Conspiração escrita por Lura


Capítulo 14
A Minha e a Sua Verdade


Notas iniciais do capítulo

E aí leitores queridos? Tudo ok?

Cá estou, na maior cara de pau, trazendo um novo capítulo consideravelmente atrasado.

Peço perdão a vocês, pois sei que este capítulo era bem aguardado. Acredito que, justamente por isso, eu fui atingida por um bloqueio criativo bem filho da mãe. Explicando melhor: Vocês esperaram e pediram tanto por esse momento, que eu fiquei com medo de escrever de modo que não correspondesse as expectativas que criaram.

Maaas, como eu não podia deixá-los esperando para sempre, me esforcei para sair da zona de bloqueio e até que curti o resultado. Espero que vocês gostem também.

Preciso dizer também que estou IMENSAMENTE feliz, pois Conspiração recebeu suas duas primeiras recomendações! Gente, é sério, qualquer resposta do leitor me deixa extremamente comovida. Por isso agradeço profundamente aos leitores Saberus e Happy Reader, que tiraram um tempinho para escrever palavras tão lindas sobre a fic. De verdade, muito obrigada pela ajuda e pelo apoio.

Como tradição, cada leitor que recomenda a fanfic, recebe uma dedicatória. Então este capítulo é dedicado ao leitor Saberus, e o próximo será dedicado a Happy Reader.

Saberus, quero que saiba que amei a recomendação e me sinto honrada por esta fanfic ser a primeira que você recomenda. Suas palavras me deixaram contente para caramba e fizeram com que eu me sentisse muito recompensada. Então, como singelo agradecimento, este capítulo é dedicado a você!

Não posso deixar de agradecer também aos leitores que comentaram o último capítulo: Giu Bloodie S2, Vicky Scarlet, Italo Azevedo, GabbySaku, Saberus, Peter Flach, Happy Reader e Rora chan.

Então é isso. Espero que curtam.

Até as notas finais!!!



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Capítulo XIII - A Minha e a Sua Verdade

 

Novamente, havia sido convocado em meio a madrugada. Por mais inconveniente que fosse, quando o Presidente do Conselho Mágico, Gran Doma o requisitava, o melhor para a sua segurança e saúde era atendê-lo, sem hesitação. Hallbamn tornara-se mais do que ciente desse fato, ao constatar que aliados em potencial do presidente simplesmente desapareciam, ao menor sinal de deslealdade.

A pressão dos planos em que se envolvera o corroía por dentro. Mas ele jamais poderia revelar ou demonstrar tal fraqueza. Ser um seguidor de Gran Doma significava isso: Nunca retroceder, ou sequer pensar nisso. Qualquer deslise, custaria muito caro.

Inobstante a tempestade que se desenvolvia em seu interior, o semblante do membro do conselho permanecia inabalável. Assim, ele terminava de cruzar o longo salão, ponto de encontro habitual entre ele e o Presidente do Conselho Mágico, quando queriam tratar de assuntos além dos interesses partilhados com os demais cúmplices.

Como sempre, Gran Doma o aguardava, acomodado no centro do elegante sofá de três lugares, enquanto fitava a dança hipnótica das chamas na lareira. Hallbamn não entendia bem, mas o presidente sempre demonstrara um considerável fascínio pelo fogo. Especialmente quando ele consumia algo importante.

— Você demorou. - Sem desviar o olhar da lareira, o velho que ostentava uma longa barba alva e um estranho chapéu negro reclamou.

— Minhas sinceras desculpas. - Hallban pediu, demonstrando respeito, quando na verdade estava entediado. Gran Doma quase sempre o saudava reclamando de sua falta de pontualidade. - Comparecer sem deixar rastro é um serviço realmente moroso, ainda mais quando o Senhor Presidente me convoca sem antecedência. - Retrucou, da forma mais educada possível. - Então? Por que razão fui requisitado? - Indagou, realmente curioso.

— Você sabe que tivemos alguns contratempos que atrasaram nossos planos. - Respondeu, sem rodeios. - Entretanto, não creio que possamos esperar muito mais. Prepare-se para agir. - Decretou.

Mesmo que tivesse passado os últimos três meses esperando por este aviso, Hallbamn não pôde deixar de arregalar os olhos. Então a hora finalmente havia chegado. Isso era, no mínimo, perturbador.

— Não seremos frustrados dessa vez? - Questionou. Afinal, cerca de noventa dias atrás, o presidente havia lhe informado que os últimos ajustes estavam feitos. Entretanto, a ação de agentes externos atrapalharam a execução do plano.

— Org não vai ser um problema dessa vez. - Finalmente encarando o recém chegado, Gran Doma esclareceu, direto. A mania que Hallbamn tinha de subetender o que realmente gostaria de perguntar o irritava profundamente. - Ele tentou fazer uma jogada discreta, mas não logrou. - Completou, abrindo um pequeno sorriso zombeteiro.

— E a ação de outros grupos? - Insistiu o membro subrodinado. - Não podemos ignorar que a maga estelar foi atacada há algum tempo. - Lembrou.

— Mais um motivo para que atuemos depressa. - Sentenciou o Presidente do Conselho. - Esse ataque apenas demonstrou que existem mais interessados nela. - Explanou. - Ou que alguém deseja eliminá-la de vez. - Concluiu.

— Certo. - Hallbamn assentiu, por fim, preparando-se para se retirar. Contudo, ao ensaiar um passo para trás, deteve-se, lembrando de mais um questionamento que assombrava a sua mente. Culpando-se, decidiu externá-lo. Sabia que seria ridicularizado pelo presidente. - O Senhor não se preocupa mesmo com os aliados da moça? - Falou, incerto.

— Ora, Hallbamn! - Exasperou-se o velho de longa barba. - Com quem eu deveria me preocupar? Com Makarov? Com a Guilda inteira? Com aquele moleque que não larga do pé dela? - Ironizou. - Você sabe que estamos para enfrentar um inimigo muito mais forte! Simplesmente não tenho tempo para isso. - Lembrou.

— Entretanto, não me parece ser prudente ignorar os inimigos mais fracos. - Ponderou o subordinado. - E quanto aquele moleque, você sabe: Ele tem a simpatia do rei, o que já constitui um obstáculo em potencial. - Argumentou.

Em reação, o Presidente apenas estalou a língua, demonstrando pouco caso. Indiferente, voltou a fitar a lareira, como se estivesse apenas casualmente desfrutando de uma calma noite.

— Escute, Hallbamn. - Sem desviar o olhar das chamas, que refletiam em seus olhos, dando-lhe um ar demoníaco, chamou. - Você sabe por que o fogo é tão hipnotizante? - Indagou, serenamente.

— Eu gostaria que o Presidente me contasse. - Respondeu o outro.

— Porque ele consome. - Respondeu. - A mais ínfima faísca pode gerar um incêncio devastador, desde que haja o que consumir. - Contou.

Hallbamn passou breves segundos analisando a resposta, até que decidiu novamente se manifestar:

— Eu creio que no caso, realmente haja muito para consumir. - Comentou, temeroso.

— Ainda assim. - Continuou o Presidente. - Algo tão poderoso como o fogo quase sempre é vencido por algo aparentemente tão frágil e desvalorizado como a água. - Narrou. - E uma coisa é certa: - Afirmou, confiante. -  O que estamos para viver  não é nada menos que um dilúvio. - Completou, com um sorriso de escárnio.

 

• • •

 

Havia pelo menos dois minutos que os dois magos apenas se encaravam, sem trocar uma mísera palavra. E naquele período onde o silêncio parecia massacrar cada grama da determinação da maga estelar, ela acabou pensando que, talvez, mais do que a fria brisa noturna, algo mais podia estar separando-a do dragon slayer.

Talvez por isso, antes que a vergonha minasse sua coragem de forma definitiva, resolveu ser direta:

— Por que não me contou?  

Por mais que a pergunta fosse extremamente vaga, as poucas palavras proferidas pela loira foram o suficiente para atingir a compreensão do mago do fogo, que arregalou os olhos, levemente surpreso.

— Como você soube? - Devolveu a pergunta.

— Pela própria Lisanna, se te preocupa tanto saber. - Respondeu, levemente amargurada.

A resposta, causou um breve misto de sensações no rapaz, onde se destacavam alívio, surpresa e receio. De fato, não esperava que a albina esclarecesse a situação. Mais ainda, não esperava ser confrontado pela maga estelar. E por mais que uma parte sua se alegrasse com o fim do mal entendido, outra parte o recriminava, pois ele havia decidido que o melhor era se afastar de Lucy permanentemente.

— Vai continuar fugindo de mim? - A loira insistiu, novamente o pegando desprevenido. - Você realmente acha que uma vez que eu descobrisse a verdade, não deduziria a razão do seu afastamento? - Questionou, fuzilando-o com o olhar. - Por favor Natsu, ao menos tenha a decência de entrar para conversar comigo! - Exasperou-se, ao ver que ele permanecia imóvel, empoleirado no batente.

Tentando manter o controle de seus instintos, Salamander saltou para dentro do quarto. Era difícil estar tão perto de Lucy após um período tão longo de afastamento. Ainda mais quando todo o seu corpo clamava por fazê-la sua novamente, naquele exato instante.

— Se você conhece o motivo pelo qual me afastei, então entende que o melhor é que continuemos separados. - O jovem falou por fim, fazendo com que a maga o encarasse enfurecida.

Heartfilia até mesmo havia tomado fôlego para proferir inúmeros desaforos para o companheiro de equipe, quando uma súbita tonteira enevoou seus pensamentos, e uma conhecida fraqueza fez seus joelhos cederem.

— Lucy! - Natsu gritou, amparando a moça bem a tempo, evitando o choque contra o assoalho.

A visão da maga tornou a clarear gradualmente, fazendo com que ela, aos poucos pudesse vislumbrar nitidamente a face de Dragneel. Com um leve rubor, constatou que estavam bem próximos, como há muito não ficavam. Com esse pensamento, desfrutou conscientemente do calor que o corpo do mago emanava. Havia três meses que não estivera em seus braços e, céus, como aquilo fazia falta.

— Você está bem? - Com a expressão contorcida de preocupação, Natsu questionou. Ver a maga quase desfalecer em sua frente era, no mínimo, desesperador. Talvez, por isso, nada no mundo poderia prepará-lo para o que viria a seguir.

— IDIOTA!!! - Lucy gritou, desferindo um soco contra o maxilar do dragon slayer que, atordoado, tombou para trás.

O rapaz demorou vários segundos para processar a situação e outros tantos para se recompor. Sentando-se no assoalho, com as pernas cruzadas, começou a massagear a boca. Ele estava acostumado com a mão pesada da maga, mas ela não estaria ficando mais forte? Talvez fosse o tempo que estiveram afastados que provocava tal impressão.

— Nós prometemos! - Ajoelhada, de frente para ele, Heartfilia lembrou. - Prometemos apagar aquele dia da nossa história e  nunca mais mencioná-lo! - Acrescentou.

— Tecnicamente, eu não mencionei. - O mago do fogo defendeu-se.

— Mas também não esqueceu! - Acusou ela, se aproximando. - Mesmo me prometendo, você se afastou de mim por causa daquilo! - Exasperou-se. - Isso é tão ridículo! - Exclamou, levando as mãos a própria testa.

— Você não entende! - Salamander levantou-se, exaltado. - Tudo que aconteceu com Lisanna… - Começou. - Ver aquele desgraçado se aproveitando dela… - Continuou, tentando afastar memórias desagradáveis. - Ver o quanto ela ficou abalada… - Acrescentou, entranhando os dedos nos próprios cabelos. - Me fez lembrar das coisas horríveis que fiz a você! - Desabafou.

Naquele ponto, as lembranças dos momentos em que tinha sido manipulado por Pali, para machucar Lucy, quando estavam presos na base da Nihil Occultum já faziam a festa por sua mente. Os gritos que a maga estelar proferira naquela noite eram quase nítidos, e deixavam seu espírito atormentado, por saber que fora ele quem os provocara.

— Eu sei. - Daclarou a loira, usando a cômoda como apoio para também se levantar. - Assim que Lisanna contou tudo, eu compreendi que apenas algo como isso faria você desistir de me explicar a situação.

Os dois magos passaram mais um breve instante se encarando. Agora que os motivos do dragon slayer estavam justificados, Lucy sentia-se extremamente culpada. No fim das contas, ele não se importara de ter a imagem manchada perante a maga e escolhera se afastar, acreditando que fazia o melhor para ela.

— Eu sei que te devo desculpas. - Falou a loira. - Por te julgar mal. - Acrescentou. - Mas você sabe que eu não tinha como interpretar outra coisa ante a situação que eu presenciei, certo? - Indagou. - Entretanto, eu teria entendido, se você tivesse explicado. - Reclamou.

— Eu tentei te alcançar, mas você foi embora. - Defendeu-se o jovem.

— E o que você esperava que eu fizesse? - Irritou-se Lucy. - Eu vi você e a Lisanna na cama, se beijando! O mínimo que eu podia fazer era juntar os cacos da minha dignidade e sair correndo! - Justificou. - E depois? Por que não foi atrás de mim? - Indagou, revoltada.

— O mestre nos proibiu de passar a história para a frente. - Justificou. - Eu até estava disposto a conversar com a Lisanna e pedir para ela explicar tudo mas… - Fez uma pausa, lembrando-se dos acontecimentos. - Durante uma conversa com Erza, acabei entendendo como ela devia estar se sentindo após ser molestada. E entendi também que você também devia ter se sentido da mesma forma quando eu fiz aquilo. - Desabafou.

— São situações diferentes Natsu! - Heartfilia exclamou, aproximando-se. - Você foi manipulado! Foi induzido a me atacar, diferente do patife que abusou da Lisanna. - Lembrou.

— Eu sei. - Assentiu. - Mas não posso ignorar que esses instintos agressivos partiram de mim. - Argumentou. - Pali apenas os ampliou.

— E os distorceu. - Acrescentou a maga. - Pela última vez, será que podemos esquecer de vez aquele episódio? - Praticamente suplicou. - Eu odeio  me lembrar disso!

— Eu não sei se consigo. - Natsu respondeu.

Desolada, Lucy abaixou a cabeça. Não estava acreditando que as consequências do ataque da Nihil Occultum atingiam até mesmo sua vida amorosa. Tudo bem que os fatos eram realmente sérios. Mas se ela, a maior prejudicada, tinha decidido enterrá-los, por que Natsu simplesmente não fazia o mesmo?

— Eu sinto sua falta. - Admitiu, em um murmúrio quase inaudível para um humano comum, porém, perfeitamente compreensível para um dragon slayer de audição apurada.

— Lucy… - Natsu começou, reticente. - Eu… - Gaguejou. - Você… - Tentou. - Não sei se estará segura comigo. - Admitiu por fim, envergonhado.

— Como? - A loira piscou, aturdida.

— Desde que a isso tudo começou. - Tentou explicar. - Desde nós começamos. - Retificou. - Eu tenho sensações que não consigo compreender. - Exasperou-se.

Surpresa, a maga estelar não conseguiu ter outra reação que não fosse gargalhar, compulsivamente.

— Qual é a graça??? - Irritou-se o mago do fogo.

— Nenhuma! - A loira esforçou-se para se recompor. - Natsu, isso é normal! - Tentou explicar.

— Não, você não entende! - Cortou, andando de um lado para o outro. - Lucy, tem momentos que eu realmente sinto como se estivesse fora de controle. - Confessou.

Acompanhando-o com os olhos, a jovem analisou a situação, escolhendo cuidadosamente as palavras que usaria para acalmá-lo.

— As vezes eu também penso que estou fora de controle, Natsu. - Admitiu. - Todo mundo se sente assim. É o que acontece quando nos sentimos atraídos por alguém. - Completou, envergonhada.

— Embora diga isso, sei que não estamos falando da mesma coisa. - O dragon slayer cruzou os braços e encarou o piso, pensativo, surpreendendo Lucy com a sua certeza.

Por mais que aparentasse não entender nada de relacionamentos, as vezes ele soltava algumas frases recheadas de significado, que deixavam a maga completamente confusa. Definitivamente, eram momentos que não combinavam com a personalidade infantil do rapaz.   

— Eu tenho medo de te machucar. - Contou. Irritada, a loira suspirou.

— Então é isso? - Indagou, com as mãos na cintura. - Vai desistir da gente por que tem medo de me machucar? - Questionou incrédula.

— Eu só quero o melhor para você. - Tentou.

— Eu não sei o que é melhor para mim. - Lucy gritou, aproximando-se. - Nem o que é melhor para você. - Acrescentou. - Mas sei que, os dias que passamos juntos foram os mais felizes que eu vivi. - Confessou, abaixando a cabeça, envergonhada. - E eu gostaria muito de poder viver muitos outros dias assim. - Finalizou, amenizando o tom, entrelaçando os dedos das próprias mãos de forma nervosa.

— Lucy… - Natsu chamou. Embora demonstrasse incerteza, por dentro, estava furioso consigo mesmo. Diante dele, estava a única pessoa no mundo capaz de abalar suas convicções. E ver aqueles olhos castanhos grandes e chorosos, definitivamente, o fez fraquejar.

Sem resistir, terminou de cruzar o espaço que ainda os separavam e circundou a cintura da loira, com ambas as mãos. A reposta ao toque foi imediato: Automaticamente, Lucy arrepiou-se por inteiro e retraiu-se, envergonhada.

Por outro lado, a timidez da maga apenas atiçou o sentimento que Salamander vinha reprimindo desesperadamente desde que a conversa se iniciara. Talvez devido a exaustão de conter-se por tempo demasiado, o dragon slayer simplesmente cedeu ao desejo, deixando que sua mente liberasse seu corpo para que agisse praticamente em modo automático.

E quando encarou-a com mais cuidado, não pôde evitar a onda de adrenalina que percorreu o seu corpo. Vê-la corada por ser alvo de um olhar tão voraz, apenas aumentava o desejo de instigá-la ainda mais.

Sem pudor, introduziu a mão direita por debaixo da blusa do pijama da garota, entrando em contato direto com suas costas nuas.

Para Lucy, foi inevitável não sobressaltar-se levemente enquanto Natsu acarinhava suas costas. Verdade que sentia-se intimidada perante ao modo que o mago lhe encarava. Isso porque aquele não era apenas um olhar de desejo, que estava acostumada a receber diariamente das inúmeras pessoas do sexo oposto que praticamente a secavam com os olhos, devido as roupas ousadas que usava habitualmente.

Era maior que isso. Mais complexo. Por mais que tenham sido poucas as ocasiões em que o mago do fogo tenha lhe direcionado aquele olhar, já era o suficiente para constatar que aquele gesto lhe forçava um sentimento de rendição. E assim, completamente rendida, não se opôs quando Dragneel fez as alças de sua blusa deslisarem por seus braços. Porém, logo em seguida, em um surto de resistência, abraçou-se, constrangida.

Sorrindo, Natsu segurou o queixo da garota, com o polegar e o indicador, e fez com que ela erguesse a cabeça, de modo que se encarassem diretamente.

Por um instante, a maga sentiu-se completamente perdida na profundidade do olhar do rapaz. Naquela altura, confirmou não ser capaz lutar contra a imponência que via ali. Literalmente não podia. Quando Salamander a encarava com desejo, sentia-se completamente entregue, não havendo alternativa senão fazer a vontade dele.

Corroborando seus pensamentos, as orbes ônix foram se encolhendo, até tornarem-se apenas duas linhas finas, que riscavam as iris amareladas e ferinas. Tal ato, fez Lucy reconhecer o mesmo olhar autoritário que ele lhe direcionou na noite em que passaram juntos. Só então, começou a compreender a que ele se referia quando disse que ficava fora de controle em determinados momentos.

Sem conseguir quebrar a aproximação iminente, a loira apenas aguardou, com expectativa, que os lábios dele reivindicassem os seus. Todavia, milésimos de segundos antes que o tão sonhado contato se consumasse, sentiu toda a euforia do momento ir por água abaixo, ao ser tomada por uma ânsia fortíssima.

— Desculpa! - Esganiçou antes de disparar para o banheiro, com ambas as mãos cobrindo a boca.

Aturdido, Natsu ainda ficou congelado alguns segundos no lugar, tentando processar a situação. Num instante, estava prestes a se atracar romanticamente com Lucy e, no seguinte, ela simplesmente desapareceu de suas vistas. Logo quando estavam tão perto…!

Piscando algumas vezes e contendo a frustração, rumou atrás de Heartfilia, para encontrá-la em estado deplorável, debruçada sobre o vaso sanitário, vomitando.

— Você bebeu? - Perguntou, amparando-a, preocupado.

— Sim. - Confirmou a moça, assim que terminou.

Após puxar a descarga, Lucy caminhou, com o auxílio do mago, em direção a pia, onde lavou o rosto e escovou os dentes.

— Você está pálida. - Constatou Natsu, observando as feições da jovem.

— Estou um pouco fraca. - Respondeu a maga estelar, após enxaguar a boca.

— Não é melhor procurarmos a velhota? - Inquiriu, referindo-se a Porlyusica.

— De jeito nenhum! - Atalhou a loira, direcionando-se novamente ao próprio quarto. - Já imaginou o que ela fará comigo se eu incomodá-la por causa de um porre? - Questionou, apanhando a blusa de seu pijama que estava jogada no chão e vestindo-a novamente.

— Mas você não parece bem. - Insistiu o dragon slayer.

— Você está exagerando. - Devolveu, puxando de qualquer jeito o edredon que cobria sua cama, consequentemente espalhando pelo chão todas as roupas que estavam em cima dela. - Só preciso descansar um pouco. - Declarou, deitando e aninhando-se ao edredom acolchoado.

Mesmo que compreendesse a situação, o mago do fogo murchou, desanimado. Se Lucy precisava descansar, isso queria dizer que eles não iriam continuar de onde haviam parado.

Frustrado, despiu-se do sobretudo negro de qualquer jeito e jogou em um canto qualquer. Por sua vez, o cachecol escamado foi retirado cuidadosamente e colocado na cabeceira da cama. Em seguida uniu-se a Heartfilia, embaixo do cobertor.

— Ei! - A moça protestou, assim que sentiu o dragon slayer se aproximar. - Eu não disse que você poderia dormir aqui. - Reclamou, afastando-se.

— Como se você não quisesse isso. - Devolveu o mago, puxando a loira para si.

— Natsu… - Lucy praticamente gemeu, ao sentir as costas entrando em contato com o corpo quente do parceiro de equipe. - Estou exausta… - Cortou, o que não impediu que ele abocanhasse seu pescoço com uma força desnecessária.

— Eu sei… - O rosado respondeu contra a pele da jovem, entre um beijo e outro. - Não se preocupe, não vou fazer nada de mais. - Garantiu, envolvendo o ventre da garota e puxando-a para mais perto.

Heartfilia nem ao menos teve tempo para aproveitar a proximidade. Surpreendentemente, assim que tocou a barriga da parceira, Natsu ergueu-se repentinamente, assustado.

Nani? - Também assustada, a loira perguntou, sentando-se sobre o colchão.

A dúvida da maga transformou-se em preocupação, ao ver que Salamander estava pávido, alternando o olhar de seu rosto para seu ventre.

— O que foi, Natsu? - A loira insistiu, atemorizada.

— Ne, Lucy… - O mago começou, coçando a cabeça.

Lucy ergueu as sobrancelhas, ante a atitude suspeita de Natsu. O rapaz abria e fechava a boca repetidamente, aparentando não estar certo do que falaria, como se suas palavras não fizessem sentido. Curiosa, aguardou com expectativa, quando o semblante dele deu sinais de que finalmente seria capaz de formular uma frase:

— Agora há pouco, quando eu toquei sua barriga - Começou, confuso. - eu senti batimentos cardíacos. - Contou, como se suas palavras fossem algo absurdo.

Atarantada, a maga arregalou os olhos.

— Do que está falando Natsu? - Como esperado, a jovem reagiu como se aquela declaração fosse completamente estapafúrdia. - Você deve ter sentido a minha pulsação em outro lugar e está falando que sentiu na barriga. - Sugeriu, dando uma entonação diferente em certas palavras. Afinal, momentos atrás, quando o mago do fogo a puxou com a mão direita, a mão esquerda estava passeando por lugares indevidos, que ela não pretendia mencionar.

— Não é isso. - Contestou Dragneel. - Eu tenho certeza que senti a pulsação. - Garantiu. - Na verdade, agora mesmo eu posso ouvi-la. - Revelou.

— Eh? - A maga não pôde conter uma interjeição de surpresa.

— É como se você tivesse dois corações. - Continuou Natsu. - Um aqui - Sinalizou, levando uma das mãos até o busto da parceira, que automaticamente retraiu-se, mas não se afastou. - E um aqui. - Continuou, escorregando a mesma mão que antes pairava sob os seios até que ela pousasse no ventre da jovem.

Para ter mais certeza do que falava, o mago segurou a cintura de Lucy com ambas as mãos e debruçou-se, de modo que pudesse encostar o ouvido diretamente em seu abdômen.

— Eu não tenho dúvida. É mais fraco que o seu, mas ainda assim é um coração. - Afirmou, confuso. - É como se tivesse alguém aí dentro, Lucy. - Concluiu, levantando-se para encará-la. A maga não pôde deixar de reparar o quanto ele pareciam extremamente perturbado.

— Ora Natsu, não seja bobo. - Heartfilia cortou, sem entender. - Como se isso fosse possível. - Zombou. - A única maneira de ter alguém dentro de mim é se eu estivesse… - Começou, interrompendo-se ao perceber a gravidade da palavra que viria a seguir.

Na realidade, não apenas a seriedade da possibilidade, mas a realidade que ela guardava atingiu a loira como uma facada, de modo que ela, novamente, empalideceu de forma brusca.

— Lucy! - Natsu chamou, alarmado.

Contudo, a loira parecia estar em transe. Inicialmente, seus olhos desfocaram, como se um pensamento longínquo, porém realmente aterrorizante tomasse sua mente. Todavia, logo em seguida, a maga sacudiu a cabeça com violência, a fim de espantar qualquer ideia que tivesse lhe ocorrido, e começou a fazer uma conta estranha usando os dedos.

— O que você está fazendo? - Salamander indagou, ao ver que ela contava e recontava, um tanto frenética e desesperada. - Lucy, o que foi? - Insistiu, preocupado.

Quando a maga estelar finalmente cessou de contar, encarou o dragon slayer, a face completamente vermelha e os olhos úmidos.

— Natsu... - Resmungou incrédula e chorosa.

— Lucy! - Natsu exclamou novamente, ao ver que dessa vez, ela é que alternava entre encará-lo e fitar o próprio ventre, em ritmo desesperado. - Lucy, o que você tem? - Tentou novamente.

Contudo, deixando-o pasmo e sem nenhuma resposta, a loira simplesmente deitou e puxou o edredom com violência, ocultando-se completamente por debaixo das cobertas.

 

 


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram?

Eu fiquei com receio de que o início do capítulo ficasse confuso, mas acho que qualquer dúvida pode ser esclarecida com uma nova leitura do Prólogo.

E o momento NaLu? Gostaram? Sei que foi breve e que eu fui um tanto troll, mas achei bem fofo. :3

No próximo capítulo, teremos uma Lucy bem confusa sobre o que deve fazer quanto as suas descobertas, enquanto a ignorância de Natsu e a rotina de sua equipe atrasam seus planos.

É isso. Espero que deixem a opinião de vocês sobre o que aconteceu e o que vai acontecer.

Até o próximo!



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