Always, sister escrita por AlineEmilie


Capítulo 7
Dr




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A música era alta, ela reconhecia Losing My Religion – R.E.M.,uma de suas favoritas, a prefeita admirava a forma como sua irmã conseguia fazer amizades rapidamente, ela possuía uma simpatia inigualável, ao menos metade das pessoas daquele bar já estavam encantadas com a ruiva ao seu lado.Ela observava de longe Ruby conversando animadamente com Dr. Whale, revirando os olhos levemente levou a taça de martini aos lábios.

– Por que não vai dançar, sis? – Olhando para a mulher ao seu lado ironicamente, a morena suspirou, seus pensamentos só iam de encontro a Robin Hood e Marian, e uma forma de quebrar aquela maldição.Regina detestava aquela sensação de não poder fazer nada, precisava ajudar aquela mulher, não só por causa de Robin, mas porque era o certo a se fazer.

– Eu te trouxe aqui para se divertir, não para pensar no loiro maravilha. – As palavras da outra bruxa lhe tiraram um sorriso, e por um lado, ela possuía razão, Regina necessitava de um pouco de diversão, algo que não envolvesse magia ou DR’s.

– Se quiser dançar, querida, vá. – Zelena revirou os olhos, se voltando para a mulher mais nova.

– Aposto que metade dos caras que estão lhe olhando só estão esperando você ir ao banheiro. – A ruiva se ajeitou desconfortável, passando lentamente os olhos pelo bar, notando que realmente alguns olhares estavam parados em si.

– Ah qual é...Me recuso a continuar vendo sua cara tédio. – A bruxa não entendia muito bem o porquê queria ver a morena se divertir, mas aquilo não importava.Aparentemente Zelena havia aprendido a am-gostar de Regina, e não gostava de vê-la daquela forma, desanimada.

– Mais uma rodada de martinis... – Fez gesto para o garçom que consentiu com um sorriso.

– Acho que já bebi demais para uma noite. – Murmurou a morena.

– Você não quer dançar, dispensou 3 caras que pareciam ser muito simpáticos, então o que resta é beber. – A mulher virou a taça, pousando com delicadeza na mesa.

– Nós duas bebendo...Isso não vai funcionar. – A mulher mais velha deu de ombros, não se parecia nem um pouco com a Bruxa Má que ameaçara a vida de tantos á algum tempo atrás.

– E então vocês duas vão vir dançar ou não? – Ruby se sentou a mesa com euforia, ela com certeza era uma das melhores companhias para se ir a um lugar como aquele, sempre esbanjava seu melhor sorriso e simpatia, além da beleza, dom que sempre possuiu.

– Sua rodada de martinis. – A mulher ergueu a mão para o garçom, fazendo com que a garçonete risse.

– Sério?...Vocês não vão ficar bêbadas com isso... Shots de tequila. – Pediu ao moreno vestido de terno, este sorriu para as três mulheres e se retirou.

– Eu não bebo tequila. – Murmurou Regina, a morena revirou os olhos.

– Hoje vai beber... – A ex-prefeita suspirou, a música se tornou um pouco mais lenta, e logo Thank you –Dido invadiu seu sub-consciente.Músicas românticas era tudo o que ela não precisava naquele momento.

– Regina... – Ela franziu o cenho quando um homem se aproximou, se recordava de suas feições e quem era, mas...Seu nome, ainda era um mistério para sua mente.

– John... – Ele sorriu, claro, seria bem mais fácil reconhecê-lo se estivesse acima de uma cela pegando fogo, o homem que um dia fingira ser sua alma-gêmea, ironia ou não, ela estava em uma situação um pouco pior desde a primeira vez que se encontraram.

– Olá... – O cumprimentou com cordialidade, afinal ele nunca possuíra culpa por tudo entre a morena e sua mãe, eram problemas familiares, um pouco dolorosos de se remexer.

– Posso? – Ele apontou para a cadeira vazia da mesa, e a mulher apenas consentiu.

– Admito estar surpreso em encontrá-la aqui...Não parece seu tipo de lugar. – Em um gesto bem irônico Regina encarou sua irmã, suas expressões diziam um “Eu avisei” em silêncio

– E realmente não é...Ah me desculpe...Essas são Zelena, minha irmã e Ruby... – Apresentou respectivamente.

– Não sabia que tinha uma irmã... – Disse após apertar a mão da ruiva, que mantinha os olhos na pista de dança.

– Longa história... – A morena desdenhou com um gesto.

– No 3... – Ruby entregou os pequenos copos a cada da um mesa.

– 1..2..3.. – E os 4 viraram, fazendo uma careta desgostosa.

– Isso é horrível.... – Regina franziu o cenho olhando para dentro do copo.

– Dá pra trazer a garrafa? – Questionou fazendo com que todos rissem.

Naquela noite, ao menos naquela noite, Regina não pensou em Robin, Roland ou Marian, apenas dançou, riu e bebeu.Era uma solução temporária, ambas as irmãs sabiam, mas aquilo não importava.Esse era um dos pontos interessantes de se ter família na cidade, você não precisava se preocupar tanto...Quando a noite chegasse, era só fechar os olhos, mas manter a mente bem aberta, a felicidade não é algo eterno, mutuo ou comprável, mas certas pessoas tem o dom de carregar a felicidade dos outros, são apenas teorias, criados por poetas e filósofos, mas Regina e Zelena, eram com toda a certeza, provas disso.

– R-Regina... – Zelena murmurou tentando se levantar, a cabeça rodando, a garganta seca, os olhos pesados.

– Aíí... – Se ergueu lentamente de onde se encontrava, um sofá de couro.A ruiva foi pega subitamente por seu estomago, este se contraiu internamente.A mulher correu, para o banheiro, nem sabia como o encontrara, mas estava ocupada demais para pensar nisso.

– G-Zelena? – Regina se escorou no batente da porta, não parecia estar em uma situação muito melhor, as mãos pousadas sobre a barriga, as roupas amassadas e manchadas de algo que a morena não queria saber.

– Acho que bebemos demais... – Murmurou baixo, mesmo assim não agüentou o eco que sua própria voz fizera na cripta.Parecia-se com um interior de uma caverna... Zelena tinha sotaque, mesmo sem conhecer muito outras culturas sua irmã mais nova podia reconhecer...Ali naquele mundo ela possuía sotaque britânico, seu “Sss” puxado e ainda meio bêbado escoou pelos corredores de pedra.

– Ao menos estamos vestidas. – Continuou limpando a boca, e erguendo-se do chão com visível dificuldade.

– Hora de acordarmos para a vida. – A prefeita jogou água no próprio rosto, tentando ignorar as pontadas que incomodavam o interior de sua cabeça.

– Temos muito o que fazer... – A mulher mais velha escorou-se na parede, os olhos fechados, soltou um lento bocejo.

– Toma.... – A ex-prefeita ergueu a mão, onde alguns comprimidos rosas estavam.

– O que é isso? – A bruxa abriu os olhos, observando os olhos castanhos da irmã mais nova.

– Aspirinas...Melhor que magia. – Se é melhor que magia...Então tudo bem, pensou a ruiva, se questionando mentalmente se confiaria em Regina daquela forma, se tivessem crescido juntas.Pelo pouco que conhecia sobre amor fraternal, elas com certeza iriam se odiar bastante quando estivessem juntas, e iriam se amar ainda mais quando estivessem separadas.Era a lei.

– Acho melhor nos recompormos....Henry logo, logo vai chegar. – A mulher consentiu engolindo os comprimidos em um único gesto.

– Estou desesperada por um café forte. – Zelena concordou e seguiu a morena para a sala principal da cripta.Se sentando confortavelmente em cima de um baú, ela nunca estivera ali, mas era agradável estar num ambiente que não fosse tão luxuoso quanto a casa de Regina.

– E então?Já tem alguma idéia de como ajudar Marian? – A pergunta veio lentamente até a mulher, ajudar a esposa do homem que amava, porque aquilo soava tão ridículo?

– Vou fazer o possível...Para achar uma cura, e peço sua ajuda. – A ruiva franziu a testa, é claro que ajudaria Regina, em qualquer coisa, á uma semana atrás ela não pensaria assim, mas o pensamento de que aprendera a gostar de sua irmã continuava ali, ela gostava do fato de Regina possuir um coração enorme, gostava do fato de que ela gostava de fazer piadinhas sarcásticas em momentos sérios, gostava de ser irmã daquela mulher, saber que possuíam uma ligação a deixava contente.

– Você vai me ajudar Zelena? – A mulher mais velha balançou a cabeça para focar nas palavras da ex-prefeita....

– Claro, sis. – Exasperou o óbvio e cruzou os braços.Entender a ruiva também não era uma tarefa fácil, ela parecia muitas vezes hesitar para com as gentilezas ou cordialidade das pessoas, e a morena não lhe tirava a razão, as bruxas aprenderam do jeito mais difícil que confiar em todos é um erro muito comum.

– Café ajuda... – Entregou a xícara com o líquido para a mulher que corria os dedos em leves círculos pela testa.

– Tomara que ajude mesmo. – Aceitou a xícara e sorriu para a mais nova.A gentileza de Regina era outro ponto que fazia com que Zelena gostasse dela.

– E então...Por que não me conta como jogou a maldição.... – Era uma longa história, mas elas tinham tempo...Ao menos até Henry chegar.

– Olho de salamandra?Escama de dragão? – O garoto mexia nos potes e vidros ali presentes.

– O garfo de Adder?Bucho de lagarto? – Continuou, remexendo nos pequenos vidros.

– Cuidado Henry, não quer passar sua adolescência parecendo um sapo...

– Ou um macaco. – Disse a ruiva voltando do arsenal de livros presentes em outro cômodo da cripta.

– Então...Qual desses vai descongelar a Marian? – Questionou cruzando os braços sobre o baú que estava apoiado.

– Saco! – Murmurou Zelena jogando um dos livros por cima do ombro.

– Nenhum deles. – Concluiu Regina, olhando estranhamente para as ações de sua irmã.Fechando o antigo livro de feitiços de sua mãe com um backe frustrado.

– Acho que não tenho algo tão poderoso para contrariar a magia da Rainha de Gelo.

– Isso é porque Robin Hood ainda te ama? – Questionou Henry, olhando para a mãe compreensivamente.

– Tocou na ferida... – Cantarolou a ruiva irritantemente.

– Quem lhe disse isso? – A ex-prefeita franziu a testa, talvez Henry crescera mais rápido do que ela pensara, mais rápido do que ela pudesse acompanhar.

– Ninguém... – E ele foi sincero.

– Mas sei como essas coisas funcionam. – Pudera. – O beijo do amor verdadeiro não funcionou na Marian porque ele ainda te ama. – Afirmou o garoto.Ambas as irmãs sabiam que ele possuía razão.

– Mas isso não é uma coisa boa? – Questionou, Regina suspirou, ainda se incomodando com aquela leve dor de cabeça.

– Você não devia estar feliz? – A morena soltou um meio sorriso, deveria realmente estar feliz....Mas Robin tinha de voltar para sua esposa, seria muito errado se ele a deixasse, ela não podia ser a causa do término de um casamento, além de que...Roland não podia “perder” a família...Novamente.

– Nesse caso, Henry, acredito que seja algo que você é muito novo para entender. – Ela se pegava muitas vezes, comparando a inocência de Roland, com Henry, eles possuíam o mesmo brilho nos olhos, o brilho daqueles que ainda não haviam descido ao inferno e vivido o que a vida tem de pior...E por ela aquele brilho continuaria ali...Eternamente.

– Sis, preciso do meu sobretudo.... – Zelena sabia que a neve acompanharia a todos naquela tarde.E precisava de algo mais quente se não quisesse pegar uma terrível gripe.

– Tudo bem...Eu...Vou deixar Henry na escola e...

– Ãnhhh.... – O garoto reclamou, colocando a cabeça nos braços.

– Você fica bem aqui? – A mulher mais velha apenas consentiu voltando-se para a mini-biblioteca de Regina, certamente para pegar mais livros.

– Vamos...? – Henry revirou os olhos e correu, subindo as escadas da cripta com a mochila nas costas.Regina suspirou e seguiu até seu armário, ela confiava em Zelena, claro que sim, mas...No poder ela nunca confiara, então com receio pegou aquele pingente verde, enfiando-o no bolso do casaco.

– Demorei...Mas encontr-ei... – A ex-prefeita paralisou por um momento, encontrando sua irmã frente ao espelho talhado, onde a imagem de Sidney se reproduzia.Ela cerrou os dentes, a ruiva se virou, e as expressões que possuía foram as mais doídas de se ver.

– Você realmente confia em mim Regina? – Ela olhou do espelho nevoado em tons de azul para a morena, mas esta não conseguiu responder, apenas engoliu em seco.

– Você realmente iria matar aquela mulher? – A pergunta escoou na cabeça de Regina, acertando em cheio qualquer tipo de argumento que ela pudesse construir contra aquilo.

– Eu...Me arrependi. – Sua voz tremeu, ela nunca precisou da aprovação de ninguém, mas o tom de voz elevado e as expressões duras de Zelena, a fizeram se sentir a pior pessoa do planeta.

– Você prendeu este homem dentro de um espelho. – Exasperou a mais velha, sabia que não possuía autoridade ou grande moralidade para repreender sua irmã, mas confinar alguém pela segunda vez a um espelho, isso era cruel.Além de que...

– E-eu... – A morena gaguejou.

– Eu só queria...Ser feliz. – Suas palavras não passaram de um mero sussurro, ela levantou a cabeça lentamente, encontrando olhos azuis, que se desviaram rapidamente.

– Eu estou tentando te ajudar Regina, mas...Caramba, acho que você gosta de sofrer. – A bruxa foi dura nas palavras, mas estava decepcionada, se Regina precisava tanto de Robin Hood, o que a ruiva representava para a mesma?Um nada?Ela não confiava em Zelena?Se confiasse teria ao menos dito o que tinha em mente...Talvez a mulher mais velha não concordasse com a mesma, mas....Ela queria ajudá-la, porque amava Regina, e detestava vê-la sofrer.

– Onde vai? – As palavras apressadas da ex- prefeita demonstravam seu pavor quando a mulher pegou o sobretudo, se dirigindo as escadas da cripta.

– Respirar. – Mordendo os lábios para evitar as lágrimas a outra mulher respondeu. Saber que durante aqueles dias sua irmã trabalhava secretamente para matar uma pessoa...Mesmo com todo o apoio e carinho que Zelena havia lhe oferecido, simplesmente lhe machucou.Como sempre, as pessoas pisaram em seus sentimentos, como se ela não os possuísse.

– Não vai... – Pediu a mais nova, dessa vez não obtendo um sorriso em resposta.

– Por que não me contou? – Ela parou por um momento, a ponto de subir o primeiro degrau, ainda de costas...E o silêncio lhe serviu de resposta, talvez ela não se importasse tanto com a ruiva, quanto esta pensava.E diante de seus próprios pensamentos e conclusões subiu as escadas até a saída da cripta, só ali permitindo que suas lágrimas rolassem.Burra, murmurou, como pôde ser tão burra, a bruxa nunca confiara em espelhos ou qualquer coisa do tipo, mas o homem não mentira, ela sabia.Sabia que era verdade, Regina havia mesmo traído sua confiança.

– Sidney... – A morena se virou, os olhos encharcados e os lábios comprimidos, traziam uma estranha semelhança com a “Rainha Má”.

– Sinto muito, majestade, pensei que ela soubesse. – A prefeita rangeu os dentes, sabia que ele estava mentindo.

– DROGA! – Em um acesso de raiva e tristeza socou o espelho, vendo o rosto do homem se partir em alguns pedaços, sua mão doeu como nunca, com certeza havia se quebrado, mas ela não ligou, apenas se sentou em algum canto e se permitiu chorar, sentia um vazio lhe tomar aos poucos, talvez o maior que já sentira, Zelena não estava ali para enxugar suas lágrimas, ela não estava ali para lhe abraçar e dizer que tudo iria ficar bem, sua irmã havia ido embora.


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