A Flor da Carnificina escrita por Essa conta não existe mais, Niquess


Capítulo 34
Capítulo 33 - Minha mãe de verdade


Notas iniciais do capítulo

Pra vocês que torcem pela Jaqueline, esse capítulo é dedicado a vocês.
Boaaaaaaaa leituraaaaaaaa



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Jaqueline estava assistindo Tv, quando seu pai apareceu na sala, segurando uma xícara de café. Bernardo sentou ao lado de Jaqueline no sofá, e deu um gole no café.
– Sua mãe é expert em café. Nunca provei café melhor que o dela - Falou Bernardo, dando goles longos no café da esposa.
– Você elogiando minha mãe? Uau, o café tá bom mesmo. - Brincou Jaqueline.
– E sua filha, já teve notícias?
– Já pai, mas as coisas estão complicadas pro meu lado. Eu nunca devia ter deixado a menina com eles.
–Por que você não tenta vigiar a rotina da casa onde ela vive, e em um descuido leva ela pra algum lugar, e tenta cativa-la?
– Vou ter que ficar prostrada em frente a casa dela 24 horas por dia? - Perguntou Jaqueline, com sarcasmo.
–Não precisa ser você. Eu fico. - Jaqueline abriu um largo sorriso para seu pai.
– Quando foi que você decidiu ficar tão meu amigo?
– Eu sempre fui, filha. Sempre. E isso vai te deixar feliz, e se você está feliz, eu também estou. - Jaqueline abraçou forte seu pai, que lhe deu um beijo no topo da cabeça.
Joana passou pela sala e olhou chateada para a cena e saiu, batendo a porta que dava para o quintal.
A garota sentia um imenso ciúme da irmã, e aquele momento ''pai e filha'' de Jaqueline e Bernardo nunca foi vivido por ela. Ela odiava ainda mais Jaqueline.

– Jaqueline, eu não estou conseguindo entrar em contado com a doutora Denise. Seu Bernardo, o senhor conhece algum advogado com para nos ajudar? - Perguntou César, sentando no outro sofá.
– Infelizmente não. Mas insista no contato com essa advogada. Talvez ela tenha tido problemas pessoais e não pôde te atender.
– Eu marquei um horário com ela hoje, e eu ia levar a Jaque comigo, mas desse jeito vou acabar desistindo dela. É muita falta de compromisso.
– Você não tem nenhuma outra forma de contato com ela, César? - Perguntou Jaqueline.
– Não. Só o número do celular.
– Calma, vamos esperar até amanhã. Se ela sumir, nós partimos pra outra. Afinal, já tenho planos. - Falou Jaqueline, olhando para seu pai, que deu um sorrisinho de lado.


Carolina acordou cedo, mas não foi para a escola. Marli havia passado mal durante toda a noite, e estava com febre altíssima. A garota, mesmo tendo oito anos, cuidou de sua avó durante toda a noite, e quando conseguiu dormir, foi acordada por Marli, que chorava e gemia de dor.
Carolina tentou evitar ligar para Fábio, porque queria cuidar da avó sozinha, mas quando percebeu que Marli estava muito mal para ser cuidada por alguém da idade dela, ligou para o pai.
O telefone tocou algumas vezes, e na última chamada, Fábio atendeu.
– Fábio, vem pra cá. Minha mãe tá passando muito mal, e acho que vamos ter que levá-la para o médico. - Falou Caroline, que ainda insistia em chamar sua avó de mãe.
– Ela começou a passar mal agora? - Perguntou Fábio, preocupado.
– Não, passou mal a noite toda.
– Já estou indo pra aí. Você tá bem?
– Se preocupe com a minha mãe. Vem logo. - Falou Carolina, com autoridade, desligando o telefone em seguida.
A menina voltou para o quarto, e ficou observando sua ''mãe'' dormir. Ela sabia que não era um sono tranquilo, porque Marli tremia algumas vezes e gemia de dor. Mesmo sendo tão inexperiente na vida, ela sabia que aquilo significava uma possível partida.
– Carol? - Chamou Marli, com os olhos fechados, e a voz doída.
– Sim mãe. O que você quer? - Perguntou Carolina, sentando ao lado de Marli na cama.
– Se eu morrer, você não verá problemas no Fábio te criar, não é?
– Você não vai morrer, mãe. Para com essa bobeira. - Marli riu fraco.
– Olha a minha situação. Eu sei que você é pequena, mas não adianta fugir da verdade.
– Eu... tudo bem. Eu fico com ele, mas só se você for. O que todo mundo sabe que não vai acontecer. - Carolina deitou ao lado de sua ''mãe'' na cama, e começou a chorar.
Marli, abraçou a menina, fazendo carinho nos cabelos castanhos dela. Era uma cena triste, muito triste, que foi interrompida pelo barulho da campainha.
Carolina levantou, ainda chorando, e foi atender Fábio.
Quando Fábio viu sua filha chorar, ele a pegou no colo, e subiu para a casa, segurando-a.
Não demorou muito, os dois já estavam no quarto onde Marli agoniava. Carolina foi posta no não, e Fábio olhou para a mãe com pena. Era visível que ela estava começando a definhar.
– Vou te levar pro médico agora, mãe. - Falou Fábio, indo até sua mãe, passando os braços dela por seus ombros. Marli havia perdido tanto peso, que ela estava tão pesada quanto Carolina. Fábio desceu as escadas cuidadosamente, e deixou Carolina em casa, sozinha, sem nenhum aviso do que fazer. A menina fez o que sua ''mãe'' a ensinou a fazer desde quando ela era pequena: Rezar. E ela o fez, ajoelhando e pedindo para o Grande Arquiteto do Universo uma salvação para sua avó.

Jaqueline se arrumou e decidiu que iria atrás da menina mais uma vez, mesmo que a suposta advogada que fora encontrada por seu marido tenha ''desaparecido'' de seus contatos. César havia saído para resolver coisas de sua empresa que ficava nos Estados Unidos.
Quando a loira terminou de se arrumar, viu seu pai no portal da porta de seu quarto, a observando.
– O que foi pai? - Perguntou Jaqueline, virando para encará-lo de frente.
– Nada. Vai querer que eu vá com você?
– Hoje eu acho melhor não. Vou ver se consigo dar um passo. Se eu conseguir, iremos nós dois, tá bem?
– Tá bem. - Bernardo levantou e saiu do quarto. Jaqueline o seguiu, mas para sair da casa e ir atrás da menina.
A loira pegou um transporte e desceu perto da casa da avó de sua filha. Ansiosa, Jaqueline correu até a casa, e ao ver que a porta e a janela que podiam ser vistas da rua estavam abertas. ''Desta vez vai dar tudo certo''. - Pensou Jaqueline.
A mulher apertou a campainha duas vezes, e não demorou muito para a garotinha de 8 anos aparecer com o rosto vermelho de tanto chorar. Ela viu a moça loira e lembrou que ela era professora da escola onde sua mãe trabalha. Talvez tivesse ido lá para ter notícias dela, então desceu e abriu o portão. Jaqueline levou um susto ao ver a menina naquela situação.
– Oi, o que aconteceu com você, princesa? - Perguntou Jaqueline, abaixando para segurar o rostinho vermelho e molhado de Carolina.
– Minha mãe... - Carolina soluçou - está morrendo. - Jaqueline abraçou a menina fortemente. Marli havia enganado a menina dizendo que era sua mãe? Pensou Jaqueline.
– Você está sozinha?
–Sim, meu pai foi levá-la para o médico. Não quero que ela morra.
– Ela não vai. Aceita que eu te faça companhia? - Perguntou Jaqueline.
– Sim. Não gosto muito de ficar sozinha. - Jaqueline entrou pelo portão, e Carolina fechou o mesmo, indo com a mulher até a casa onde vivia com sua avó.
Assim que Jaqueline bateu o olho no lugar sentiu sua consciência pesar 30 vezes. Era uma casa minúscula, e pouco arejada. Para falar a verdade, a única janela que a casa possuía era a da cozinha, e mesmo assim, não abrangia todos os cômodos com ventilação. Era uma péssima casa.
– Você quer alguma coisa? - Perguntou Carolina.
– Não, obrigada. Vamos conversar enquanto sua mãe não volta. Está bem? - A menina balançou a cabeça, e sentou no sofá, sendo acompanha de Jaqueline, que sentou ao seu lado.
– Você é mesmo professora da escola onde minha mãe trabalha?
– Sou. - Mentiu Jaqueline. - E você, está estudando direitinho?
– Sim. Estou na 3º série, uma série a mais do que eu deveria estar.
– Nossa, que menina inteligente. Qual é a sua matéria favorita?
– Não tenho nenhuma matéria favorita. Acho que gosto de todas. - Riu Carolina, fazendo Jaqueline sorrir de orgulho da desenvoltura da filha. Pelo menos Marli a criou bem.
– Eu também não tinha nenhuma matéria favorita. Você gosta de morar aqui?
– Gosto. Tenho uma amiga chamada Sara, e a gente brinca as vezes. É legal. Meu pai vem aqui de vez enquanto e é legal também.
– Qual é o nome do seu pai?
– Fábio. Ele é muito louco. Tem umas tatuagens meio loucas, mas tem o meu nome tatuado dentro de um coração no braço. Acho que ele gosta de mim.
– Eu tenho certeza que gosta. Por que não gostaria? Você é muito esperta pra sua idade.
– Minha mãe de verdade não gosta de mim. - Jaqueline sentiu uma pontada no estomago ao ouvir isso.
– O quê?
– É, minha mãe de verdade. Bem, a Marli é minha avó, mãe do meu pai Fábio. Mas ela me acostumou como se eu fosse filha dela para que eu não sofresse muito.
– Sua mãe de verdade? Talvez ela tenha tido um bom motivo para não poder cuidar de você. Não pense que ela não gosta de você. Talvez, nesse exato momento ela esteja procurando por você.
– Não sei se eu gostaria de ficar com ela. - Jaqueline não gostou do que ouviu.
– Por quê?
–Eu quero continuar com a minha avó e meu pai.
– Mas e se sua mãe fosse muito legal, você não iria querer ficar com ela mesmo assim?
– Não sei. Mas eu nunca vou conhecer ela, então tanto faz.
– Você gosta de bonecas? - Perguntou Jaqueline, tentando mudar de assunto para não se deprimir.
– Gosto, mas não tenho muitas. Só duas, na verdade.
– Posso vê-las?
– Pode. - Carolina ficou de pé e foi buscar suas bonecas para mostrar a mulher que ali estava, que era sua verdadeira mãe.

Isaac acordou tarde, o que não era do costume dele. Olhou o relógio que tinha no criado-mudo do quarto de hóspedes do apartamento de Gilberto, e viu que eram 11 horas da manhã. Levantou rapidamente, com medo de estar atrapalhando o dono da casa.
O moreno caminhou sonolento, e encontrou Gilberto na cozinha, preparando o almoço.
– Bom dia, Isaac. Conseguiu dormir bem? - Perguntou Gilberto, cortando tomates.
– Sim, sua casa é bem confortável. - O apartamento de Gilberto ficava de frente à uma avenida, e a janela do quarto de Isaac dava para o local, fazendo com que o barulho dos carros fossem uma bela canção de ninar.
– Ainda bem que gostou, já que essa é sua casa também.
– Tem certeza que quer mesmo isso?
– Tenho, Isaac. Não se sinta tão inseguro em relação à isso. Você pode ir para o lugar onde ficou esses dias, pegar suas coisas com as da sua irmã e vir pra cá.
– Eu devo voltar à noite, porque tenho umas coisas pra fazer. Tudo bem? Você vai estar em casa?
– Sim, hoje não irei trabalhar. Fico te esperando voltar. - Isaac sorriu e foi para o quarto vestir suas roupas, antes de ir se encontrar com Inácio para botar um novo plano em prática.
Gilberto sentia-se extasiado ao ver Isaac, e o quão belo ele era. Já havia ido ali uma vez, e gostaria ir mais vezes. Talvez estivesse ficando velho, e isso o deixou romântico, mas pela primeira vez sentiu que estava se apaixonando por alguém.

Denise ao ver Aline pediu para que ela se retira-se de seu quarto, e que, quando saísse dali, conversaria com ela de uma forma decente, afinal, ela não havia feito nada para que fosse odiada, e sim seu irmão.
A mulher recebeu alta no fim da manhã, e foi embora com seu filho e a ex-funcionária, que esperou por Denise a pedido de Inácio. No fundo, Aline esperava que Denise se redimisse e pedisse para ela e seu irmão voltarem para sua casa, mas não.
– Mãe, você está se sentindo bem mesmo? - Perguntou Inácio.
– Eu só tentei me matar, meu filho. Estou ótima. - Falou Denise, entrando na ambulância para voltar para casa. Aline era a 3º pessoa da cena, ninguém dirigia a conversa à ela, e ela se mantinha calada. Queria saber o que Denise tinha para falar com ela.
Ao chegarem na casa, Denise lembrou que por estar no hospital, Cleusa não estava ali para servi-la. Então, agradeceu a Deus por Aline ter aparecido repentinamente para poder fazer alguma coisa para ela comer.
– Já que você está aqui, Aline, me prepare um sanduíche de atum e um suco de manga, sem açúcar, porque estou cheia de glicose no sangue. Leve até o meu quarto quando acabar. - Denise subiu devagar as escadas que davam até seu quarto, e Aline foi atender o pedido de Denise, como uma esperança de um lar e um emprego outra vez. Humilhações já eram rotina mesmo.
– Deixa que eu faço, Aline. - Falou Inácio.
– Não, eu vou fazer. Ela pediu pra mim, certo? Vai pra sua faculdade. - Falou Aline, indo até a cozinha.
– Eu vou pedir pra Yasmim vir pra cá depois da faculdade. Puts - Falou Inácio batendo com a mão na testa - Combinei de encontrar com seu irmão depois da minha aula.
– O que a flor da carnificina vai fazer desta vez? - Perguntou Aline, irônica, cortando a casca da manga e jogando a poupa dentro do liquidificador.
–Parece que seu irmão quer pegar o outro cara que... você sabe...
– Não sei porque o Isaac insiste tanto nisso.
– Porque ele te ama, e qualquer pessoa no lugar dele iria querer fazer o mesmo. Bem, eu vou me encontrar com ele, e aproveito e vejo a Yasmim. Cuida da minha mãe, por favor.
– Tá bem, vai e me deixe sozinha aqui com ela.
– Aff Aline, para com esse drama. Fui. - Falou Inácio, subindo até o quarto de sua mãe para ver como ela estava, antes de sair de casa.
Aline terminou de fazer o suco e o sanduíche, e esperou Inácio descer para poder levar os alimentos para sua antiga patroa.
A morena colocou as coisas em uma bandeja e subiu com o maior cuidado do mundo. Ao chegar no quarto de Denise a viu falando no telefone com alguém, e esperou ela terminar para entregá-la seu lanche.
– Posso entrar?
– Pode. - Falou Denise, que estava deitada, sentando.
Aline colocou a bandeja em cima da cama, e quando ia dar as costas, ouviu a mulher chamando-a de volta.
– Senta aqui. - Aline sentia muita fome, e ver a mulher comendo era uma tortura.
– Quer mais alguma coisa? - Perguntou Aline, sentando-se ao lado da mulher.
– Pode dar uma mordida se quiser. - A morena não exitou e pegou o sanduíche, mordendo-o com fome. - O Isaac conhecia o Fábio?
– Não vou mentir, eles foram namorados.
– Foram? - Perguntou Denise, com a voz doída.
– Sim.
– Por que ninguém consegue ficar comigo, hein? Eu tenho algum problema? - Falou Denise, começando a chorar.
– Não... muito pelo contrário. Você é bonita, bem sucedida. Não tem porque precisar de alguém.
– Você me acha atraente?
– Acho. - Falou Aline. Ela não mentiu, realmente achava Denise uma mulher muito atraente por ter a idade que tinha. Denise sorriu, e depois colocou as mãos no rosto da garota.
– Inácio ainda está em casa? - Perguntou Denise.
– Não, eu o vi sair.
– Você também é muito bonita, sabia? Linda... - Aline sabia o que iria acontecer com as duas ali, mas esperou Denise tomar a iniciativa. As duas foram aproximando seus rostos e iniciaram um beijo caliente, que obviamente terminou em sexo, um sexo selvagem, do jeito que a delegada gostava.


Jaqueline passou a tarde inteira na casa de Marli, e quando viu que já estava anoitecendo, percebeu a aflição no rosto de Carolina.
– O Fábio podia pelo menos ligar para me dar notícias. - Falou Carolina, olhando pela janela da cozinha.
– Você tem o número dele?
– Tenho.
– Quer tentar ligar? - Sugeriu Jaqueline.
– Vamos tentar. - Carolina foi até o telefone, e discou os números de Fábio, mas só dava caixa postal, o que desesperou ainda mais a menina.
– Eu não quero ficar aqui sozinha.
– Você quer que eu fique aqui com você até eles voltarem?
– Sua família não iria se incomodar?
– Nem um pouco. Eu vou ficar até eles chegarem, tá? - Carolina abraçou Jaqueline, e a loira desfrutou do momento.
– Muito obrigada! Se algum dia eu encontrar minha mãe de verdade, quero que ela seja igual a você.
– Não se preocupe, ela será.


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Notas finais do capítulo

Com quem vocês acham que a Denise deve ficar? Com a Aline? Hmm será? bjxxxx