A Flor da Carnificina escrita por Essa conta não existe mais, Niquess


Capítulo 39
Capítulo 38 - Intimado.


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaaaaa!
Boa leitura e não se esqueçam: Um review ajuda a estória e faz bem pro coração ♥



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Jonhy acordou afoito, porque teve um sonho ruim com Ermina. No sonho, ela era sequestrada e morta, enquanto ele assistia tudo atrás de uma vitrine. O rapaz queria poder olhar para o lado e ver que a garota estava dormindo do seu lado, mas a cama estava vazia há bastante tempo, então aquilo podia estar realmente acontecendo com ela.
Jonhy levantou da cama e resolveu não perder tempo, iria procurar tudo pela casa para ver se ela havia planejado fugir, ou se aconteceu mesmo alguma coisa com ela. O problema dele era não poder procurar a polícia. Jonhy abriu o guarda-roupa e viu as poucas e indecentes roupas de Ermina, e procurou papéis, ou qualquer coisa que indiciasse alguma coisa, mas não encontrou nada. Depois, olhou a gaveta onde ficavam as peças íntimas dela, e nada também. O rapaz bufou e tentou pensar em algum outro lugar, e lembrou da cesta de frutas que ela usava pra guardar seus sapatos. Caminhou até a cozinha e achou a cesta, não perdendo tempo de abaixar e procurar por algo, que desta vez ele achou.
Era uma agenda preta, com letras douradas escrito Feliz 2010. Jonhy abriu a agenda e viu um monte de anotações. A letra de Ermina era grande e engarranchada, o que tornava incompreensível de ler, porém, Juk fez um esforço. A agenda era um diário, pois contia data e todas as folhas começavam com ''aqui istou, mas uma ves'' com esses e vários erros de português, que também eram cometidos por ele. O leitor pegou o diário e sentou em um banco de plástico branco que havia na cozinha, e começou a ler página por página.
A primeira página falava sobre os abusos sofridos pela nova cafetina, que exigia muito dinheiro das meninas, e quando elas não conseguiam, apanhavam muito. A segunda página falava dos clientes exóticos que a procuravam. A terceira sobre como ela conheceu Juk e como viu nele uma saída para esquecer seus problemas, e o quanto estava começando a gostar dele, apesar de ter sido pressionada por Patrick.
Quando Jonhy chegou nessa parte, sentiu um arrepio no corpo inteiro. Havia alguma coisa ali que ele não sabia, então continuou lendo. Na página seguinte, Ermina dizia que Patrick havia lhe pagado três horas para passar com Jonhy, mas a noite ela tinha que passar com ele. Na próxima página, ela dizia que Patrick era muito violento com ela, e que ela preferia ficar com Juk, mesmo tendo medo de se apaixonar por ele.
Jonhy parou de ler nessa página. Ela havia ficado com ele por causa de Patrick? Foi ele quem a inseriu na sua vida? Por que? Juk não sentia raiva de Ermina, e sim de Patrick, e não quanto foi idiota por venerá-lo tanto, enquanto ele pagava uma prostituta para vigiá-lo.
O rapaz ficou segurando a agenda durante alguns minutos, pensando se iria continuar lendo, ou se parava por ali e procurava a garota. Pensou, e chegou a conclusão de que era melhor terminar de ler para depois procurá-la. Jonhy voltou a ler, e quando estava quase terminando de ler, viu que Ermina estava grávida de Patrick, porque sempre tomava pílula do dia seguinte quando se relacionava com Jonhy, ou seus cliente, mas com Patrick ela nunca tomava nada ou se precavia. E na página seguinte, ela relatava com felicidade a morte de Patrick, e no quanto ela estava contente por não precisar se relacionar com ele. Jonhy parou de ler novamente, e jogou a agenda na parede, ficando de pé para ir procurar Ermina.

Ermina acordou sentindo uma dor de cabeça insuportável. Sua barriga doía de fome, e suas pernas estavam dando caimbras. Ela não se lembrava de onde estava, mas sabia que aquele lugar era familiar. Levantou e sentou na maca onde havia dormido. Estranhamente, não sentia mais cólicas insuportáveis, e seu corpo estava mais limpo do que nunca, porém sua cabeça não tinha mais nada.
– Bom dia, esperei você levantar. - Falou Daniel, sentado em uma cadeira, ao lado da porta, nas costas de Ermina.
– Eu acho que... tem alguma coisa pra comer? - Pediu Ermina.
– Tem... Mas só se você for uma boa garota.
– Boa garota?
– É... - Daniel ficou de pé e caminhou até Ermina, segurando seu rosto e olhando dentro de seus olhos castanhos. - Você abortou um bebê. Você tinha um bebê morto dentro de você, e eu o retirei. Talvez, você seja uma grande assassina por tirar a vida de um bebê. Espero que carregue essa culpa eternamente. Até a morte da sua mãe foi culpa sua, e você sabe disso. A culpa é toda sua. - Ermina ouvia tudo sem esboçar reação nenhuma. Era como se Daniel estivesse falando com outra pessoa, enquanto ela assistia a cena na TV. Havia dado certo, a lobotomia funcionou, pensou o homem. - Você tem pra onde ir?
– Não sei. - Falou Ermina, franzindo seu cenho.
– Se eu te matar agora, o que você vai fazer pra me impedir?
– Estou com fome... - Falou Ermina, fitando o chão. Daniel sorriu de orelha a orelha. Havia sido sua primeira cirurgia, e ela deu certo. Maravilhoso!
– Vou te trazer alguma coisa pra você comer. - Daniel soltou o rosto de Ermina, e saiu daquele quarto. Na sala estavam Gilberto fumando e Erick tomando café em uma xícara azul escura.
– Deu tudo certo! - Erick deu um sorriso e Gilberto soprou a fumaça, sorrindo depois.
– Você quer que eu filme? - Perguntou Gilberto.
– Depois, porque agora ela tá com fome.
– Parabéns, Daniel. Vamos começar a divulgar nosso trabalho? - Falou Erick.
– Sim, claro. Você já pode começar a investir. - Falou Daniel, sentando ao lado de Erick.
– Eu vou preparar alguma coisa pra ela comer, e aproveito pra filmá-la. - Falou Gilberto.
– Depois que ela comer, libertamos ela - Falou Erick, rindo.


Depois de ter olhado dentro dos olhos de Fábio, e dito para que ele não o procurasse mais, Isaac olhava a rua através da janela do quarto onde estava hospedado na casa de Gilberto. Ele precisava conhecer outra pessoa, precisava esquecer Fábio de vez, se quisesse ter paz.
– Isaac? - Chamou Aline, segurando um copo com achocolatado.
– Fala... - Falou Isaac, mantendo o olhar na rua.
– Você vai tomar café?
– Não. Eu preciso... - Isaac bufou - Eu quero arrumar um emprego, ocupar minha cabeça. Não aguento mais ficar me torturando.
– Fala, o que aconteceu?
– Eu encontrei com o Fábio, mais uma vez... - Aline o interrompeu.
– Ficaram, e agora você está arrependido. É isso? Nossa, quantas vezes você já falou isso, Isaac? Se eu ganhasse dinheiro a cada vez que você fala isso, eu já estaria milionária.
– Não importa, eu vou fazer o que tenho que fazer, e depois nós iniciamos outra vida, de preferência, fora daqui.
– Vamos pra onde, Isaac? - Perguntou Aline, colocando a mão na cintura, com a voz irônica.
– Pra outro lugar, pra longe de todo mundo daqui. Se você não quiser, eu vou. Eu não quero mais essa vida. - Aline sentou ao lado do irmão.
– Eu não vou deixar você ir sozinho. - Isaac olhou para a irmã, e retirou uma mexa de cabelo dos olhos dela.
– Precisamos encontrar nosso pai, primeiro. Mas as vezes, eu nem sei se quero isso.
– Será que ele vai querer nos ver? - Isaac ficou em silêncio. - Se você for, eu vou com você, sempre e sempre. E se ele não nos quiser, temos um ao outro. - A cena fraternal foi interrompida quando o celular de Isaac começou a tocar, e ele saiu para atender. Não queria tratar de seus assuntos sujos perto da irmã.
–Alô?– Atendeu Isaac.
Oi, sou eu, Cristiano. Tudo bem com você? Ou melhor, vocês? - Falou Cristiano, com a mesma voz bem humorada de sempre.
Sim, estamos bem. Temos algum serviço pra fazer?
Não. Na verdade, tem um amigo meu aqui, e ele quer conversar com você.
Amigo seu? Quem é?
Acho melhor você vir, ele quer muito falar com você, Isaac.
Eu já tô indo aí, tá bem? Daqui a pouco eu chego.
Tá bom. Dá um beijo na Aline por mim.
Tá. Tô indo.– Isaac desligou a ligação e foi até o quarto calçar um sapato para ir.
– Quem era? - Perguntou Aline.
– O Cristiano. Tem um amigo dele que quer falar comigo.
– Vai colocar a flor da carnificina em ação? - Perguntou Aline, debochada.
– Tchau Aline, se cuida. - Isaac deu um beijo na testa da irmã e saiu.


Denise entrou em seu carro e ajustou o retrovisão para poder retocar seu batom vermelho mate. Ela havia conseguido entrar com o processo de César e Jaqueline na justiça, e tinha em mãos as intimações do casal e de Fábio, o qual ela faria o favor de entregar pessoalmente. Ao terminar de passar seu batom, ligou o carro e deu partida diretamente para seu trabalho, onde iria entrar em contato com Fábio, Jaqueline e César. Precisava esfregar aquela procuração na cara do ex-ficante.

Fábio ainda dormia, mas Carolina havia acordado cedo. Perdeu o sono de tanta ansiedade para ver sua avó. A garota assistia desenho e esperava o pai acordar, mas vendo que este estava em sono profundo, a garotinha cutucou a mão alva de Fábio, chamando-o pelo nome várias vezes, até que ele acordou, atordoado.
– O que foi? - Perguntou Fábio, coçando os olhos.
– Esqueceu que vai me levar para ver a mãe hoje?
– Esqueci. - Falou Fábio, dando um sorrisinho de lado. - Vai se arrumar, enquanto eu escovo os dentes e tomo um banho.
– Eu já estou arrumada. E comi uns biscoitos com nescau. Vai logo tomar banho. - Falou Carolina, numa tentativa em vão de levantar seu pai.
– Calma, Carol. - Falou Fábio, rindo. - Já vou. - Fábio ficou de pé, e foi para o banheiro tomar banho. Ao fechar a porta, retirou a roupa e se olhou o espelho pequeno e velho do banheiro de sua mãe. Haviam olheiras enormes em volta de seus olhos, e sua barba estava grande. Ele cogitou retirar a barba, mas achou melhor fazer depois, pois Carolina estava com pressa. Fábio observou suas tatugens também, e como elas estavam desbotada. Ele lembrou de quando as fez, e se pudesse voltar no tempo, não teria gastado dinheiro, nem seu corpo.
Caminhou até o chuveiro de plástico branco da mãe, e ligou o registro, deixando toda a água lavar seu corpo. E fez o que constantemente no chuveiro, chorou. Chorou muito, chorou de soluçar. O que ele havia feito da vida? Era tão jovem, mas sentia o gosto amargo da morte e a sensação de vazio que era persistente em seu peito. Sua mãe estava partindo e ele teria que cuidar sozinho de sua filha. Ótimo, sustentaria sua filha com o salário vindo das drogas e esperaria que ela tivesse um futuro brilhante, diferente do dele. O que ia fazer agora? Precisava de um sinal, e este aconteceu quando seu celular começou a tocar. Fábio olhou para o aparelho que estava no chão, e foi atende-lo.
Alô?
– Oi Fábio.– Era a voz de Denise.
Oi.
– Preciso que você venha aqui na delegacia agora.
– Agora? Eu vou levar a minha filha pra visitar minha mãe no hospital.
– Eu só vou ficar aqui até às 14 horas. É de suma importancia que que você venha, porque envolve sua filha também. Quando vier vai saber do que se trata.
– Tá Denise, eu vou aí antes de passar lá.
– Ótimo.– A mulher desligou a ligação. Fábio esfregou o rosto e esmurrou a parede, vociferando um ''QUE MERDA'' oudível. Ele estava com raiva do mundo, das coisas, de tudo. Só esperava que não fosse o que ele estava pensando.

Isaac desceu do ônibus que deixava na esquina da casa de Cristiano, e caminhou em passos lentos até a casa do ''amigo''. Ao chegar lá, bateu no portão, e foi recebido pelo dono da casa.
– Demorou, hein - Falou Cristiano, dando batidinhas nas costas de Isaac.
– Estou mais longe, precisei pegar metrô e ônibus. - Cristiano riu.
– Entra, ele tá lá na sala. - Quando Isaac entrou, encontrou Juk, sentado no sofá, com sua típica cara de mau. Por que ele não havia chamado Inácio para ir com ele, teria resolvido o problema que tanto quer resolver.
– Tá me procurando? - Perguntou Isaac.
– Cadê a Ermina? - Perguntou Juk, ficando de pé, para encarar Isaac nos olhos.
– Não sei... - Jonhy pegou a gola da blusa de Isaac e apertou.
– Sabe, fala, onde ela tá! Porra! FALA! - Isaac manteve o olhar indiferente para Juk.
– Já disse que não sei. A última vez que a vi foi quando eu levei ela na sua casa. Pode me soltar? - Jonhy soltou a gola de Isaac e sentou no sofá. Colocou a mão no rosto e começou a chorar. Isaac achou estranho ver um cara daquele tamanho chorando como uma criança. Ermina era mesmo muito importante pra ele. Mas chorar não mudava as coisas que ele havia feito.
– Ela sumiu. Foi embora e... Eu tenho medo que tenha acontecido alguma coisa com ela.
– Bem, eu não tenho nada a ver com isso. Era só isso?
– Você pode procurá-la? Por favor, quero que ela esteja bem.
– Você tem memória curta, não tem? Alzheimer? Acha que eu esqueci o que você fez com a minha irmã? Acha? - Juk permaneceu em silêncio. - Se era só isso, eu já vou. - Isaac saiu e viu Cristiano sentado na calçada.
– Ajuda ele a encontrar a Ermina. Se encontrarem, me avisa. - Falou Isaac, antes de sair.

–Carol, vamos precisar passar em um lugar antes de irmos pro hospital. - Falou Fábio, dando uma mordida no biscoito Cream Cracker.
– Por quê? - Perguntou Carolina, dando o último gole em seu achocolatado.
– Porque eu preciso pegar uma coisa. Seja boazinha - Carolina deu um sorriso emoldurado por um bigode marrom e Fábio não resistiu em acompanhá-la no gesto. - Terminou aí?
– Sim.
– Então desliga a Tv pra gente ir. - A menina obedeceu seu pai, que ficou de pé e pegou em sua mão quando voltou.
Fábio e Carolina pegaram um ônibus e desceram alguns pontos depois, em frente a uma delegacia. O pai entrou no local, e a filha o acompanhou, sem entender nada do que estava acontecendo, ou porque ele estava entrando ali.
– Bom dia, posso falar com a delegada Denise. - Era estranho Fábio usar essa formalidade para falar de Denise.
– Só um minuto. - Falou o rapaz a quem Fábio se dirigiu, indo até a sala da delegada. Não demorou 3 segundos, para a mulher aparecer de trás da porta.
– Fábio, vem cá! - Chamou Denise. O rapaz olhou para a filha, que estava confusa naquele ambiente, e abaixou para ficar do tamanho dela.
– Carol, sente ali e me espera, tá?
– Por que eu não posso entrar?
– Por favor, sente lá e não faça perguntas. - Carolina resmungou e sentou em uma cadeira de plástico azul claro.
Fábio entrou na sala, e Denise sentou em sua confortável cadeira.
– O que você tem pra mim, Denise? - Perguntou Fábio. A delegada puxou a gaveta e retirou de lá um envelope branco, entregando-o para o rapaz em seguida.
– O que é isso? - Perguntou Fábio.
– Isso? Isso é uma procuração. Você sabe quem é César Luson?
– Não?
– É um empresário brasileiro que se deu muito bem nos Estados Unidos, e sua esposa, Jaqueline Luson, que é modelo, veio pra cá porque quer a guarda da filha que teve com você. - Fábio olhou confuso para a mulher. Como é que é?
– Explica essa merda direito.
– Ela quer ficar com a Carolina e entrou na justiça para tomá-la de você. É isso. - Fábio estava perplexo. Por que essa garota havia feito isso? Quem ela pensava que era?
– Como ela decide do dia pra noite querer ficar com a minha filha? Você está ajudando ela, não está?
– Claro, Fábio. Se eu fosse você, começaria a procurar um advogado porque a auditória vai ser semana que vem. - Fábio olhou furioso para Denise. Como ela podia ser tão maldita?
– Você está louca pra que eu dance nessa, né?
– Estou sim. Você está ferrado comigo, Fábio. - O rapaz ergueu uma sombrancelha e bateu na mesa.
– É o que veremos. Ela não ganharia se acontecesse alguma coisa com ela. Obrigada por me entregar isso. - Fábio saiu da sala de Denise batendo a porta, e pegou Carolina pelo braço.
– Vamos logo, Carol. - A menina levantou velozmente para acompanhar seu pai. Fábio estava espumando de raiva, mas isso não ficaria assim, e ele já sabia bem o que fazer com Jaqueline ou quem entrasse em seu caminho sem permissão.


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