A Flor da Carnificina escrita por Essa conta não existe mais, Niquess


Capítulo 27
Capítulo 26- Isaac


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaaaa
Esse capítulo tem Fábio e Isaac, então PREPAREM O SHIPP
boa leitura



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Bernardo, mais conhecido como SEU BERNARDO, assistiva tv em seu quarto, quando um devaneio pairou sobre sua cabeça, após a entrevista de uma mulher chamada Ruth Mendes, porque ele conhecia uma Ruth Mendes, e conhecia muito bem.
Antes de se tornar um pai de família tradicional, Bernardo era bôemio, e apreciava visitas em bares que ficavam no centro da cidade.
Era um dia quente de dezembro, perto do natal, e enquanto sua esposa Cristina estava em casa cuidando da pequena filha que havia nascido há pouco tempo, Ele estava tomando algumas cervejas com alguns amigos. Tudo parecia normal, até uma bela morena aproximar-se da mesa e debruçar-se para pegar os copos que estavam ali. Bernardo observou bem aquele rosto moreno, com traços indígenas e aqueles cabelos negros compridos.
– Pode deixar que eu ajudo a senhorita - Falou Bernardo, pegando os copos das mãos finas da moça.
– Não tem problema, esse é o meu trabalho, moço. - Falou a morena. Bernardo ignorou o pedido e pegou os copos mesmo assim. E foi desse jeito que ele conheceu Ruth.
O homem nunca revelou para a morena que era casado, e sempre mentia para sua esposa e para Ruth, contando histórias aleatórias. Para Ruth ele dizia que morava no trabalho, e que não podia ter nenhum convívio com ela. E para a esposa, ele dizia que queria relaxar enquanto ela estava de resguarda, e relaxaria bebendo. A pobre esposa achava que não tinha nada além daquilo.
Os encontros com Ruth eram sempre na pequena casa de aluguel que ela vivia em uma parte carente do centro da cidade, e aconteciam todo final de semana, até Ruth revelar que estava grávida. Depois disso, Bernardo sumiu.
Alguns anos depois, naquele mesmo bar, Bernardo viu a mesma Ruth atrás do balcão, secando os copos usados pelos clientes com um pano de prato rosa bebê. Mesmo sendo cafajetismo da parte dele, ele foi até a moça e conseguiu levá-la no papo novamente, e mais uma vez, depois de vários encontros, Ruth engravidou novamente. E desta vez, Bernardo sumiu definitivamente.
– Pai? Posso conversar com você? - Chamou Jaqueline, com o rosto vermelho de tanto chorar. Bernardo acordou de seu devaneio, dando um sorriso para a garota loira, abrindo os braços para vir até ele. Jaqueline deitou com a cabeça encostada no peito de seu pai, e voltou a chorar.
– O que tá havendo, minha princesa? - Perguntou Bernardo.
– Eu vi a minha filha hoje. - Jaqueline deu um soluço - E ela é tão... bonita. Se arrependimento matasse eu estaria morta. - Bernardo deu um beijo no topo da cabeça da garota, e alisou seus cabelos.
– O que você pretende fazer em relação à ela?
– Não sei, mas se possível vou contratar um advogado, para resolver isso judicialmente. Eu sou a mãe, eu tenho direito e dinheiro pra cuidar daquela menina. A casa onde ela vive é tão deplorável...
– Faça o que achar melhor, tá? - Jaqueline levantou o rosto para olhar para seu pai e balançou a cabeça, concordando com ele.


Ao ouvir o grito de Aline, Inácio levantou da mesa sem motivos e foi até o quarto dos fundos, deixando todos com um rosto interrogativo.
Ao chegar lá, levou o mesmo susto de Aline ao ver o corpo de Isaac desacordado no chão.
– Me ajuda, Inácio... Vamos levá-lo pro hospital, ele não pode morrer! - Falou Aline, sentada no chão ao lado do corpo desmaiado do irmão.
– Calma... eu vou chamar minha mãe e ela vai nos levar até um hospital.
– Vai rápido... ele não pode ficar assim. - Falou Aline, desesperada.
Inácio correu até a sala de jantar e comunicou que o seu guarda-costas havia desmaiado e aberto a cabeça. Fábio, ao ouvir a notícia, foi o primeiro a levantar e ir correndo até o quartinho dos fundos.
– Mãe, você pode levá-lo até o hospital? Ele está sangrando. - Denise levantou e caminhou até um porta-chaves que ficava na cozinha, e pegou as chaves de seu carro e foi até ele ligá-lo.
Fábio, ao ver Isaac caído inconciente, caminhou até ele com passos rápidos e o pegou do jeito que pode.
– Vê se não mata meu irmão - Falou Aline, com a voz mole pelo choro.
– Eu vou com ele para o hospital. - Fábio deu as costas para Aline e carregou o corpo do rapaz até o carro de Denise, deitando todo o corpo no banco de trás. Aline foi atrás deles e entrou no carro, no banco de trás. Não deixaria seu irmão sozinho.

Ao chegar nos hospital, o mesmo que Aline foi levada quando teve aquele ''acidente'' com a água quente em seu rosto, Isaac foi encaminhado até o ambulatório, enquanto não era atendido por um médico.
– Mas que merda, hein. - Falou Denise, encostada na parede em frente à porta do ambulatório.
– Se você quiser ir pra casa, eu fico aqui. - Falou Fábio.
– Mas a irmã dele está aqui, pra quê você quer ficar? - Perguntou Denise, erguendo uma sombrancelha.
– Eu sou homem, e talvez ele precise de alguma coisa que a irmã dele não vai poder fazer. - Fábio olhou para Aline que estava sentada em um cadeira acochoada de cor preta, chorando bastante.
Denise balançou a cabeça e aceitou a sugestão, e antes de ir para casa deu um beijo avido em Fábio, o que fez Aline olhar para os dois com cara de nojo.
– Quando quiser ir embora, me ligue que eu te busco e busco o Isaac também. - Falou Denise, antes de dar as costas e sair.
Assim que Denise saiu de vista, Fábio sentou ao lado de Aline, que manteve o olhar fixo em um bebedouro que ficava ao lado de um corredor.
– O que aconteceu com ele? - Perguntou Fábio.
– Ficou doente. Na verdade - Aline levantou o rosto para olhar Fábio - Ele já está doente. Isso é complicação da doença que você sabe muito bem que ele tem. Mas, deve ter alguma coisa psicológica que explica o Isaac ter ficado doente depois de ter te visto.
– Eu só estou ficando com a Denise para ficar perto do Isaac. - Aline riu.
– Ficar perto do Isaac? Você pode tê-lo em suas mãos, mas disperdiçou em troca de dinheiro, e usa a desculpa de foder com uma perua para poder ver meu irmão? É sério, se acontecer alguma coisa com ele, espero que carregue o peso da culpa em seus ombros até a eternidade. - Falou Aline, secando as lágrimas que insistiam em cair de seus olhos.
Fábio não falou nada, manteve-se em silêncio até um enfermeiro aparecer na porta e chamar os acompanhantes de Isaac Mendes.
– O paciente está com uma infecção interna. Nada que antibióticos não resolvam. - Falou o Médico, que estava ao lado da maca de Isaac.
– Ele tem HIV, doutor - Falou Aline. O médico franziu as sombrancelhas, e ergueu uma sombrancelha.
– Bem... nesse caso ele vai ter que ficar internado e tomar antibióticos intravenosos. Ele já é maior de idade?
– É. - Respondeu Aline.
– Mas um de vocês dois vão ter que assinar a internação dele aqui.
– Eu assino - Falou Fábio, recebendo um olhar indigando de Aline.
– Tudo bem, vamos até a triagem gerar esse documento. Se você quiser ficar aqui com ele, moça. - Falou o médico para Aline, que balançou a cabeça, concordando.
Os dois saíram e Aline ficou. Aquele ambulatório não era como um de hospital público onde várias pessoas ficavam amontoadas no meio de várias macas. Ali era tudo separado por paredes, impedindo um risco maior de contaminação.
Aline sentou em uma cadeira que tinha ao lado da maca de Isaac e cutucou o braço dele.
– Vamos... acorda. Não me deixa aqui sozinha. - Falou Aline, começando a chorar novamente. Isaac acabou despertando, mas ainda estava grog.
– Acabou a comida de novo? - Falou Isaac, totalmente sem noção de nada.
– Quê? - O rapaz abriu bem os olhos e aos poucos percebeu que estava em um hospital. Ele se sentiu um pouco melhor quando viu sua irmã sentada ao lado dele, não estava sozinho em um lugar estranho. Mas, não se lembrava de como havia parado ali.
– Acho que estou delirando.
– Está. - Aline observou a testa de Isaac e percebeu que ele havia levando alguns pontos ali.
– Eu fiquei doente de novo, e aí me trouxeram pra cá? É isso?
– É... você desmaiou e aquele demônio do Fábio te trouxe pra cá. - Isaac esfregou os olhos e tentou levantar, mas estava muito fraco, então desistiu e manteve-se deitado.
– Minha cabeça tá doendo muito. Acho que eu bati ela em algum lugar.
– Na quina da cama, porque abriu um pouco. Quando você puder, se olhe no espelho. - De repente a figura de Fábio aparece abrindo a porta do ambulatório e caminhando em passos rápidos até Isaac. Fábio abaixou e segurou o rosto de Isaac, dando um beijo na testa do rapaz, enquanto acarenciava o resto do rosto com a ponta dos dedos.
– Você tá bem? Hã? - Perguntou Fábio com os lábios colados na testa de Isaac.
– Ele está doente, você pode por favor sair de perto dele? Obrigado. - Falou Aline, de forma grosseira, empurrando Fábio pelo ombro.
Fábio se afastou um pouco de Isaac e ficou em pé, ao lado da maca dele.
– Você anda tomando seus remédios? Comendo bem? - Perguntou Fábio.
– Por quê você não volta pra casa da Denise? Eu sei que vocês estavam em um almoço de família.
– É você que me interessa, Isaac? Eu vou ficar com você até receber alta. Não vou desgrudar de você nenhum minuto sequer... você não vai mais fugir de mim. - Aline revirou os olhos.
– Que horas ele vai para o leito? - Perguntou Aline.
– O médico disse que daqui há uma hora. Pode ir pra casa, eu vou ficar com ele.
– A Denise está esperando por você e não por mim. Eu sou a irmã dele, e você não é nada. - Fábio deu uma risadinha e manteve-se calado.
– Você pode pegar um pouco de água pra mim? - Pediu Isaac para Aline. A irmã acatou o pedido e saiu para buscar a água para o irmão, deixando ele sozinho com Fábio.
– Por favor, vai embora. - Pediu Isaac.
– Não! Eu te deixei na mão na última vez, não vou deixar de novo. - Fábio sentou no lugar antes ocupado por Aline - Eu vou ficar com você, e nem você nem ninguém vai me fazer mudar de ideia. - Isaac suspirou, e logo Aline entrou no local novamente, para entregar o copo de água para o irmão.
– Eu vou entrar em contato com o Inácio pra avisar que você vai ficar internado. - Isaac por um instante não entendeu a necessidade de avisar Inácio sobre sua internação, mas logo lembrou que eles iriam fazer uns ''trabalhos'' para Cristiano no dia seguinte.
Quando Aline saiu do quarto, Fábio voltou a fazer suas súplicas para Isaac.
– Você acha que não tem nenhuma chance da gente ficar junto? - Perguntou Fábio.
– Não. Você vai ficar com a Denise, e eu vou ficar sozinho mesmo. Se quiser ficar aqui, fica quieto porque minha garganta dói muito, e eu quero ficar em silêncio. - Fábio riu.
– Quando foi que você ficou tão bonito? - Perguntou Fábio, acarenciando os fios lisos de Isaac. O outro, por sua vez, manteve-se calado, até cair no sono novamente, mas desta vez, sendo zelado por Fábio.

Inácio e Yasmim ficaram no sofá conversando sobre o acontecido, até Denise aparecer quieta e irritada em casa novamente.
– E aí mãe? Como está o Isaac? - Perguntou Inácio, assim que viu sua mãe passar pela porta.
– Ele está mal, mas eu não entendi porque o Fábio quis ficar com ele lá. E outra, porque ele ficou tão sensibilizado com o Isaac. - Indagou Denise.
– Ué, ele é solidário. - Denise olhou para a garota que estava sentada a lado do filho com desprezo. Seu filho era tão evoluído para alguém como aquela menina. Então, não perdeu tempo em averiguar se ela era realmente uma possível boa namorada para o filho, isso quer dizer, se ela pelo menos era de uma família com dinheiro.
– Você também faz direito? - Perguntou Denise.
– Sim. Eu sou bolsista integral - Denise estreitou ainda mais a relação das duas depois dessa declaração, que deixou óbvio que a menina não tinha boas condições.
– Eu vou tomar um analgésico. - Falou Denise, indo para o quarto.
Inácio ficou sozinho novamente com Yasmim, e quando os dois iam voltar a se beijar, o celular de Inácio começou a tocar.
– Me desculpa, mas eu preciso atender. - Falou Inácio.
– Tudo bem, vai lá. - Falou Yasmim.
Inácio manteve-se no mesmo lugar e levou o telefone até o ouvido.
– Fala Aline.
– O Isaac vai ficar internado.
– Caramba! Espero que ele esteja bem.
– Eu espero que ele fique bem. Eu vou pra casa agora, quando eu chegar aí a gente conversa sobre isso.
– Você sabe me dizer se o Fábio vai vir com você?
– Na verdade ele já foi embora - Mentiu Aline. - Pensei que estivesse aí.
– Não... Eu vou falar com a minha mãe então. - Aline não ia revelar para a patroa que o possivel namorado dela estava com seu irmão, não queria retaliações em cima dele.
– Tá. Daqui a pouco eu chego aí. - E Aline desligou o telefone, indo para a casa onde estava vivendo.


Juk havia separado as drogas que ele iria vender com Fábio durante a noite. Eram variadas drogas de variados preços. Ele havia descoberto algumas receitas de fabricação na maleta que Patrick havia escondido e dado a chave para Juk.
Ermina havia passado mal durante todo o dia, e estava deitada na cama, sentindo enjoos e tontura. Johny, cuidadoso que era, toda hora ia ver a namorada para ver se ela estava melhor, ou se precisava de algo. Porém, Ermina só pensava naquele rapaz que ela encontrou no metrô, e como queria vê-lo novamente.
– Mina, eu vou comprar um miojo pra gente almoçar. Você acha que consegue comer alguma coisa? - Perguntou Johny, sentando ao lado da mulher na cama, e acarenciando os fios vermelhos dela.
– Não sei... Eu acho que vou vomitar de novo - Falou Ermina, levantando ligeira para ir até o banheiro vomitar. Johny seguiu-a.
– Acho que é melhor você ir até um médico para ver como está o bebê. - Ermina, colocava para fora tudo o que não tinha no estômago, enquanto Juk segurava a cabeça da moça.
– Eu - Falou ela quando parou de vomitar - decidi e vou tirar essa criança. - e voltou a vomitar.
– Você não sabe o que fala. - De repente, os dois ouvem batidas na porta e Johny segura Ermina pela cintura e a leva até a cama, indo atender a porta depois.
– Cristiano? Que surpresa, cara. - Falou Juk, dando espaço para Cristiano entrar em sua casa.
– Pois é. Eu fiquei sabendo da morte do Patrick. Uma pena, né? - Falou Cristiano.
– Nem fala... Mas o que veio fazer aqui?
– Oras... doar matéria-prima. Trouxe alguns revólveres de presente como consolação, e vim saber se o Patrick não tem algumas armas que você possa me vender.
– Eu não verifiquei as armas, mas deve ter algumas, mas valeu pelo presente. Vou precisar hoje a noite. Depois que o Patrick morreu eu fiquei perdidinho.
– Você vai vender as mercadorias sozinho?
– Não... eu e um colega.
– Quer chamá-lo aqui para eu presenteá-lo também?
– Não precisa. Acho que ele tem as próprias armas dele.
– Tudo bem então. Você tem alguma coisa pra me dar? - Insunuou Cristiano, em relação as drogas que estavam em cima de uma mesa na cozinha.
– Pode pegar o que você quiser. - Cristiano escolheu alguns pinos de cocaína e colocou no bolso.
– Quando quiser alguma coisa, fala comigo. Tem dois rapazes que estão trabalhando comigo agora.
– Eu conheço? - Perguntou Johny.
– Acredito que não. O nome deles é Inácio e Isaac, conhece? - Ermina, que estava sentada na cama ouvindo a conversa, ao ouvir o nome Isaac, sentiu o coração dar um pulo e Juk sentiu interrogativo, seria aquele Isaac o que ele conhecia e procurava?


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