou-se Scarlet.

— Senão, algo ruim pode… - Continuou a morena. - Oh, veja. Está acontecendo. - Anunciou, apontando para o rosto da colega.

Acompanhando a indicação da cartomante, todas fitaram Erza, ficando chocadas. Algumas exclamações assustadas escapuliram pelo ambiente.

— O quê? - Titânia desesperou-se. - Algum problema comigo? - Saiu correndo as pressas, até a penteadeira. Ao mirar-se no espelho, gritou, horrorizada.

— MINHAS ORELHAS! - Berrou. - MINHAS ORELHAS ESTÃO PONTUDAS! - Acrescentou.

— Parece um Elfo. - Charle, que só observava tudo, comentou.

— Viu só? - Perguntou Cana. - Não era um blefe. - Vangloriou-se.

— Droga Cana! - Praguejou a ruiva. - Como eu conserto isso? - Desesperou-se, imaginando como encararia Jellal com as orelhas naquele estado.

— Basta dizer a verdade. - Explicou Cana.

— Eu não menti! - Retrucou Titânia, e imediatamente um bigode começou a crescer em seu rosto.

— Seu rosto!!! - Mira avisou, a Titânia imediatamente voltou-se para o espelho, quase chorando.

— Cuidado! Enquanto seu cabelo estiver na garrafa, a cada mentira contada, uma coisa ruim acontecerá. - Alertou a cartomante.

— AHHHHHHH!!! TUDO BEM!!! - Gritou, a ruiva ensandecida. - Nós dormimos juntos! Satisfeita? - Revelou, para espanto coletivo. Imediatamente, suas orelhas e seu rosto começaram a normalizar.

— Kyaaaa!!! - Várias meninas gritaram.

— Como foi? - Algumas questionaram, com expectativa.

— Isso não faz parte da pergunta! - Cortou, sem piedade. - Minha vez! - Exclamou, girando a garrafa, que para a sua extrema satisfação, apontou Cana.

— Verdade. - Adiantou-se a morena.

— Com quantos você já dormiu? - Indagou Erza imediatamente, fazendo todas corarem. Aparentemente as perguntas seriam apenas naquele nível.

Lucy, especialmente, estava apavorada. Se questionassem se já havia dormido com alguém, não teria como escapar. Afinal, já estava ciente de que a magia da garrafa não se tratava de um blefe.

— Deixa eu ver… - Sem um pingo de vergonha na cara, Cana começou a contar nos dedos, provando que o álcool realmente desinibia as pessoas. E àquela altura, a maioria das meninas começavam a ficar bêbadas. - Ah, Erza! - Reclamou, manhosa. - Não consigo lembrar! - Anunciou. - Mas mais de dez, com certeza. - Acrescentou. - Não, doze! - Concertou. - Não, espera…

— CHEGA! - Cortou Levy. - Acho que já é o bastante, certo Erza? - Indagou.

— Hai. - A ruiva assentiu, estupefata com a resposta descontraída da cartomante.

— MINHA VEZ DE NOVO!!! - Comemorou, eufórica. Novamente, girou o objeto, que deu várias voltas antes de indicar Lisanna. Imediatamente, o estômago de Lucy afundou. - Escolha Lisanna, verdade ou desafio. - Instigou.

— Verdade. - A maga respondeu baixinho, torcendo a barra da camisola azul que usava. Não parecia tão desesperada, quanto as demais.

— Certo. - Cana ficou séria, repentinamente e inspirou fundo, como se estivesse se preparando para o que viria a seguir. - Qual o nome do último garoto que você beijou e como aconteceu? - Inquiriu.

— Cana! - Mirajane exclamou, horrorizada. Aquilo comprometeria muito sua irmã. Parecia até que a morena sabia tudo o que tinha ocorrido.

Lucy, por sua vez, congelou no lugar. Definitivamente, saber detalhes da traição de Natsu era a última coisa que queria na vida. Entretanto, se se retirasse, despertaria a desconfiança de todos, razão pela qual permaneceu imóvel.

— Tudo bem Mira-nee. - Lisanna acalmou a irmã. - Mas vocês não se importam de ouvir? - Perguntou para as meninas. - É uma longa história.

— Por mim, tudo bem. - Laki respondeu, sendo acompanhada pelas demais.

— A última pessoa que eu beijei - Começou, fazendo a maga estelar fechar os olhos -, que na verdade, foi a primeira pessoa que eu beijei na vida - continuou, enquanto o peito da loira se apertava cada vez mais. -, foi o Natsu. - Revelou, decidida.

Imediatamente, um silêncio esmagador caiu sobre o ambiente. Todas as meninas olhavam atônitas para a albina, com excessão de Lucy, que cerrava os olhos com força, tentando não chorar. Não queria demonstrar tal fraqueza.

— Isso foi… - Wendy começou - Surpreendente. - Concluiu.

— Verdade. - Concordou Levy. - Sempre achei que o Natsu e a Lucy acabariam juntos. - Contou, encarando a maga estelar, esfarelando de vez seus sentimentos.

Respirando fundo, Heartfilia esforçou-se para abrir os olhos, esperando não demonstrar o quanto estava abalada.

— Não sei do que você está falando, Levy-chan. - Desconversou, sorrindo.

— Então… - A cartomante retomou a palavra. - Como aconteceu? - Insistiu, já que apenas metade de sua pergunta havia sido respondida.

— CANA! - Mirajane gritou. Estava começando a irritar-se de verdade.

— Mira-nee! - Interferiu a caçula. - Eu disse que estava tudo bem. - Lembrou.

— Mas Lisanna… - Tentou a mais velha, revoltada. Contudo, parou ao perceber um pedido mudo no semblante de sua irmã. - Tudo bem. - Acalmou-se.

— Aconteceu durante a missão que fizemos em dezembro, em Osimiri. - Começou.

— NANI??? - Erza inquiriu, estupefata. Embora tivesse participado da missão, não sabia nada sobre aquilo.

— Não interrompa. - Pediu Cana, séria.

— No último dia de missão, como todos sabem, a ferrovia foi bloqueada. - Continuou Lisanna. - Portanto, ficamos presos lá, durante uma tempestade de neve. - Narrou.

“Naquele dia, estávamos todos desprovidos de agasalhos mais pesados. Por isso, fomos beber no bar da hospedaria, para nos aquecermos. Enquanto Erza, já bêbada, fazia seu show particular, um estranho aproximou-se de mim, apresentando-se como Souma. Ele era divertido, então começamos a conversar. Pouco tempo depois, ele me ofereceu uma bebida.

Eu já estava levemente alegre por conta do álcool, portanto aceitei. E pouco tempo depois, não fiz objeções quando ele sugeriu que fôssemos para um lugar mais reservado. Parece perigoso né? A razão é simples: A bebida que ele me pagou estava batizada.”

Enquanto a albina narrava, todos mantinham os olhos espantados fixos nela. Até mesmo Lucy começava a esquecer a própria raiva, envolvendo-se na história. A maga de cabelos platinados respirou fundo, antes de prosseguir:

“Ele me levou para um galpão. E eu estava me divertindo. Achava tudo maravilhoso, pois as coisas simplesmente ficavam distorcidas e vibrantes ao meu redor. Logo ele, me prometendo mais diversão, pediu que eu me despisse. E eu obedeci.”

A maioria das meninas levou a mão a boca, chocadas, nesse momento. Lucy não entendia o que aquilo tinha a ver com a traição de Natsu, mas começava a sentir pena da albina.

“Foi então que ele investiu contra mim. Começou a passar as mãos pelo meu corpo, lamber e morder meu pescoço… Eu estava vulnerável, não tinha noção do que estava acontecendo. Graças aos céus, naquele exato momento, Natsu invadiu o balcão, salvando-se de Souma”

A medida que narrava, a albina abraçava-se, enojada. A essa altura, Lucy já tinha uma boa noção do que viria a seguir. E começou a se sentir extremamente envergonhada.

— Natsu quase matou o desgraçado. Se Erza e Gray não o impedissem, tenho certeza que a esta altura, não seria mais do que um monte de cinzas. - Contou, com extremo rancor. Era perceptível que a albina não se importaria, caso isso realmente tivesse acontecido. - Para evitar que Natsu fizesse besteira, Erza mandou que ele me tirasse do meio da confusão.

“Como eu estava despida, Natsu me emprestou sua blusa. E também me carregou até o hotel, pois eu mal conseguia me orientar. Já que não tinha a chave do meu quarto, me levou para o dele, para evitar que os curiosos que já enchiam a hospedaria me perturbassem. E pouco depois de me acomodar em uma das camas, eu simplesmente o beijei.”

O silêncio constrangedor ainda preenchia o ambiente. Todas as meninas estavam sem reação ante a narrativa. Não esperavam que Lisanna continuasse, mas, após uma breve pausa, a platinada seguiu:

— Não estou colocando toda a culpa no entorpecente que eu tomei. O que eu fiz aquele dia realmente era algo que eu desejava fazer a muito tempo. - Confessou. - Porém, sóbria, jamais teria coragem. - Admitiu.

— Então… - Juvia começou, cautelosa. - O que o Natsu-san fez? - Indagou, curiosa.

— Ele ficou sem reação, feito um idiota. - Lamentou. - E depois saiu correndo. - Acrescentou.

— Saiu correndo do nada? - Inquiriu Meldy.

— Ele deve ter tido os motivos dele. - Respondeu Lisanna, encarando Lucy diretamente nos olhos. A loira retraiu-se.

— Que horrível Lisanna! - Levy exclamou, indignada. - Essa história toda… Isso tudo é tão… - Começou, sem saber ao certo o que dizer. - Isso tudo é sério mesmo? - Perguntou por fim.

— Não. - Disse a albina caçula, espantando todas novamente.

Imediatamente, as unhas de suas mãos começaram a crescer como grarras, monstruosamente.

— Oh, vejam. - Ergueu as mãos, na altura dos olhos. - Parece que não posso mentir. - Lembrou. - Então, respondendo a sua pergunta Levy: Sim! Tudo que eu narrei trata-se da mais pura verdade. - Contou, novamente encarando Lucy, enquanto suas unhas normalizavam.

— Agora eu entendo a preocupação de Mira-san. - Wendy murmurou.

— Não precisava ter nos contado tudo isso. - Disse Laki.

— Realmente, não precisava. - Concordou a albina. - Mas me sinto melhor agora. Sabe, mais leve. - Explicou. - Então, acho que agora é minha vez, certo? - Perguntou, colocando a garrafa para girar.

Todas as meninas pareciam mudas. O clima da brincadeira tinha sido cortado, totalmente.

— Lucy! - Com um olhar desafiador, a albina anunciou. - Que surpresa! - Exclamou. - E então? Vai querer responder uma pergunta minha, ou realizar o desafio que eu propuser? - Questionou, deixando bem claro que não pegaria leve.

A maga estelar engoliu em seco. Tinha certeza que, independente de sua escolha, Lisanna pegaria pesado. E também, depois daquilo tudo, ela nem a culparia. Parecia até que a take over estava disposta a vingar o dragon slayer, pelo sofrimento que ele vinha passando. Ante a situação, seu estômago começou a embrulhar.

— Desafio. - Lucy murmurou por fim. Tinha certeza que estava condenada, de qualquer forma. Afinal, Lisanna poderia desafiá-la a contar alguma coisa. Só de pensar na possibilidade, ficava cada vez mais enjoada.

— Então, nesse caso, eu te desafio a… - Começou, mas não conseguiu terminar. Para surpresa de todas, a maga celestial simplesmente levantou e saiu correndo.

— Ei! - Gritou Juvia. - Não vale fugir! - Externou sua revolta.

Entretanto, surpreendendo as garotas mais uma vez, a loira não deixou o quarto, mas sim adentrou o banheiro apressadamente. Ela ainda estava no campo de visão da maioria das magas, quando simplesmente debruçou-se sobre o vaso sanitário e começou a vomitar.

— Acho que ela bebeu demais. - Cana observou, vendo o quanto a amiga passava mal.

Imediatamente, algumas magas levantaram-se para acudi-la, mas foi Lisanna quem alcançou o banheiro primeiro, fechando a porta. Em seguida, puxou os fios dourados da franja de Heartfilia, e prendeu, com os dedos, seu cabelo para trás, enquanto ela terminava de jogar tudo para fora.

Lucy tossiu algumas vezes, sentindo-se completamente fraca. Mesmo que tivesse jogado para fora todo o conteúdo de seu estômago, ainda sentia uma ânsia terrível. Com o auxílio da albina, levantou-se e caminhou até a pia, onde lavou a boca e o rosto.

— Por quê? - Terminando de secar a face, perguntou a albina, que puxava a descarga.

— Está se referindo a ajuda que eu te dei? - Indagou Lisanna. - Por quê não ajudaria? - Devolveu a pergunta. Lucy a encarou, perplexa, fazendo com que a albina erguesse as mãos, em sinal de rendição. - Ok, tenho algo a te falar. Longe das demais. - Admitiu.

— Pois fale. - Apoiando-se na pia, a loira virou-se para encará-la.

— Eu confessei meus sentimentos ao Natsu. - Revelou. - Confessei quando pensava que você estava morta, mas ele me rejeitou completamente. - Contou.

— Ele rejeitou você? - Surpreendeu-se Lucy.

— Você realmente está surpresa? - Indagou Lisanna. - Não seja cínica, Lucy! - Irritou-se. - Você sabe muito bem o motivo de Natsu ter me rejeitado. - Esbravejou. - Mas se está realmente tão curiosa, porque não pergunta a ele exatamente o que ele me contou na noite em que eu me confessei? - Sugeriu. - Afinal, eu não tenho o direito de passar as palavras dele para frente. - Concluiu, deixando o banheiro.

Aparvalhada, Lucy foi logo atrás, sentindo as pernas bambearem. Quase sem forças, cedeu, caindo de joelhos.

— Lucy-san! - Wendy exclamou, correndo para ampará-la.

— Desculpa. - Pediu a loira. - Acho que comi algo que me fez mal. - Supôs. - Posso ir para casa? - Pediu.

— Me deixe aplicar o Tróia em você. - Pediu a menina.

A dragon slayer celeste empenhou-se em sua magia de cura, entretanto, o estômago da maga estelar continuava revirando.

— Não funcionou… - Murmurou, atônita. Sentia-se derrotada.

— Tudo bem, Wendy. - Consolou a loira. - Apenas quero ir para casa. - Externou, levantando-se.

— Quer é se livrar do desafio, isso sim. - Desdenhou Juvia, completamente bêbada.

— Juvia-chan! - Censurou Meldy.

— Certo. - Mirajane interviu. - Eu te acompanho, Lucy. - Ofereceu-se, olhando-a de forma estranha.

Embora a maga estelar tivesse repetido várias vezes que não precisava, a albina mais velha não se deixou convencer. Envolvendo-a com um cobertor, despediu-se das meninas, guiando-a para fora do quarto.

— Eu não sei exatamente o que você pretendia - Cana, que observava a cena, como as demais, comentou baixinho, com Lisanna. -, mas as coisas saíram conforme planejava? - Inquiriu.

— Sim. - Assentiu a albina de cabelos curtos. - Obrigada Cana. Você me ajudou muito. - Agradeceu.

— Eu só não entendo no que exatamente eu te ajudei. - Reclamou a morena, terminando de beber o líquido da garrafa que tinha em mãos.

— Não se preocupe. - Respondeu Lisanna. - Garanto que em breve entenderá. - Encerrou o assunto.

Há algumas quadras dali, embora Lucy continuasse insistindo para que Mirajane retornasse a festa, a albina manteve-se firme em seu objetivo, não só acompanhando a loira em todo o trajeto para casa, como deixando-a na porta de seu apartamento.

— Obrigada, Mira-san. - Agradeceu Lucy, com a voz fraca.

— Não foi nada Lucy. - Respondeu a garçonete, preparando-se para voltar. - Você… - Começou, reticente. - Devia visitar a Porlyusica-san. - Orientou.

— Não precisa. - Heartifilia respondeu. - Aposto que foi a bebida, misturado com algo que comi. - Deduziu. - Se eu perturbar a Oba-san por causa disso, ela certamente me matará. - Concluiu, tendo um tremelique só de pensar na possibilidade.

— Então, até mais! - Despediu-se Mira.

— Até! - Lucy respondeu, fechando a porta.

Quando adentrou o apartamento, tudo que a maga queria era jogar-se em sua cama e dormir imediatamente. Fora o maldito enjoo, toda aquela historia contada por Lisanna ainda estava difícil de digerir. Sentía-se péssima. A pior pessoa do mundo, por não ter procurado Natsu.

Mas se toda a história contada pela albina fosse verdade, por que Natsu sequer tentara se justificar? Afinal, era inocente da traição. Então, um pensamento ocorreu a garota, fazendo com que ela se sentisse ainda pior. Como se fosse possível.

Desolada, caminhou até o próprio quarto, mas estacou na porta com a cena que presenciou. Tudo estava completamente revirado. Munindo-se de suas chaves douradas, adentrou o cômodo, cautelosa. Aparentemente, estava vazio.

Aproximando-se da cama, analisou o ambiente, com cuidado. Na verdade, aquilo estava mais para bagunça do que para invasão. Como se alguém que vivesse ali estivesse fazendo uma faxina. Com um lapso de compreensão, reparou que as únicas coisas espalhadas eram os pertences do dragon slayer do fogo, que ficaram esquecidos em sua casa.

— Você ainda está aí? - Sentindo-se uma idiota por falar sozinha, perguntou, encarando a paisagem da janela. A cortina balançava, seguindo a brisa noturna. - Eu queria conversar. - Acrescentou, baixinho.

Como resposta, uma movimentação abrupta se deu. Em um salto, uma silhueta masculina preencheu o vazio da janela. Os cabelos rosados ondulavam conforme o vento, assim como o cachecol branco escamado.

— Natsu. - Vendo que o mago do fogo a encarava fixamente, Lucy murmurou.

 

• • 

 

¹“Segredos Zodiacais”: Livro criado pela autora para os eventos da fanfic “Vínculo Mágico”. O referido livro contém treze capítulos, sendo que cada capítulo ensina uma magia ligada a um espírito zodiacal. Apenas os magos estelares que tenham contrato com todos os espíritos das chaves douradas podem conhecer a origem do livro.

 


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Notas finais do capítulo

Rá! Sinto cheiro de reconciliação!

Acho que o próximo capítulo é um dos mais aguardados pelos leitores. Só mais um pouco de paciência, está chegando! =D

É isso. Se puderem, me digam o que acharam. Amo interagir com vocês.

Até mais!



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