A Flor da Carnificina escrita por Essa conta não existe mais, Niquess


Capítulo 26
Capítulo 25 - Conhecendo.


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiiiii!
Como vão vocês? Eu vou bem. kkkkkkkkk
Eu não tinha intenção de estender essa história, mas ela está ficando longa. Não sei se é bom ou ruim.
Mas é isso. Boa leitura!



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Jaqueline havia ido procurar pela família do pai de sua filha, mas o resultado foi decepcionante para ela, porque não havia ninguém em casa no momento. Porém, depois de uma semana, a loira resolveu voltar lá para ver se agora encontraria alguém na casa.
Os dias que estava passando no Brasil estavam sendo bons para ela, mas entediantes para seu marido. O único problema para Jaqueline era o atrito que sua irmã tinha com ela.
Joana estava sendo completamente intolerânte, e agressiva, e aquilo deixava a modelo se sentindo mal, com a sensação de não dever estar naquela casa que também era dela por direito.
Naquele momento, Cristina estava estendendo as roupas no varal, com a ajuda de sua filha Maria, quando Jaqueline chegou e sentou-se em um degrau dava passagem da cozinha para os fundos.
– O que foi, garota? - Perguntou Cristina, prendendo uma blusa sua no varal.
– Vou voltar lá hoje. - Falou Jaqueline. Maria, sua irmã caçula olhou para a mais velha com um sorriso solidário.
– Se quiser, eu posso ir com você lá. - Ofereceu-se Maria. Jaqueline devolveu o sorriso.
– Obrigada, eu aceito a oferta. Tô com medo de ir sozinha. - Cristina riu, e jogou o resto da água no baldo nas plantas e jogou o mesmo objeto no tanque, entrando novamente na cozinha. Jaqueline e Maria seguiram a mãe.
– Você pode me esperar trocar de blusa, eu já volto - Falou Maria. Cristina acendeu o fogo para preparar o almoço.
– E o César Luson? Cadê ele? Saiu bem cedo...
– Ele foi se encontrar com uns colegas daqui. Ele nem se quer falou que está hospedado aqui no subúrbio, falou pra eles que está em um hotel caro perto da praia. - Falou Jaqueline, revirando os olhos.
– Eu fico feliz por você não recusar suas origens, filha. - Falou Cristina, olhando para a filha.
– Espero que ele não avacalhe o que eu vou ter que resolver, porque se não...
– Se não você vai continuar de quatro pelo ricasso, comendo na mão dele. Pode falar - Provocou Joana, chegando na cozinha e abrindo a geladeira.
– Mãe, por quê essa garota tá implicando tanto comigo? - Perguntou Jaqueline.
– Parem as duas de brigar! - Falou Cristina.
– Quer saber, não estou afim de estragar meu dia. - Falou Jaqueline, saindo de perto da mãe e da irmã, indo para o lado de fora da casa esperar por sua irmã caçula.
Maria não demorou nada e logo as duas foram em direção à casa de Marli.

Aline havia voltado a trabalhar na casa de Denise, e preparava o almoço, enquanto Cleusa passava a roupa da patroa. As duas não se falavam mais, porém, não significava que Aline tinha esquecido a água quente que deu leve ondulações em seu rosto bonito. O que era de Cleusa estava guardado.
Denise apareceu na cozinha com sacolas de supermercado, e as colocou sobre uma bancada que ficava perto da pia. A mulher havia mudado o visual, seu cabelo estava mais loiro, e ela usava blusas mais decotadas. Aline sabia que aquilo era para Fábio, o que a deixava mal por seu irmão, que ainda gostava daquele ''cafajeste''.
– Aline, o que está fazendo para o almoço? - Perguntou Denise, aproximando-se da garota por trás para olhar a panela.
– Frango ensopado. Foi pedido do Inácio. - Falou Aline, concentrada na panela.
– Hm... aumenta esse frango porque tem convidados hoje no nosso almoço. O Inácio vai trazer a namoradinha. - Falou Denise, rindo.
– Pode deixar, dona Denise. - Denise afastou-se da garota e foi para seu quarto. Cleusa, que havia terminado de passar as roupas encostou-se na bancada onde estava os alimentos e ficou observando Aline cozinhar.
– O que foi, Cleusa? - Perguntou Aline, com a voz normal, sem nenhuma alteração ou sentimento.
–Ela realmente te trata normalmente, sem previlégios. -Aline riu sarcástica.
– Quantos litros de água quente você iria precisar jogar na minha cara pra poder perceber isso? - Ironizou Aline, ainda concentrada na panela, sem olhar para o rosto de Cleusa.
– Eu gostaria de te pedir desculpas. - Falou Cleusa, com a voz baixa, quase não audível.
– Não. - Falou Aline, saindo de perto da panela, e indo até a geladeira pegar um jarra de água para pode beber.
– Por quê não? - Perguntou Cleusa, indo atrás da garota.
– Porque não. Não desculpo você. Faça seu trabalho, e eu faço o meu. E acho que o seu trabalho agora é fazer a mesa para os convidados. - Falou Aline, tomando água depois.


Isaac havia encontrado uma foto de sua mãe enquanto mexia em sua mochila. Era a única foto que ele tinha dela, e gostava de ver quando estava se sentindo mal. Sua mãe era uma mulher muito bonita, tinha cabelos pretos lisos que iam até a altura dos seios. Na foto, ela segurava Aline, que devia ter uns 3 anos, e Isaac estava atrás dela fazendo uma careta. Ele lembrava daquele dia, era o aniversário de 28 anos de sua mãe. Das poucas lembranças que ele tinha, nenhuma delas era decorrente de seu pai. Ele nunca soube quem era, mas sabia que era o mesmo de Aline. Quando teve maturidade para perguntar, sua mãe morreu, e desde então ele nunca mais iria saber quem era o homem. Porém, havia um espírito curioso em seu coração que despertou a vontade de saber quem era esse homem misterioso que nunca procurou por eles, nunca apareceu em seus aniversários e nem se quer se responsabilizou por ele e sua irmã quando Ruth morreu.
O devaneio de Isaac foi interrompido por Inácio, que entrou eufórico no quarto do rapaz. Isaac não moveu nenhum músculo de seu corpo para receber o outro rapaz, e continuou olhar fixamente para a foto.
– O Cristiano disse que nosso trabalho foi espetácular, e nos deu essa quantia. - Falou Inácio, jogando um envelope lacrado em cima da cama de Isaac. Percebendo que o rapaz continuou inerte, Inácio sentou-se ao lado dele para ver o que ele tanto olhava.
– Quem são? - Perguntou Inácio.
– Minha mãe, a Aline e eu. - Falou Isaac, ainda compenetrado na fotografia.
– Ela era muito bonita. Os olhos parecem muito com os seus. Principalmente as sombrancelhas - Falou Inácio.
– Ela era linda mesmo... Pena que morreu tão jovem, e deixou um filho tão dependente. Eu me amarrava na minha mãe. - Isaac estava emocionado, e deixava algumas lágrimas escaparem de seu rosto - Ela sempre me fazia rir quando eu ficava triste, e sempre arrumava um jeito para me fazer sentir melhor. Eu fico muito puto por ela ter ido e me deixado nessa merda de vida. - Inácio, aproximou-se de Isaac e o abraçou, encostando a cabeça dele em seu ombro. - É muito injusto, Inácio. - Falou Isaac, soluçando de tanto chorar.
– Calma Cara... você pode contar comigo pra tudo, tá? Fica frio, você é uma pessoa muito boa e inteligente. E eu valorizo sua amizade, e a Aline também. Você é importante, e sua mãe sabe disso. Tanto que ela cuida de você onde quer que ela esteja.
– As vezes eu tenho vontade de morrer só pra vê-la. Só pra sentir o cheiro dela de novo...
– Não fala isso! - Repreendeu Inácio. Você tem muita vida pela frente. E nós vamos ganhar dinheiro e teremos muito conforto logo logo. - Isaac ficou de pé, e secou as lágrimas.
– Temos outro objetivo.
– Qual? - Perguntou Inácio.
– Vamos encontrar meu pai.

Jaqueline chegou junto com Maria até a rua onde morava Marli e sua filha desconhecida. A janela da cozinha, que dava para ser vista por quem estava na rua, estava aberta, o que fez as mãos de Jaqueline começarem a suar. Ela tinha certeza que as duas moravam ali, mas havia tantas borboletas em seu estômago, que ela não conseguia mover suas pernas em direção à casa.
– Vamos, Jaque. - Falou Maria.
– Não sei se eu estou mesmo pronta. - Maria olhou confusa para sua irmã.
– Jaqueline? Você veio dos Estados Unidos atrás dessa menina, e agora desistiu? Agora que sabe que tem gente em casa? Vamos. - Maria puxou sua irmã pelo pulso e a arrastou até a calçada da casa de Marli.
Havia uma campanhia que se assemelhava a um interruptor, e Maria tocou duas vezes, esperando por alguém vir atendê-las.
Quando Maria ia tocar novamente a campainha, uma mulher de meia idade, cabelos castanhos escuros amarrados em um rabo de cavalo apareceu na janela. Quando Jaqueline a viu, teve certeza que era a mãe do pai de sua filha, e que o tempo havia sido cruel com ela, pois ela envelhecera muitíssimo.

Marli não havia reconhecido as duas mulheres que estavam ali, e então resolveu descer para ver quem eram elas, e o que elas queriam. Carolina, por sua vez, desenhava no chão da sala.
A mulher saiu e desceu as escadas até o portão, e quando ia chegando mais perto, reconheceu aquele rosto, que mesmo com a sombrancelha descolorida e bem desenhada, e o rosto livre de marcas de acne, eram da mãe de sua neta. Não havia nenhuma reação no universo para ser expressa naquele momento, tanto por Jaqueline, tanto por Marli.
– Pois não? - Falou Marli, abrindo o portão.
– A senhora não lembra de mim? - Perguntou Jaqueline.
– Não... - Marli lembrava muito bem quem era, mas queria ouvir da boca de Jaqueline aquela apresentação.
– Sou eu, Jaqueline. A mãe da sua neta. - Marli encarou o rosto bonito de Jaqueline por alguns instantes, enquanto as palavras ''mãe de sua neta'' ecoavam em sua cabeça.
– Jaqueline... Quanto tempo, não? - Falou Marli.
– Sim... - Jaqueline estava se intimidando em relação a postura de Marli.
– O que deseja?
– Eu vim saber da menina. Eu quero conhece-la, e quero que ela me conheça.
– Por que?
– Porque... eu sou a mãe dela. - Marli riu.
– Sua mãe nunca te ensinou que quando você dá um presente a uma pessoa, não se pode pedir de volta? - Jaqueline sentiu um nó em sua garganta.
– Eu só... Eu vim dos Estados Unidos para ver a garota, e eu gostaria muito de vê-la. Não vai demorar nada... Por favor... - Falou Jaqueline, com a voz embargada.
– Estados Unidos. Interessante.
– Por favor? Você quer que eu ajoelhe? Eu preciso ver a garota.
– Eu vou chamá-la, mas se você falar que é a mãe dela, não nos procure nunca mais. - Jaqueline balançou a cabeça, concordando com o trato.
– Pode deixar, eu não vou falar nada. - Marli fechou o portão na cara de Jaqueline, e subiu as escadas indo para sua casa. Depois de alguns minutos, uma garotinha de cabelos castanhos escuros soltos com um arco, rosto bem desenhado, que usava um vestido branco listrado apareceu atrás da mesma mulher que abriu o portão. A intenção de Marli era falar para Carolina que aquela moça era uma professora que dá aulas na escola onde ela trabalha.
– Carol, essa é a Jaqueline, professora da escola onde eu trabalho - Falou Marli. Assim que Jaqueline viu a garotinha segurou as lágrimas. Aquela menina era ela quando criança.
– Oi. - Cumprimentou Carolina, dando um pequeno aceno.
– Como ela é bonita... - Falou Jaqueline, com a voz embargada pelo choro.
– Lindíssima. - Falou Marli. - Muito inteligente também. Meu orgulho...
– Você também é bonita, moça. - Falou Carolina.
– Carol, você pode subir agora. - Falou Marli.
– Tchau moça! Volte quando quiser. - Falou Carolina, acenando com a mão e dando as costas para a verdadeira mãe.
Quando Carolina entrou em casa novamente, Marli voltou a falar.
– Pronto, agora você conhece sua filha. Pode voltar para os Estados Unidos.
– Eu quero vê-la frequentemente. - Falou Jaqueline, secando suas lágrima.
– Agora? Por que quer vê-la 8 anos depois de ter ido embora, deixando a garota ainda um bebê mole, que precisava ser amamentada, cuidada e amada? Agora que ela já é crescida e não dá mais trabalho você veio vê-la? Por favor, volte para sua vida e a deixe em paz - Falou Marli, antes de bater fortemente o portão no rosto de Jaqueline. Aquela atitude deixou a loira irritada que antes de ir embora gritou em plenos pulmões.
– EU VOU VOLTAR! ME AGUARDE PORQUE EU VOU VOLTAR! E PEGAREI O PRESENTE DE VOLTA - Berrou Jaqueline, antes de ir para casa chorar livremente.
A loira queria chorar muito. Chorar porque conseguiu cumprir metade da meta que era ver sua e viu. Mas chorar também pela aspereza naqual foi tratada por Marli. Talvez Jaqueline não tivesse noção da gravidade do que havia feito, mas ela iria ter aquela garota Marli querendo ou não. Só iria sair do país de mãos dadas com Carolina.


Yasmim e Fábio eram os convidados principais do almoço. Denise não quis fazer nada refinado, pois não viu necessidades para fazer algo formal.
Fábio chegou antes de Yasmim, e como sempre que o via, Denise iniciava um beijo provocante e vulgar. Aline, que colocava os pratos, copos e talheres na mesa, sentia-se enojada por ver aquela cena. Por ver que era por aquilo que seu irmão chorava. Por um homem que não se valorizada e nem valorizava aquilo que ele tinha.
– O almoço já está pronto, Dona Denise - Falou Aline. Fábio olhou com intimidade para Aline, ele sabia que ela não gostava dele, mas não era algo que fazia diferença na sua vida.
– Acho que o Inácio foi buscar a namorada. Nós vamos lá pra cima, e quando ele chegar, me chame. - Falou Denise, puxando Fábio pela mão até o segundo andar.
Aline foi correndo até o quartinho que dividia com seu irmão, e abriu a porta furiosa.
– Aquele filho da puta está aqui. Não chegue nem perto da porta - Falou Aline. Isaac, por sua vez, estava deitado na cama. Sentia-se muito cansado, e fraco. Porém, a fotografia estava em cima do peito desnudo do rapaz.
– O Fábio?
– É, esse maldito mesmo. Ele já subiu com a namorada velha pro quarto dela. Que nojo!
– Nojo de quê? Você já comeu dessa comida. - Falou Isaac, com a voz fraca.
– Tá tudo bem Isaac? Não tô gostando da sua voz.
– Tá... Vai trabalhar, vai. Deixa o Fábio - Isaac tossiu - Pra lá. - Aline aproximou-se do rapaz e pegou a foto.
– Onde conseguiu essa foto?
– Eu tenho ela guardada há muito tempo. - Tossiu novamente.
– Isaac, você tá tomando seus remédios direito? - Aline colocou as costas da mão na testa de seu irmão, e viu que a temperatura dele estava alta.
– Estou. Agora vai trabalhar! Eu só estou cansado, só isso.
– Se você se sentir mal, me chama, tá? Sentir mal o quê, você já está mal. Se você sentir que precisa muito de mim, me chame, tá? E não aparece lá de jeito nenhum. Daqui a pouco eu volto aqui pra ver como você tá. - Aline deu um beijo carinhoso na testa de Isaac, e saiu.
Assim que Aline entrou em casa novamente, viu Inácio beijando sua namorada no sofá. A garota passou pelos dois e gritou do pé da escada. - Eles já chegaram. - E foi para a cozinha.
Yasmim e Inácio sentaram na mesa, enquanto Denise descia as escadas com Fábio, de mãos dadas.
Assim que a mulher chegou na cozinha, desagradou-se com a aparência da garota. Era uma menina negra, totalmente fora dos esteriótipos que ela havia criado para a futura mãe de seus netos. E por se sentir desagradada, Denise sentou-se a mesa e não falou com ninguém.
– Mãe, essa é a Yasmim. - Apresentou Inácio.
– Estou vendo. Boa tarde. - Falou Denise, com descaso.
– Boa tarde, dona Denise. Prazer conhecê-la. - Falou Yasmim, sem graça. Aline colocou as panelas com os alimentos na mesa e saiu novamente. Quando chegou de novo no quarto, gritou ao ver Isaac desmaiado e com um sangramento na testa.


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